POV Sophia

Não disse nada quando entrei em casa e vi a bela mulher loira sentada no sofá da sala e subi direto para o meu quarto com a minha cabeça dando voltas e mais voltas, tentando entender o que ela estava fazendo aqui. Como ela pode aparecer assim do nada? Ela nunca se importou verdadeiramente comigo. Mas o que ela pensa que está fazendo? Abri a porta do meu quarto e fui em direção da poltrona verde que ficava do lado da janela que me deixava ver a praia de La Push perfeitamente e fiquei abraçada com a almofada lilás como uma menininha com medo do que possa acontecer olhando para a lua e tentando entender como um dia perfeito pode ser perdido tão facilmente.

_ Vem cá Boy_ disse chamando o meu cachorro quando ele começou a latir para chamar a minha atenção.

Joguei a almofada no chão assim que o Boy subiu no meu colo. Então o silêncio da noite foi preenchida por passos que vinham do corredor, então escutei duas batidas na porta do meu quarto e em seguida ela se abriu, nem dei ao trabalho de olhar quem era. Apenas fiquei fazendo carinho no meu cachorro e ouvindo o barulho de um salto alto se aproximando cada vez de mim.

_ Posso entrar?_ perguntou parando na minha frente, porém eu só vi seus sapatos de salto vermelhos.

_ Você já entrou Jessica_ disse levantando a cabeça e olhando para a mulher loira que possuía cachos perfeitos até a metade de suas costas, olhos verdes que estavam bem destacados graças a sua maquiagem pesada, enquanto ela colocava uma caixa florida e grande em cima da minha cama e em seguida se sentou cruzando suas longas pernas.

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_ Você cresceu bastante_ disse sorrindo tentando puxar assunto.

_ O que comida e água não faz, né?_ disse dando um sorriso visivelmente forçado para ela.

_ Você não precisa ser grossa.

_ O que você quer realmente?_ perguntei ignorando seu comentário.

_ Ficar com você_ disse olhando nos meus olhos_ reconstruir a nossa família. 

_ Que família?_ perguntei não acreditando no que ela estava falando.

_ A nossa.

_ Não existe a nossa há muito tempo, Jessica. Ou você prefere mamãe?_ perguntei usando um tom um pouco irônico demais.

_ Claro que existe_ disse cada palavra devagar_ e você não precisa ser irônica.

_ Pare de tentar ser algo que você não é_ disse me levantando e perdendo a paciência com a nossa conversa.

_ E o que eu estou tentando?

_ Ser a minha mãe_ disse cada palavra pausadamente.

_ Mas eu sou a sua mãe_ disse contendo suas lágrimas.

_ Mãe não abandonaria a sua filha ainda pequena.

_ O ponto é esse?_ perguntou alterando a voz_ Eu não te abandonei, eu apenas te deixei com o seu pai.

_ E isso tem alguma diferença?_ perguntei indignada_ se tem me diga onde ela está, pois não consigo enxergá-la.

_ Eu não estava pronta para ser mãe_ disse entre lágrima_ eu não sou perfeita, ok?

_ Eu sei disso_ disse firme, pois eu não iria mais me convencer com esse discurso dela.

_ Me dê uma chance de te mostrar que eu posso ser uma boa mãe.

_ Eu já te dei_ disse voltando a me sentar_ quando eu tinha dez anos, mas você me abandonou por causa da droga do seu emprego.

_ Foi um erro que eu cometi.

_ Um terrível erro_ disse secando as minhas lágrimas com a minha mão_ você me deixou sozinha no Havaí.

_ Você disse que me perdoou por isso.

_ Mas eu nunca disse que esqueci_ disse me levantando e fui em direção da porta_ saia daqui_ disse abrindo a porta_ não quero você perto de mim.

_ Espero que aprecie seu presente_ ao dizer cada palavra lentamente ela se retirou do meu quarto.

Esse era o pior lado dela, ela agia como se fosse mais nova do que eu. E sempre tentava me deixar como a vilã da história. E no final sempre conseguia o que queria, mas dessa vez será diferente pelo menos precisa ser diferente.

Fui para o banheiro tomar o meu banho, assim que terminei me enrolei na minha toalha rosa e fui para a pia escovar os dentes e enquanto me olhava no espelho eu vi uma menina fraca, insossa e que fica se lamentando. Eu não entendia como ela conseguia me deixar tão para baixo apenas com a sua presença. E quando o meu pai morreu eu fiquei para baixo, mas parece que a presença dela consegue me deixar pior.

Saí do banheiro desfiz o coque deixando o meu cabelo ondulado e coloquei o meu conjunto preto de moletom e uma blusa rosa por baixo do meu casaco e coloquei também o meu par de tênis de corrida. Dês que eu me mudei não corro mais, mas antigamente eu corria todos os dias de manhã antes da escola. Mas agora eu precisava pensar e nada como uma boa corrida para clarear os meus pensamentos.

Enquanto eu saia do meu quarto percebi que a casa toda já estava com as luzes apagadas e os meus tios já estava dormindo. Pelo menos o meu tio estava dormindo, pois eu podia escutar o seu ronco.

Fui para a cozinha para poder sair pelos fundos, assim que coloquei os meus pés no gramado comecei a correr. “Por que ela está aqui?”, “Por que quando tudo parece que vai dá errado, ela sempre aparece?”, “Por que?”, “Por que?” e “Por que?”. Era tudo que passava pela minha cabeça.

Então eu parei sem diminuir a minha velocidade e acabei caindo e como resultado tendo a mão cortada graças a uma concha que estava na areia da praia.

_ Merda_ disse olhando o corte da minha mão. Me levantei e fui andando até a beira do mar e molhando a mão_ Ai!_ disse ao senti a água salgada tocar a minha ferida, .

Dei alguns passos para trás e me sentei na areia da praia, levantei a minha cabeça e fiquei olhando para o céu e comecei a senti as lágrimas quentes sair dos meus olhos sem o meu consentimento, lágrimas que eu estava tentando adiar o máximo até eu está em segurança na minha cama embaixo do meu edredom.

_ Essa seria uma boa hora para uma solução cair no céu_ disse me sentindo uma idiota falando com o nada em minha volta.

Parece que sempre quando o sol começa a nascer e seus raios começarem a me atingir vem uma nuvem e deixa o meu céu nublado. E para piorar parece que dessa vez não é apenas uma nuvem e sim uma bela tempestade e agora não sei se irei sobreviver.

Primeiro o telefonema que conseguiu tirar os meus pés do chão e agora a minha mãe aparece e tudo fica mais confuso e incerto. Uma coisa é certo quando algo tem que dá errado dá tudo de uma vez só. Talvez seja algum tipo de promoção e só falta o terceiro problema sendo de graça.

Fiquei mais um tempo sentada e apreciando a lua e as poucas estrelas que estavam no céu e sentindo o vento gelado atingi o meu rosto. E logo em seguida voltei a correr de volta para casa. Mas os meus pés me enganaram e me levaram para frente de uma casa, cujo dono consegue me deixar mais confusa com a incerteza que sinto quando estou perto dele.

Não sei de onde tirei a coragem ou se eu possuía alguma, mas apertei a campainha. E não demorou muito para um cara assustado aparecer assim que a porta foi aberta. O olhei por uns instantes e perguntei se eu poderia ficar.

_ Claro_ disse meio confuso_ aconteceu alguma coisa com você?

_ Sim e não_ disse entrando em sua casa e vendo várias garrafas de cervejas vazias_, mas acho que irá acontecer.

_ Como assim?

_ Minha mãe quer me levar com ela_ disse me sentando no sofá_ e eu não quero ir.

_ Então não vá_ disse se sentando do meu lado e me olhando de uma forma tão intensa que eu me senti vulnerável, mas ao mesmo tempo protegida.

_ Não é tão fácil_ disse desviando os meus olhos dos dele.

Senti seu olhar preso em mim enquanto eu olhava para frente e quando eu menos esperei, ele se aproximou de mim e me abraçou me fazendo ficar deitada em seu peito. E ali ouvindo as batidas do seu coração, sentindo sua temperatura quente que seu corpo possuía eu me esqueci de tudo ao meu redor, de todos os meus problemas e pela primeira vez eu me sentia bem comigo mesma de verdade, eu não sentia medo e era como se eu tivesse encontrado o meu lugar.

_ Você confia em mim?_ ouvi sua voz enquanto ele fazia cafuné em minha cabeça. 

_ Confio.

_ Então me deixe te ajudar_ disse como se tivesse me implorando.

_ É complicado_ disse suspirando_ e difícil.

_ Eu não me importo_ disse firme.

_ Eu nem seu o que se passa comigo_ disse sussurrando.

_ O que aconteceu entre você e a sua mãe?

_ É uma longa história_ disse me ajeitando no sofá sem me separar do calor de seu corpo.

_ Temos tempo.

_ Resumindo toda história da minha vida ela me deixou com o meu pai quando eu ainda era um bebê.

_ E você não gosta dela por isso?

_ Não é que eu não goste dela. Ela é a minha mãe_ apertei bem os meus olhos, pois estava sentindo que novas lágrimas chegariam_ e eu a amo. Só que parece que ela não me entende e nem ao menos se esforça para me entender_ disse deixando as minhas lágrimas escaparem e assim molhar a blusa do Seth e senti seus braços me apertarem mais contra o seu corpo_  teve uma vez que ela me chamou para acompanhá-la em uma viagem, eu tinha apenas nove anos e lembro que fiquei muito feliz com o seu convite já que nunca ficamos mais de uma tarde juntas, mas ela me deixou sozinha no mesmo dia em que tínhamos chegado no Havaí.

_ Como ela pode fazer algo assim? Você era apenas uma criança.

_ Acredito que isso nunca a comoveu_ disse enquanto secava as minhas lágrimas _ depois desse desastre comecei a passar as minhas férias com ela, não sei o que ela tem, mas ela sempre consegue me convencer de fazer o que ela quer. Mas nada mudava e ela sempre me trocava pelo estúpido emprego dela.

_ Não chore_ disse Seth secando as minhas lágrimas_ estou aqui com você. E te prometo que nunca te abandonarei.

Tudo parecia tão confuso e ao mesmo tempo tão certo. Eu estava deitada sobre o peito Seth e podia sentir o movimento que o seu corpo fazia por causa de sua respiração, sei que deveria estranhar sua temperatura, mas ela parecia tão certa e era tão agradável.

A presença dele me acalmava e eu conseguia me sentir tão protegida. Era como se eu soubesse que ele faria de tudo para me proteger de todo o mal que estivesse a minha volta. E de certa forma isso era bom, pois eu não conseguia senti medo do futuro.

_ Seth_ disse seu nome e senti seu corpo estremecer.

_ Oi.

_ Do que você tem mais medo?_ sei que era uma pergunta idiota, mas eu queria saber.

_ De perde _ disse apertando o meu corpo contra o dele_ e você?

_ Do futuro_ disse me lembrando de quando recebi a notícia que o meu pai estava morto, recordo-me de ter me sentido como se nada mais importasse e como se a minha vida estivesse acabada.

_ Mas porque do futuro?

_ Pois ele é incerto_ disse me lembrando quando o meu pai disse que iríamos viajar juntos, mas o futuro não ajudou.

_ Mas a vida é incerta_ disse se ajeitando no sofá e com isso acabei me levantado e ficando sentada de frente para ele.

_ Sei disso_ suspirei_, mas eu não disse que fujo do futuro, eu o enfrento, mesmo sem saber o que ele me aguarda.

_ Admiro você_ Seth disse se aproximando de mim.

Ele foi se aproximando e me olhando de uma forma tão intensa que eu não conseguia me mover a não ser esperar o que poderia vir depois. Quando menos eu esperei ele segurou a minha cintura me puxando para o seu colo e logo em seguida encostou seus lábios nos meus, no início me senti assustada. Mas logo sua língua pediu passagem e automaticamente abri a minha boca oferecendo tal passagem. Seu beijo começou lento e eu podia senti-lo em toda parte da minha boca, como se ele estivesse explorando e gravando cada parte dela. E depois ele começou a me beijar de uma forma mais intensa como se ele precisasse do beijo e eu estava seguindo todos os ritmos que ele fazia acompanhando a sua língua.  Como resultado do nosso beijo paramos, pois ambos estávamos sem ar.

_ Eu não devia ter feito isso_ disse me olhando assuntado, como se não tivesse acreditando no que tivesse acabado de fazer.

_ É melhor eu ir embora_ disse me levantando, ainda não conseguia acreditar no que eu tinha acabado de fazer.

_ Não_ disse Seth se levantando_ é melhor você dormi aqui em casa, bom já está tarde_ disse passando a mão na cabeça.

_ Não quero deixar você sem a sua cama_ disse tentando dar um bom motivo para sair dali e depois desse beijo eu não queria dividi a cama com ele.

_ O quarto de hospedes já está pronto_ disse me olhando da forma intensa como ele sempre faz.

O segui até o quarto em silêncio, mas desejando que aquele não tenha sido o último beijo que ele me tenha me dado. Bati na minha testa por ter tal pensamento.

_ Esse é o quarto_ disse parando e abrindo a porta que estava em sua frente_ você quer que eu trouxesse alguma muda de roupa?

_ Não precisa não_ disse entrando no quarto_ quando ele começou a andar em direção das escadas eu o chamei e assim que ele olhou para mim_ obrigada_ disse realmente agradecida.

Quando fechei a porta pude observar o quarto ele era simples, mas era bonito. Possuía uma parede marrom e as outras era de um tom de areia e tinha uma cama que ficava no centro da parede mais escura e ao lado ficava um criado mudo. Caminhei até a cama e me joguei nela.

Acordei com o sol atravessando a janela e atingindo a minha face. Um sorriso involuntário atingiu os meus lábios. Sempre gostei de acordar sentindo o sol em contato com a minha pele, e isso me lembrava o Brasil.

Me levantei da cama e fiquei olhando o quarto em que passei a noite. E encima de uma poltrona havia uma toalha com a minha nécessaire e uma muda de roupa que também era minha.

_ Seth_ disse para mim mesma.

Fui para o banheiro que tinha no quarto sem pensar como as minhas coisas chegaram até aqui. Mas grata por elas estarem ao meu alcance. Não demorei muito no banho. E enquanto eu descia as escadas para poder ir em direção do cheiro maravilhoso que senti assim que abri a porta do quarto prendi o meu cabelo em um rabo de cavalo no alto.

_ Bom dia!_ disse Seth se virando para minha direção assim que entrei na cozinha_ dormiu bem?_ perguntou colocando os ovos mexidos em um dos pratos que estavam em sua frente.

_ Sim_ disse me encostando na parede_ o quarto era ótimo e eu também gostaria de agradecer por me receber na sua casa no meio da noite.

_ Isso não foi nada.

_ Foi sim, mostrou que você se importa comigo e é importante para mim_ ele me olhava como se estivesse estudando cada movimento que eu dava_ e valeu pelas roupas_ concluí.

_ Está tudo bem_ disse encostando na bancada e cruzando os braços_ não sei se você se importa mas a Sue já sabe onde você está.

_ Ela ficou preocupada?_ comecei a ficar com medo dela não me querer mais perto dela pela minha fuga_ Digo por eu ter saído de casa sem a autorização dela.

_ Sim, ela ficou muito preocupada e me ligou_ disse se virando e continuando a fazer o nosso café da manhã_, mas quando você estiver com ela diga que te dei um belo sermão.

_ Pode deixar_ disse sorrindo enquanto me sentava em um dos bancos da cozinha.

A mesa do café da manhã já estava posta e antes dele colocar os pratos de ovos mexidos na minha frente comecei a me servi. E o silencio predominou durante todo o café da manhã.

Assim que terminei ajudei Seth com a louça e voltei para casa. Eu ainda estava confusa com o que havia acontecido na noite passada e o que mais me intrigava foi o beijo que Seth havia me dado. Não conseguia entender o “por que” do beijo. Me deitei na minha cama e fiquei olhando para o teto e repassando varias e várias vezes o beijo que ele havia me dado e eu ainda podia senti o sabor dos seus lábios nos meus.

_ Alguém está com cara de apaixonada_ ouvi uma voz de mulher. Mas não era qualquer voz. Me sentei imediatamente e sorri para a mulher que estava deixando sua bolsa na minha poltrona.

_ Senti a sua falta_ disse para a loira que estava na minha frente.