Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 63
Cap. 63: Mais cores, vestidos e máscaras.




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Sam me olhou com desdém e eu fiquei sem entender. Ela tirou do criado-mudo várias maquiagens e pinceis. Pinceladas aqui e ali, e ela me deixou com os olhos sombrios e acinzentados, quando os abri e olhei no espelho, eles pareciam mais verdes do que nunca. Na minha boca havia apenas brilho... Nada de mais. Eu não fiquei tão constrangida.

--- Agora sim você merece sair. –Sam balbuciou. Eu nem estava ai para ela.

--- Sei... –Murmurei.

  Antes de descermos, coloquei um blazer preto porque estava fazendo um friozinho irritante. Mas nada que congelasse a alma.

  Quando olhei para as pessoas ali, senti um calafrio. Eram todos tão sutis e privilegiados com beleza e elegância que era até hipocrisia de minha parte dizer que eles não passavam de fúteis idiotas. Eles eram bons no que faziam. Nunca liguei para beleza e moda... ou algo parecido, mas não poderia dizer que aquilo era uma coisa tão horrível e decadente de se ver. Era muito bom ver aquilo. Era de se admirar. Tanta gente, tantos rostos maquiados levemente para que fosse aquilo mesmo o que desejavam passar. Leveza, luxo, orgulho, exuberância, beleza e muito mais coisas horríveis, mas tão humanas e imperfeitas que um da mesma espécie seria um hipócrita se criticasse com fervor.

--- Char- llo- tie... -Angel falou num tom quase baixo. Mas foi tão perto de mim e de Sam que nós duas ouvimos. -Será que é assim que soletramos seu nome? -Ela sorriu.

  Olhei-a dos pés a cabeça, como faria com todos ali até que viesse um dentro um bilhão deles que não me chamasse a atenção.

  Angel estava com seus cabelos loiros soltos e ondulados até a cintura. Sua maquiagem era verde na sombra e seu batom era vermelho. Ela era bem excêntrica. Usava um vestido vermelho completamente colado ao seu corpo e aberto na extremidade de baixo.   O decote em V mais aberto deixava seu busto maior...

--- Deve ser assim, nunca parei para pensar nisso, Angel. -Virei-me para ela e sorri. Um de meus sorrisos amarelos.

--- Pensei que você não soubesse muito sobre moda, mas não está tão mal. -Angel disse.

--- Ela não está mal. -Sam disse. -Está fantástica. 

  Angel sorriu e colocou uma mão no ombro de Sam.

--- Está bem, querida. -Angel afastou-se.

--- Nunca vou me dar bem com ela. -Sam disse com uma sobrancelha erguida.

--- Indiferença... é isso que ela me inspira. -Eu disse.

--- Ah... –Sam sussurrou.

  Fiquei olhando para a multidão procurando Peter. Ele devia estar um pouco atrasado. Eu me sentia desprotegida contra os ataques daquela gente estúpida sem ele. Eu estava ansiosa para que ele chegasse. Tudo bem, eu tinha que admitir que ele me fazia mais falta que o normal. Quando ele não estava, eu ficava tão entediada e ficava com muitas saudades mesmo sabendo que iria vê-lo depois. Com a ansiedade, eu ia ficar roendo as minhas unhas, então quis falar com Sam enquanto ele não aparecia.

--- Sam... você... está... sabe... -Ela me interrompeu.

--- Fale logo, Lottie, quando você está assim... falando por partes pequenas demais e não sendo direta e mordaz, é por que o que vai dizer é algo que, ou é óbvio, ou é tão sério que atinge até você mesma. -Sam revirou os olhos. Seus cabelos aparentavam ter muito laquê Estavam arrumados num topete que o deixava mais absurdamente presunçoso do que já era.

 Afastei um pouco mais a visão para ver o próximo alvo da minha atenção meticulosa.

   Jolie... Ela estava com o cabelo muito alto. Num estilo bem “Cindy Lauper”. Ela usava umas mechas pretas. Talvez fossem temporárias. Usava um vestido vermelho com um decote também. Porém o vestido era de saia balão. Com véus que o encobriam na parte da saia. Usava uma meia quadriculada preta e um sapato vermelho de couro. Era tão lustrado que poderia servir de espelho algum dia. Usava um colar colado ao pescoço, preto. Batom bem vermelho e sombra preta. Seus olhos azuis destacavam-se. Para mim, era a mais extravagante. Parecia um peru de natal. Mas, mesmo extravagante daquele jeito, confesso, estava deslumbrante. Ela e sua carinha pequena e de boneca me olhavam a sorrir. Eles todos estavam realmente felizes.

 Por fim, olhei para Frida. Ela estava me parecendo menos agressiva e mais desprotegida. Talvez ela fosse mais protetora, do que se sentisse protegida. Ela não estava diferente em relação a mim pelo seu olhar, mas eu estava em relação a ela. Frida estava tão simples e arrebatadora que nunca vi uma beleza junto com um mistério igual. Usava um vestido do mesmo estilo que ela sempre usava, porém este era preto com um espartilho vermelho. Em cima, ela não mudara os detalhes. Três botões, agora mais próximos uns dos outro por causa do espartilho. Somente o espartilho brilhava de lantejoulas, era como o detalhe chave da peça. As mangas longas até as mãos e a gola do vestido tinha os mesmos babados brancos que as mangas ao seu fim.

  Seus olhos estavam apenas delineados. Não havia sombra e na sua boca estava negra. Seus olhos verdes cintilavam. Dessa vez era um brilho sinistro. Acho que ela planejava algo naquela noite que não responderia muito bem se comparado com as coisas que eu considero boas. Eles se aproximaram de mim e me fitaram, da cabeça aos pés.

--- Coisinha! -Jolie falou com espanto. -Como você está bonita! Puxa! –Fiquei surpresa.

  Eu começava a achar que ela não era tão burra quanto demonstrava ser. Era mais uma ironia...

--- É... -Norma falou baixinho com sua voz rouca. -Você está muito bonita Charllottie. -Senti, pela primeira vez, sinceridade em sua voz. 

  Ela parecia estar mais disposta a me aceitar. Até mesmo Jolie parecia. Christopher nunca me preocupou. Quanto a Frida... ela parecia me odiar mais do que nunca. Seus olhos percorriam-me como os olhos famintos de um lobo querendo assassinar com seus instintos, um cordeirinho indefeso. 

--- Olá, pessoal. –Tentei não ser tão eufórica o quanto estava por dentro. Estava ansiosa por ver Peter e ainda me vinham estas caras super tensas a me quebrar a monotonia... minha monotonia não... eu estava ansiosa afinal.

--- Charllottie... -Frida abriu a boca finalmente.

  Olhei para ela. Olhei-a nos olhos. Como eu conseguia mais ainda enfrentar uma pessoa quando estava de bem com ela do que quando estava de mal, fiquei olhando para ela, ternamente. Acho que isso a deixou confusa por um momento.

--- Ah... -Ela deixou seu olhar presunçoso e marcial de lado e me olhou confusa. -porquê me olha assim? -Ela perguntou, meio espantada.

--- Você está me deixando intrigada. -Sempre fui franca.

  Nunca gostei de falar com alguém com quem não simpatizo, mas, naquele momento, eu estava olhando e acenando com uma bandeira de paz. Aquilo me surpreendeu bastante. A reação de Frida com certeza seria muito desagradável, porém eu decidi esperar por esta reação quando falei. Esperei, então, pelo meu julgamento. Se seria justo, ou se não seria, não importaria depois de já ter proferido as palavras letais.


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