Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 52
Cap. 52: Nunca perca seus presentes.




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  Olhado para a janela como nunca mais havia feito, via os pingos de chuva descerem mais lentamente agora. Talvez fosse o tédio imenso que me inundava de dentro para fora.

  Peguei o meu livro cor de vinho que havia ganhado do meu pai assim que aprendi a escrever e fiquei olhando as primeiras coisas que escrevi...

  As páginas do livro que antes eram bem brancas, agora eram amareladas. Isso dava a ele uma aparência de velho. E ele era um pouco velho. O cheiro do livro também era de livro velho. Perguntava-me onde meu pai havia encontrado aquele livro... era como um diário, mas parecia um livro. Não havia nada escrito em nenhuma das folhas quando eu o ganhei. Então estranhei tal fato e perguntei a papai se aquilo era um livro ou uma agenda. E ele me respondeu que era o que eu achasse melhor. Muito esclarecedor. Era para eu escrever o que quisesse nele. E assim foi.

  Abri o livro pelo meio e comecei a folhear. Quando era pequena, eu gostava de escrever em folhas alternadas... Sempre achei que eu era diferente das outras crianças. Ou não... Talvez crianças gostem de fazer coisas absurdas sem explicação. Ou talvez não fosse tão sem explicação. Era só o meu cérebro divagando de novo.

  O meu primeiro desenho no livro tinha sido na página trinta e cinco. Quando criança, abri o livro alternadamente e caiu nesta página. Havia uma casa vermelha desenhada de giz de cera e duas pessoas bonitas. Acho que sempre tive um dom para desenhar. Meus primeiros desenhos foram da mesma forma que os primeiros desenhos de qualquer humano, claro, um palitinho e um círculo imperfeito como cabeça. Mas desenvolvi a habilidade de desenhar melhor rapidamente. O desenho era de mim e do meu pai. Eu estava sentada numa cadeira e ele estava em pé com uma pipa na mão. Ele queria muito ter um filho. Um garoto, para ajudá-lo a soltar pipa e jogar futebol, mas Deus deu para ele uma garotinha.

  Mesmo assim, ele me amava muito, claro. Mas queria me ensinar a soltar pipa e jogar futebol. Eu gostava disso. Aprendi a ser um pouco masculina, mas sempre fui feminina também.

  Na outra página, minha mãe segurava a minha mão e eu olhava para ela a sorrir. Eu tinha uma bexiga na mão e a casa vermelha ainda estava lá atrás. Na próxima página, havia três pessoas. Eu, minha mãe e meu pai. Mas eu estava com o balão olhando para o céu. Enquanto minha mãe estava sentada na grama perto da casa ao lado do meu pai e os dois riam e meu pai ainda segurava a pipa que queria ser solta e voar ao vento.

  Na próxima página não havia nada. Então folheei o livro novamente abrindo-o aleatoriamente e encontrei as páginas em que havia escrito no outono, quando estava na organização. 


“Você sabe o quanto eu a amo, não é?

  Estava escrito com a caneta que Peter havia me dado. Decorei a página onde isto estava escrito em letras médias. Página setenta e um. Não havia mais nada escrito naquela página. Parecia que alguém havia esquecido de limpar um sangue e resolveu fazê-lo de tinta em páginas amareladas e envelhecidas. O que deixava a escrita mais forte e significativa aos olhos. A letra de Peter era desajeitada, mas bonita. Como um rabisco em sangue puro sem importância. Era algo tão extraordinário e despreocupado... fiquei a mandar que ele escrevesse muitas coisas no livro. A letra dele era linda.

  Depois, folheei mais o livro pelo meio. Talvez não fosse só quando era criança, que tinha aquela velha mania de escrever em páginas alternadas.

  Estava escrito na página noventa e cinco:
“Ich Liebe Dich”

  Eu havia escrito com a mesma caneta. E também não havia nada na página inteira. Somente o “Eu te amo” em alemão que eu havia ouvido havia alguns meses. Para a minha sorte, em uma de nossas aulas de botânica, o professor comentou ao longe sobre “Ich Liebe Dich” Não lembro bem do que ele falava, mas escutei de longe, como um zumbido e lembrei quando Peter pronunciou em alto e bom som para mim. Ich Liebe Dich, eu te amo em alemão.

  Professor Friedrich pronunciou estas palavras. Talvez tenha até sido quando Peter veio estudar em nossa classe... O professor devia estar falando com ele e Angel...

  Depois de ver isso, coloquei novamente na página setenta e um, onde Peter havia escrito. Peguei a caneta que ele me deu no criado mudo perto da cama e ativei-a para que escrevesse. Encostei-a no papel e a tinta vermelha fez um pingo vermelho forte. Comecei.
 “Eu...”
Então fiquei a olhar a diferença de letras. A dele, tão grave, rabiscada e despreocupada. A minha, tão direita e uniformemente balanceada. Dei por mim e escrevi o resto.
 “Sei...”

  Desenhei um coração e comecei a rabiscá-lo. Rabisquei tão rápido que perdi a caneta de vista e a derrubei no chão. Quando olhei a caneta no chão, ela estava aberta. E de dentro dela surgiam várias coisas. Era como um canivete multi-uso. Tinha uma tela e teclas. Peguei-a de novo e olhei-a bem. Havia muitos botões minúsculos. A tela parecia fora do ar. Olhei mais de perto e vi que aquilo nunca seria somente uma caneta... Peter não brincou quando disse que seria algo útil. Sorri e lembrei-me dele.

  Apertei um dos botões e um laser muito fino e vermelho saiu da ponta da caneta fazendo a colcha de minha cama rasgar um pouco. O laser só parecia afetar coisas leves e frágeis. E demorava bastante para queimar. Pareceu-me que aquele estranho objeto ainda estava em testes.

  Mas mesmo assim, aquilo era fantástico. Nunca perderia aquela caneta. Nunca deixaria ninguém que não fosse confiável, tocá-la. Antes, por ser uma lembrança valiosa de Peter, agora, por ser tão ou mais útil do que eu pensava.


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