--- Peter, você me convenceu. Eles são mesmo inoportunos... –Eu disse, respirando fundo e franzindo as sobrancelhas.

--- Viu o que eu estava querendo dizer, agora? –Peter disse, convicto.

--- Vi. E também vi que tem muitas fãs por aqui, não é mesmo, Peter? –Eu disse, ajeitando meus cabelos. Aquelas pessoas me deixaram nervosa.

--- Elas... só querem atenção. Como pôde ver, tem poucos homens por aqui. –Peter disse, calmamente.

--- Não. Não vi nada de claro nisto. O tal de Christopher era bem alto e charmoso em minha opinião. Acho que ele é um bom partido... –Eu disse, tranqüila.

--- O que disse? –Peter me olhou, de rabo de olho.

--- Ah, Peter, eu sou sincera. Elas têm uma obsessão por você.

--- É por isso que eu não gosto deles.

--- Hum... Você não gosta do amor inabalável que eles sentem por você?! –Eu estava rindo.

--- Eles são sanguessugas. Querem apenas a minha atenção, carne, alma e sangue no jantar de demônio deles. –Peter rebateu.

--- Ah... entendo perfeitamente –Olhei para Peter e ele estava distraído olhando para o céu.

  Oh meu Deus. Desta vez eu tinha que lhe dizer aquilo. Eu tinha muita vontade de dizer que ele era lindo. Mas agora, eu tinha que pôr em prática. Seus olhos ficaram meio cinzas quando ele me olhou ainda de perfil.

  O céu estava meio chuvoso. As nuvens estavam meio cinzentas, por isso, seus olhos azuis claros da cor de uma piscina ficaram acinzentados. Peter deveria ter sido uma criança linda.

--- Peter, outro dia, quando eu disse algo e você... perguntou o que eu tinha dito... –Pensei mais uma vez e engoli ar seco para tomar coragem.

--- O quê? –Peter perguntou inocentemente.

--- Você é lindo. -Saiu. Foi mais simples do que eu pensava, mas só no momento, porque depois... eu teria de me virar para não falar demais ou de menos que era o mais provável.

--- Ah... é... muitas pessoas me dizem isso. Mas... vindo de você... é bom. –Peter continuou a olhar para o céu.

   Agora ele não me olhava mais diretamente nem de perfil. Talvez estivesse ficando intimidado. De repente ele olhou para mim diretamente. –Não se apaixone pela minha beleza. Como todos os outros.

--- Está bem. Posso... me apaixonar pelos dois? –Perguntei, inocentemente.

--- Dois? –Peter estava surpreso.

--- Não! Não é o que está pensando, Peter –Eu sorri. –Eu quis dizer pelo seu interior e pelo seu exterior. Acho que... não é pecado se eu me apaixonar pelo exterior também. É assim que começa. Ou você se apaixonou pelo meu interior primeiro? –Eu ainda estava rindo e com as duas mãos no rosto.

--- Sim. –Ele pegou as minhas mãos que estavam no rosto e sorriu para mim. Depois colocou suas duas mãos no meu rosto. –Eu me apaixonei pelo seu exterior primeiro, confesso. Mas passaram-se apenas segundos para que eu visse que você tinha um lindo interior.

--- Hum... isso é... legal. –Disse isso olhando para os olhos dele que estavam concentrados em mim naquele momento. 

--- Você também é linda Charllottie. –Peter disse e me beijou. Foi tão repentino, que não deu tempo nem de eu tomar fôlego.

  Aceitei o beijo. Me fez viajar. Por tudo o que eu já tinha vivido com ele aquele momento. Seu beijo era leve e seus lábios pareciam se encaixar nos meus.

   Eu sentia o amor que ele passava naquilo que estava fazendo. Eu me sentia a vida dele só por aquele beijo. Ele parecia ter necessidade de mim. E, durante aquele momento, eu tinha dele também. Senti sua mão em meus cabelos gentilmente envolvendo-os.

--- Ei, Peter, aqui não é lugar para você fazer isso. -Uma voz fina, mas baixa e solene nos interrompeu. Presumi que viesse de uma criança de uns treze anos.

--- Oh... Frida. –Peter parou e a olhou ternamente.

  Era uma menininha pré-adolescente que nos olhava com desprezo, talvez por que o que estávamos fazendo não era agradável a ela. 

--- Você demorou, Peter –A garota de cabelos longos pretos e rosto branco como neve sorriu sem mostrar os dentes.