POV Silena Beauregard

 Eu não queria ir. Havia sido liberada da enfermaria ontem de noite e apesar daquele lugar não ter um pingo de estilo, é tudo branco! , eu daria tudo pra estar lá agora. Eu não queria ir! Não queria ir naquela aula. Não queria vê-lo. Não queria ter que encará-lo e fingir que eu não ligava, que eu não sentia nada por ele.  Mas era preciso, então eu me arrumei, passei maquiagem e segui para a arena. Já tinha me decidido, não ia deixar que ele notasse o efeito que tinha em mim. Mas logo percebi que isso não ia ser tão fácil, pois ao chegar lá e vê-lo treinando sozinho, sem camisa, suado e super lindo, meu coração se derreteu.

 Aproximei-me silenciosamente e ele não me viu. Aproveitei para apreciá-lo, ele era incrivelmente forte, seus músculos bem definidos, e seu rosto era perfeito, na verdade, ele todo era perfeito...

-Silena? Silena? Beauregard? Você ta desligada de novo, né?- ele olhava pra mim bravo.

Eu queria responder, mas as palavras pareciam fugir da minha boca. Deuses, como alguém consegue ser tão bonito e sexy? No fim das contas, eu acabei dizendo algo muito inteligente como:

-Eu... Anh... Eu estava... A aula.

Ele exibia um sorrisinho no rosto, como se achasse a minha confusão engraçada. Ainda ri de mim! É culpa dele eu estar assim!

-Vamos começar então. Pegue a espada- quando ele disse isso, não sorria mais. E foi quase frio. Esse menino é bipolar? Arg, ele está realmente me irritando.

                  POV Charles Beckendorf

Eu quase desisti de tudo quando percebi que ela estava me observando, ela tinha a boca meio aberta e seu cabelo brilhava a luz do sol, deixando-o ainda mais dourado. Seu corpo escultural estava a poucos metros de mim. Mas eu não podia esquecer o meu plano, eu não me deixaria levar pelos seus encantos.

-Silena? Silena? Beauregard? Você ta desligada de novo, né?

Tentei parecer irritado, mas minha atuação foi pro lixo quando vi que ela estava perdida demais pra me responder.

-Eu... Anh... Eu estava... A aula. - eu estava causando isso nela? Eu tinha esse efeito sobre ela? Não, claro que não, Beckendorf. NÃO SE ILUDA! Tratei de acabar com sorrisinho bobo que havia surgido no meu rosto ao cogitar essa possibilidade.

-Vamos começar então. Pegue a espada- falei reassumindo a minha face menos simpática, quase frio.

A aula se arrastou de maneira horrível, clima entre nós estava cada vez pior.  Isso porque cada vez que ela errava um movimento, eu gritava e a corrigia de maneira grossa. Não era fácil pra mim ter que gritar com ela e era pior ainda quando eu via o efeito que isso causava, sua face se enchia de tristeza e ela abaixava o olhar. Meu coração ficava em pedaços quando eu via isso. Mas era preciso, eu não podia a deixar ver o que eu sentia de verdade por ela. Por Hefesto, eu não mereço isso!

Eu mostrei um movimento e ela tentou copiar, mas acabou errando de novo.

-Não é assim! Você não consegue fazer nada direto? Não sei porque ainda tento, você nunca vai conseguir lutar nada!

Foi demais pra ela, depois de uma aula inteira cheia de provocações e insultos, ela não agüentava mais. Simplesmente jogou a espada no chão e começou a gritar:

-CHEGA! Por que você fazendo isso? Por que está me tratando assim? Qual é o seu problema? Eu, por acaso, te fiz alguma coisa? – me senti imensamente culpado ao constatar que havia lágrimas em seus olhos.

-Silena...

-Silena nada! Eu quero uma explicação! Você não era assim comigo! Foi só por causa daquele beijo? Olha, esquece isso, mas eu só peço que você não continue me tratando assim. – a última parte foi dita baixinho e as lágrimas já escorriam por seu rosto.

Aquela imagem acabou comigo.

-Não é tão simples assim, na verdade é bem complicado.

-Me explica.

Eu vacilei.

-Eu... Eu não posso.

Ela explodiu.

-Ah, não pode?! E porque não pode?

-Porque... Porque é complicado Silena, tudo isso é muito complicado. E não ainda não sei se... Eu... Ah, é complicado, só isso.

-Pois eu duvido que seja mais complicado pra você do que é pra mim. –ela estava vermelha e apontava o dedo pra minha cara, enquanto gritava comigo. Seu rosto marcado pelo choro. – e quer saber por que, Beckendorf? Quer? Porque desde daquele dia eu não consigo te tirar da minha cabeça, porque desde daquele dia eu só penso em você, porque desde daquele dia eu descobri que eu estou apaixonada por você.

O mundo tinha parado de rodar. Eu não conseguia acreditar no que ouvia. Silena tinha de repente ficado muito vermelha e encarava o chão, envergonhada.

-O que disse?- perguntei feito um idiota, queria ouvir aquelas palavras de novo.

-Nada, eu preciso ir.

Ela andou pra saída. Não, ela correu pra saída. Mas antes que chegasse lá, eu a agarrei pelo braço.

-O que disse?- repeti.

Ela me encarou.