O tempo parecia ter parado naquela hora. Tudo estava andando em câmera lenta. As luzes sumiram, tudo pareceu desaparecer. O beijo era tão calmo e suave, tão emocionado e meigo. Fiquei sem ar, talvez não pelo beijo em si, mas pelo momento, por tudo.

Ele partiu o beijo, e olhou fundo nos meus olhos.

- Vou entender se você nunca mais olhar na minha cara e nunca mais falar comigo.

- Cala boca Mikey - e beijei ele de novo.

Nessa mesma hora chega Frank, e começa o escandalo dele.

- Sinceramente Mikey, de todas as garotas, você teve que pegar a MINHA Mari?

Paramos de nos beijar na mesma hora. Olhei pro Frank com cara de "cala a boca" e escondi meu rosto no pescoço do Mikey.

- Ah cara, fala sério, que tédio. - disse Ray chegando aonde eu estava, rindo.

- Cunhaaaaaaaaaaaaaaaaada. - berrou o Ge.

Fiquei vermelhona feito um peru e sai correndo pro banheiro.

E agora? Digo, o Mikey é um fofo mas, hm, ai gente eu não quero um namorado, na verdade eu quero sumir do mundo agora. Mentira quero um namorado como o Mikey mas, ah sei lá. Acho que to ficando louca e vocês?

Algumas horas depois.

Sai do banheiro depois de muito tempo meditando lá.

- E como é o ar do banheiro? Deve ser interessante. - falou o Ge, rindo.Fiquei vermelha.

Eu ia retrucar mas meu celular tocou na mesma hora e eu tive que atender.

- Alô?

- Oi filha linda da mamãe, como você está?

- Iiiih, o que tu quer mãe?

- Quero você em casa, agora.

- Por?

- Alguém aqui veio te visitar.

- Quem?

- É melhor ver com seus próprios olhos.

Desliguei. Se for quem eu penso ser, acho que não quero ir.

- Preciso ir para casa, quem vai comigo?

Frank na mesma hora se abilitou, eu ri, olhei pro Mikey, Ge deu um cutucão nele, o que fez ele meio que "acordar" e ir junto também.

Fomos os três a pé até minha casa. Ao chegar lá, parei na porta. Respirei fundo algumas vezes e entrei.

O clima parecia meio pesado dentro de casa, por isso agarrei a mão dos dois lindos que estavam do meu lado e segui em frente. Fui até a sala e na mesma hora desejei não ter feito isso.

- Olá Elisabeth.

Respirei fundo, tão fundo que quase levei meus pulmões junto.

Frank olhou pra mim preocupado e Mikey me olhou sem entender.

Olhei para minha mãe.

- Isso é algum tipo de brincadeira?

- Beth, só escute o que ele tem a dizer.

O homem sentado na poltrona olhou para mim e sorriu.

- Você está tão linda. - olhou em volta - Será que posso falar com você em particular?

Virei pra trás e mandei Frank e Mikey seguirem minha mãe. Abracei Frank e, na mesma cara de pau com que nasci, dei um selinho no Mikey, mamãe riu. Ela que me aguarde.

- Seu namorado parece ser muito legal.

Olhei de cara feia para ele.

- Vá direto ao assunto, por favor.

Ele respirou fundo.

- Vim te ver, saber como você está, se é boa de saúde, se é forte, se é bonita. E principalmente como anda depois do que aconteceu com seu irmão.

- To ótima, pode ir agora.

- Elisabeth, sou seu pai.

Ri alto.

- Jura? Engraçado porque só quis me conhecer agora, não é? E você deixou de ser meu pai quando abandonou mamãe, Mattie e eu. Agora vá direto ao assunto, ou, se já terminou, pode se retirar.

Ele respirou fundo.

- Vim me desculpar com você e tentar criar algum tipo de relação.

Novamente, ri.

- Obrigada a preocupação, mas eu dispenço, se era só isso, pode se retirar.

- Elisabeth Moon pare de me tratar assim.

- ASSIM? - ri - ASSIM COMO, PAPAI? OU VOCÊ ACHA MESMO, QUE DEPOIS DE 18 ANOS, VOCÊ PODE ENTRAR AQUI EXIGINDO ALGUM TIPO DE RELAÇÃO PAI E FILHA? HEIN? É ISSO QUE ESPERA? PORQUE SE É, PODE IR EMBORA, PERDEU SEU TEMPO. EU, NÃO TENHO PAI, TENHO SOMENTE UMA MÃE, MARAVILHOSA. AMIGOS MARAVILHOSOS E EU TINHA UM IRMÃO PERFEITO, MAS NÃO, EU NÃO PRECISO DE VOCÊ. AGORA SAIA DA MINHA CASA.

Fui em direção às escadas, para subir ao meu quarto, mas voltei no meio do caminho.

- ALIÁS, SUMA DA CIDADE ONDE MORO, SE NÃO QUISER QUE EU CHAME A POLICIA. OBRIGADA.

E ai sim, subi às escadas em direção ao quarto.

Mal entrei lá e vi meu Frank, meu Mikey e minha mãe, todos com olhares preocupados. Virei em direção à minha mãe.

- Por favor, acompanhe aquele senhor até o aeroporto.

Por incrível que pareça, ela não disse um piu, só foi até a sala.

Olhei para Mikey e ele entendeu perfeitamente o que eu precisava. Ele foi em direção ao pufe que eu tinha dentro do quarto e se sentou ali.

Andei em direção ao Frank, abracei ele e comecei a chorar.

Essa é uma das muitas qualidades do Frank, ele me entende de um jeito que mais ninguém consegue. Ele percebeu que eu estava mal quando cheguei na porta de casa, mas não disse nada, apertou minha mão para representar que estava do meu lado. Ele sabia como me consolar.

Fiquei muito tempo ali, abraçadinha com o Frank, mas eu queria ficar sozinha, então mandei os dois embora.

Mas parece que alguns não entendem isso. Frank foi, Mikey ficou.

Acabou que eu sentei no colo dele, ele sorriu.

Beijei ele, e ele me encarou.

- Preciso falar com você.

Por algum motivo, ele estava sério.