Pov Lizzie

-Bem, olha quem finalmente decidiu aparecer na festa. - A voz de Klaus soou, me tirando de meus pensamentos e, com um frio de puro medo, eu vi Damon chegando por trás dele com uma expressão dura.

-Onde ela está? - Damon disse afiado.

-Elena? Ela está fazendo uma doação a uma causa maior. - Klaus disse, se divertindo com a raiva de Damon e o parou quando ele tentava entrar no pequeno hospital. - Não vai interferir, amigo.

-Terá que me matar. - Damon falou. Eu hesitei no meu lugar, sabendo que não deixaria que Damon morresse.

-Adoraria te matar, mas fiz uma promessa ao seu irmão e ao contrario dele, cumpro minha palavra. - E pronto, lá se vai todos os resquícios de simpatia que eu senti por Klaus. Me movi silenciosamente pela mata, ficando mais próxima. - Porém, sabe, pensando nisso agora, ele provavelmente não se importa mais tanto.- Klaus completou e, no segundo seguinte, havia jogado Damon sobre um carro.

A seguir, tudo foi muito rápido e eu mal tive tempo pra pensar enquanto assistia o braço de Klaus inclinar pra trás com o intuito de pegar impulso, um impulso que o levaria ao coração de Damon.

-Pare!

Uma voz forte ressoou e, só um segundo mais tarde eu pude ver que havia sido a minha voz. A cena a minha frente congelou e devagar Klaus olhou pra trás e se deparou comigo parada a poucos metros dele. Como deveria ser, ele não me reconheceu e a surpresa lentamente deixou o rosto dele e se transformou em uma diversão indulgente.

-Ora, ora... Já passa da hora das garotinhas irem pra cama, não acha docinho? - Ele perguntou pra mim, a mão dele ainda segurando o pescoço de Damon.

Damon – Oh, Deus... ele olhava pra mim alarmado e com uma expressão de puro horror. Quando percebeu que tinha capturado meu olhar ele gesticulou um “Vá embora! Ele vai te matar!” com a boca, aproveitando que Klaus ainda me fitava. Minha resposta foi apenas erguer minha cabeça e encarar Klaus – Eu não iria fugir, não mais, certamente não quando Damon poderia morrer.

-Solte ele agora. - Ordenei, a fúria que transbordava desgovernada dentro de mim me dando coragem. O sorriso de Klaus apenas aumentou.

-E quem é você para me ordenar algo, garotinha? Vá, por sua coragem, eu a deixarei viver se partir agora. - Ele ofereceu ainda relaxado. Dei alguns passos pra trás e me preparei.

-Se acontecesse há algum tempo atrás, eu fugiria. Mas não agora. Não quando você quer novamente tirar as pessoas que eu amo de mim, Niklaus. - Falei com os dentes trincados.

Aparentemente, usar o nome inteiro de Klaus o deixou confuso, tão confuso que, sem perceber, ele largou Damon que aproveitou a distração do hibrido e veio se postar ao meu lado.

-Vá, por favor, vá! - Damon praticamente implorou olhando de Klaus para mim.

-Não, ela fica. Quem é você? - Klaus murmurou saindo de sua confusão e me olhando com interesse. Damon pegou minha mão, exigindo minha atenção.

-Você não é forte o bastante sozinha. - Ele sussurrou pra mim de modo urgente, o ignorei enquanto observava que Klaus se aproximava de nós, um passo de cada vez.

-Você nunca me conheceu... Mas eu não parei de pensar em você em nenhum mísero instante nesses últimos dois séculos. Isso não lhe dá nenhuma dica, Klaus? - Desafiei. Damon me olhou com uma expressão que só poderia ser interpretada com “Agora ferrou..” e se pôs levemente na minha frente, formando uma barreira entre Klaus e eu.

Por detrás do braço de Damon que circundava minha cintura numa tentativa de me manter longe de Klaus, pude assistir as expressão passarem rapidamente pelo rosto do hibrido – Confusão, concentração, surpresa e incredulidade.

-Elizabeth McLaggen? - Ele perguntou, uma sobrancelha levantada.

-Exatamente. Bom que ainda lembra. - Respondi.

A reação de Klaus, o modo como um sorriso vitorioso nasceu no rosto dele, me enojou.

-Oh, isso é maravilhoso! Eu finalmente poderei resolver esse assunto pendente! - Ele comemorou, andando ao nosso redor, Damon observando cada passo que ele dava e ficando mais tenso a cada segundo.

-O engraçado é, depois de tanto tempo fugindo e tendo êxito nessa tarefa, você se entregou por ele? Por Damon Salvatore? - Ele zombou, soltando uma risada, como se isso fosse a coisa mais idiota que ele já havia visto. Meu corpo enrijeceu ao mesmo tempo que o de Damon.

-Não só por ele. Por mim também, na verdade. Por todos os que já sofreram por sua causa. Estou cansada de fugir de você. Está na hora de pagar por seus erros, Niklaus. - Cuspi as palavras com ódio de um jeito ameaçador – ou pelo menos eu achei que tinha sido ameaçador, mas a minha ameaça apenas fez com que a risada de Klaus voltasse com mais força dessa vez.

-Então me faça pagar, oh anjo vingador!... - Ele zombou, e seu rosto se transformou de um modo estranho, uma mistura entre os olhos de um lobisomem e a face de um vampiro.

No segundo seguinte, ele corria em nossa direção com a intenção de atacar, mas parou ao se chocar com uma parede, uma barreira invisível entre nós. Damon olhou surpreso para mim e eu me permiti dar um pequeno sorriso convencido.

-Bom truque, o que pretende, segurar a barreira pra sempre? - Klaus perguntou, não se deixando desanimar com minha pequena distração.

-Você não é suficientemente forte sozinha... Pegue de mim. - Damon sussurrou pra mim e eu o olhei surpresa, tentando lembrar a mim mesma de não perder a concentração.

-O quê? - Perguntei com os dentes cerrados enquanto lutava para manter o circulo protetor a nossa volta.

-Vamos Lizzie, canalize de mim. Use a minha energia. - Ele explicou. Mordi o lábio pensando, era muito arriscado... Se eu tirasse energia demais, ele ficaria vulnerável.

-Vamos logo, Elizabeth! - Ele disse, não realmente gritando, mas de modo severo. Não pensei mais sobre isso.

Peguei a mão de Damon e enlacei nosso dedos – Ah, eu podia senti-lo, sentir todo o poder que corria dentro dele, se misturando ao meu. Me foquei um pouco e logo o sorriso no rosto de Klaus começou a se desmanchar e surpresa alcançou seus olhos enquanto ele sentia a agonia de um fogo, um fogo que o consumia de dentro pra fora, queimando ele.

-Você é boa... Muito boa... Por isso... Deve morrer. - A voz de Klaus saiu esganiçada enquanto ele se esforçou para se manter de pé e rapidamente, ele estava a apenas um passo de mim, já que a barreira se fora.

Klaus tentou me acertar com uma estaca que ele trazia no seu bolso, mas antes que eu pudesse sequer pensar em me defender, Damon segurava a estaca. Nenhum dos dois estava exatamente bem, mas claro que o hibrido era mais forte e eu mal podia me mexer o bastante para ajudar - Se o fizesse, o efeito de queimação em Klaus acabaria e ele estaria totalmente forte novamente e bem na nossa frente.

Sentia a distancia entre a estaca e meu peito diminuir a cada segundo, a mão de Damon tremia, tamanha a força que ele impunha. Era surpreendente ele sequer ter forças de estar se movendo, sendo que sua energia estava sendo gasta junto com a minha.

-Lizzie! Oh meu Deus! - Uma voz espantada gritou perto de mim, mas eu não podia me virar para ver de quem era. Não que eu precisasse – Sempre reconheceria a voz de Bonnie. Senti ela enlaçar os dedos de minha mão desocupada, mas não houve efeito algum.

-Damon, largue a mão dela! - Bonnie gritou pra ele.

-Não! - Ele rosnou, ainda segurando Klaus.

-Solte! Ela ficará mais forte comigo. - Bonnie explicou. Vi os olhos ameaçadores de Klaus alargarem ao ouvi-la.

-Não se atreva! Fique fora disso! - O híbrido disse entredentes, mas era tarde demais: Damon já havia soltado minha mão e agora meus poderes estavam sendo somados aos de Bonnie.

Nada que eu já havia feito se comparava aquilo – Uma sensação de poder extremo correndo em cada célula do meu corpo, Bonnie e eu estávamos totalmente em conexão, estávamos mais poderosas que Niklaus, iriamos vencer.

Nunca mais ele estragaria a vida de ninguém e todos os que morreram por suas mão serão vingados, meus pais, meus familiares... Todos os que tiveram suas vidas roubadas serão vingados essa noite.

Acima de nós, um trovão ressoou e surpresa percebi que o lugar ao nosso redor também estava sendo afetado pelo nosso poder. Minha atenção foi de volta a cena: Niklaus estava de joelhos a nossa frente enquanto Damon lenta e dolorosamente se afastava, a onda de poder que saía de Bonnie e eu era como um buraco negro, puxando tudo para si e Niklaus estava bem perto de entrar nele e parar de existir.

Pov 3° pessoa

-Mikael? Vamos, acorde e brilhe!... - Katherine cantarolou entediada para o vampiro preso enquanto segurava um rato acima de seu rosto em branco. Nenhuma reação.

-Acorda Mikael! - Katherine gritou frustrada.

-Acho que você deve estar fazendo alguma coisa errada. - Angelina falou se esticando para olhar para o vampiro adormecido, sempre ficando o mais longe o possível dele.

-Qual é! Eu estou fazendo tudo o que posso! Já tentei de tudo... Coveiros, viúvas, ratos, ratazanas, morcegos... Ele apenas não esta interessado! -A vampira reclamou totalmente frustrada.

-Talvez precise usar outra coisa... Eu não sei. Precisamos tentar. - Angelina incitou e Katherine deu um risinho.

-Hmm... Boa ideia. Vamos tentar algo diferente, vamos tentar sangue de bruxa! - Katherine disse, se aproximando da garota que deu instintivamente dois passos pra trás.

-Não! Nem vem Katherine! - A bruxa murmurou incomodada e Katherine fez uma cara inocente.

-Não era você que queria tentar algo diferente? - Ela disse presunçosa e, vendo a expressão zangada de Angelina, continuou. - Ah, vamos, é pra um bem maior... Só um pouquinho de sangue não vai te matar.

Angelina olhou de Katherine pra Mikael e bufou, estendendo a mão.

-Me dê uma faca. - Ela disse bufando e assim que tinha o objeto cortante em sua mão, abriu um corte profundo o suficiente para que gotas grossas de sangue jorrassem do machucado e deixou que seu sangue derramasse sobre a boca do original.

Um minuto depois, sem perceber reação nenhuma do vampiro, retirou sua mão e voltou ao seu lugar inicial.

-Bom, não deu certo. Arranje outra experiência. - Ela resmungou para Katherine, que apenas rolou os olhos e sentou em um banco velho e empoeirado.

E assim ficaram as duas por horas, apenas pensado em alguma solução, algo que elas pudessem fazer para acordar Mikael. Estavam totalmente imersas em pensamentos quando algo finalmente aconteceu.

-Está … acontecendo. - Uma voz fraca e grossa sussurrou, quebrando o silencio do comodo funesto. As duas mulheres levantaram e viram que Mikael tinha aberto os olhos.

-Mikael? - Katherine perguntou, como se pra testar que ele estava consciente dessa vez e se aproximou dele, percebendo que ele a olhava.

-Rápido, vá buscar alguma viúva, ou algo assim! - Ela mandou para Angelina, que olhou para ela assustada, nem um pouco a vontade em ter de usar um humano pra ressuscitar esse vampiro. Mas, afinal, os medos dela foram em vão.

-Não... Sem... Sangue... Humano. - Mikael falou fracamente e Katherine franziu.

-Você precisa se alimentar Mikael. - A vampira protestou, mas ele deu um sorriso que só poderia ser considerado como amigável para ela.

-Não. Você poderia... Me livrar dessas correntes? - Ele pediu para Katherine, que sorrio.

-Depende... Você pode matar Klaus? - Ela perguntou astuciosa. A expressão do vampiro se fechou.

-Eu posso... E eu vou.- Ele prometeu. Katherine levantou as sobrancelhas e Angelina se afastou um pouco, não querendo ficar no campo de visão do vampiro.

-Então temos um acordo. - Katherine disse e, após ver Mikael acenar do jeito que podia, arrancou com um puxão as correntes que o seguravam.

-Obrigado. - Ele disse, se movendo um pouco.

-Um pouco de sangue aumentara esses músculos bem rápido... Só dizendo. - Ela informou distraída.

-Não me alimento de vivos. - Ele disse sério. Katherine ficou confusa.

-Então o que come? - A vampira perguntou ainda calma.

Ninguém esperava pelo que aconteceria a seguir: As presas de Mikael ficaram a mostra ao mesmo tempo em que ele habilidosamente puxou a vampira, alcançando rapidamente seu pescoço. Katherine tentou lutar, mas ele era mais forte.

Reprimindo o grito de terror que estava prestes a escapar de sua boca, Angelina apenas tentou obrigar suas pernas a correrem e a levarem pra longe dali o mais rápido possível. Agora ela já começava a se questionar se fora realmente uma boa ideia trazer Mikael de volta a vida.

Pov Lizzie

-Lizzie? - A voz de Bonnie estava assustada, mas eu não ligava.

Eu realmente estava a um passo de matar Niklaus. Só precisava dar alguns poucos passos e arrancar fora o coração dele - Antes eu diria que arrancar o coração de alguém era uma crueldade, mas.. Ah, eu queria arrancar fora o coração de Klaus!... Eu queria sentir a vida deixando os olhos dele, queria ver ele agoniar até dar seu ultimo suspiro. Eu desejava isso como nunca desejei antes, a sede de sangue em mim aumentando, trazendo consigo todos os sentimentos que eu jamais havia sentido tão intensamente – Ódio, pura raiva envenenando meu coração.

-Lizzie, por favor! O que está acontecendo?! Pare! Está me machucando! - Bonnie gritou, dessa vez chamando minha atenção e eu pareci despertar de um pesadelo e finalmente me dei conta do que estava acontecendo.

Dentro de mim, algo negro estava surgindo, minhas presas estavam afiadas em minha boca e meu rosto deveria estar como um de um demônio. Eu não fazia ideia do que era isso, mas ao se misturar com a magia de Bonnie a machucava. Eu tinha que parar!

“Não, você tem que matar Klaus. É seu dever!” , algo dizia dentro de mim e eu olhei de volta pra Klaus, que agora se debatia no chão mas ainda conseguia me mandar um olhar mortal. Eu tinha que matar ele, eu tinha!

-Lizzie! - Bonnie gemeu, apertando os dedos nos meus.

Não! Bonnie esta se machucando! Eu tenho que parar! Eu tenho que...

-Eu não consigo... parar! - Disse ofegante para uma Bonnie machucada.

-Você tem que parar! Eu não consigo suportar isso! Pare! Você consegue, Lizzie! - Bonnie encorajou e eu tentei parar, desconectar meus poderes dos dela, mas ao ver novamente Klaus minha coragem começou a sumir...

Matar Klaus, eu precisava...

-Elizabeth! - Bonnie voltou a gritar.

-Lizzie, pare! - Damon pediu, me fazendo fitá-lo. Ele estava mais afastado, não podendo se aproximar mais sem ser mais afetado, ele também estava se machucando!...

Meu Deus! Eu estava matando não só Klaus, mas Bonnie e Damon também!

Com a compreensão desse fato, me desconectei de Bonnie de uma vez, meus poderes rolando para dentro de mim enquanto eu caia de joelhos, sem forças.

De fato, eu estava certa sobre algo – Não demorou nem ao menos um minuto para Klaus se recuperar e já estar me atacando de novo, dessa vez, segurando meu pescoço, me imobilizando. Eu tinha que pará-lo, não pretendia morrer agora, por mais que essa alternativa fosse a mais provável.

-Não! - Ouvi Damon gritar.

-Mikael... - Eu sussurrei com o pouco de ar que ainda me restava. Klaus retrocedeu, claramente assustado. Damon pareceu perceber isso e aproveitou.

-Não quer saber de seu amigo Mikael? - Damon perguntou tentando soar calmo. Klaus esqueceu de mim, olhando pra Damon com desconfiança.

- O que sabe sobre Mikael? -Klaus perguntou hesitante.

-Só que ele sabe que você esta aqui. - Damon continuou e o rosto de Klaus pareceu mais pálido.

-Está blefando. - O hibrido disse.

-Katherine o encontrou. Considere isso nossa vantagem. - Damon desafiou.

Klaus ficou desnorteado com essa informação e olhou para todos nós, parando no meu rosto , semicerrou os olhos e então, o máximo que eu pude ver foi um vulto enquanto o hibrido desaparecia.

-Lizzie! - Damon disse, se ajoelhando e me colocando em seu colo. Coloquei meu rosto em seu peito, ainda sentindo a raiva queimar dentro de mim, tentando me livrar daquele sentimento e sem obter êxito.

-O que foi aquilo, Lizzie? Eu senti... - Bonnie sussurrou pra mim, assustada. Reprimi a tempestade que se passava em meu interior, decidida a não deixar que minhas emoções transparecessem em meu rosto.

-Eu não sei... Eu estou tão cansada!... - Disse num suspiro.

Damon começou a me levantar nos braços, ele estava lá por mim, mas eu não o queria. Não agora - Eu precisava de um momento sozinha para lidar com aquela confusão de sentimentos ruins que explodiam em meu mim.

-Não... Por favor, me deixe ficar sozinha por um instante... Eu preciso de um tempo. - Pedi. Damon me encarou por um segundo e suspirou, beijando minha testa.

-Você tem certeza? Eu posso ficar com você. Você não tem que lidar com isso sozinha, deixe-me ajudá-la. - Ele ofereceu, mas eu sabia muito bem qual era o meu limite e eu não arriscaria estar perto de ninguém enquanto estiver fora de controle.

-Obrigada. Mesmo. Mas eu realmente preciso de um tempo, ok? - Disse na voz mais gentil que pude, levando em conta meu temperamento. Damon suspirou novamente e assentiu, olhando pra Bonnie.

-Vou buscar Elena no hospital. - Damon disse saindo e meu peito queimou mais intensamente, o ciume era demais, insuportável.

A raiva retornou, dessa vez focada em Elena, o que era totalmente sem sentido. Nesse momento percebi que tinha feito o certo, precisava ficar sozinha e voltar ao normal antes que eu perca realmente o controle.

E o amor pelo que você escondeu
E o amargo por dentro
Está crescendo como o recém nascido