“O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio. O amor não possui e não se deixa possuir, pois o amor verdadeiro basta-se a si mesmo." (Gibran Kahlil Gibran).

           Meus olhos estavam nele, por mais que tentasse não conseguia parar de contempla-lo, sua beleza era extraordinária, o tempo foi muito generoso com ele só o fez ainda mais deslumbrante.

            Não sei o que esta acontecendo comigo nestes últimos meses é como se eu fosse uma menina de novo, pois vivo a pensar nele e quando estamos juntos todos os seus movimentos são percebidos e seu cheiro me confunde e há momentos que meus dedos formigam de vontade de tocar seu rosto e as noites são repletas de sonhos e ele está em todos é claro.

_ Porque está me olhando como se eu fosse uma barra de chocolate? _ Antony perguntou com aquele sorriso que agora também faz meu coração acelerar. Definitivamente pareço ter 10 anos de novo.

_ É proibido olhar para você?

_ Não, fique a vontade. _ Ele disse olhando-me profundamente.

_ Assim eu não consigo. _ Falei abaixando a cabeça envergonhada.

_ É disso que estou falando, é muito estranho ter alguém nos olhando fixamente, eu fico sem jeito sabe não que não goste que você contemple minha beleza, até gosto, mas fico tímido.

            Uma gargalhada em auto tom escapou de meus lábios, não pude me conter e isto foi um choque para mim e também para Antony, pois se eu me lembro faz uns oito anos que não estive tão feliz e descontraída.

_ Desculpe, mas você é muito convencido e não vem com esta estória de ficar sem jeito para o meu lado, porque de tímido você não tem nada.

_ Não achei nenhuma graça. _ Antony disse simulando descontentamento.

_ Vocês dois parecem duas crianças birrentas e é tão divertido. _ Emmet disse entrando na conversa.

_ Quem é a criança agora? _ Jasper perguntou a Emmet saindo do sofá onde até então dormia agarrado em Alice.

_ Quem te deu a chave de meu apartamento? _ Antony perguntou.

_ Tenho novidades para vocês. _ Emmet disse animado ignorando seu irmão.

_ Fui eu que dei a chave a ele, agora desembucha mano estou curiosa. _ Alice falou.

_ Eu vou ser pai e vou me casar. _ Disse com um sorrisão enorme.

_ Pela lei de Deus primeiro se casa e depois se tem filhos Emmet. _ Jásper disse carrancudo.

_ Não vem com essa de irmão ciumento, pois você vive se esfregando com minha irmãzinha e apesar de ter vontade de te socar não faço isso, além do mais já moro com Rose a cinco anos e amo. _ Emmet falou sério.

_ Parabéns Emmet. _ Falei abraçando-o.

_ Quero te fazer um convite e não aceito um não como resposta.

_ O que é? _ Perguntei.

_ Seja uma de minhas madrinhas.

            Fiquei lisonjeada e ao mesmo tempo amedrontada.

_ Não tenho um par e meu pai nunca aceitaria, ele odeia ser o centro das atenções.

_ Quero que você vá com o Edward.

_ Mas e a Tânia?

_ Bella eu e Tânia não estamos mais juntos, eu te disse isso semana passada. _ Antony disse.

_ Se é assim, eu aceito.

            Brindamos a felicidade de Emmet  e logo todos partiram, mas eu não queria ir, era tão bom estar ali com Antony, o tempo passava tão rápido.

            Assistimos um filme “Cartas para Julieta” e quando o sol do domingo se foi não tive mais  escolhas.

_ Vou embora, meu pai deve chegar logo em casa faminto. _ Falei me levantando do sofá.

_ Tenho um presente para você, espere um pouco, já volto. _ Antony disse se afastando rápido, mas logo retornando.

_ O que é isso? _ Perguntei vendo um pequeno embrulho em suas mãos.

_ Abra em casa, depois você me diz se gostou.

_ Obrigada. _ Falei não resistindo e abraçando-o, me demorei mais do que o normal neste abraço e me afastei com relutância.

_ Me ligue quando chegar lá. _ Ele disse abrindo a porta pra mim.

            Olhei uma vez mais para ele antes de pegar o elevador e descer, no meu carro rasguei o embrulho e fiquei surpresa ao ver que era um livro “Diário de uma paixão” de Nicholas Sparks um romance novo.

            A semana seguinte foi exaustiva, trabalhei muito elaborando e corrigindo  provas, tive até que ligar para a secretária de Antony e marcar minha consulta para sexta, mesmo assim ainda cheguei atrasada, encontrei-o perdido em pensamentos, estava tão distraído que demorou perceber minha presença.

            Finalmente consegui terminar de contar minha historia para ele e uma paz fora do normal tomou conta de meu coração, estava livre, podia finalmente recomeçar minha vida, mas meu coração se apertou ao perceber que pela primeira vez em todas as minhas consultas não era o Dr, Cullen que estava ali e sim o Antony, ele chorava, a dor estava estampada em seu rosto.

_ Eu sinto tanto por ter que ouvir o quanto sofrestes e ainda sofre, se eu pudesse voltar ao passado nunca teria deixado você partir. _ Antony disse.

_ Antony não sofra por mim, estou bem agora e isto é graças ao meu pai e principalmente a você. Posso te perguntar uma coisa intima. _ Falei tentando dissipar o clima pesado.

_ Vá em frente. _ Ele disse olhando-me curioso.

_ Porque nunca se casou?

            Antony olhou-me surpreso, acho que estranhou minha pergunta, respirou fundo como se estivesse desistindo de algo.

_ Não sei...talvez seja porque não encontrei a pessoa certa.

_ Você acha que saberá quando ela aparecer.

_ Eu sei quem é ela e a amo, amo, amo muito. _ Respondeu me deixando aturdida, não esperava ouvir isto.

_ Como sabe que a ama?

_ Sua presença é tudo que preciso para ser feliz, mesmo que não a tenha, sua felicidade está à frente de meus sentimentos, mesmo que eu sofra a quero feliz, quando fecho os olhos é seu rosto que vem a minha mente e por mais que eu tente não consigo a paz que seu abraço me proporciona. _ Ele disse olhando-me intensamente com lágrimas nos olhos.

            Suas palavras flutuavam em minha mente e a realidade bateu forte em meu rosto, como pude não perceber isto antes, eu nunca deixei de ama-lo, a dor e desanimo não me deixaram ver isto, mas agora posso dizer com convicção que o amor de infância a muito adormecido acordou amadurecido e intenso.

            Sai do meu lugar e fui até ele, passei as costas das minhas mãos em seu rosto enxugando as lágrimas que estavam ali, doía vê-lo sofrer e pensar no quanto sofreu estes seis meses, pois não havia duvidas que era a mim que ele amava e eu estava lisonjeada, mas não podia envolve-lo em minha vida complicada, eu com certeza nunca seria uma namorada ou uma esposa digna dele.

_ Lamento tanto por ter sido tão cega e estar atrasada tantos anos, agora já é tarde e sinto tanto por isso. _ Falei beijando sua testa antes de sair às pressas de seu consultório.

            A ideia de Antony sempre ter me amado me fazia odiar-me por nunca ter percebido, mas agora isso é tão obvio, claro que ele me amava, assim como eu, o medo que eu tinha era os mesmos dele e isto nos fez adultos frustrados, nossas felicidades estava em nossas mãos.

            Preciso tanto dele, mas ao mesmo tempo tenho medo de não conseguir ser boa o suficiente.

_ Bella!

            Meus pés  pararam de imediato ao som de sua voz, eu precisava sair dali, mas eu não podia, então desisti de fugir e fintei seu rosto preocupado.

_ É a mim que você ama? _ Perguntei percebendo que minha voz tremia juntamente com meu corpo encharcado pela chuva.

_ Sim. _ Ele respondeu caminhando lentamente em minha direção.

            Por um momento me deixei levar pela visão dele na chuva, sua camisa e calça branca estavam encharcadas e revelavam um pouco de seu corpo perfeito, ele também me observava da mesma forma.

_ Há quanto tempo?

_ Têm muito tempo, desde quando você pegou minha mão e me conduziu rumo ao jardim de infância enquanto eu chorava por que não queria ir sem minha mãe.

_ Só tínhamos cinco anos.

_ Eu sei. _ Ele disse tão próximo de mim que podia sentir seu cheiro.

_ Eu também não queria ir sem minha mãe, mas precisava ser forte por você, só que não sabia que isto era amor até o dia que nos beijamos.

_ Porque nunca me disse? _ Perguntou.

_ Não pensava que seria possível você me amar.

_ E agora como você se sente? _ Ele perguntou se aproximando ainda mais de mim, nossos rostos estavam tão próximos que podia sentir sua respiração.

_ Ainda acho um absurdo você me amar. _ Sussurrei.

_ Você é a menina mais meiga e encantadora que já conheci e a mulher mais linda e forte que conheço e eu a amei e a amo intensamente e seria o homem mais feliz desse mundo se você pudesse me amar, sei que não está pronta ainda, mas estou disposto há esperar o tempo...

Antes que ele dissesse mais alguma coisa pressionei meus lábios nos dele, seus braços me prenderam em um aperto de aço e nos entregamos à paixão, naquele momento era só nós e a chuva que caia gelada em nossos corpos quentes.

_ Não precisa mais me esperar, eu te amo, sempre amei e quero seu amor. Obrigada por não desisti de mim. _ Falei interrompendo nosso beijo.

_ Nunca vou desistir. _ Disse capturando meus lábios de novo.

Posso escrever um livro ou até dois, posso falar, mas nunca serei capaz de descrever as sensações que eu sentia naquele momento, nada mais importava as dores do passado, as magoas, eu tinha Antony e ele me amava e faria o que tivesse ao meu alcance para faze-lo feliz.

Finalmente encontrei meu lugar no mundo.

Eu achei um lugar tão seguro, sem uma única lágrima

Pela primeira vez na minha vida e isso está tão claro

Sinto calma, eu pertenço, eu estou tão feliz aqui

É tão forte e agora eu me deixei ser sincera

Eu não mudaria coisa sobre isso

E este é o melhor sentimento...

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