Mona Lisa escrita por Alana5012, YagamiMegumi


Capítulo 13
Falando com Deus


Notas iniciais do capítulo

LegendaNarração: (Ponto de Vista dos Personagens - 1a Pessoa)
Mudança de POV - Point of view (Ponto de vista): ●๋..●๋
Diálogos: - Então por que? Por que nos fazer lutar? Só não consigo descobrir o propósito.
Poesia: "Itálico"
Lembrança: Negrito



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●๋•..●๋•

"Perdido como um cão vadio,

Segurando o coração vazio.

Andando em pés descalços

Talvez seja o único que ainda não viu

Que não sabe o significado da crença

Não enxerga diante dos seus olhos a tamanha diferença;

Como uma criança tola que chora por não ter o que quer

Torna-se a praga que destrói todos por sequer saber quem é.

E não: esse labirinto não tem fim

Não enquanto Deus se afogar em poder – assim.

E agora nem os anjos tem poder sobre tal ambição

Nesse episódio: Cultivam-se as lembranças,

Que corrói o braço em decepção

Explosão de sentimentos - sem seguir roteiros

Luzes, Câmera, Ação...!”

Lucífer

  Precisei afastá-la dali, o mais rápido possível! Se Miguel pensava que, agora que eu tinha o controle da situação, iria permitir que o mesmo voltasse atrás, estava muito equívocado! Jamais deixaria que Alice soubesse da verdade, pelo menos não até me vingar da maldita e desse que já não enxergo como meu "irmão", mas sim como um hipócrita, que condenou-me injustamente.

  - Lucífer... - Sou obrigado a deixar de lado meus devaneios e encarar a figura pálida da menina, que estancara de repente, com o olhar fixo no vazio. 

  - O que foi, Alice? - Chamo-a, sem compreender o que se sucedia; uma das minhas sobrancelhas arqueadas num claro gesto de confusão.

  - Temos que voltar: estou com um mau presságio... - Diz de uma forma extremamente vaga e alheia. Estávamos andando há algum tempo; eu não prestava muita atenção em suas palavras, até aquele momento. Bom, Miguel estava distante, o que queria dizer que eu não precisava mais me preocupar com ele. Então, ainda que sem entender, decido-me por atendê-la; também começo à estar com a mesma sensação de que algo está errado. Não demora para que regressemos ao ferro velho do caçador-sucateiro. Alice anda a passos largos em direção a casa. Sigo-a, agora igualmente nervoso; sinto uma presença extremamente poderosa próxima de nós. Qual não é minha surpresa ao encontrar Dean Winchester e Castiel envolvidos numa discussão violenta, onde ambos trocam insultos e golpes agressivos? - Faz alguma coisa! - Ouço a voz da garota, que me parece distante naquele instante: estou muito ocupado assistindo ao maravilhoso espetáculo que ocorre diante de mim! 

  - Por que? - Indago, sem ter o cuidado de esconder o sorriso que iluminava meu semblante: estava gostando daquilo.

  - Como assim?! Mas o que deu em você?! LUCÍFER! - É como se já não pudesse escutar suas palavras (na verdade, não queria). Estava tão entretido, que sequer percebi que Sam e Bobby também acompanhavam tudo horrorizados... Não pude conter a gargalhada que se seguiu. Alice me mirou exasperada e, assim como os demais, com muita raiva; era a primeira vez que a via me olhar dessa forma. Foi estranho saber que, enfim, talvez ela me temesse e odiasse tanto como Miguel e os outros. 

●๋•..●๋•

Castiel

  - Eu estou aqui, Dean. - Digo, deixando de ocultar-me para, finalmente, falar com ele, após tanto tempo. Sorrio. Pensei que fosse retribuir o gesto, mas, diferente do que espero, o mesmo se levanta de sopetão e me fita com um olhar que não consigo decifrar; medo? Angústia? Surpresa? Decepção? Que será que passava-se por sua cabeça naquele momento?

  - Cass... - Balbucia, depois de sustentar este olhar por mais alguns segundos - Há... Há quanto tempo está aqui? - Pergunta, visivelmente constrangido.

  - O suficiente, caro amigo. - Continuo, cordial. Emprego um tom terno e sereno, bem diferente da voz sarcástica e, até mesmo, desdenhosa que usei da última vez em que nos vimos: a situação mudara.

  - Por que você está aqui, Cass? - Questiona-me, embora ambos saibamos a resposta.

  - Disse sentir a minha falta; pois eu também sinto a sua. É bom revê-lo, Dean. - Apesar de minhas palavras, o rapaz prossegue, ainda mirando-me daquele jeito confuso.

  - Também é legal te ver, Cass. - Enfim, sorri - Então, deve ter ouvido tudo, né?! - Assenti com um leve menear, balançando a cabeça numa afirmação muda - Bom, quer dizer que você sabe que não é tão fácil assim; você mudou. Mudou muito. - O modo como profere essa última frase me faz sentir uma certa melancolia; a mesma sensação de arrependimento e culpa invade-me novamente.

  - Sei disso; mas você também precisa entender que, agora, não sou mais um simplesanjo sem importância, Dean. Precisam de mim lá em cima... - Tento me justificar em vão, pois logo sou interrompido.

  - Um anjo sem importância, Cass? - Ri, seco - Salvou a minha vida! Eu sei lá quantas vezes; não é só "mais um", você enfrentou o Céu, o Inferno e até mesmo seus próprios irmãos pra impedir o Apocalipse e fazer o que era certo. Apesar de ter cometido alguns erros de uns tempos pra cá, não quer dizer que não seja o mesmo Cass que me "desenterrou e tirou da perdição"! O mesmo cara que eu levei num bordel e fez a gente ser expulso por ter arranjado encrenca com uma prostituta; o mesmo que me deu uns tapas quando eu quase perdi o juízo; o mesmo Castiel que ajudou a salvar meus pais da "anja exterminadora"; o mesmo Cass que esteve sempre comigo, quando tudo deu errado. Você não é um anjinho qualquer, Cass; é o meu melhor amigo. - Vejo lágrimas em seus olhos. Outra vez sinto um calafrio que me enche de remorso.

  - Que irônia: antes de ser salvo, pensei que não acreditasse na existência de anjos. - É a única coisa que falo. Estou confuso. 

  - É, Cass, mas as coisas mudaram. - Diz num murmúrio.

  - Sim: e agora também sou seu Deus. - Acho que ele está começando à compreender...

  - MAS QUE MERDA, SEU FILHO DA PUTA! - Os gritos repentinos me assustam, porém mantenho a calma aparente de sempre, sustentada pela minha expressão fria habitual - Eu 'tô tentando fazer com que você perceba que 'tá errado: VOCÊ NÃO É DEUS! Só queria que, pelo menos uma vez, você entendesse! 

  - Não, Dean, quem tem de entender é você: não pode desafiar Deus. - Suspiro - Estou disposto a perdoá-lo. À todos vocês... - Me referia à Sam, Bobby, e até mesmo Miguel e Lucífer; afinal, Deus é misericordioso - Desde que se arrependam.

  - Humpft! Então era isso? Você não sente a minha falta, só queria dar um jeito de fazer com que a gente desistisse... - É como se ele estivesse refletindo em voz alta - DESGRAÇADO! - Brada de novo.

  - Eu não estou errado: os únicos equívocados aqui são vocês! - Está forçando-me à deixar de lado toda benevolência e compaixão.

  - Quer saber?! Eu desisto: não vou mais tentar te ajudar, quero mais é que se dane; você não quer me escutar mesmo. - Revoltado, este dá-me as costas, indo em direção à porta.

  - Vai se arrepender... Sei que vai. - Concluo. Não pensei que ele fosse fazer o que viria a seguir.

  - Quer que eu me arrependa?! - Range os dentes - Me mostre por que deveria... - Fala, se voltando novamente pra mim. À princípio, fico demasiado surpreso. Não tenho qualquer reação, além de observá-lo minuciosamente, sem notar que o jovem aproximava-se à passos largos, com os punhos cerrados, pronto para me desferir um golpe; o soco que fez meu nariz sangrar. Fiquei deveras perplexo: da última vez que ele tentou me acertar, sequer fez com que inclinasse meu rosto para a direita, sem que eu houvesse sofrido um único arranhão, enquanto que este acabou ferindo sua própria mão. Então, por que agora havia sido capaz de me machucar? - As coisas mudaram, Cass... - Diz, como se pudesse ler os meus pensamentos. De fato, o loiro de outrora passara a espantar-me cada vez mais.

  - Se é assim que deseja... - Sussurro, recompondo-me e acertando-o de forma agressiva.

  Quando dei por mim, os dois estávamos envolvidos numa luta violenta, trocando diversas palavras de baixo calão e tentando ferir-se mútuamente. Não sei se Bobby e Sammy apareceram antes ou depois de Lucífer e Alice, porém todos estavam nos encarando com um semblante horrorizado; com exceção de Lucífer, que parecia se divertir com a situação. Ele gargalhava... Éloucura!

  - PAREM IMEDIATAMENTE! - A voz de Miguel soou como um trovão, cortando a atmosfera de forma que, depois de cessar-se, fez com que um silêncio perturbador se instalasse. Ambos paramos. Todos fitávamos o mesmo de forma pasma e respeitosa, ninguém ousava enfrentá-lo. A verdade era que todos os anjos ainda temiam Miguel justamente por isso: sua postura séria exalava convicção e segurança, despertando o medo naqueles que lhe desafiavam. Era um perfeito General, não podia descordar disso - Agora, quero saber: o que se sucede?

  - Não é óbvio, irmão? - Satã o mira de modo debochado. Ao contrário do que nós esperávamos, Miguel não se submete outra vez; devolve o olhar repleto de desprezo e desdém.

  - Não me chame de "irmão"; você não passa de uma escória, Lucífer. - O tom que usou estava carregado de indignação e ódio; todos estávamos apreensivos. Prosseguiu - Estou farto de ter de aguentá-lo. É insuportável, chega à ser repulsiva a forma como mente e engana à todos ao seu redor. E quanto à você... - Olhava diretamente pra mim, que até então ajeitava o sobretudo beje amassado sobre meu corpo dolorido. Estava muito ferido. Sentia o sangue mesclado à água escorrendo em minha face; no entanto, o que me perturbou mais foi a maneira como o arcanjo mirou-me. Engoli em seco - Saiba que também me enoja à tal ponto por querer comparar-se ao nosso Pai. Considero isto uma ousadia, heresia imperdoável; pois ordene à nossos irmãos que me persigam. Serão tolos se ainda preferirem serví-lo após o que ainda está por vir. E será você quem necessitará de minha misericórdia e terá de se arrepender. - As últimas palavras silabadas vagarosamente me causaram pânico: eu também temia Miguel.

  - Nós passamos por muita coisa juntos, você e eu. E só gostaria de dizer que sinto muito que tenha de acabar assim... - Faltou-me coragem para retrucar o outro anjo, por isso preferi retirar-me o mais rápido que pude dali. Dean encarou-me sem expressar qualquer emoção, talvez recordando-se da última vez que ouvira as mesmas palavras vindas da minha boca. 

  - VÁ A MERDA! - Berrou, por fim. Estava sentindo-me frustrado com a forma que a tarde se encerrara. Sentia-me humilhado. Tudo o que almejava era partir, o mais depressa possível. 


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Notas finais do capítulo

Tão feliz de te ver por aqui, raphael_95! *---* Espero que tbm goste dessa história... rs