PVD Draco

“Acho que não é assim que se usa... Como isso se chama mesmo?”

Respirei fundo mais uma vez, tentando me manter parado no mesmo lugar, em vez de sair do lado da Pansy e quebrar aquele bendito telescópio na cabeça daquela doente a quem chamam de professora.

“É telescópio, professora...” Uma aluna da Lufa-Lufa se pronunciou.

“Oh, mas é claro! Foi isso o que eu disse agora pouco...”

Dá-me paciência Merlin... Eu sou um menino tão bom... Um aluno tão aplicado... Por que estás fazendo isso comigo?

“Então, continuando nossa incrível aula...” INCRÍVEL? ESTAMOS NA MESMA SALA? “Quem de vocês pode me dizer para que serve... Hum, como isso se chama mesmo? Ah, sim, para que serve esse telescópio?” A doente perguntou.

Ergui minha mão direita.

“Sim, querido?”

“Bom, considerando que estamos em uma suposta aula de Astronomia e que o aparelho está apontando para o céu, suponho que seja para localizar astros.” Respondo como se fosse algo totalmente complexo, possibilitando que o sarcasmo penetrasse em todas as sílabas que proferi.

 E como o esperado, todos os alunos soltaram risadinhas.

E a maluca exprimiu sua habitual cara de mongolóide.

“Oh, sim, querido. Acho que está certo.” Santo Merlin! Acho que prefiro a Trelawney...

“Muito bem, pessoal! Agora que já sabemos para que serve esse aparelho bonito, algum de vocês sabe como usá-lo?” COM CERTEZA PREFIRO A TRELAWNEY!

“Com licença, professora. É melhor eu ir lá fora antes que meus ouvidos comecem a sangrar.” Eu murmurei me retirando do local.

“Oh, tudo bem querido! Melhoras!”

Desci as escadas ainda escutando o eco das risadas vindas lá de cima.

Pelo amor de Merlin!

Não dá. Não dá. Eu tentei, juro que tentei ser uma pessoa mais flexível, menos sarcástica... MAS DESSE JEITO NÃO DÁ PORRA!

Que saudades que tenho da professora Sinistra... Confesso que ela era minha segunda melhor professora. Mas então ela decidiu sair daqui e abandonar o cargo de professora de Astronomia... E tiveram que preenchê-lo, naturalmente.

Eu esperava alguém capacitado, alguém equilibrado o suficiente para acatar a responsabilidade de assumir uma posição complexa como a de um professor. É. Que ilusão.

É legal perceber que Hogwarts ainda pode me surpreender, mesmo depois de todos esses anos.

De onde tiraram aquela criatura? Do St. Mungus? De Azkaban? Bom, considerando que aquilo é humano, é claro.

Eu caminhava pelos corredores, totalmente entediado, quando avistei a Granger parada impedindo minha passagem. E o interessante e totalmente anormal é que ela estava fora da sala de aula.

“Granger? Cabulando aula? Oh Merlin! É o Apocalipse... Salvem-se quem puder!” É claro que eu não perderia a oportunidade de atormentá-la...

A garota virou-se lentamente para me encarar, fazendo um notável esforço para não avançar em mim. Coitada.

“Malfoy... Por favor. Me deixa em paz, sim?”

Oh, Merlin! Que lindo! É até de dar pena... Mas como eu não sou um hipogrifo e muito menos uma galinha...

“Deixá-la em paz?” Eu ri sarcasticamente “ Granger, Granger... Isso é me pedir demais... Como vou sobreviver sem você?”

Como sou brilhante!

“É, Malfoy. Muito engraçado. Agora me diga: O que você está fazendo aqui fora? Por acaso não deveria estar na aula?” Ela esperou minha resposta com os braços cruzados.

“Não estava com vontade de assistir aula. Além do mais, aquela suposta professora não sabe ensinar nem a uma pedra como cair.” Dei de ombros.

Como o esperado, a sabe-tudo me lançou um olhar reprovador. Não sei por que... O que eu disse ainda foi um eufemismo!

“Qual é a matéria?” ela perguntou, após alguns instantes.

Ahm?

Encarei-a desconfiado por alguns segundos, mas respondi em seguida:

“Astronomia.”

Por que essa curiosidade repentina? Estranho. Muito estranho.

“Ah, meu querido. Essa professora é doida.” Granger resmungou como se estivesse se lembrando de algo muito ruim.

Eu me assustei, é claro.

“O que foi?” Ela perguntou curiosa.

“É você mesmo? Hermione Sabe Tudo Granger? Porque agora eu tô confuso. Primeiro você cabula aula; agora chama uma professora de doida? Merlin... Realmente é o Apocalipse.” Afastei-me apavorado. Será que após todos esses anos eu seria finalmente obrigado a aceitar que a doida da Luna Lovegood estava certa? Será que os zonzocos, ou zonzolos, tanto faz, realmente existiam? Porque se eles existiam, com certeza tinham penetrado na mente da garota que se encontrava a minha frente, sustentando uma irritante expressão de ceticismo.

“Rá. Rá. Malfoy, fique sabendo que ser uma garota responsável e aplicada não significa ter que gostar de todos os professores e consequentemente concordar com o método de ensino deles.” É claro que ela tinha que se exibir...

Fiquei observando-a por mais alguns instantes. Não agüentando mais de curiosidade (se você contar isso a alguém, considere-se morto), dei-me por vencido e perguntei:

“Por que não gosta dela?”

Ela franziu a testa em confusão.

“Como assim?”

Cansado de ficar parado naquele lugar, caminhei em sua direção e murmurei ao passar ao seu lado:

“Ora, Granger... Deve haver algum motivo para que não goste dela.”

E segui meu caminho, desejando internamente que ela me acompanhasse. Por favor, não me pergunte por que...

Mas algo interessante ocorreu.

Ela me seguiu.

“Bom... Não é que eu não goste dela... É que, sei lá... Parece que Astronomia se torna algo chato e sem-graça quando ela abre a boca pra falar sobre galáxias.” Granger respondeu à minha pergunta anterior.

Se torna algo chato e sem-graça? Pelo amor de Merlin! A criatura nem sabia o que é um telescópio!

Porém, assenti a cabeça em concordância. Foi duro, mas tive de admitir para mim mesmo que a Granger tinha pelo menos um pingo de bom senso.

“Sei o que quer dizer.” Falei, olhando para frente.

“Sabe, é?” Ela perguntou surpresa.

Surpresa... Engraçado como a maioria das pessoas que convive comigo não me conhece verdadeiramente. Sendo mais direto, eles não enxergam além da pose de menino mimado e filho de comensal. Deixei um pequeno sorriso escapar por meus lábios. Você não sabe de nada, Granger... Ninguém me conhece... Você não me conhece...

“É claro. Astronomia é uma das melhores matérias daqui de Hogwarts. Se não a melhor.” Declarei naturalmente.

“E desde quando você estuda Malfoy? Você precisa freqüentar as aulas, para depois comentar sobre elas. Você pelo menos sabe quantas matérias Hogwarts oferece?”

Meu sorriso morreu. Essa garota sabe mesmo como acabar com o bom humor de um sonserino.

“É claro que sei! Não seja estúpida, Granger!” Sibilei aborrecido.

“Quais são?” Ela não desistiu.

CARALH*! Se você quer saber como Hermione Sabe Tudo Granger é, deixe-me ajudá-lo. Imagine vários adjetivos, como por exemplo, chatice, esquisitice, irritantice, mongoloidice, estupidez, e por aí vai. Mentalizou? Agora, junte tudo isso e multiplique pelo maior número que conseguir pensar. Por fim, atribua esse resultado a uma garota magra e com cabelos doados por uma fábrica de palha de aço.

Meus parabéns, caro leitor ou leitora! Você acabou de visualizar uma fraca imagem de Hermione Granger. Sendo assim, sugiro que se contente apenas com esse souvenir... Porque a verdadeira é pior. Muito pior.

“Você é tão chata!” Revirei os olhos. Er... Chata não era bem a palavra mais adequada, mas deixa pra lá.

“E você é uma ótima pessoa para reclamar da minha chatice, não é Malfoy?” Ora, ora... E o sarcasmo retorna!

“Não entendi.” Murmurei inocentemente. Sim queridas, eu sou cínico. Mas esse é o charme de todo sonserino que se preze, então estou muito orgulhoso de mim mesmo!

“Eu que não tô entendendo pra onde que nós estamos indo.” Ela comentou confusa.

Merlin. Ela é doida mesmo.

“Hã?” DOIDA MESMO!

“Granger...” Suspirei entediado “Vai comer, vai!”

Saí em direção à mesa da Sonserina, onde meus amigos comiam e conversavam animadamente. Sentei-me ao lado de Pansy e tomei um pouco de suco de abóbora.

Vai comer, vai!

QUE DIACHO DE FRASE É ESSA? PELO AMOR DE MERLIN!

Sacudi a cabeça em desapontamento e depois perguntei à Pansy:

“Então... Como é que estão as coisas com o Potter?” Sim... Eu sou mau também...

Ela me lançou um olhar furioso.

Dei uma risadinha e ergui as mãos como forma de desculpa.

“Ele é estranho! Um dia desses eu estava passando pelo quarto dele e juro que ele estava falando sozinho.” Ela comentou desdenhosa.

“Então acho que é mal de Grifinório, porque a Granger parece uma retardada.” Eu disse solidário, afinal de contas, nós estávamos praticamente na mesma situação.

Ela deu um meio sorriso e abraçou meu ombro.

“Mas você agradece a ele, não é?” Ela me perguntou após algum tempo.

“A quem?” Eu quis saber.

“Ao Potter. Ele salvou sua vida Draco. E não adianta negar, porque eu sei que você é grato por isso.”

Fiquei em silêncio por longos minutos.

É irritante e inaceitável, mas... É a verdade. Pansy estava certa e eu sabia disso. Potter podia ser um cara chato, sem graça e totalmente metido, mas ele salvou minha vida. Ficarei devendo isso para ele e um Malfoy sempre, sempre paga suas dívidas.

“Tem razão, Pansy. Serei... Eternamente grato.”

FERROU! FERROU!

Pude ler perfeitamente todos os pensamentos suicidas que passavam naquele instante pela cabeça da Granger. Mas como sou um garoto bom e caridoso, resolvi fazer minha boa ação do dia.

“Na verdade, professora, nós decidimos fazer algo diferente... Bom, é que queremos que seja surpresa.” Isso! Sou tão inteligente...

“Sei... Mas entenda que isso é impossível, senhor Malfoy. Eu devo saber sobre o que se trata para que eu possa começar com os devidos preparativos.” VELHA MALDITA!

“Er... Entendo professora. Já que insiste, né?...” Pensa, Draco! PENSA!

“Sim senhor Malfoy. Eu insisto.” INFELIZ!

“Hum... Bom, era pra ser uma surpresa...” RÁ! ELA INSISTE, MAS EU TAMBÉM NÃO DESISTO!

“Senhor Malfoy, lamento, mas você vai ter que me dizer agora o que planejaram. É uma ordem.” DROGA! DROGA! DROGAA!

Eu estava ciente da respiração descompassada da Granger. Coitada... Com certeza estava preste a ter um ataque cardíaco.

“Certo... Bem...” PENSAA! VOCÊ NÃO VAI MORRER AGORA! NÃO VAI MORRER ASSASSINADO POR UMA BRUXA VELHA E MUITO MENOS EM COMPANHIA DE GRANGER SABE-TUDO! VOCÊ MERECE UMA MORTE MAIS HONROSA, HERÓICA... PENSAA MALDITO!

Mas então a luz que eu tanto procurava finalmente acendeu-se em minha cabeça. Juro que até ouvi o coro de uivos e aplausos de admiração ao longe.

“Nós vamos cantar.” Respondi vitorioso.

Minerva pareceu realmente surpresa com minha declaração.

“Cantar? Sem dúvida alguma é algo diferente...” Ela comentou pensativa.

Assenti com a cabeça em concordância e observei pelo canto do olho a Granger paralisada como uma estátua. Tadinha... Estava perplexa com a minha habilidade de raciocinar de maneira rápida e sob pressão.

“Muito bem... Gostei muito da ideia. Inovadora. Criativa. Mas quero que cantem uma música original, certo? Com certeza ficará mais interessante.” Ela disse.

“Como quiser, professora. Mas precisamos de um tempo para criar uma música que preste, não concorda?” Opinei educadamente.

“Claro, senhor Malfoy. vocês têm um mês para compor uma música e apresentar a todos que residem aqui em Hogwarts, alunos, professores e funcionários.”

“Certamente professora.” Concordei com um sorriso.

“Pois bem... Podem se retirar agora. Até mais, senhorita Granger.” Minerva nos dispensou.

A garota deu um simples sorrisinho mecânico e saiu da sala. Eu fui logo em seguida.

Estava me virando para seguir ao meu belo salão comunal, tomar um banho e dormir, quando dou de cara com uma Granger bufando.

Eu tinha certeza de que ela estava com vários planinhos diabólicos na cabeça- onde em todos eles eu sofria terrivelmente, tenho absoluta convicção- e queria sem dúvida alguma me xingar dos piores tipos de palavrões que existem e não no nosso Universo... Mas ela apenas disse:

“Explique-se.”