PVD Hermione

Nossa! Que bela manhã! Manhã? Ah, é claro! O despertador não tocou! Vamos ver que horas são? Ah, mas é óbvio que já está tarde! Por que não estaria, certo?

Eu estou irritada? É claro que não, João!

Por que eu estaria irritada? A vida é bela! E o meu namorado também!

Levantei da cama, radiante. Nem fiquei enfurecida por ter que tomar banho, me vestir e correr que nem uma doida. Não.

Depois de fazer todas as minhas obrigações matinais, saí do meu quarto.

Quando cheguei ao salão vip (sim, eu coloquei nome no meu salão... para não confundir, entende?), percebi que não peguei meus materiais. Ah, que lindo! Isso quer dizer que eu vou ter que voltar para meu quarto, não? Ai ai. Mas não tem problema! É claro que não.

Voltei para o meu belo aposento e peguei minhas coisas. Saí do quarto novamente e fui para o salão. Chegando lá quem eu encontro?...

“Então, sangue-ruim... Como foi a ronda? Sentiu muito a minha falta?”

Malfoy, é claro!

“Foi ótima, Malfoy! Obrigada por perguntar!” eu disse dando um sorriso amigável.

Ele arregalou os olhos e afastou-se um pouco.

“Er... Você está bem?” ele perguntou hesitante.

“É claro que estou bem querido!” os olhos dele quase saltaram das órbitas “Já estou indo para a aula de poções. Você quer vir logo comigo?”

“Que demônio te possuiu, garota?” sussurrou ele incrédulo.

Não entendi. Isso quer dizer que ele não quer minha companhia?

“Ah, se não quiser vir tudo bem. Bom dia pra você!” despedi-me, saindo porta a fora.

Caminhei pelos corredores cantando uma musiquinha animada.

“Diz aí... Você queria ser cantora, não é?”

Olhei para o lado e vi que Malfoy estava me acompanhando.

“Sei lá. É que eu me sinto bem cantando. Liberta a alma.” Eu respondi naturalmente.

Ele ficou em silêncio por alguns instantes.

“Hum... Aconteceu alguma coisa?” questionou ele subitamente.

Eu o fitei confusa.

“Como assim?”

“Ah... Você tá muito estranha. Quer dizer... Você está feliz. E... Bem, estamos caminhando pelos corredores juntos e conversando amigavelmente.”

Hum... É verdade.

Agora foi minha vez de ficar calada.

O silêncio durou bastante e acho que ele desistiu da resposta, quando eu respondi:

“Bem... Na verdade aconteceu sim.”

Ele observou-me, tentando não parecer curioso.

Er... Uma perguntinha: POR QUE DIABOS EU ESTOU FALANDO SOBRE A MINHA VIDA COM ESSE INDIVÍDUO?

Merlin. Que sinistro. Mas o mais esquisito era que eu não estava querendo parar de falar.

“É que... Bem, o Rony me pediu em namoro.” Murmurei, sentindo a felicidade tomar conta de mim mais uma vez ao perceber que aquilo era real.

Malfoy franziu a testa por alguns segundos. Depois, deu uma risadinha sarcástica bem a La Malfoy.

Maldito. E eu pensando que podia manter um diálogo civilizado com ele. Que imbecil que eu sou.

Revirei os olhos e já estava me preparando para mandar ele se *&%#@ quando ele disse:

“Er, bem, meus parabéns. Eu acho.”

MAS HEIN?

“Ahm?” soltei um som muito estranho com a boca. Eu estava atônita, não?

Mas ele virou o rosto.

Resolvi esquecer o assunto.

“E aí? Hum... Como você está com a mal de Parkinson?” perguntei, descontraída.

Agora foi a vez dele de soltar um som estranho.

“Ahm?”

Legal. Que brincadeira mais interessante. Fazer ruídos com a boca.

Desviei o olhar para o outro lado.

“Hum. Estamos bem. Somos ótimos amigos.”

“Sei. Mas e o namoro de vocês? Como está?” POR QUE EU ESTOU PERGUNTANDO ISSO MESMO?

“Que namoro?” ele indagou confuso.

“Ué? Vocês não são namorados?” eu quis saber.

“Na verdade não.” Ele respondeu indiferente.

Eu o fitei cética.

“O que foi? Nós não somos namorados.”

“Sei. E vocês ficam se agarrando pela escola porque são grandes amigos. Que bela amizade!” falei sarcástica.

“Rá, rá. Você nunca ouviu falar sobre ficar, não? Ah! Desculpe! Esqueci de que o cabeça de cenoura é o seu primeiro namorado.” Ele retrucou exibindo seu maldito sorriso.

Canalha.

“Quem lhe disse que o Rony é o meu primeiro namorado?”  SIM, EU MENTI. MAS QUE SE DANE!

Ele arqueou uma sobrancelha.

“Fantasias sexuais não vale, Granger.”

AHM?

Eu senti meu rosto esquentar.

“O que? Ah, você nunca teve fantasias sexuais também... Poxa, Granger! Tenta ser feliz pelo menos uma vez na sua vidazinha inútil!” ele disse debochadamente.

Essa sim é uma situação na qual nem em mil anos eu sonharia em vivenciar: eu e o Malfoy batendo um papo sobre fantasias sexuais.

“Isso definitivamente não é da sua conta.” Murmurei virando o rosto.

Ele soltou “a” risada debochada.

“Agora entendi porque você é tão estressada...”

“Idiota.” Resmunguei sem olhá-lo.

MAS QUE DROGA! ONDE TÁ ESSA BENDITA SALA DE POÇÕES? EXPLODIU?

A vida é mesmo muito engraçada. Numa hora, eu estou alegre e completamente feliz. Até arrisquei um papinho com meu inimigo. Legal. Mas estar em um ambiente por mais de dois minutos com esse indivíduo não é uma tarefa fácil. O monstro suga toda sua alma, não sobra nenhum resquício de felicidade em você. Acho que além de ser parente bem próximo de alguma espécie de protozoário, ele foi um dementador em uma de suas vidas passadas.

Finalmente chegamos às escadas. Descemos em silêncio.

Mas é claro que a escada tinha que desviar justo nesse momento. É claro que sim. E é óbvio que a mesma escada tinha que se dividir em duas. Lógico.

“AAAAAHHH!” eu gritei apavorada, tentando me equilibrar. Mas não adianta, sei que vou cair.

Até que sinto braços me envolverem protetoramente e puxarem-me para mais perto.

Por reflexo, viro-me e abraço-me a Malfoy.

De novo.

Meu salvador.

De novo.