Unstoppable escrita por Lgirlsclub


Capítulo 9
When it all falls down




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O nosso próximo passo seria falar com os policiais. Peter olhava para o ar e balançava a cabeça negativamente, como se tentasse tirar uma ideia idiota da cabeça. Eu sabia qual era. Achava idiotice, mas eu sabia que o suspeito que pairava tão desconfortavelmente em nossas mentes tinha apenas quinze anos e chorara para nós querendo proteger a mãe. Lancei um olhar nervoso para Akane, que me devolveu o olhar. Aquilo atormentava a todos nós.

Suspirei e peguei a ficha do primeiro policial a ser interrogado. Era um turrão, que já fora suspendido do emprego duas vezes por agressão aos presos. Tinha dois laudos psicológicos de agressividade reprimida e....parei de ler e elevei os olhos:

- O oficial Miles tem problema cardíaco, adivinha o que o médico dele prescreveu.

- Atropina?! – Peter interrompeu a caminhada e se virou para mim - Diga, por favor, que ele compra todo mês pela conta do hospital.

Nos viramos para Akane que suspirou e começou a procurar os dados desanimadamente. Entretanto, algo parece tê-la animado, porque ela começou a revirar as folhas mais rapidamente. Ela abriu um sorriso:

- Todo mês, o hospital gasta o mesmo com atropina. Não foi algo que aconteceu só no último mês.

- Graças a Deus, não queria provar a culpa de uma criança – Peter suspirou. – Mas voltamos à estaca zero. Ao não ser... ao não ser que o policial Miles tenha comprado atropina por mais de um lugar esse mês... Vamos interrogar nosso caro oficial.

Oficial Miles tinha um metro e oitenta, era carrancudo, estava com uma marca vermelha no rosto, como se tivesse levado um tapa. Devia ter seus quarenta anos e a julgar por como nos olhava, devia odiar todo e qualquer ser vivo no universo. Ele se sentou resmungando e mandou que andássemos logo, porque ele tinha muito o que fazer. Achei melhor obedecer.

- O que o senhor sabe sobre as mortes dos prisioneiros?

- Não é isso que vocês têm que descobrir?

- O senhor compra sua atropina pela conta do presídio?

- O que isso tem a ver? Sim. Por que não? Depois descontam do meu pagamento. É um jeito de não esquecer, cara. Dá ultima vez que me esqueci de comprar essa droga fiquei passando mal do coração e quase bati as botas.

- Esqueceu-se? Então você já comprou por fora? – meu chefe é tão sutil que dá orgulho.

- Vocês querem ficar sabendo dos meus remédios ou prender quem matou aqueles vermes? Aliás, a polícia não tem coisa melhor pra fazer, não? Ou vocês são inúteis? Porque eles eram escória. Mereciam morrer.

- Noto que o senhor tenha problemas pra controlar a raiva- Peter está pedindo pra apanhar. Eu não vou ajudar. Aposto vinte no Miles.

-  Quer confirmar, loirinho?

- Estou passando. E esse olho roxo?

- Não é da sua conta.

-Mas é da conta da investigação.

- Olha só, seu loiro filho da...- Miles se levantou puxando Peter pela gola. Vinte no Miles, qual é? Cadê alguém para apostar comigo quando eu preciso?

- Devo lembrar que o senhor manda aqui, mas está subordinado a mim, porque estou encarregado da investigação dos homicídios que ocorreram nessa prisão e toda e qualquer tentativa sua de atrapalhar minha investigação, bem como machucar a mim ou a qualquer membro da minha equipe será vista como motivo para fazer uma prisão preventiva sua. Então me soque, que eu te prendo. Tenho certeza que os presos vão te adorar. – MEU CHEFE VIROU HOMEM! Nunca pensei que ia ver isso.

- Seu filho da puta – Miles largou Peter e se sentou – levei um tapa da minha esposa.

- Está dizendo que o senhor, desse tamanho, está com uma marca roxa até agora, porque sua esposa te deu um tapa antes que viesse trabalhar?

- Você não conhece a minha esposa...- não, a gente não conhece, mas ela deve ser adorável.- Estou liberado? – Sério, o cara dá dois de mim. Ou a mulher dele usa bomba ou essa foi a pior desculpa já inventada.

- Não saia da cidade. E ponha um gelo nessa cara. – Peter levantou e foi para porta- O senhor na frente.

Miles saiu e Peter fechou a porta o mais mal educadamente que podia atrás dele. Em seguida se largou sentado em uma cadeira e encostou a cabeça na mesa, cruzando os braços  e os encostando na frente dela, tentando escondê-la. Acho que ele viu a vida dele passar pelos olhos dele como num filme. Peter era alto, mas magrelo que só vendo. Um tapa de Miles quebrava ele na hora.

- Está bem, chefe?- perguntei e esperei. Será que ele enfartou? Isso é bem comum nesse presídio.

-... Eu quero um café.

- Aposto que quer. – dei uma risada. – Achei que você ia levar uns tabefes.

- Comigo dois.

-Três. Já tinha deixado digitado o número da ambulância...e da funerária – Akane riu aliviada. Eu também estou aliviado. Não queria catar outro emprego. Brincadeira. Também não queria que ninguém morresse.

- Obrigado pela preocupação, Akane. E pela confiança nas minhas habilidades de luta também.

- Que habilidade? – eu e Akane falamos em uníssono, o que fez meu chefe se levantar e murmurar algo como “agora sim, eu preciso de mais um café.”.

Peter saiu da sala e pegou a pasta que tinha deixado do lado de fora da sala de interrogatório improvisada, que nada mais era que a cantina da prisão. Uma folha preta caiu da mesa, quando Peter puxou sua pasta. Era uma folha de caderno arrancada, com dizeres em branco. Os dizeres, escritos em branco numa caligrafia inconfundível eram, nada mais, nada menos, que as primeiras regras de um certo caderno, que podia causar certas mortes ou ainda, me lembrar de certo sofrimento. Entretanto, mais certo do que nada é que, a partir de agora, não é só mais uma possibilidade. Estava certo que havia um death note. E também estava certo que, pela primeira vez após o caso kira, eu ia ter que por balas na minha arma. Por mais que eu não queira fazê-lo.


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