Unstoppable escrita por Lgirlsclub


Capítulo 3
Esse vai ser um loongo dia.




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Enquanto aquele loiro doentio analisava o arquivo com uma alegria que fazia me sentir no mínimo desconfortável , tratei de organizar os outros arquivos. Estavam direcionados a Peter Powter. Então essa é a sua graça. Peter Powter.  Bom é um grande desprazer conhecer vossa desgraça também. Ele ainda nem sequer mandou irmos isolar a cena do crime. Parece estar se divertindo demais. Mas aquelas vítimas. Elas não podem morrer em silêncio. Não podem ter mortes injustificadas. Na verdade nenhuma morte pode ser justificada,mas se ao menos impedirmos outras... eu acho que eles poderão seguir em frente, tanto os que ficam, tanto os que vão. Ao menos podemos impedir mais dor, mais sofrimento.  Me levantei e peguei a fita de contenção, lendo o endereço por cima do ombro dele. Elas, as vítimas, não podem esperar, não podem ser apenas uma diversão para ele.

-Aonde pensa que vai?- Eu?! Investir no mercado de ações, estou levando a fita pra dar sorte. Será que sou demitido se chutar o traseiro desse almofadinha?

-Isolar a área, algum problema?- tentei me manter calmo, mas eu sou impulsivo então vai ser fogo.

-Anda logo então.- ele resmungou ainda se divertindo com o arquivo. Suspirei fundo. Saí andando e peguei o carro da polícia que estava no estacionamento. Comecei a procurar pela rua. Era meio distante mas as ruas estavam livres por causa das férias escolares. Eu deveria chegar em meia hora. Liguei o alto falante do meu mp4. Escolhi uma música que desanuviasse minha mente. Que me esquecesse daquele idiota. Logo o ritmo de My alien do Simple Plan tomou conta do carro. E o que a família das vítimas deveriam estar passando tomou conta da minha cabeça. Era um assassinato. Aparentemente o melhor amigo achou o  colega no chão,viu sangue e ligou para a polícia. Mas que inferno, como posso deixar esse cara ser interrogado por aquele doente? Já não sei mais que música está tocando. Não me importa mais, mas mesmo assim aumentei o volume tentando cobrir com o som da música os meus pensamentos.

Estacionei meu carro umas casas antes do local do crime. Andei calmamente até o local e comecei a isolá-lo com zelo. Olhei para o homem que estava sentado no gramado a frente da casa. Estava pálido. Distante. Conheça o amigo da vítima, que não deixa de ser de uma vítima por sua vez. Quando alguém se vai é tão difícil para quem vai quanto para quem fica. E esse rapaz ficou. E ficou com a pior última visão do amigo que ele poderia ter. Terminei de isolar e me sentei ao lado do cara batendo levemente no braço dele. Ele pareceu acordar momentaneamente.

-Me desculpe cara. Sei como está se sentindo. Não é papo de policial eu realmente sei. Mas vamos precisar te interrogar. Você tocou em algo?- ele balançou a cabeça indicando que não.- Vamos fazer o seguinte, não posso te deixar sozinho sem a aprovação do meu chefe, vamos tomar um café pra você sair daqui. Só esperamos chegar mais algumas viaturas. Não adianta você ficar aqui. Não vai fazer bem a você. - ficamos sentados esperando as viaturas que chegaram poucos minutos depois. O guiei até o meu carro e fomos pra uma cafeteria. Não importava o café. Honestamente pedimos mas nem sequer o provamos. Ele só precisava sair daquele local. E eu só precisava parar de lembrar aquela cena. De lembrar daquele tiro. Sei que o Raito estava fora de si. Sei que não tive outra escolha. Porém isso ainda me assombra. Ficamos então em silêncio. Os dois tentando acabar com nossas torturas. Os dois querendo apenas fugir pra longe daquilo tudo.

E os dois sabendo que isso de nada adiantaria. Estávamos viajando cada um na sua própria dor quando o meu celular tocou. Eu acordei meio perdido em meio aos meus pensamentos. Devia ser o meu chefe. Atendi e comecei a ouvir os berros vindos do loiro do outro lado da linha. Ele estava fulo da vida e eu bom... estava me lixando. Afastei o fone do meu ouvido, tentando não acabar com os meus tímpanos.

-ONDE ESTÁ A MINHA TESTEMUNHA!!!!- não sei quando você se casou e quem foi louco o bastante para dizer aceito?

-Está comigo, em poucos minutos estaremos aí.- fiz sinal para que o rapaz se levantasse. Ele abaixou o olhar se levantando.

-QUEM  LHE  DEU PERMISSÃO PARA  DEIXAR A CENA DO CRIME???!

-Eu esperei as viaturas, fiquei com a testemunha que não saiu da minha vista desde o momento que cheguei, não havia modo algum de estragar o seu caso- paguei o café que não tomamos e fomos para o carro.

-Eu não lhe dei permissão para sair de lá!

-Se você me deixar dirigir posso chegar aí rapidinho e aí você dá o esporro uma vez só.

-É melhor correr!- ele desligou o celular na minha cara. Eu odeio esse sujeito. Fomos até a cena do crime onde deixei a testemunha que havia encontrado o corpo com a estagiária do chato e fui encontrá-lo.

-Como ninguém ouve um tiro de madrugada?- ele parecia compenetrado.

-Roubaram algo?-olhei em volta da casa. Ela estava arrumada... até  demais. Tipo,não havia nenhuma teia,nada no chão, era como se alguém tivesse  passado horas a arrumando. O  cara morava sozinho, solteiro. Devia haver no mínimo um cd ou uma camisa pelo chão.

-Aparentemente não. Nada parece ter sido revirado...-ele ainda olhava para cena atentamente.

-Ele tinha empregada?

-Não creio, o amigo disse que ele andava com problemas financeiros,mas que apesar de tudo se virava. Disse que dividiam o aluguel do galpão onde trabalham. Nenhum dos dois tinham uma renda invejável- a estagiária entrava na sala tentando também achar algo.

-Ele tinha  mania de limpeza?

-Eles trabalham com pintura de quatros, vivem cobertos de tintas e  passam dias trancados num galpão... não me parece um sintoma...-ela olhava a porta tentando achar  sinais de arrombamento.

-Humm...estranho..

-O que?-o detetive finalmente pareceu prestar atenção

-Qual foi a última vez que você chegou acabado do seu trabalho e decidiu  fazer uma faxina em...-andei pela casa- bom... toda a sua casa?

-Estranho- ele também rondou a casa.-Está impecável

-Solteiro, não tem namorada, trabalha pacas e a pessoa que mais o visita é um cara que também passa pelas mesmas coisas... Eu esperava achar uma bagunça razoável por aqui... por que toda essa arrumação?-fui até o quarto dele seguido pelos dois. Olhei para as gavetas. Nenhuma roupa com um amassado sequer. Aquilo era assustador.

-Hey chefe- a estagiária chamou – Achei o porquê de não ouvirem o tiro- ela colocou para tocar o disco que estava pausado no radio. Ele estava incrivelmente alto. Mas o fato de eu conhecer a música me assustou mais do que isso.

I open my eyes-Eu abro os meus olhos
I try to see but I'm blinded-Eu tento ver mas eu estou cegado
By the white light-Pela luz branca
I cant remember how-Eu não me como
I cant remember why-Eu não sei porquê
Im lying here tonight-Eu estou deitado aqui essa noite
And I cant stand the pain- E eu não posso agüentar a dor
And I cant make it go away- E eu não posso fazer isso ir embora
No I can stand the pain-Não eu não posso agüentar a dor

 -How could this happen to me? I made my mistakes,got nowhere to run the nights go on as i'm fading away. Im sick of this life, I just wanna scream How could this happen to me?- cantarolei o trecho. O fato da música ser da mesma banda que escutei na vinda para o trabalho fez os pelos dos meus braços arrepiarem. Tentei ignorar isso. Mas agora já sabíamos como o assassino fez para abafar os tiros. A morte desse cara foi literalmente silenciada pela música. Eu apenas queria saber como tudo se encaixa. Voltei a olhar para a gaveta e notei que ela estava arrumada sim,mas só superficialmente. Eu queria estar sentindo como se tudo se encaixasse. Mas no momento só ouço a música do quarto, sinto um arrepio na espinha e penso que aquilo tudo parece apenas muito louco para ser verdade.


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