A Brave New World escrita por Maria Salles


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

"Aprendera a amar Baia e seus habitantes e odiaria que algo acontecesse a eles ou, pior, aos Belikov."



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Só voltei a me encontrar com Dimitri a noite. Lissa partiu na hora do almoço na promessa de me ligar em breve e no resto do dia vaguei pelo hotel procurando algo para fazer. Um grupo seleto de guardiões estava trancado na sala de reuniões do térreo, Dimitri entre eles e não pude entrar para poder sequer ouvir o que tinham a dizer.

Estava no quarto, pensando no que iria pedir por serviço de quarto quando Dimitri entrou. Parecia exausto, mas sorriu com olhos brilhantes quando me vi empoleirada no sofá.

- Rose. – ele disse antes de vir em minha em direção e me beijar longamente. Então se afastou e seus olhos estavam cuidadosos – Desculpe por hoje de manhã. Não tive tempo de te avisar antes pra poder te preparar. Estávamos discutindo estratégias quando a ligação veio e não havia nada que pudéssemos fazer.

- Não precisa se desculpar, você não teve culpa. É toda essa confusão! Ataque na Corte, strigois se juntando... parece que nenhum lugar é seguro.

Dimitri se sentou ao meu lado e me abraçou. Encaixei minha cabeça em seu pescoço e inspirei fundo seu aroma.

- Vai ficar, Roza. – Prometeu-me ele – Vamos dar um jeito nisso tudo.

Ele me tranquilizava, e não me importava se isso não era algo que ele poderia prometer. Eu ri e cutuquei suas costelas, me afastando o suficiente para que eu pudesse esticar o braço e pegar o telefone na mesinha ao lado.

- Aposto que você não comeu nada decente o dia inteiro. O que vai querer jantar?

- Eu como o que você comer. – Respondeu se levantando – Vou tomar um banho enquanto você pede, depois acho que você irá querer conversar.

- Pode apostar nisso! – Dimitri se inclinou para me beijar de leve – Eu até te acompanhava no banho, mas estou confortável demais sentada aqui.

Ele riu em seu caminho para o banheiro e eu chamei o serviço de quarto.

Meia hora mais tarde, estávamos sentados no chão comendo sanduíches quaisquer que havia pedido com o menor entendimento entre os dois lados da linha. Seja lá o que fosse, estava gostoso, ou talvez eu estivesse com fome demais para ligar.

- Então... – comecei terminando o segundo sanduiche – O que você tem pra me contar?

Dimitri não respondeu de imediato, o que me fez quase pulara de ansiedade.

- Rose, eu não deveria te contar. Mas eu confio em você e estou contando que você não vá fazer nenhuma imprudência. – começou ele seriamente. Assenti em silêncio, ávida por informações – Vamos nos dividir. Foram formados três grupos que patrulharão as áreas mais atacadas à espera. Maior parte se resume a isso: esperar. Devemos pegar um deles sem que os strigois sejam alarmados, pelo menos não imediatamente. Se descobrirmos um ninho, temos ordens para destruí-lo. Mas é isso.

Ergui as sobrancelhas. Tanto mistério pra isso? Nenhuma missão para alguma caverna medonha cheia de strigois? Nenhum perigo só... espera?

- E amanha voltaremos à Baia. Ela se encontra em uma das áreas mais afetadas com mais dois vilarejos. – continuou ele, cuidadoso. Dimitri raramente tinha que escolher suas palavras. Desconfiei. – Seremos seis guardiões.

- Seremos como em...

- Eu e mais cinco.

Oh, entendi onde ele queria chegar. Eu estava fora da ação. Como sempre.

- O quê, espera... E nossos treinos? – ele me lançou um olhar culpado e me peguei praguejando baixinho. – Yeva vai assumir, claro.

- Não há nada o que possa fazer, Rose. Se tivesse eu faria.

Meus ombros caíram diante seu olhar pesaroso. Eu deveria estar com uma expressão realmente terrível para deixa-lo inseguro.

- Eu sei. Eu sei, Dimitri, só que odeio ter menos tempo com você. Nem que seja pra me mandar para o chão.

Ele riu e afastou os pratos de nós.

- Você gosta que eu te mande para o chão, então?

Mordi meu lábio escondendo um sorrio e envolvi meus braços em seu pescoço.

- Ah, sim. Principalmente quando eu te levo comigo.

- Tipo assim?

Ele me puxou para o seu colo e então caiu em cima de mim, me prendendo no chão.

- É, tipo isso. – disse antes de puxá-lo para um beijo.

Saíamos cedo na manhã seguinte, e infelizmente nossa viagem de volta não foi tão boa quando a de ida. Dois guardiões vieram conosco e os outros três estavam em uma SUV preta logo atrás de nós. Numa outra fase da minha vida, teria ficado animada em estar com os guardiões experientes, mas agora significava que Dimitri era apenas meu tutor e não meu namorado. E, pelo jeito, as coisas seriam assim por um bom tempo.

Nas semanas seguintes Yeva voltou a me treinar. Ela era má, terrivelmente má e muito boa. Se eu achava que as sessões de Dimitri já eram pesadas, é apenas somente porque nunca treinei tempo o suficiente com a sua avó. Acordava-me no meio da noite pra correr sem aviso prévio, me fazia carregar tijolos – literalmente! E subir por cordas. Nos primeiros dias meu corpo estava em pedaços. Mas finalmente começava a me acostumar com a rotina e conseguia acompanha-la. Suspeito que, um dia desses, ela até me olhou com orgulho. Pelo menos é o que eu me digo pra me incentivar.

Enquanto Yeva se focava no meu físico, Olena se focou no meu intelecto. Revisamos algumas lições e ela me ensinou xadrez, pois é uma boa maneira de exercitar meu lado estratégico ou sei lá o que. Ela também criou varias situações para que eu desenvolvesse uma forma de salvar ou proteger morois e humanos. Foi bem divertido, na verdade.

Dimitri, ao contrário da sua família, ficava cada dia mais distante. Alguns ataques na região renderam três strigois mortos e nenhum capturado. Nenhuma pista pra seguir tampouco. Isso, eu sabia, o deixava irritado. Mas sua preocupação se intensificou com a chegada do natal, pois St. Basil liberaria os alunos para irem para suas casas. Ele argumentou dizendo que a escola era o lugar mais seguro, mas como não houve notícias de ataques ou nada avistado por dias seguidos, a diretora achou que quatro dias fora de casa não teria problema algum.

Então, Viktoria estava de volta, trazendo alegria incondicional para a casa. Como Dimitri mal ficava em casa, voltamos a dividir o quarto. No começo, quando Dimitri precisava dormir, Viktoria e eu dividíamos a cama em uma noite de garotas sem fim. Ter alguém quase da sua idade pra conversar e ser sua amiga em casa a deixava muito feliz e eu não ficava muito atrás. Mas então Dimitri começou a pedir que eu dormisse com ele. Estava acostumado a ter-me dormindo em seus braços e com meu cheiro para que suas noites fossem tranquilas quando não estava lá, segundo ele. E eu também sentia falta dele, demais. Mesmo que fossemos só dormir e não pudéssemos nem mesmo namorar a noite – ele tinha que descansar e, bem, a irmã dele estava bem ali!

No dia 24 passamos o dia organizando uma grande ceia. Mark e Oksana se juntariam a nós e Dimitri conseguiria ficar um pouco também. Ele disse que a falta de notícias deixou o horários mais maleáveis, mas que ele temia que isso fosse o prelúdio de algo maior. Soltar a corda para então agarrar o peixe. Esperava, honestamente, que estivesse errado. Aprendera a amar Baia e seus habitantes e odiaria que algo acontecesse a eles ou, pior, aos Belikov.

- Rose, você está linda!

Viktoria exclamou quando entrou no quarto. Ela já estava pronta, vestida com uma calça capri preta, cinto da mesma cor com fivela prata, uma blusa azul celeste de mangas e colo de renda e oxfords marrom escuro.

- Obrigada, Vik. – Agradeci enquanto a analisava - Você também!

Percebi que ela parecia mudada. Mais madura e menos insegura que da ultima vez que a vi. Uma mudança positiva e gostei disso.

Olhei-me no espelho. Usava um vestido que Abe me mandara de presente de Natal essa semana. O busto era vermelho queimado e a saia, que caia da cintura marcada até os joelhos, era preta. Bem simples, porém muito bonito com detalhes em pedraria na manga e no decote canoa. Prendi os cabelos em um coque solto e não passara muita maquiagem, apenas lápis e batom rosa claro. Nos pés, sapatos de saltos pretos. Como dizem por ai, menos é mais.

- Vamos lá pra baixo? – indagou com um sorriso imenso no rosto que me fez desconfiar – Tem algo pra você lá!

A segui sem dizer nada e quando vi o que ela quis dizer, meu queixo caiu. Na sala, junto com Olena e Yeva, estava Abe Mazur e seus dois gorilas de sempre.

- Zmey! – exclamei. Chamá-lo assim era com chamar Dimtri de camarada. Nenhum dos dois gostava, mas era legal mesmo assim. – O que você está fazendo aqui?

- Eu vim deixar umas roupas pra lavar. – respondeu sarcástico. – O que acha, Rose? Vim passar o meu primeiro natal com a minha filha.

Dizer que não fiquei emocionada com sua presença ali seria mentira. Nunca ou quase nunca passara natal com a minha mãe por conta de seus inúmeros compromissos. Ainda assim, lá estava Abe Mazur, meu pai, vindo diretamente da Turquia enfrentando nosso problema de strigois apenas para ficarmos juntos.

- Obrigada por vir, Zmey. – Deveria abraça-lo? Chama-lo de pai? Quais as regras sociais pra isso? – De verdade.

Optei por dar um meio abraço. Ambos estávamos um pouco desconfortáveis com isso, mas pelo brilho em seu olhar, estava tão feliz quanto eu.

O jantar só sairia à meia noite, então ficamos divididos entre as salas para conversar. Fiquei ao lado de Viktoria a maior parte do tempo, até Dimitri chegar e eu aproveitar meu namorado mais um pouco. Percebi que Abe não sabia que nós estávamos juntos. Não que eu precisasse de sua aprovação ou algo do tipo, mas ele agora era meu pai e queria estar presente. Não parecia certo não lhe dizer.

Abe me lançou um olhar de ‘conversaremos mais tarde’ no momento que alguém bateu a porta. Não havia ninguém mais pra chegar e strigois não são do tipo educado. Mesmo assim, Pavel foi atendê-la com a estaca em mãos.

- Ahn, com licença, a Viktoria está?

Uma voz tímida e desconfortável surgiu da porta. Vik se levantou na hora e correu até ela, quase empurrando Pavel no caminho. Era Nikolai.

- Nik, o que está fazendo aqui? – Ele disse algo que não conseguimos ouvir e então Viktoria virou a cabeça – Mama, vou até a calçada com Nikolai, está bem? É rápido.

Sua mãe assentiu com a cabeça apenas e a porta foi fechada a seguir. Quando o tempo delas chegaram até a rua passou, ela começou a  rir orgulhosa.

- Gosto tanto desse menino. – Disse ela dando uma olhadinha pela janela.

- Mama, por favor, não seja curiosa. – Pediu Dimitri com um sorriso indo até ela e a afastando da janela – Depois Vik fica chateada e não te conta nada.

- Mas ai ela conta pra Rose, Rose vai te contar e você me contar. – brincou Olena – Não, não. Você tem razão. Alguém quer mais vinho?

Os minutos se passaram. No começo pensamos que os dois finalmente haviam se entendido. Mas após quinze minutos sem notícias Olena decidiu ir até a janela conferir. O que ela viu a fez arfar e dizer algo em russo, fazendo todos nós nos erguemos prontos.

- Eles não estão lá. – disse apenas.

Abe mandou Pavel ir lá fora dar uma olhada, seguido por Dimitri e eu. Viramos a cabeça para os dois lados da rua e não havia sinal dela. Na calçada havia um pequeno pacote de embrulho e uma caixa preta comprida vazia. Provalmente o presente que Nikolai havia trazido para dar a Viktoria.

- Não estou gostando disso. – murmurei ansiosa – Dimitri... Onde eles estão?

- Não sei, Roza... – ele me olhou preocupado e desejei poder fazer algo – Vamos analisar o perímetro. Talvez encontremos algo.

Minha estaca estava dentro de casa então Pavel me emprestou uma segunda que ele carregava. Nos dividimos com a promessa de gritar se achar algo.

Eu encontrei. Ou melhor, me encontrou.

Um leve enjoo me avisou. Mas estava fraco demais para estarem muito perto. Ainda assim, era inconfundível. Avancei mais para baixo na rua, seguindo meus instintos. O enjoo aumentou e me deparei com o que não gostaria: uma mancha de sangue no chão. E um pé do sapato que Viktoria usava.

- Dimitri! – gritei com toda a minha força, querendo evitar chorar ou entrar em desespero – Dimitri!

Eles a haviam levado.


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Notas finais do capítulo

TAN TAN TAAAAAAAAAAAAAAAN!!!!!!! Não me matem nem me odeiem, por favor! hahah Mas eu precisava de algo e... bem. Vamos ver o que aguardam os próximos capítulos okay? ;D
**Gente, sobre Love&Blood, eu estou revisando e alterando MUITA COISA então se você leu antes volte a ler quando eu postar se não vai se perder, é sério! haha **
Então, tem uma pergunta de leitora pra responder:
MINATSUKI: não, eu nunca li Fallen, embora conheça a série por alto. Por que a pergunta? ;)
É isso pessoal, até o próximo capítulo com mais informações!
xoxo