Abri meus olhos, o quarto estava escuro, o céu lá fora era de um cinza macabro. Olhei para o meu quarto, adorava aquela cor, lilás. Em frente a minha cama havia minha bancada de estudo com meu computador e meus cadernos. Do lado uma estante com vários livros, alguns que nunca chegará a ler. Do lado a porta que dava a um corredor, que era como um closet que depois dava para o banheiro. Nas paredes várias fotos de mim e minhas amigas juntas. Uma no parque de diversões, outra na feira de ciências, outras no cinema usando os óculos 3D. Rir só de lembrar, então me lembrei de ontem, do meu primo. E respirei fundo enquanto ia para o banheiro tomar banho.

   Coloquei o uniforme da escola e penteei os cabelos. Depois toquei a maçaneta da porta e a abri com certa raiva. Mas desapareceu completamente a raiva ao ver uma cesta de orquídeas. Eu pensei: Não, não poderia ter sido o Jake. Ele não faria isso, faria?

   Peguei a cesta e achei uma carta no meio das orquídeas, abri e li:

“Bom dia Isa,

   O que eu fiz ontem não me deixa feliz, pelo ao contrário. Acho estranho falar isso, mas se é para você ficar bem, eu falo: Você seria a melhor namorada que alguém poderia ter, eu sei. E se você tivesse um namorado, ele teria muita sorte. Bem, eu sei que palavras não vão conseguir acerta tudo, mesmo sabendo o quanto você ama ler e o quanto eu odeio escrever. Então, você quer ir comigo para a festa do Scott? Eu ia adorar ter a sua companhia.             

                                                                                                                                      Jake”

   Coloquei a mão na boca ainda surpresa pelo o que ele havia feito. Peguei a cesta e coloquei no meu quarto e fui até a sala de jantar. Jake estava lá, para a minha surpresa havia acordado cedo, não consegui decifrar a expressão de seu rosto.

- Bom dia querida. – disse mamãe que estava de saída. – Vou para o hospital, não se atrasem para ir para a escola ok? – assenti. – Tenham uma boa aula, beijos. – ela acenou antes de sair. – Tchau.

   Olhei para Jake, que também me olhava.

- Ia i? – perguntou ele. Comi um pouco do waffles que minha mãe havia feito antes de responder.

- Quem é Scott? – perguntei interessada.

- Sei lá, amigo do Mike. – respondeu Jake sorrindo. – Isso é um sim?

- Talvez. – respondi e ele sorriu. Parece que havia entendido o motivo dos garotos falarem assim afinal. – Vamos? – ele assentiu, pegamos nossas mochilas e nos dirigimos a porta. Ele abriu para mim e eu sai, depois a fechando.

   O caminho até a escola foi razoável, eu perguntei o que ele tinha feito ontem a noite e ele disse que havia ido à floricultura, eu ri com a imagem surgindo na minha cabeça.

   Quando chegamos à escola, passamos pelos corredores apressados para não nós atrasarmos. Nem deu tempo de ir até o meu armário para colocar alguns livros dentro. Entramos na sala e Jake foi se sentar perto dos seus amigos e eu perto de Molly.

- O que aconteceu? – perguntou Molly ao ver o meu sorriso.

- Nada, só estou feliz. – respondi e ela estranhou.

- Bom dia meus alunos. – disse o professor de Geografia. Anotei enquanto ele escrevia no quadro, a sua prova estava perto, teria que prestar atenção.

   Quando tocou para o intervalo, peguei minhas coisas e me dirigi ao refeitório. Estava lotado, já que chovia lá fora e todo mundo teria que comer aqui dentro. Me sentei com as meninas, Alicia parecia também feliz.

- Quanta felicidade. – disse Molly se dirigindo a nós duas.

- Fui convidada para a festa do Scott. – falou Alicia sorrindo. – Querem vim comigo?

- Não posso, vou com o Jake. – respondi e as duas me olharam como se eu tivesse sido abduzida. – O que foi?

- Eu não entendo esse relacionamento primo e prima sabia? – falou Alicia.

- Ele se desculpou pelo o que fez. – disse, e elas me olharam confusas. Então me toquei que não havia contado a elas o que havia acontecido. Comecei a contar o que aconteceu, e à medida que falava elas compreendia melhor.

- Então ele te deu orquídeas? – perguntou Alicia estranhando.

- É, minha flor preferida. Como ele adivinhou? – perguntei.

- É, essa é a vida, pessoas se amam, pessoas se odeiam e depois você tá com oito filhos tentando se divorcia. – dizia Alicia enquanto maltratava seu lanche, eu a olhei preocupada. – Desculpe.

- Peça desculpa para o seu lanche. – falou Molly vendo que o bolo de chocolate de Alicia parecia ter sido pisoteado.

- Problemas em casa? – perguntei.

- Mais ou menos isso. – respondeu Alicia.

   O sinal tocou e fomos para a sala, tentar entender mais uma aula de Matemática, pelo menos eu e Molly, Alicia teria aula de ciências.

   Eu estava na última aula do dia, a de história. Quando recebi uma mensagem no meu celular, que vibrou em resposta. Peguei discretamente o celular do bolso e abri a mensagem que dizia: Trabalho de história, me encontre na minha casa, terei que passar lá para pegar a câmera. Te passo o endereço depois. Joe.

   Guardei o celular e olhei para trás, onde Joe precisamente sentava, ele sorriu.

   Ao final das aulas, eu recebi outra mensagem com o endereço. Pensei em passar antes em casa para trocar de roupa e tomar um banho antes de ir.

   No caminho, não contei a Jake que iria para a casa de Joe fazer o trabalho, mais porque o Mike estava com a gente, e eu não me sentiria confortável em contar em sua frente.

   Entrei no apartamento, depois de se despedir de Mike e fui tomar banho. Vesti uma calça Jens preta, uma camiseta azul de mangas longas, um colete e por cima um casaco preto com capuz e meus tênis.

   Entrei na sala de jantar, me sentei na mesa de madeira e comecei a comer rapidamente.

- Aonde vai? – perguntou Jake olhando para as minhas roupas, do outro lado da mesa.

- Vou fazer o trabalho de história. – respondi bebendo o suco.

- Com quem? – perguntou Jake estranhando.

- Com o Joe. – respondi, corei sem mesmo saber o porquê.

- Não gosto dele. – disse Jake do nada e eu o encarei.

- Ótimo. – falei, eu não precisava da autorização dele.

- Vou com você. – disse Jake e arregalei os olhos.

- Não vai mesmo. – me levantei e fui até a porta.

- Isabella Thompson Dongg volte aqui! – revirei os olhos fechando a porta.

   Peguei um ônibus para chegar na casa de Joe, através do endereço que ele havia me enviado fui parar numa casa com um muro alto. Apertei a campanhia, e do aparelho surgiu uma voz, que não pude identificar de quem era:

- Quem é?

- Isabella Thompson, amiga do Joe. – respondi, eu não sabia se eu era amiga mesmo do Joe, mas simplesmente saiu.

- Pode entrar. – a porta se destrancou e eu entrei.

   Ele morava numa casa de cor salmão com faixas brancas e colunas de mesma cor. Havia um jardim espaçoso, com várias flores como girassóis, rosas, orquídeas, Íris azul, Íris branco, Crisântemo branco, Copo-de-leite entre várias outras flores.

   Bati na porta de cor branca e uma mulher loira de olhos castanhos claros, que usava um vestido rosa bebê atendeu, seus cabelos estavam presos em um coque muito elegante.

- Você deve ser a Isabella. O Joe está no quarto dele, pode subir. – disse a mulher.

- A senhora... Quer dizer, senhorita. – me corrigi, vendo que a mulher parecia ser mais nova do que aparentava ser. – Deve ser a mãe do Joe não?

- Sim. – respondeu ela sorrindo. – Deseja um café, um chá, uma água posso mandar Rosemary fazer.

- Não obrigada. – disse.

- Pode subir querida. – falou ela e eu subi as escadas logo à frente do hall de entrada.

   Havia dois corredores longos que se ligavam, fui para o da direita e encontrei um quarto com a porta entre aberta. Bati e ouvi a voz de Joe mandando entrar.

   Ele estava sem camisa, corei com a situação.

- Hm... Oi Joe. – falei colocando as mãos no bolso nervosa.

- Olá. – disse, ele vestiu uma camisa branca que havia na sua cama e abriu as gavetas do seu closet. Olhei em volta, o quarto era a azul, a cama branca, havia uma mesa de centro de vidro, um sofá branco, uma TV na parede, uma porta que dava ao closet e outra ao banheiro, uma bancada no canto do quarto perto da janela.

- Belo quarto. – falei.

- Ah, obrigado. – disse ele procurando alguma coisa nas gavetas. – Achei! – gritou vitorioso mostrando a câmera para mim. – Então por onde quer começar? – dei de ombros.

- Poderíamos tirar a foto de uma família de pobres na rua. – sugeri. – Mas teríamos que pergunta se podemos.

- Ok, vamos. – ele segurou minha mão e saímos do quarto. Depois a soltou vendo que isso foi estranho, ele corou, rir achando fofo.

   Fomos andando pela rua, procurando qualquer coisa para tirar foto, preferencialmente uma família de pobres para mostrar como a sociedade é hoje em dia e o quanto o governo tem que mudar.

- Então... Você vai para a festa do Scott amanhã? – perguntou Joe, assenti. – Legal, você é amiga do Scott?

- Na verdade, meu primo foi convidado e vai me levar. – respondi vendo o quanto isso soava estranho.

- Hum... – ele disse simplesmente.

   Predominou um silêncio, fiquei imaginando o que ele estava pensando.

- Olha ali. – apontou ele para um homem deitado na calçada pedindo esmola. – Vamos até lá.

   Atravessamos a rua correndo e fomos até a calçada onde o homem estava.

- Moço, temos um trabalho de história para fazer. – comecei a falar.

- E nós precisamos tirar uma foto... mostrando o quanto o nosso mundo precisa melhorar. – continuou Joe. – Poderíamos tirar uma foto do senhor?

   O homem gostou de ser chamado de senhor e aceitou. Joe tirou a foto, o homem tinha cabelos pretos cacheados, olhos castanhos escuros, vestia uma camisa velha rasgada e uma bermuda verde.

- Valeu moço. – falei e Joe deu um dinheiro para ele, que agradeceu.

   Então voltamos para a casa de Joe, ele se sentou na cama cansado. Já estava ficando tarde.

- Acho melhor voltar para casa, está ficando tarde e tenho ainda que pegar um ônibus.

- Não, fica mais um pouco. Minha mãe pode levar você para casa. – disse Joe, eu assenti dizendo que só ficaria mais um pouco.

- Quer fazer o que? – perguntou Joe sorrindo, olhei para o vídeo game de soslaio. – Ah saquei. Vamos jogar então.

   Ele ligou o vídeo game e colocou um jogo de luta.

- Vou acabar com você. – disse rindo.

- Não sei não, eu sou muito bom nesse jogo. – falou ele.

- Isso é o que vamos ver. – disse e o jogo começou.

   Nem vi o tempo passar, quando olhei para o relógio eram oito horas e havia seis chamadas não atendidas no meu celular que deixei em silencioso, todas eram da minha mãe.

- Tenho que ir. – falei pulando da cama e caindo do chão, Joe se segurou para não rir. – Ei! – falei vendo que ele ria discretamente, comecei a rir também. Mas depois me lembrei das horas. – Tenho que ir embora, minha mãe vai me matar.

- Espera, mas você deve tá com fome. Minha mãe fez panquecas vamos comer lá embaixo? – perguntou Joe, eu o olhei preocupada. – Não vai demorar.

   Assenti e descemos até a sala de jantar para comermos. Tudo na casa era muito chique e sofisticado. Na sala de jantar havia um lustre gigante em cima.

- Aqui está. – disse a moça que trabalhava na casa de Joe, deveria ser a Rosemary.

- Obrigada. – falei enquanto ela servia. – Sua mãe não vai querer comer?

- Ela prefere esperar meu pai, ele sempre chega tarde. – respondeu Joe então começamos a comer.

   Quando deu oito e meia eu já havia acabado de comer, e estava no carro da mãe de Joe, com ele ao meu lado.

- Não estou incomodando não é? Porque se estiver posso pegar um ônibus. – disse.

- Imagina que eu vou deixar você uma hora dessas pegar um ônibus, é perigoso. – falou a mãe de Joe. – Não está incomodando querida.

   Não demorou a chegarmos à frente do meu prédio, olhei para Joe e ele já me olhava.

- Foi divertido hoje. Ainda quero uma revanche no vídeo game. – falei rindo. – Boa noite Joe, boa noite senhorita...

- Penélope. – respondeu a mãe de Joe.

- Boa noite senhorita Penélope. – disse descendo do carro, acenei e entrei no prédio enquanto o carro da mãe de Joe ia embora.

   Entrei no apartamento, minha mãe tava com os cabelos bagunçados irritada com a minha demora.

- Desculpa mãe, tive que fazer um trabalho. Achei que você fosse chegar tarde. – falei.

- Dá próxima vez me avise antes ok? Já ia ligar para a polícia sabia? – disse mamãe.

- Mas eu falei para o Jake aonde ia.

- Mas ele não sabia onde ficava a casa desse tal de Joe. – falou mamãe colocando a mão na cabeça. – Tá bom, tá bom Isabella. Espero que não se repita o que você fez.

- Não se repetirá. – disse, olhei para Jake, ele estava sentado no sofá escutando a conversa. Fui para o meu quarto, estava cansada então preferir ir dormir amanhã seria um longo dia.

   Em pedido a uma das leitoras, aqui está à descrição dos personagens:

Isabella:

Alicia:

Joe:

Molly:

Jake:

Mike:

Will: