Blades And Stars escrita por Guardian
Notas iniciais do capítulo
Nossa, estou atualizando muito rápido mesmo. Mas é que eu fiquei com dó de vocês xD
Já fazia quase uma hora que ele estava ali, sentado no chão com a cabeça apoiada nos joelhos, apenas esperando. Esperando...
Mello não aguentava mais tanta demora.
– O ruivo... Eu ouvi que você o conhece - um homem se postou na frente de Mello, projetando sua sombra sobre ele - Co... Como ele está?
O loiro levantou o rosto devagar para olhá-lo. Era um homem jovem, talvez nos seus 20 anos também, alto e com o cabelo castanho-claro, relativamente comprido, sujo de algo que Mello reconheceu na hora.
Sangue.
Ele estava com um braço totalmente enfaixado e apoiado numa tipóia, tinha também vários cortes no rosto, que mantinha também uma expressão angustiada.
Foi ele.
Mello tinha certeza.
Aquele era o homem que havia colidido com Matt, o homem que tinha deixado Matt naquele estado de agora.
Mello levantou em um salto e meteu um soco no já machucado rosto do sujeito. Ele cambaleou para trás, mas o loiro não o deixou cair. Segurou-o pela gola da camisa branca manchada de vermelho, se preparando para dar outro soco, mais forte.
O rapaz nem tentava resistir à fúria daquele estranho violento.
Isso porque ele próprio achava que merecia esse tipo de tratamento depois do que causara. Uma briga estúpida pelo telefone do carro com a ex-namorada em uma estrada à noite, e agora tinha alguém no hospital como consequência.
Por culpa dele.
Não tinha dúvidas de que merecia apanhar.
Ficou esperando, com os olhos apertados, pelo impacto que faria companhia à região já latejante.
Mas o soco não veio.
– Como ele está?! - Mello perguntou preocupado, soltando o rapaz, assim que viu a porta da sala onde Matt estava sendo operado se abrir e um médico saindo de lá, retirando a máscara cirúrgica do rosto.
– Eu... Sinto muito - foi o que o médico falou encarando diretamente nos olhos.
Eu sinto muito.
Eu sinto muito.
Eu sinto muito.
A pior frase que um médico pode usar.
Eu sinto muito...
Mello deixou os braços moles, sem forças para levantá-los, pendendo ao lado do corpo. Deu alguns passos para trás e encostou na parede.
Matt estava morto? De verdade?
Não... Isso... Isso não era possível!
Ele não podia...
– Ele ainda está vivo, mas... - o médico voltou a falar.
O QUÊ?!
Ele... ainda está vivo?
Uma enorme onda de alívio percorreu o corpo de Mello, e chegou até mesmo a devolver um pouco de cor ao seu rosto então pálido.
– Mas é apenas questão de tempo - o médico finalizou pesaroso.
– SEU MÉDICO INCOMPETENTE! ENTÃO VOLTE LÁ PRA DENTRO E MANTENHA ELE VIVO! - Mello gritou furioso, mas era possível perceber o desespero que tentava, em vão, controlar.
– Não há mais nada a fazer - o médico falou sem se abalar. Estava, infelizmente, acostumado a dar esse tipo de notícia, e às reações que vinham como resposta - O dano que ele sofreu foi muito grande. A hemorragia interna foi difícil de controlar, mas nós conseguimos; por sorte, a maioria dos cortes foi superfícial, com exceção do corte na testa, mas este foi fechado sem grandes dificuldades; tirando isso, ele teve o pulso esquerdo e duas costelas trincadas e a perna esquerda quebrada. Se fosse apenas isso, algumas semanas no hospital resolveriam sem problemas e sobrariam apenas as cicatrizes para lembrar do ocorrido, mas...
Ainda tinha mais?!
– Mas o quê?! - Mello perguntou, mas com um medo imenso de ouvir a resposta.
– Mas a maior complicação são seus órgãos internos, mais precisamente, seus rins.
– O que... - Mello começou, mas sem conseguir terminar.
– Eles foram esmagados - es... Esmagados? - Provavelmente foi no momento que uma parte da moto caiu em cima dele. Ele não sobreviverá sem os rins.
– Então arranje um rim pra ele! - Mello estava quase cedendo e desistindo de tentar conter a nota de desespero em suas palavras.
– O estado dele é muito crítico, mesmo que ele não tenha chances de sobrevivência sem os rins, é também muito improvável que ele sobreviva a um transplante. Nunca liberariam um órgão para um caso terminal.
Mello não aguentava mais ouvir aquilo. " Caso terminal " o cacete! Matt não ia morrer! Abriu o colete preto que usava e o jogou no chão, deixando seu tronco todo à amostra, e apontou para o local onde se localiza o rim esquerdo - Então tira o meu! Eu dôo um rim pro Matt!
O médico mirou-o surpreso, mas mesmo assim falou - Isso vai contra a ética profissional. Mesmo que esta seja a sua vontade, eu não posso retirar um órgão seu para um paciente que possui pouquíssimas chances de sobrevivência.
Mello tirou um fino e comprido canivete do bolso da calça e apontou exatamente para o mesmo lugar.
– Ou você me leva para a sala de cirurgia e tira meu rim, ou então eu mesmo tiro - não havia mais desespero, hesitação ou medo, nem em sua voz nem em seu olhar. Apenas uma determinação forte e fria.
– Eu sinto muito - o médico suspirou.
Ele não acreditava que aquele rapaz fosse realmente fazer isso, afinal, quem usaria um canivete para retirar o próprio rim? Por mais que se importasse com a outra pessoa, ninguém chegaria ao ponto de tomar uma atitude dessas.
Mas... Como puderam deixar alguém entrar no hospital portando um canivete??
– Então tá - Mello falou e cravou a lâmina em sua pele.
O médico e o outro rapaz, até então esquecido no chão, ficaram totalmente estáticos diante desse ato.
A dor era insuportável.
O sangue jorrava do ferimento, manchando impiedosamente a pele alva.
Suas pernas fraquejaram, sem mais forças para sustentá-lo.
O ar parecia pesado demais para sair de seus pulmões.
Mas nada disso fez Mello parar.
Ele se manteve de pé, com grande dificuldade, e continuou movendo a lâmina por sua carne.
Lembrava muito bem das suas aulas de anatomia, sabia que o rim ficava a uma certa profundidade, protegido por músculos, então não corria o risco de danificá-lo.
– Pa... Pare com isso! - o médico pareceu sair do choque e se apressou em direção ao loiro, tentando impedí-lo de continuar com aquela loucura.
– M-Matt... - Mello disse quase sem voz, tentando se desvencilhar do médico, sem sucesso.
– Está bem, está bem! Eu farei o transplante! Agora solte isso! - o médico falou em pânico, conseguindo finalmente tirar a lâmina das mãos do loiro.
Mello tombou para a frente, caindo nos braços fortes do médico, que gritava para o outro rapaz - que ainda parecia chocado demais para se mover - ajudá-lo.
O loiro ergueu um pouco o rosto, e o médico, percebendo, voltou seu olhar para ele. Ele se surpreendeu com o olhar do rapaz.
Havia dor naquele olhar, havia medo naquele olhar, mas mais do que isso, havia uma clara ameaça naqueles chamativos olhos azuis. Era como se ele dissesse: "É melhor que quando eu acordar eu esteja sem um rim, caso contrário você irá sofrer".
A dor era insuportável e espalhava-se em espécies de choques por todo o corpo a partir da ferida. Mas mais do que a dor de ter penetrado uma lâmina no próprio corpo, a mais dolorosa era a dor da possibilidade da morte de Matt.
E a consciência de Mello se foi.
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Ahn... Eu só piorei as coisas né? ó.ò
Mas calma, esse ainda não é o final. Eu sei que disse que esse era o último, mas... Eu achei que essa era uma boa parte para parar *com medo das reações* Brincadeira, é que eu só tinha escrito até aí mesmo e eu ainda preciso pensar no final ( eu deixo eles vivos? Mato um deles? Ou mato os dois? ) por isso acho que o último ( dessa vez é o último mesmo ) só virá na semana que vem.
Ps: alguém sabe como chama o local onde fica o rim? Eu pesquisei, mas só achei explicações complicadas como " conte três costelas e... ". Me disseram que chama dorsal, mas eu não sei...