Matt estava demorando.

 Ele não tinha dito que voltava ainda hoje?! Já era mais de onze horas, caramba! Ele tem exatos 47 minutos para chegar...

11:25

11:37

11:42

Cadê ele?!

Meu celular começou a tocar e vibrar em cima da mesa.

– Onde você está?! Se você não chegar em 15 minutos eu te tranco do lado de fora, entendeu?!

Eu falei de forma raivosa, mas apenas ver seu número no visor do celular já tinha feito a maior parte da minha raiva simplesmente desaparecer.

...

Eu me preocupo com aquele ruivo, algum problema?!

Faltava apenas eu ouvir sua voz para minha irritação sumir de vez. Não gostava muito de admitir, mas era assim que era.

Mas não foi a voz de Matt que eu ouvi do outro lado.

– O senhor é parente de um rapaz ruivo, de 1,68cm de altura e de aproximadamente 20 anos de idade? - a voz de mulher perguntou, em uma entonação quase mecânica.

– Quem é você e o que aconteceu com esse ruivo?! - perguntei quase gritando.

Péssimo péssimo péssimo.

Isso com certeza era péssimo!

– Eu falo do Hospital St. CLare, e sinto informar que...

Nem esperei para ouvir o que ela sentia, porque mal ela terminou de falar o nome do hospital e eu fechei o celular, guardei no bolso e peguei as chaves do carro de Matt; eu teria que parar para encher o tanque no caminho.

O Matt estava em um hospital? Se tinham ligado sem nem saber o nome dele, ele não devia estar em condições de falar...

Mas o que aconteceu??

 Dirigi sem muito cuidado e com bastante pressa, parando apenas o necessário e nem um segundo a mais no posto de gasolina.

Droga, por que aquele hospital tinha que ser tão longe?!

– Ruivo, 1,68cm, 20 anos, olhos verdes, roupa listrada! - despejei tudo em cima da recepcionista do hospital, e pela expressão ela não entendeu uma palavra do que eu disse.

– O... O quê? - ela perguntou confusa. Oh, a eficiência! Ou a falta dela na verdade.

– Alguém ligou há pouco falando de um rapaz ruivo - eu não acredito que estava perdendo tempo com aquela mulher!

– Ruivo... - ela repetiu - Ah! O rapaz do acidente na estrada - finalmente falou, e começou a mexer em uns papéis ao seu lado.

Acidente...

A mulher me mostrou uma foto de Matt, pedindo para eu identificá-lo, coisa que eu hesitei em fazer.

Matt saiu hoje de manhã rindo e fazendo suas piadinhas de sempre, e agora... Naquela foto... Ele estava com um grande corte na testa, com o sangue que dali escorria, mesclando quase que uniformemente com seu cabelo vermelho.

Como eu poderia identificá-lo, dizer seu nome, assim tão facilmente para aquela desconhecida, se eu nem conseguia convencer a mim mesmo de que aquele era o meu amigo, meu companheiro, a primeira, a única pessoa que eu já amei e desejei ter ao lado em toda a minha vida?

Mas eu o fiz. Com muita dificuldade, mas fiz.

A mulher disse que tinham ligado para o último número discado do celular de Matt ( acho que foi na hora que ele me ligou dizendo que tinha conseguido o emprego e que era bom eu o estar esperando com uma boa pizza para comemorar ) e que agora ele estava na sala de cirurgia.

E para onde eu fui? Para frente da dita sala, lógico.

Sentei no chão exatamente em frente à porta e abri um chocolate.

Mas nem isso estava adiantando para me acalmar! O chocolate não tinha gosto algum e eu tinha que fazer um esforço enorme para engolí-lo, graças ao caroço que pareceu se formar na minha garganta.

Tem noção do que é isso? Eu não estava conseguindo comer chocolate!!

... Matt...

Ele não pode se atrever a morrer!!

... Por favor...