A chuva molhava a cabeça de Fataliz, que olhava fixamente para as próprias mãos enquanto a água limpava o sangue de sua amada dali...
Por que?
Por que tudo tinha que acabar daquele jeito? Depois de tudo o que passaram.... Será que os deuses estavam realmente de acordo com isso?

-Argh... Que se danem os deuses... -Fataliz rosnava -Se os deuses realmente existissem não teriam permitido que minha amada partisse... Não pelas mãos de um ser tão desprezível...

Fataliz andava por entre as árvores, sem rumo. Não sabia o que fazer, não sabia para onde ir... Não sabia o que seria dele dali em diante...
Ele socou a árvore mais próxima, abrindo um buraco no tronco da mesma.

-Quando eu achar aquela desgraçada.... Eu vou arrancar o coração dela com minhas próprias mãos e depois fazê-la engoli-lo.

Fataliz encostou-se numa árvore e fechou os olhos, a imagem de Luna permanecia na mente dele, era a única coisa lá.
Sua Luna sorrindo.
Sua Luna lutando.
Sua Luna chorando.
Sua Luna dormindo.
Sua Luna. Só sua.

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-Quantos anos se passaram? -uma senhora cochichava para outra enquanto observava o guerreiro abrir caminho entre as pessoas na feira.

-Dez anos. Chega dar pena não é mesmo? -a outra senhora cochichou de volta.

Fataliz já estava acostumado com os olhares e comentários, seu clã exterminara de vez os mercenários já faziam 6 anos. Ele queria que Luna estivesse ao lado dele... Agora eles seriam livres para se amarem, tudo o que sempre quiseram.

Ele suspirou enquanto entrava numa cabana mal trapilha no fim da vila, diversos guerreiros já estavam por lá bebendo.

-O de sempre? - um guerreiro com corpo de panda limpava algumas canecas. Desde que voltara à vila, Fataliz praticamente morava dentro daquele bar.

-É.. -Fataliz disse seco, pegando a caneca de bebida que lhe era estendida.

-Deixaram isso aqui para você mais cedo. -o guerreiro entregou uma carta à Fataliz, que a pegou, analisando-a

A carta era de um tom de branco raro de se ver em vilas como aquela. Um tom de branco tão puro que quase chegava cegar. O selo vermelho na frente o lembrava de seus tempos com Luna no castelo, ele nunca recebera uma carta assim antes, do que será que se tratava?

Ele rasgou o envelope ainda confuso, logo desdobrando o papel que era de um tom de branco idêntico ao do envelope.
A letra era delicada, suave... Fataliz conhecia bem essa letra, mas não podia ser possível.

"Eu te amo.
Luna"

Fataliz procurou por qualquer outra coisa que pudesse estar escrito, talvez um indicio de quem fez a brincadeira de mal gosto... Mas não tinha nada. Só aquelas palavras escritas com o maior cuidado naquele frágil pedaço de papel.

Fataliz ficou em choque por longos minutos. Algo assim não era possível..
Não era. Certo?
Fataliz apertou os olhos e voltou a olhar para a assinatura de Luna, sem dúvidas a sua Luna tinha escrito aquilo, mas como?

-Rodger! -Fataliz urrou virando-se para trás e olhando para o guerreiro que acabara de se levantar. -Onde está meu cavalo?

-Atrás do bar, senhor. -o guerreiro sentou-se novamente ao sinal de Fataliz, que logo saiu às pressas em direção ao cavalo.

Fataliz chamou seu cavalo, logo um grande cavalo negro cor de âmbar parou em sua frente. Agro já tinha morrido a muitos anos, este cavalo pertencia aos mercenários, ainda era um potro quando Fataliz o encontrou perdido nos destroços durante a guerra.

-Vamos visitar nosso velho amigo Salovar, bem rápido Aghy. -Tão logo Fataliz começou a cavalgar, o cavalo ia cada vez mais rápido a pedido de seu mestre, em poucas horas eles já estavam no antigo castelo de Luna, onde Ana e Salovar ainda moravam.

Fataliz saltou de Aghy e correu até o quintal, onde Ana pegava algumas frutas.
Ele arfava enquanto entregava a carta para a amiga ler, logo espantando-se.

-M-mas... Isso não é possível! Certo?! N-não pode ser... -Ana tapava a boca contendo a voz, logo Salovar também estava ali querendo saber o motivo da visita do amigo. -Veja Salovar!

Salovar leu com atenção, surpreendendo-se ao ver a assinatura de Luna ali.

-Espere! Eu conheço este símbolo! -Salovar indicava o pequeno símbolo gravado no envelope e no canto da carta. -É do reino dos Mihr, pensei que eles já tivessem morrido e o castelo sido destruído...

-Este reino fica no Sudeste de Pangu, certo? -Fataliz perguntava esperançoso para o amigo, será que as preces dele finalmente tinham sido atendidas?! Sua Luna estaria de volta?!