Think Twice escrita por Nuvenzinha


Capítulo 13
C13. Destiny’s Laughing at Our Efforts


Notas iniciais do capítulo

CARAAAAALHO VEEEEEEELHO.
Isso que dá ter um tempo bruto sozinha em casa, com apenas um notebook faiado e um caderno com fanfic pra transcrever ao meu lado.
Estamos aqui novamente em menos de um mês, com um capítulo de PURA TRETAAAA!!!!!!!, que escrevi ouvindo Comatose, do Skillet. É uma música realmente boa, que me trouxe os mesmos feelings que Chizuru, do The GazettE, que eu não aguentava mais ouvir.
Enjoy ~



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E começou seu ataque, com uma ferocidade que chocou a todos.

Todos os Lenços Amarelos, mesmo que preparados e espalhados pelo “campo de batalha” para fazer uma emboscada, foram facilmente derrotados por Tsugumi, que tinha como trunfo um latão de metal acima da cabeça assim que chegou e ia avançando pegando objetos pesados do caminho. Os rapazes que a receberam estavam na área mais leste dos depósitos, mesmo estando armados até os dentes com objetos que facilmente poderiam matar alguém se fossem usados de maneira apropriada para tal objetivo, não puderam fazer outra coisa além de gritarem ao ver o latão cobri-los, chegando bem por cima de suas cabeças. A pequena deu uma risada em tom maldoso, de fato decepcionada com a reação daqueles gangsters que tanto faziam pose de machões – mas, que agora, apenas conseguiam se debater embaixo da grande lixeira.

Ora ora, o que tinha acontecido com eles? Vinham-na ameaçando havia tempo, como se fossem os bonzões que fossem acabar com a raça dela na primeira vista, não importando qual fosse o membro do grupo, pra ela chegar e acabar com pelo menos 4 brucutus de uma vez sem fazer praticamente nenhum esforço? Sentira até que todo o seu esforço para aprender estilo de luta através de livros fora inútil. Sua confiança havia aumentado um pouco – uma vez que, mesmo não querendo admitir, tinha chegado lá meio amedrontada -, mas era esperta o suficiente para saber que os piores inimigos seriam aqueles mais próximos do alvo: o “ninho” deles.

Prosseguiu com seu plano, continuando a andar entre os tortos e sinuosos caminhos entre os galpões vazios e escuros, derrubando todos os que apareciam para tentar pará-la com uma raiva descomunal. Não sendo nem Kyouya nem Misaki, acabaria com todos eles sem piedade, arrancaria cada fio de cabelo e dente de cada um se fosse capaz. Sua mente não mais funcionava; ela estava em modo de perseguição frenética, e era incapaz de notar o rastro de coisas caídas e um pouco do sangue dos rapazes em que batia no caminho que iam ficando no chão, ao lado de suas pegadas.

Estava avançando rápido, mais rápido do que havia planejado, o que poderia acabar criando alguma discrepância... Mas ela não tinha muito tempo para pensar naquilo, apesar de que realmente precisava de um descanso. Depois já de algumas horas de luta - ou mesmo até alguns minutos, mas aquilo parecera realmente longo -, chegou numa área afastada do perímetro de depósitos, onde o silêncio era cortante e onde a iluminação era pouca. Maldição, por que fora desviar do caminho principal? Agora estava perdida e levaria mais um tempão para chegar ao centro! Sentiu seus tornozelos fraquejarem um instante, fazendo com que se sentasse numa caixa que estava por ali, o que lhe deu tempo para olhar seus braços e pernas e perceber-se cheia de cortes e arranhões. Nada mais natural; as coisas estavam realmente ficando mais complicadas e aquela ainda não deixava de ser uma batalha desigual.

Remexeu no bolso grande de seus shorts jeans, procurando algumas ataduras que havia colocado ali caso precisasse, e logo começou a amarra-las ao redor dos ferimentos, especificamente os que sangravam, também ajeitando no corpo as alças sujas de sua camiseta regata branca e a meia ¾ negra logo abaixo da barra dos shorts, em seguida se levantando, também ajeitando o elástico que prendia seu cabelo em um único rabo. Tinha de dar o fora dali o quanto antes; já estava ouvindo passos. Por isso, pegou algumas estacas e canos de metal que estavam por ali, junto de uma corda negra de aparência resistente,  e começou a caminhar na direção de onde poderia ver luz.

Foi neste momento que, cortando uma mecha de seus cabelos castanhos ao passar, uma bala passou de raspão por seu rosto, balançando-a por dentro e por fora.

Toda sua coragem fora embora.

Deu alguns passos bambos para trás, dando uma volta, com o ar lhe faltando nos pulmões. Rapidamente correu na direção de uma lata de lixo comum que estava por ali e pegou a tampa dela com o intuito de usá-la como um escudo. O silêncio outra vez, apenas ouvindo seus ofegos. Num piscar de olhos, começou a tremer nas bases, com o coração batendo tão forte quanto marteladas contra um travesseiro. O fato dos Lenços Amarelos terem acesso a armas de fogo lhe tirou toda a força, ao mesmo tempo em que o bom senso lhe voltava. Ela jamais poderia sobreviver se tentasse se defender com uma tampa de lata de lixo, e ela não seria mais páreo para nenhum deles agora que os sentidos haviam despertado de novo. O fato de que olhava ao redor e não via ninguém, apesar de que o inimigo a via, agravava a situação.

Seu bom senso recém surgido, que morrera na semana anterior, agora confundia-se com o medo, fazendo com que estes se tornassem iguais ou semelhantes. E agora? O que deveria fazer? Tentava ao máximo esconder seu temor, pois isso apenas fortaleceria seus agressores, mas não conseguia fazer nada além de segurar o pranto em suas pálpebras. Ouviu alguns passos rápidos vindo de alguma direção que sua audição não pôde identificar devido à adrenalina que circulava em seu corpo, mas seu esforço de tentar revidar foi tardio, pois não demorou em sentir um cano frio em suas costas e, em seguida, ser erguida pelos cabelos, com um riso cruel como “trilha de fundo”.

-Vejam só o que achamos aqui, rapazes... Uma miniatura do Amano. – ouvira isso diretamente em seu ouvido, uma vez que o homem que a erguera conseguira trazê-la bem perto de sua própria cabeça – Não é que ele e a Yoshida eram traidores de verdade?

-Ela é que nem o amarelão do Hayao, que tava de tocaia, disse. – um outoro, de gorro amarelo na cabeça e olhos repletos de loucura, com uma postura que se assemelhava a de um estuprador, chegou e ergueu o queixo da rapariga – uma anãzinha.

Os rapazes riam do rosto amedrontado de Tsugumi, enquanto eles a torturavam falando várias coisas e a cutucando com coisas que machucavam, como a bituca do cigarro que um deles fumava, ou então passeando com o cano da arma pelas costas dela, causando-lhe calafrios em lugares indesejados. Mexiam em seus braços e pernas como se ela fosse uma boneca, um objeto. A menina tentava chutá-los, soca-los e fizera seu máximo para tentar cuspir no rosto de um deles, mas sempre seguravam e torciam seus membros até que gritasse de dor, sentindo as fibras dos músculos e seus tendões se rompendo. Estavam violando-a de várias maneiras com tudo aquilo, o que causou que ela não aguentasse mais e começasse a chorar. Provavelmente não fariam nada daquilo, mas todas as atitudes do de gorro mostravam que ele tinha intenções de violenta-la.

Sentia um nojo enorme daqueles homens, tão cheios de más intenções. E pensar que aqueles dois a haviam domado apenas com uma pistola qualquer. Poderia muito bem estar sem balas naquele momento, poderia ser um blefe, mas também poderia não ser. Além da dor, a humilhação que sentia era enorme. Ainda em pranto, a revolta crescia em sua mente, esquecendo-se da esperança que primeiro tivera em ser salva. Não havia nenhum outro som além do som de outros homens vindo para conseguirem imobilizá-la de uma vez. Maldito fosse o momento em que resolveu não contar o que queria fazer a ninguém além do Izaya. Não havia ninguém para ajuda-la naquele momento; estava sozinha.

Antes que pudessem colocar mais um dedo nela, já achando que ela havia se rendido, conseguiu chutar o homem que erguia-a do chão e soltar-se do mesmo, mesmo que aquilo fizera com que levasse um tiro na lateral do abdômen antes de cair no chão e levar outro tiro no ombro. Os outros, que haviam acabado de chegar ali, mas Tsugumi atacou-os rapidamente, ignorando a dor em todos os seus membros e o sangue que escorria das feridas à bala e todas as outras espalhadas por seu corpo. Pegou nas estacas de metal mais uma vez, começando a correr de um lado ao outro desviando de tiros e atacando-os como podia. Eles gritavam e xingavam muito, tentando de todos os jeitos bater nela, sem sucesso.

A fraqueza de seu corpo fez com que não conseguisse sequer arranhá-los. Estava tentando avançar sobre um deles quando sentiu dois outros tiros fincarem em sua perna e abdômen, causando sua queda definitiva.

Caída de barriga para cima no chão, com uma das pernas flexionadas e a outra estirada, mantinha as mãos cobrindo a ferida maior, em sua coxa, chorando e tremendo muito. O sangue, com um brilho escarlate oferecido pela luz da lua, vazava de sua perna aos montes; teve o azar de uma das balas atingir-lhe uma veia importante, que irrigava sua perna.

Tossia muito, ainda encarando aos seus inimigos com um desprezo enorme junto à expressão de profunda dor. Seu corpo todo tremia, num esforço brutal para não começar a se debater para não perder mais sangue, enquanto o homem de  quem se livrara a pouco se aproximava com a arma na mão, apontando para sua cabeça enquanto engatilhava.

- A gente só estava tentando se divertir antes de levar você ao general, - sua voz saiu em tom tétrico, ao mesmo tempo em que parecia debochar dela – mas você pediu por isso, menininha dos diabos.

Concentrou todas as forças que tinha no corpo e jogou uma cusparada no sapato de seu carrasco, logo depois fechando seus olhos para não ter de olhar o cano da pistola antes de morrer. Naquele momento, aceitara o que iria acontecer; ela havia sido tão estúpida desde o começo para não perceber que aquele era um esforço inútil e que, de um jeito ou de outro, eles iam acabar matando-a. Realmente, não se importava mais de morrer ali; ao menos, morreria com a honra de um soldado, por ter feito tudo que podia e lutar por um objetivo, mesmo que falhasse. Sem falar que, refletindo a respeito de sua vida em Osaka, percebera que não faria muita falta no mundo, mas não parou de pensar nas pessoas de que ela sentiria falta – nas pessoas de Ikebukuro. Nos colegas da Raira, no pessoal da van, em Izaya, em Shinra, em Celty e também em Shizuo.

Ah, como queria ter dito que ela o amava antes... Mas sua oportunidade tinha ido embora. Sorriu, dando um último adeus ao mundo, ouvindo as risadas malévolas dos demais membros dos Lenços Amarelos que assistiriam à execução, como se aquelas fossem os risos de quem quer que controle seu destino. “Menina boba, achou que poderia mudar as coisas com as próprias mãos”. Deu um ultimo suspiro, acreditando que em seguida iria desmaiar. Estava conformada com fechar os olhos ali e nunca mais abrir, uma vez que não conseguiria escapar de maneira alguma.

Ouviu alguns barulhos estranhos, que também pareceram assustar os rapazes amontoados ao seu redor, que lentamente foram se dispersando. Ouvira alguns passos mais lentos, porém pesadíssimos. Quem será que era? Abriu um pouco seus fracos olhos, tentando entender o que fazia com que seu carrasco afastasse, mas sua visão estava turva demais para entender a situação e já não ouvia praticamente nada.

Logo depois disso, apagou.

~x~

Shizuo chegou ao local urrando, bufando como um animal, com todos os músculos do corpo tensionado e uma grande veia saltando no seu pescoço e subindo por seu rosto, com raiva semelhante à que sentia quando estava de fronte para aquele maldito informante, com os dentes rangendo de fúria, bem no momento em que aquele gangster, o primeiro a sair do galpão depois que o aviso fora dado, iria atirar bem na cabeça de Tsugumi. Um ódio borbulhava dentro dele. Parecia bem simples visto do lado de fora, mas aquele conjunto de galpões era realmente complicado de explorar sem se perder, e, se não tivesse se perdido, as coisas provavelmente não teriam seguido aquele rumo.

-Seus vermes, bastardos imorais... MORRAM!

Jogou todo o seu autocontrole fora e partiu para o ataque com seus próprios punhos, ignorando os tiros que eram disparados contra si como se fossem bolinhas de papel que jogavam nele. Estava completamente fora de si, o que também anulava toda e qualquer dor. Aqueles idiotas haviam passado dos limites e não iria perdoá-los pelo que fizeram à sua aprendiz.

O cheiro de sangue e pólvora do local apenas parecia aguçar sua raiva animalesca, enquanto atacava sem distinção os Lenços Amarelos com sua consciência protegida em algum canto de sua mente, com os membros do corpo se mexendo sem controle, acertando-os com força brutal.

-Droga! – gritou o maior, deixando a arma cair no chão no que desviou de um dos ataques do barman – Alguém tem que chamar reforço, ou então acabaremos todos mortos, porque esse cara é realmente um monstro! – fugindo, conseguiu esconder-se atrás de um latão de lixo junto de outro membro – Kurotatsu, corre lá!

-Igarashi, você tá maluco?! –gritou o outro – Se correr pro QG ele corre atrás se ficar a gente morre! O que quer que eu faça?! Voe?!

-Ele pode até ir atrás se eu correr, - um terceiro, que esteve mais discreto atrás de uma pilha de barras de aço empilhadas, saiu de seu esconderijo e correu na direção do galpão principal, que apenas era visto ao longe por suas luzes – mas eu posso tentar!

Tentativa tola. Shizuo, mesmo que estivesse agindo de maneira descontrolada e sem consciência de seus atos, não era tonto: no que o último rapaz a falar passou por sua esquerda, segurou-o pela gola da camiseta e arremessou-o longe, apenas ouvindo o baque do corpo do infeliz caindo no chão alguns metros à sua frente. Aquilo foi a gota final para os outros membros da gangue, que já estavam bastante feridos, para não dizer acabados. Aproveitando-se do momento em que o loiro parou um instante para respirar, os demais membros pegaram o amigo caído e fugiram.

-Diga ao seu líder que da próxima vez que vocês resolverem atacar alguém que eu conheça, venho aqui e arranco a cabeça de cada um de vocês!

Bradou, logo depois tendo um ataque de tosse realmente dolorido. Aquela maldita gripe aumentava seu cansaço, mas não tirou-lhe as forças para xingá-los mais um pouco enquanto fugia apenas indo até Tsugumi ao ter certeza que todos haviam ido embora. Viu-a caída ali, respirando descompassada, jogada no chão como um animalzinho que sofrera um acidente, por cima de uma enorme poça de seu sangue. Ajoelhou-se ao seu lado e ergueu o tronco da menina suavemente, colocando sua orelha contra o busto dela, ouvindo seus suspiros sôfregos e a batida de seu coração diminuindo lentamente, enquanto ele chamava-a em vão. Estremeceu; no ímpeto, ergueu-se com a menina no colo e começou a sacudi-la, tentando despertá-la, mas aquilo também fora em vão. Colocou a cabeça dela contra seu peitoral, aflito. Não tinha a menor noção de como salvar uma pessoa ferida, apenas que era preciso fazê-la parar de sangrar, mas era um mistério saber por onde o líquido vazava mais, entre tantas feridas.

Deu uma breve mexida no corpo inerte da menina em seus braços atrás de uma ferida maior, até que a achou numa das pernas dela. Era enorme e aberta, de onde ainda saía muito sangue; ainda via as balas fincadas na carne. Aquilo estava realmente feio de se ver, e não precisava ser nem médico para perceber que aquilo precisava ser tratado e, por hora, isolado do mundo exterior com um curativo, por mais primitivo que fosse.

Com uma das mãos, arrancou praticamente a manga inteira de sua camisa branca e usou aquele pedaço de tecido para tapar a ferida. Sentira um pequeno remorso de ter feito aquilo com o traje que Kasuka lhe havia dado para seu trabalho, mas não deixaria uma vida ser levada pela morte em seus próprios braços. Segurou a aprendiz firme em seu colo, segurando-a com a cabeça bem próxima da sua de um jeito semelhante ao jeito que se segura um bebê, correu na direção da rua, porque ali naquele lugar, que parecia abandonado pelos Deuses, jamais poderia fazer alguma coisa.

Corria entre os depósitos aflito, totalmente atento ao movimento ao seu redor, a todo o momento chamando a aprendiz por seu nome, mas ela não respondia de maneira alguma. A hemorragia da menina já havia parado, mas isso não significava nada. Mesmo que não quisesse acreditar, Tsugumi já havia perdido tanto sangue que era capaz de morrer antes de chegar ao hospital. Shizuo estava realmente desesperado, correndo pelos trechos vazios da rua na escuridão da noite avançada. Seu coração batia forte contra seu peito enquanto corria praticamente abraçado à menina, deixando a impressão de que eram irmãos, apesar de não terem semelhanças físicas. De fato, não era mais como se a menina fosse apenas sua aprendiz, era mais como uma amiga importante, uma irmã de consideração, ou algo ainda mais importante.

Se existe um adjetivo completamente antônimo ao que descreveria a chegada do barman ao hospital é ‘discreta’. Ele já chegara chutando a porta de entrada, pedindo ajuda num tom de desespero, ao mesmo tempo em que demonstrava fúria por ter chegado a um pronto-socorro onde não se via uma alma viva circulando, nem médicos, apenas com algumas enfermeiras sentadas atrás do balcão, que o encaravam assustadas, até que uma delas tomou a liderança e foi buscar uma maca, enquanto outra chamou o médico de plantão.

-Aonde vão leva-la?! – perguntou assim que colocou a menina sobre a maca com uma suavidade que não era de seu comum, encarando rijo a enfermeira que se pôs a leva-la – O que vão fazer com ela?! – Deu seus primeiros passos para ficar lado a lado com a aprendiz, quando outra enfermeira se aproximou e parou-o, segurando suavemente em seu braço.

-O senhor deve manter a calma. – uma enfermeira mais velha, baixinha e troncuda, pronunciou, com um tom maternal, puxando-o para trás pelo braço para que não prosseguisse até a sala de emergência – Estão levando-a até uma das salas de atendimento de emergência, aonde um dos nossos médicos vai atendê-la. – sorriu gentilmente, baixando sua mão enrugada até chegar na de Shizuo, como se já o conhecesse; de certa forma, aquilo lhe trouxe certa calma – Agora me acompanhe e me conte o que aconteceu, tá bom? Vai ser mais fácil de ajuda-la se eu souber o que há, sem falar que preciso montar uma ficha hospitalar.

-H-Hai...

Exatamente igual a uma criança, foi atrás da enfermeira com um olhar submisso fixado no chão, sem o que argumentar. Era realmente incrível que aquela mulher o tivesse domado tão facilmente sendo que nem conhecidos eram, mas não pôde fazer nada contra aquele lado infantil seu que voltara de repente. Talvez aquilo fosse uma consequência do stress que estava passando e do peso na consciência que sentia pelo que acontecera. Mas não era hora de ficar discutindo aquilo consigo mesmo.

Debruçou-se sobre o balcão de recepção e, assim que a enfermeira, que se apresentara como Hanazono Michiru, entrou no programa do hospital para criar uma nova ficha, Shizuo foi passando todos os dados que sabia de Tsugumi, para que a gentil mulher fizesse seu trabalho. Relutou um pouco em contar o que havia acontecido, mas acabou por contar de todo o conflito à senhora, que o aconselhou que fosse à delegacia na manhã seguinte.

Agora, com tudo mais ou menos resolvido, deu uma brecha para simplesmente desabar. Estava completamente sem energia, seu nariz escorria, sua garganta doía e sua temperatura estava altíssima. Sentou-se num dos simplórios sofás da sala de espera, com uma das mãos cobrindo os olhos para protegê-los da luz, que só piorava seu estado, se deixando escorregar no estofado até que sua cabeça estivesse apoiada no topo do encosto do sofá. Sentindo as vértebras de suas costas se realinhando, soltou um suspiro pesado. Estava irritantemente cansado, queria dormir.

-Você está com uma cara péssima, Shizuo-kun. – Michiru chegou e sentou-se ao seu lado – Deixe-me tirar sua temperatura e depois vou fazer um chá para nós.

-Muito obrigado, - se pôs sentado corretamente para falar – mas eu estou bem.

-Meu filho, não tente me enganar. – riu de leve – Sou enfermeira a mais tempo do que você sabe falar, com toda certeza. Sei reconhecer doentes só de olhar em seus rostos, e, rapaz, você com toda certeza está doente. – estendeu-lhe a mão quando levantou – Vamos, não vai doer. É só tirar a temperatura.

Vencido pelos argumentos mais uma vez, levantou-se com desdém e foi atrás da senhora até uma salinha simples de médico, onde havia algumas coisas básicas de consultório. Sentou-se na maca que havia ali e ficou três minutos com um termômetro na boca, tirando temperatura. Realmente não entendia o que tinha demais naquilo. Era só uma gripe, oras! Se dormisse um pouco e ingerisse várias vitaminas, tudo ficaria bem. Provavelmente, a enfermeira estava fazendo isso mais para evitar contaminação no hospital do que por ele próprio, por mais que tentasse não duvidar da bondade daquela senhora que tanto lembrara sua mãe.

No final dos três minutos, a enfermeira Hanazono voltou da cozinha dos funcionários com duas xícaras de chá quente e tirou o termômetro de sua boca, dando-lhe um leve alívio. Aquilo já estava começando a incomodá-lo de um jeito profundo. Ela lhe deu alguns comprimidos antitérmicos e anti-inflamatórios para que tomasse seu chá e guiou-o de volta até a recepção, onde lhe disse:

-Agora, se quiser voltar pra casa e dormir, pode ir, porque vai demorar até que a Tsugumi-chan precise de você aqui.

-Hai... –abaixou um pouco a cabeça, como um sinal de respeito – Voltarei amanhã de manhã.

E então, saiu.

Shizuo andava pela rua com as mãos nos bolsos, sentindo um pouco de frio no braço por ter arrancado uma das mangas, além de que suas feridas incomodavam um pouco. Claro que ele poderia ter aceitado a proposta de uma das enfermeiras de interna-lo também, mas, naquele momento, recusou a oferta.  Os ferimentos que tinha não eram de grande importância, apenas tiros de raspão e cortes com faquinhas baratas, nada que um pedaço de gaze e esparadrapo não resolvessem, mas agora estava começando a incomodar. Também bocejava bastante.

Queria ir logo pra casa, fazer os malditos curativos e dormir. Não queria que, mais uma vez, a aprendiz se preocupasse com ele.

Por isso, se dedicaria um pouco mais a si mesmo, por ela. 


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Notas finais do capítulo

PS: Se alguma coisa saiu bugada, é coisa do site. u-u
PSS: Sim, saiu bugado o número de linhas puladas. FU. Por isso, para separar a parte narrada pelo Shizuo e a narrada pela Tsugumi, coloquei um '~x~' que só usarei até que o Nyah volte a funcionar apropriadamente.