Pesadelo do Real escrita por Metal_Will


Capítulo 63
Capítulo 62.1 - Verdade (Final Alternativo)


Notas iniciais do capítulo

Agora que você já leu essa história toda há um tempinho, pode conferir um outro final que eu estava pensando para encerrar a jornada da Mona. Depois de ler, você entenderá porque eu preferi publicar o final original do que este (ou talvez tenha gente que prefira esse final, não sei).
Leia e dê sua opinião, por favor.
Abraço!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138863/chapter/63

Capítulo 62 - Verdade

- Estou errada? - pergunta Monalisa, mantendo uma expressão séria - Dedalus é o seu verdadeiro nome, não é?

 O velinho apenas sorri e começa a bater palmas. Aparentemente, era a resposta correta. Só podia ser.

- Muito bem, muito bem - cumprimenta Tenório, ou melhor, Dedalus - Isso mesmo. Esse é o meu verdadeiro nome. Muito prazer, sou Dedalus, o Arquiteto do Labirinto.

- Faz sentido - diz a garota, mais nervosa do que aliviada - Nunca entendi direito aquela primeira senha que recebi...e como a recebi de você, imaginei que tivesse mesmo alguma relação. Além disso, foi a senha Dedalus que ativou o seu primeiro evento. Como não pensei nisso antes?

- Lembro daquele dia como se fosse hoje - falou o velho, pegando uma folha de papel, caneta e escrevendo a palavra "dedaLus" - Foi o que ativou o evento. Irônico, não? Tudo começou com Dedalus e terminou com  Dedalus. Hohoho!

- Isso mesmo. "dedaLus"...só com o L maiúsculo.

- Sim. L de Labirinto. Foi só uma brincadeira. Uma das várias.

- Brincadeira...brincadeira...o que você fez é muito mais grave do que isso! E agora que já disse o seu nome, não tem nada, não tem absolutamente mais nada que o impeça de me mostrar a verdade! Estou esperando, Dedalus! Estou esperando as respostas!

-Oh, é claro. Eu sou a pessoa que pode dar todas as respostas. Com esse último evento você ganha o direito de saber a verdade e poderá sair do Labirinto. Não foi tão difícil se parar pra pensar...

- Está brincando, não é? - Monalisa não parecia nada contente -  Tem ideia de tudo que passei para chegar até aqui?

- Claro que sim. Afinal, fui eu a pessoa que criou tudo que você viu. E também faço parte do Labirinto...bem, mais ou menos. Sou uma representação do Arquiteto que elaborou esse Labirinto...mas nada garante que a verdadeira aparência do Arquiteto seja a de um pacato dono de papelaria.

- Não sei se entendi bem...

- Bem, apenas tenha certeza de que o Labirinto partiu de mim. Sim, isso é verdade. Fui a origem de tudo isso que você viveu. Já é uma informação e tanto, mas...isso ainda não é suficiente, não é?

- Claro que não! Tá, eu sei que você é o Arquiteto, ou seja, você criou todo esse mundo. Só quero saber o por que? Por que fui colocada nesse universo? Explique!

- Claro, claro, antes de sair do Labirinto, é importante entender a razão de estar aqui - fala ele, mantendo toda a calma que Monalisa já havia perdido - Na verdade, quando você entender isso, entenderá muito mais do que imagina.

- Não sei que tipo de resposta você vai me dar...mas seja qual for, que seja a verdade.

- É claro. O que você verá é a verdade. E tenho certeza de que reconhecerá como verdade. Você entenderá o porque de estar aqui e como isso tudo foi criado.

- O porque e o como... - repete Monalisa, com o coração batendo forte.

- Está pronta?

 A menina assente com a cabeça. Estava nervosa e ansiosa. Afinal, por que foi parar naquele mundo? O que estaria por trás daquele mistério? Dedalus anda calmamente na direção de uma gaveta do balcão e pega um objeto estranho. Parecia um espelho de mão, não muito grande.

- Um...espelho? - pergunta a garota.

- Sou chamado de Arquiteto, mas a verdade é que não sou muito bom em estética. Desculpe se não é a coisa mais glamourosa do mundo. Hohoho!

- Não importa. O que esse espelho faz?

- Pode chamar isso de Espelho da Verdade...não te dirá se existe alguém mais bonita que você, mas é a única coisa nesse Labirinto capaz de desvelar a verdade por completo.

- A verdade.. - balbucia a garota - Certo. Estou pronta. Faça o que tem que fazer.

- Bem, na verdade quem tem que fazer algo é você.

- O que preciso fazer? Ativar mais algum evento?

- Se você considerar olhar no espelho um evento...apenas faça isso.

- Só olhar no espelho. Só isso?

- Sim. Apenas olhe e veja a razão de tudo. Mas, antes que faça isso, ainda pode fazer uma escolha.

- Escolha?

- Até o último instante você ainda pode fazer uma escolha. Mesmo agora, você pode desistir disso, voltar para sua vida de antes. Não esquecerá do Labirinto, mas poderá continuar aqui de forma pacífica. Tudo será do mesmo jeito que você estava acostumada, mas não precisará se preocupar com nenhum evento estranho. Sua família e seus amigos agirão como sempre, sabendo de tudo, mas agindo como se não soubesse de nada. Sua paz estará garantida. Você pode decidir isso agora.

- Até quando vão me fazer essa pergunta? - bronqueia a garota - Eu não passei por tudo aquilo para desistir na última hora!

- Isso é relativo..o que passou, ficou para trás. Mas o que importa é o seu futuro. Olhando nesse espelho, a verdade vai se mostrar, mas não haverá mais meios de voltar.

- Já tem a minha resposta. Eu insisto em saber a verdade.

- Se essa é a sua última palavra - Dedalus entrega o espelho para Monalisa que se apressa em olhar para ele. A garota se concentra absurdamente, como se todo o cenário em volta dela não fosse nada. Tudo que importava era o espelho. Tudo que importava naquele momento era a verdade que tanto desejava. Finalmente, após tantos apuros, poderia saber o que todos escondiam dela. O que poderia ser de tão extraordinário? O que seria essa condição ocultada por todos? Não haveria mais espaço para mentiras!

 A garota olha firmemente para o espelho. Fitava seus próprios olhos, praticamente sem piscar, aguardando a revelação que tanto aguardou. O problema é que, após alguns instantes, nada havia acontecido. Ela chacoalha a cabeça, tenta olhar de novo, com mais atenção, mais concentrada, mas nada acontecia. Alguma coisa estava errada.

- Ei...o que está havendo? - pergunta Monalisa - Não está acontecendo nada.

- Não é? - diz Dedalus, com um sorriso cínico no rosto - O que será que está errado?

- Como assim? Você não disse que bastava olhar para o espelho para eu conhecer toda a verdade?! Heim? - Monalisa já começava a ficar eufórica. Dedalus ouve isso, coça a barba e responde de forma mais cínica.

- Oh, eu disse isso?

 Os olhos de Monalisa arregalam. O que estava acontecendo? Ele devia ter revelado a verdade! O que ela fez? Fez alguma coisa errada? Faltou algum teste para conseguir ativar o último evento? Não é possível! Ela precisava saber a verdade! Não podia ter chegado tão longe à toa!

- Pare de brincar! - gritou Monalisa - Eu exijo saber a verdade! Eu passei por todos os teste! Eu segui todos os conselhos da Ariadne! Eu tenho o direito de saber a verdade, não tenho?

 Esta última pergunta foi o estopim para Dedalus soltar uma gargalhada. Uma gargalhada forte, alta e principalmente maléfica. O olhar do Arquiteto passa de indiferente e irônico para diabólico. O que estava acontecendo?

- Senhor...Dedalus? O que...o que está havendo? Explique-se! Explique-se já!

- Cale-se! - gritou ele - Você não manda nada aqui!

 Monalisa cai para trás. Aquele senhor estava realmente assustador. Muito assustador. Dedalus continuou a falar em sua personalidade recém-despertada.

- É verdade...eu sou o Arquiteto desse mundo...e sou a pessoa capaz de te dar todas as respostas.

- Então..por que...

- Mas não vou fazer isso - disse ele - Você nunca vai saber o verdadeiro motivo de estar aqui. Não importa o que você faça, você nunca saberá.

- Mas..por quê?! Por que quer esconder isso de mim?! Quer me manter aqui como os vírus e...

- Ha..hauhauha...hahahahuha! - Dedalus continuava a gargalhar - Vírus? Guias? Mestres de Chaves e Relógios? Você acha mesmo que isso tudo tinha alguma diferença?

- Como?

- Você nunca iria descobrir a verdade, mesmo que obedecesse todos os conselhos da guia. Isso foi tudo uma armação!

- Impossível! A Ariadne...a Ariadne era...

-O quê? Sua amiga? Não seja ridícula! Ela também era uma criação minha! Ela não passava de um fantoche na minha mão! Seguir ou não aquela garota não faria diferença nenhuma no final! Você nunca vai saber a verdade sobre o Labirinto! Nunca! Viverá para sempre nessa condição!

 Ela não podia acreditar. Até mesmo aquilo que acreditava ser verdadeiro era uma farsa daquele homem. Mas qual o motivo dele querer tanto esconder a verdade dela? O que ele temia? O que havia por trás do Labirinto? Ela tinha que saber...ela precisava saber...mesmo que...mesmo que...

- Tudo bem - disse ela - Se você não quiser me contar...não precisa.

- Hã?

 Monalisa dirigiu-se às gavetas do quarto e começou a abri-las, uma por uma.

- Ei, o que está fazendo? - perguntou Dedalus.

- Já que ninguém quer me contar o que está havendo - disse ela - Eu mesma vou descobrir!

- Não seja tola! - gritou o Arquiteto - Como vai descobrir alguma coisa por si mesma? Eu controlo tudo por aqui! Nunca deixarei que você descubra a verdade!

- Mas tem algo que você não controla - disse ela, abrindo a última gaveta e pegando uma tesoura - Há algo que eu sempre posso fazer no Labirinto, aliás, é algo que eu poderia ter feito há muito tempo!

- Hã?

 Monalisa simplesmente pegou a tesoura e fincou em seu próprio peito. Uma fincada certeira no próprio coração. Suicídio. Morte. A maneira mais simples de sair do Labirinto. Nem mesmo o Arquiteto, incapaz de controlar o livre arbítrio de Monalisa, poderia impedir isso. Era uma escolha dela.

- Argh! - gritou a garota, vendo o sangue em seu peito e sentindo a dor de seus últimos suspiros de vida.

- Por que fez isso?! Idiota! Mesmo sem saber de nada, ainda poderia te dar uma vida tranquila aqui dentro...por que tanta insistência?! - retrucou Dedalus.

- Eu já disse isso uma vez e volto a repetir - Monalisa continuava a balbuciar, mesmo com a vida já abandonando seu corpo - É melhor morrer, do que viver numa mentira.

 Foram suas últimas palavras. Perfurar o próprio coração com uma tesoura foi a última saída. A única solução para chegar em uma resposta. Se não podia sair do Labirinto por bem, sairia pelo jeito mais doloroso e cruel. O que poderia haver do lado? O que poderia haver na outra face daquela moeda? Seria um mundo melhor? Pior? Não importa! Seria a verdade. Ela não estaria mais presa, não estaria mais à mercê de um programador louco, cujo único prazer era torturá-la com mentiras. Que segredo seria aquele? Por que havia um mundo só para ela? Poderia descobrir isso no mundo fora daquele? O que havia fora do Labirinto? O que havia além da toca do coelho? Ela finalmente saberia. Teve que experimentar a morte para entender isso, mas finalmente saberia. Finalmente.

 Monalisa sentia-se relaxada. Ela abre os olhos lentamente e se vê em uma cama confortável. Seria aquele o novo mundo? Ela finalmente se via livre do Labirinto? Com toda a calma, ela se senta na própria cama, alonga os braços para se espreguiçar e tenta observar o novo mundo ao seu redor.

"Que sonho horrível!", pensa a garota, "Mas agora estou livre! Aquele mundo horrível ficou para trás...no fim era mesmo tudo um sonho"

 Ela se levanta, espreguiça de novo e dá uma nova olhada em seu quarto. Mas não demora muito para a pobre Monalisa perceber que seu quarto não era muito diferente do Labirinto.

- Será que...o mundo aqui fora era igual ao Labirinto no final das contas? - perguntou-se a garota, até perceber um pequeno pedaço de papel no chão. Ela pega o papelzinho e vê a palavra "dedaLus" nele. Foi o suficiente para ela se arrepiar, tremer as mãos e arregalar os olhos, mas a pior parte não era isso. A pior parte era o que estava escrito no verso. A frase mais perversa que ela podia ler:

"Aquilo também era mentira"

                                           ---- NEVER ENDING ----

"Pegadinha do Mallandro!"

~ Sérgio Mallandro 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pesadelo do Real" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.