Pesadelo do Real escrita por Metal_Will


Capítulo 61
Capítulo 61 - Nome




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"O futuro tem muitos nomes. Para os fracos é o inalcançável. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes é a oportunidade."

~ Victor Hugo

Capítulo 61 - Nome

 Tudo que havia na frente de Monalisa era uma enorme escada em espiral que, em teoria, deveria levar ao topo da torre. Nas palavras de Ariadne, ela não teria mais que se preocupar com armadilhas. Dentro daquela torre estaria a resposta para todas as suas perguntas. Dentro daquela torre ela poderia encontrar o arquiteto daquele mundo, o responsável por sua situação bizarra. O cenário velho, úmido, frio e com cheiro de mofo não eram obstáculos. E mesmo que quisesse, não teria nenhum modo de voltar atrás. Ou era continuar ou era continuar. A garota respira fundo, supera tudo que deixou para trás e começa a subir as escadas.

 Era realmente uma escadaria enorme. Ela sobe, sobe e sobe mais um pouco. Não. Não podia ser uma escadaria infinita. Ariadne havia garantido o fim das armadilhas. Mesmo assim, Monalisa não imaginava que a torre era tão alta vendo de fora. Apesar disso, resolveu não pensar muito e continuar subindo. Pensar só resultaria em mais absurdos no Labirinto e tudo que ela queria era terminar aquela loucura de uma vez por todas. Decidiu concentrar seu pensamento no Arquiteto. Quem seria ele? E que respostar poderia lhe dar? Quando se deu conta finalmente chegou ao fim das escadas. Não havia mais nenhuma escada. Na verdade, não havia mais nada. Nada além de uma enorme parede sem portas ou janelas. Nada. Simplesmente nada.

- Só pode ser brincadeira... - balbucia a menina, já começando a se desesperar - Ariadne...você me falou que não teria mais armadilhas. Por quê?!

 Monalisa se senta no chão e abraça as pernas. Por que tudo tem que ser tão difícil até o último momento? Tudo bem, agora ela não estava em um labirinto gigante com milhões de escadas, mas estava em um beco sem saída. O que poderia fazer? Enquanto as lágrimas escorriam de seu rosto em desespero, ela abre os olhos exatamente na direção de um pedaço de giz. Giz? O que um simples giz branco poderia fazer em uma situação daquelas? A menina pega o objeto com a mão direita e começa a pensar. Ora, se não havia mais nada além de um pedaço de giz, era sinal de que ele poderia fazer alguma coisa. Esse era o pensamento mais lógico. Mas o que um simples pedaço de giz teria de especial?

- Hmmm - Monalisa parece ter tido mais alguma ideia - Se nada aqui é o que parece ser...se nada aqui segue uma lógica usual...é isso. Só pode ser isso.

 Monalisa simplesmente desenha uma porta do seu próprio tamanho na parede, com fechadura e tudo. Absurdo? Na verdade, muito mais lógico do que muita coisa que a garota presenciou nesses últimos dias.

- Se não existe uma porta...construa a sua própria porta - falou ela confiante, jogando e pegando o giz. Claro que ela não sabia se aquilo iria funcionar ou não, mas assim que coloca a mão na maçaneta vê que sua ideia deu certo. Aquela era a porta. Loucura? Totalmente. Mas funcionou. Aquela tinha que ser a última sala. Não aguentaria se encontrasse mais problemas. Ela fecha os olhos e penetra pelo portal que ela mesma criou. Ao abri-los novamente dá de cara com algo, por um lado, familiar, mas por outro, surpreendente.

- E-Esse lugar... - ela balbucia, de olhos arregalados e surpresa. Estava em um tipo de bazar ou papelaria. Mas não em uma papelaria qualquer. Aquela era simplesmente a mesma papelaria onde todos os seus probemas começaram. Será possível que? Monalisa começa a andar pelos espaço apertado e tranquilo do estabelecimento até dar de cara com a estante de cadernos. Temerosa, ela pega um caderno com capa de borboleta exatamente igual ao seu e começa a folheá-lo. Qual não foi sua surpresa ao ver que todos os sonhos que ela havia anotado durante todos aqueles dias estavam registrados ali? E não apenas isso. Todos

os seus apuros no Labirinto desvelado também estavam registrados como se fossem sonhos iguais aos outros. O mais surpreendente é que nas últimas páginas estava escrito justamente que ela folheva um caderno. Era como se ele contasse sua própria história.

- Hoho. Boa tarde - cumprimenta uma voz conhecida. Monalisa sente seu coração bater mais forte. Ela sabia quem era. Sr. Tenório, o simpático velhinho da papelaria, foi a pessoa que iniciou sua jornada. Seria ele o...mas como?

- Sr. Tenório? - vira-se Monalisa - É o senhor?

- Oh, se não é a bela Monalisa? - disse ele - Parece que nos encontramos de novo, não? Hohoho!

- O....o senhor é o Arquiteto?

- Do que está falando?

- Não brinque! Não há mais razões para esconder as coisas de mim. Eu já passei por todas as provas e todos os apuros para saber a verdade. A única conclusão que posso chegar é que o senhor é o Arquiteto desse mundo. Era o senhor, o tempo todo. A primeira pessoa que me disse a verdade, no fim, era a pessoa que podia ter me revelado tudo!

- Huhuhuhu. Acho que você está um pouco nervosa, não? Acalme-se...eu vou preparar um chá para você.

- Não quero chá nenhum.

- Não se preocupe. É apenas uma bebida comum. Entendo que sua última experiência com bebidas comigo não foi muito agradável, não é?

 Sem muita escolha, Monalisa se encontrava na salinha de café atrás do balcão, sentada e tomando lentamente o chá que o Senhor Tenório lhe oferecia. Mas o que ela queria não era chá. Era a verdade. Só isso.

- Todo esse trabalho...para chegar justamente no mesmo lugar onde tudo começou - reclama a garota - Me sinto uma idiota.

- Não é verdade - responde o velho - Tudo começou quando você decidiu mudar seu caminho da escola, lembra?

- Como poderia esquecer?

- Você escolheu o caminho errado na hora errada. E depois, mesmo tendo a oportunidade de esquecer tudo que ouviu, decidiu enfrentar o Labirinto e fazer de tudo para sair dele. Hohoho. Bem, você conseguiu. Mesmo com todos os problemas, você conseguiu. Foi difícil?

- Nem imagina o quanto. Mas agora quero saber o motivo disso tudo. Passei por todos os desafios. Agora já pode me revelar o que quero saber, não pode?

- Oh, sim. Claro. A verdade é que...eu sou mesmo o Arquiteto desse mundo.

- Isso eu já deduzi. Eu quero saber a verdade sobre o mim. Por que criou esse mundo e por que estou aqui?

- Tudo ao seu tempo, minha cara. Tudo ao seu tempo - respondeu ele, servindo mais uma xícara de chá - Para falar isso...preciso que ative um último evento.

- Um...último evento? Espera! Isso não vale! A guia disse que não haveriam mais armadilhas!

- Não é uma armadilha. O que você precisa fazer é uma coisa muito simples.

- O que é?

- Apenas diga o meu nome.

- Ah, isso é fácil - disse Monalisa aliviada - Você é o Senhor Tenório, não é?

- Resposta errada.

- Hã? O nome completo? Droga..eu não me lembro do senhor ter me dito.

- Não. Meu nome não tem nada a ver com Tenório.

- Não?

- Eu sou o Arquiteto desse mundo...e posso falar como esse mundo foi construído...mas...primeiro, eu preciso que você diga o meu nome verdadeiro.

- Então...Tenório é um nome falso? Droga! Como vou adivinhar seu nome de verdade?

- Você já viu meu nome verdadeiro, querida. Apenas diga-o.

- Eu...não me lembro de ter visto seu nome antes - Monalisa coloca as mãos na cabeça - Isso...isso só pode ser brincadeira, não é?

- O evento não poderia ser mais simples de ativar - diz o velho, tomando seu chá sem preocupações - Apenas fale o meu nome e tudo estará resolvido. Essa é a última regra e o último desafio...que nem é tão desafio assim.

 "Droga...droga", pensa a garota, com as mãos na cabeça em sinal de claro desespero, "Por que tudo tem que ser difícil até o último instante? Por que tudo é tão injusto? Eu não tenho como saber o nome verdadeiro dele! Não sem uma dica!"

- Uma dica... - balbucia Monalisa - Dê apenas uma dica para o seu nome.

- Você não precisa - responde o velho - Acredite. Você não precisa de dica nenhuma.

 Como? Como assim? Monalisa sentia seu coração apertado e desesperado. Tudo que passou. Todas as loucuras e problema não serviram de nada. Nada. Agora ela não tinha a menor ideia de qual seria o nome daquele velho e esse era o único impedimento para descobrir tudo. Não havia como saber o nome dele assim, sem dica nenhuma.

- Não é justo! - reclama Monalisa - Eu não sei o seu nome de verdade...e se soube uma vez, eu não lembro mais. Por quê? Por que está fazendo isso comigo? Eu já passei por todos os testes. Já superei todo o Labirinto. Por que não pode me mostrar as respostas?

- Não posso enquanto não me disser seu verdadeiro nome. É a regra da programação do Labirinto. Elas valem até mesmo para mim que sou o Arquiteto. Não posso fazer nada.

- Droga...droga.... - Monalisa começa a chorar e se desesperar.

- Chorar não vai mudar as regras - diz o velhinho - É  tão simples. Apenas responda: qual é o meu nome? Faça isso e tudo será revelado.

- Não é justo! Ariadne me enganou! Ela disse que não haveria mais nenhuma armadilha! Todos mentiram para mim!

- Não, ela não mentiu. Não há armadilhas, porque você sabe qual é o meu nome. Você sabe o meu nome há muito tempo. Basta dizer.

- Eu não sei.

- Sim, sabe. Apenas diga.

 Monalisa se levanta e começa a andar de um lado para o outro. Ela observa os azulejos da parede e tenta puxar pela memória o que poderia ser o nome dele, mas nada lhe vinha a mente.

- Não adianta - ela coloca as mãos na parede e fecha os olhos em tristeza - Eu não me lembro.

- É uma pena - respondeu o velhinho - Bem, você pode ficar aqui o tempo que desejar. Quando lembrar o meu nome, basta dizer que eu mostrarei.

 Injusto. Completamente injusto. Como poderia saber o nome verdadeiro dele? Isso era a única coisa que a separava da verdade. Um nome. Um único nome era a senha que precisava para saber a verdade e...senha? Espere, ela pensou senha?

- Fique à vontade. Se quiser mais chá... - fala o velhinho, mas é interrompido por Monalisa.

- Sim, eu sei.

- Como?

- É verdade. É verdade. Claro. Eu sei o seu verdadeiro nome! - diz Monalisa com convicção.

- Mesmo? Hohoho - ri o arquiteto - Então responda...qual é o meu verdadeiro nome?

- Dedalus! - responde ela - Seu verdadeiro nome é Dedalus!


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Notas finais do capítulo

Ou você achou que aquela primeira senha do começo era só uma palavra aleatória? Hauhauhauha!
Bem, no próximo capítulo saberemos o desfecho de tudo e teremos as últimas respostas.
Até lá! (espero postar ainda essa semana)
Obrigado!