Pesadelo do Real escrita por Metal_Will


Capítulo 53
Capítulo 53 - Dilema




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"Só é artista aquele que é capaz de transformar a solução num enigma"

~ Karl Kraus

Capítulo 53 - Dilema

 Nem é preciso dizer que Monalisa não estava nada confiante a respeito da intenção daquelas duas e tenta recuar, nadando para trás. O sorriso maldoso nas duas garotas parecia ser o gesto para um ataque combinado e antes que se desse conta, Monalisa é rapidamente cercada pelas duas, que começam a nadar em um veloz movimento circular ao redor dela. Mesmo podendo respirar em baixo d'água, ela começa a sentir os efeitos do redemoinho e fecha os olhos. Quando os abre, não estava mais em um aquário gigante, mas sim em uma nova sala de piso xadrez com apenas duas portas em uma das paredes. Não havia mais nada ali, a não ser essas portas, uma iluminação mais forte do que o necessário e, obviamente, as duas figuras que não lembravam mais sereias, mas sim, bem, alguma fantasia mais peculiar.

- E agora? O que vão fazer comigo? - pergunta Monalisa, virando-se rapidamente para suas anfitriãs. Luana vestia uma roupa preta estampada com borboletas vermelhas, além de um tipo de tatuagem em forma de borboleta em uma das faces do rosto. Já Cibele, vestia uma roupa ainda mais esquisita: a parte de cima era como um traje de gala masculino, com gravata borboleta e terno preto, mas na parte de baixo, usava uma saia com babados e meia-calça arrastão, além disso, usava um chapéu que lembrava uma cartola. Lembrava uma ilusionista. Da mesma forma, a roupa de Luana também passava uma imagem bastante psicodélica.

- Apesar do seu egoísmo, vamos te dar uma chance - diz Cibele - Podemos mostrar o caminho correto até a Torre de Esmeralda.

- Torre..de Esmeralda? - repete Monalisa, tendo certeza de que nunca ouvira esse termo antes.

- A Torre de Esmeralda é o local onde você deseja ir. A moradia do Arquiteto - completa Luana.

- Arquiteto? Estão falando do...do criador desse Labirinto?

- Ele mesmo - responde Cibele - É essa pessoa que você teima em encontrar, não é? Se quer sair do Labirinto, terá que falar com ele.

- Então...ele é quem pode me mostrar a saída do Labirinto?

- Se ele que é o Arquiteto não puder fazer isso, ninguém mais poderia - explica Luana - Poderíamos mostrar facilmente como chegar até ele, mas você não merece uma informação dessas.

- Após recusar a nossa amizade e apoio, o mínimo que você merece é ser punida por sua arrogância - falou Cibele, com uma expressão séria que logo se converte em um sorriso mais maldoso - Mas somos extremamente generosas e vamos até te dar uma chance de chegar até o Arquiteto. Tudo que precisa fazer é entrar pela porta correta.

 Monalisa olha para as duas portas à sua frente. Não possuíam nenhuma marca, placa, nada. Nenhuma informação, nenhuma dica. Como poderia saber qual era a porta correta? Monalisa iria fazer uma pergunta, mas mal abre a boca para pronunciar a primeira sílaba, é interrompida por Cibele, que tira um tipo de bastão de sua cartola e faz uma voz entusiasmada.

- Antes que você nos pergunte qual a porta correta, precisamos deixar algumas coisas claras. 

- Exatamente - concorda Luana - Só uma dessas portas pode levá-la à Torre de Esmeralda. Caso escolha a porta errada...

- Você ativará um evento definitivo, que fechará todas as saídas possíveis e fará você retornar à camada anterior - completa Cibele.

- Então se eu escolher a porta errada...

- Isso mesmo. Todo seu esforço terá sido em vão, você retornará à segunda camada como se tivesse acordado de um sonho e terá que se conformar em viver no Labirinto para sempre, sem mais nenhuma oportunidade de descobrir a verdade!

 Ou seja, ocorreria algo parecido com o efeito Cinderela que ela vivenciou alguns dias atrás. Se isso acontecesse, todas as saídas fecham, Ariadne desapareceria e ela nunca mais teria outra chance de escapar do Labirinto a menos que...ela não queria essa opção. Monalisa sacode a cabeça e percebe a gravidade de sua situação. Caso fizesse a escolha errada, acabaria com tudo que demorou tanto para construir. Ela já cometeu um erro antes, mas agora não tinha como voltar atrás. O Mestre dos Relógios com certeza não iria ajudá-la mais uma vez  e reverter a direção do tempo novamente. A garota sentia gotas de suor escorrerem pelo seu rosto...e tudo por ter se distraído e se perdido de Ariadne? Como poderia passar por esse teste agora?

- Então..se eu escolher a porta errada, estará tudo acabado - lamenta Monalisa.

- Não seja dramática - diz Cibele - Se escolher a porta errada apenas voltará a mesma vida de antes. Só terá que se conformar com a sua situação.

- Nunca. Isso nunca! - exclama a garota - Tudo bem...eu vou ter fé de que encontrarei a porta certa.

- Para sua sorte - diz Luana - As regras permitem que você tenha meios de saber qual é a porta correta.

- Embora...isso só dependa de nós - adverte Cibele - Hihi

 Elas pareciam estar se divertindo bastante com o desespero de Monalisa que, por sua vez, sentia o nervosismo ficar cada vez mais forte a cada segundo que passava. Mesmo assim, a garota iria até as últimas consequências.

- E que meio é esse? - pergunta ela.

- Através de um pequeno jogo - responde Cibele.

- Jogo? 

- As regras são simples - continua Luana - Quando o jogo começar, você pode fazer apenas uma pergunta para apenas uma de nós, desde que essa pergunta tenha como resposta "Sim" ou "Não".

- Não existe limite de tempo para você fazer a pergunta. Mas tem um porém - adverte Cibele - Uma de nós falará a verdade enquanto a outra mentirá. Ou seja, a resposta que você receber pode ser verdade ou mentira.

- Mas como vou saber quem fala a verdade e quem fala a mentira? - estranha Monalisa.

- Isso...é você quem terá que descobrir - responde Luana - Você aceita essas regras?

- É a minha única dica - responde ela - Claro que aceito.

- Então...que comece o jogo! - exclama Luana.

 Monalisa sente um arrepio. Parece que o jogo havia começado. As duas garotas estavam ali, em silêncio, apenas aguardando a pergunta de Mona. Ela só podia fazer uma pergunta e a resposta que recebesse poderia ser verdade ou mentira. Ela não tinha meios de saber quem falava a verdade ou quem falava a mentira. Como poderia resolver isso? Não adiantaria perguntar simplesmente qual das portas (a esquerda ou direita) que levaria à Torre. Como a resposta era apenas "Sim" ou "Não" a informação que recebesse não serviria de nada. E a regra era apenas uma única pergunta. Apenas uma. Ela precisava saber exatamente o que perguntar. 

 Enquanto isso, Ariadne estava em algum local distante do Labirinto tentanto chegar à sala onde Monalisa estava. As regras não permitiam que Ariadne simplesmente chegasse lá do nada. Ela acaba sendo obrigada a percorrer o caminho mais longo, mesmo sabendo perfeitamente o perigo que sua protegida estava correndo.

"Droga, Monalisa", pensa a guia, enquanto corria alucinadamente "Por que você foi se meter nessa? Se você fizer a escolha errada, vai tudo por água abaixo...se pelo menos eu pudesse te ajudar agora, mas não posso. Aquelas duas criaram uma situação em que você vai ser obrigada a agir sozinha, mas se pelo menos você puder resolver isso...se você puder voltar para o caminho certo eu posso te encontrar!"

  De volta à nossa perdida heroína, ela continuava a queimar os neurônios para resolver o enigma das garotas. Ela tomava cuidado para não falar nada sem querer, já que uma única pergunta era tudo que lhe restava. Duas portas, esquerda ou direita, uma delas levava à Torre que estava procurando enquanto a outra simplesmente encerrava sua jornada por ali. Falhar não era uma opção. O problema é que a única dica que ela poderia ter dependia da resposta das garotas, as únicas que sabiam qual era a porta certa. Mas qual falava a verdade e qual era a mentirosa? Que tipo de pergunta ela poderia fazer? Muitos minutos haviam se passado, até que, finalmente, Monalisa começa a receber alguma luz.

"Espere", pensa ela, "Tem uma saída! É claro que tem! Existe sim uma pergunta que vai me dizer qual é a porta certa!"

  Qual será essa pergunta?


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Notas finais do capítulo

Alguém aí conhece esse enigma? Se não, vocês também podem pensar na solução até o próximo capítulo.
Até lá!