Pesadelo do Real escrita por Metal_Will


Capítulo 45
Capítulo 45 - Livro




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"Sofrer faz parte"

Capítulo 45 - Livro

 Embora tenha sentido algo estranho enquanto carregava seu livro, não foi mais do que por um instante mínimo. Nada que merecesse muita atenção. Aurora continua a saltitar pelo vilarejo cumprimentando os vizinhos e amigos. Todos a conheciam e todos a cumprimentam por seu aniversário. Ela agradecia cordialmente e continua a seguir pelo caminho até a casa de sua amiga Brenda. Ela não morava muito longe do cais, nada mais do que cinco minutos de caminhada do galpão de seu pai até lá. Brenda era sua amiga desde que eram crianças e se tinha alguém que Aurora queria mostrar logo seu presente de aniversário era para ela.

 A garota se aproxima da casa de Brenda. Em comparação à casa de Aurora, era uma casinha menor, mas com a mesma aparência bucólica e graciosa. Além de também oferecer uma vista para o mar, possuía um jardim cheio de flores coloridas. Aquele vilarejo era acolhedor para qualquer tipo de planta. As estações do ano passavam de forma totalmente ordenada e nunca teve qualquer sinal de problemas meteorológicos, nem mesmo um galho de árvore derrubado por um raio. 

 De qualquer forma, Aurora toca a campainha e poucos momentos depois é recebida pela mãe de sua amiga, uma mulher de meia idade de expressão bastante gentil e delicada.

- Oh, Aurora. É você?

- Bom dia, dona Graça - cumprimenta ela - A Brenda está?

- Está sim. Ah, claro, feliz aniversário. Felicidades - ela cumprimenta a menina com um leve abraço, assim que Aurora passa pela porta - A Brenda está no quarto dela. É só subir.

- Obrigada. Quero mostrar esse meu novo presente para ela - diz Aurora, mostrando seu livro alegremente.

- Ah, você sempre gostou de ler, não é? Isso é bom.

- Sempre. Bem, vou falar com ela. Obrigada.

- Eu já levo alguns biscoitos para vocês! 

 Aurora sorri ao lembrar o quanto os biscoitos que a mãe de Brenda são bons. Poucos instantes depois, ela se vê na frente do quarto da amiga, uma porta com uma plaquinha com o nome "Brenda". Aurora bate na porta e ouve imediatamente um "entre" da amiga. Era uma menina de cabelos longos, levemente castanhos e seu rosto exalava uma grande serenidade. Estava em cima da cama, com um vestido leve parecido com o de Aurora, e estava concentrada desenhando alguma coisa.

- Oi, Brenda

- Oi, Aurora! Chegou em uma ótima hora! - disse ela sorrindo.

- Por quê? O que está fazendo?

- Para você! Feliz aniversário! - diz Brenda, mostrando o desenho que acaba de terminar - Somos nós duas. Ficou bom?

- Perfeito! - disse Aurora, ao ver uma folha de papel com um desenho simplesmente perfeito das duas amigas - Você desenha muito bem mesmo, Brenda...

- E você sempre escreveu muito bem - comenta ela - E sempre gostou de ler, né? Que livro é esse?

 Brenda também era bastante curiosa e não demorou muito para reparar no volume que a amiga carregava. Aurora o mostra toda orgulhosa.

- Ganhei do meu pai. Ele falou que é um tipo de manual para escritores.

- Manual para escritores?

- Eu sempre gostei de escrever histórias, né? Mas seria legal ter mais algumas dicas.

- Hmm...e você precisa? As notas dos seus textos sempre foram tão boas.

- Claro que preciso, né? Ainda sou só uma iniciante. Mas aqui parece ter algumas dicas interessantes. Vamos ver.

 As duas sentam na cama e começam a folhear o livro. A empolgação de Aurora era evidente.

- Ele dá vários exemplos de histórias famosas...passando de contos de fada até mitologia grega. Ajuda conhecer essas histórias.

- Você já conhece bastante coisa, Aurora.

- Mas ainda falta muito - explica ela, continuando a folhear o livro. Meio que sem querer, ela observa uma frase que chama a sua atenção. Uma frase comum e sem destaque, mas, que por alguma razão, deixa a mocinha interessada.

- Aqui diz..."Às vezes o sofrimento do personagem ajuda a construir uma boa história"

- E daí?

- Fazer o personagem sofrer..isso é interessante...uma história não é boa se o personagem consegue tudo que quer logo de uma vez.

- Claro, né? Ele precisa de uma aventura, né, Aurora?

- Sofrer faz parte - balbucia Aurora, com um rosto mais sério.

- O que foi, Aurora? Fez uma cara tão séria agora.

- Nada...é que fico imaginando que ser o personagem de uma história deve ser bem esquisito.

- Hihi. Que ideia maluca - Brenda sorri meigamente - Para o personagem o universo onde ele está é real...ele nem deve saber que é um.

- É. Faz sentido. Sei lá. Às vezes tenho umas ideias assim.

- E como você faz seus personagens sofrerem, Aurora?

- Eu? Bem...na verdade eu não gosto muito de focar nisso. Faço aparecer algum animal selvagem ou um bandido atrapalhado, mas nada que faça eles sofrerem muito.

- Você é mesmo muito boazinha - comenta Brenda - Tem dó até dos seus personagens.

- Ah, sei lá, é por isso que preciso continuar vendo esse livro...ainda preciso amadurecer bastante.

- Falando em amadurecer...como vai sua festa de aniversário? - pergunta Brenda.

- Às mil maravilhas - responde Aurora, fechando o livro e deixando-o um pouco de lado - Nem preciso dizer que terá todas aquelas coisas deliciosas que a minha mãe faz.

- Minha mãe também vai preparar algumas coisinhas...quanto mais melhor, né?

- Sério? Meu Deus, vai ser ótima essa festa!

- Vai muita gente?

- Bem, todo mundo da sala. Minha casa não é muito grande, mas dá para acolher o pessoal.

- Algum garoto que você esteja interessada?

- Garoto? Ah, não...não tem ninguém.

- Nem o Lucas? Ele vive olhando para você - comenta Brenda, com um sorriso maroto.

- Sério? Nem percebi.

- É...você é distraída mesmo. Mas acha que acontece alguma coisa?

- Bem, ele é...bonitinho - responde Aurora, toda vermelha.

- Hmmm...já é um começo.

- Ai, para! - Aurora bate em Brenda com um travesseiro que volta a rir cada vez mais. Era um tipo de conversa que Aurora ficava tímida, mas ainda não tinha muito traquejo com os garotos. Seu maior interesse mesmo eram os livros, mas é claro que com 13 anos essas coisas vão mudando.

- Meninas. Trouxe biscoitos - diz a mãe de Brenda, chegando com uma bandeja cheia de biscoitos assados.

- Oba! - as duas gritam juntos. Tudo estava indo perfeitamente bem. Esse era o pensamento de Aurora quando retornava para casa, saltitando e percebendo o quanto as coisas estavam dando certo. Embora aquela frase de seu livro tenha soado estranho na sua cabeça, sofrer não era algo que estava em seus planos. Aliás, ela havia sofrido alguma vez na vida? Dizem que as crianças não precisam se preocupar com o mundo cheio de problema dos adultos, mas mesmo sua mãe, seu pai e seus amigos não pareciam sofrer. Todos pareciam muito felizes e contentes. Tudo estava dando certo e nada parecia dar errado para ela. 

 Apesar desse leve pensamento de caminhada, Aurora muda logo sua sintonia para pensar na sua festa. Seria divertido. Poderia conversar com todos, brincar e se divertir. Festas de aniversário naquele vilarejo eram simples, mas imensamente divertidas. Enquanto pensava e sorria sozinha com isso, a garota é chamada por uma voz estranha.

- Ei, psiu - chama a voz.

- Hã? - ela se volta para trás e dá de cara com um jovem de roupa social e um chapéu estiloso. Era um tipo de chapéu pouco comum no vilarejo. Aliás, ela nunca tinha visto alguém daquele jeito.

- Com licença, mocinha...poderia me dar uma informação?

 Ela sente um estranho arrepio ao ver o jovem, afinal, ele era bem apessoado. Mas não parecia ser dali. Quem seria aquele rapaz?


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Notas finais do capítulo

Os capítulos estão meio curtos, né? Mas pelo menos estão saindo mais rápido! XD
Quem será esse cara? E que fim essa história de Aurora vai dar? Pode parecer tudo esquisito ainda, mas continue aguentando firme.
Até o próximo!



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