Capítulo 2 - You've changed Sakura-chan

Depois de ter largado meu celular de qualquer jeito em cima do criado mudo senti uma imensa vontade de ouvir música, mas meu quarto estava uma bagunça e eu sinceramente não sabia onde estava meu MP5.

Estava com muita preguiça de procurá-lo, então continuei deitada como se o MP5 fosse vir até minha mão em um simples e rápido passe de mágica.

A porta foi aberta de uma vez e eu não me dei o trabalho de olhar para a pessoa que havia invadido meu quarto, eu reconheceria aquele perfume a quilômetros de distancia.

-Ah, entre, sem problemas – disse sarcástica. Afinal, é claro que tinha problemas Sasuke estar no meu quarto.

Ele jogou algo sobre mim e eu olhei o que era contra gosto, apenas por curiosidade. E ironicamente o meu MP5 veio até mim em um simples e rápido passe de mágica.

-Haruno Sakura falando comigo? Estranho – olhei-o enfurecida.

-O que estava fazendo com ele? – Balancei meu MP5 irritada ignorando o comentário idiota que ele havia feito.

-Ah, seu MP5? – ele se fechou a porta atrás de si e encostou-se a ela.

-Não idiota, meu avô – sorri irônica – claro que é o MP5.

-Sakura-chan, como sempre agradável – ele sorriu irônico pra mim também.

Levantei-me e me aproximei rapidamente dele, segurando a gola de sua blusa – o que estava fazendo com ele? – apontei pro MP5 em cima de minha cama.

-Peguei quando te abracei – arqueei uma sobrancelha.

-você não me abraçou – contorci os lábios em desagrado.

-Oh não?! – Ele fingiu tristeza abaixando os olhos e contorcendo os lábios – foi só um sonho então.

-Então trate de não ter mais sonhos comigo – franzi a testa levemente.

-Desculpe – ele sorriu irônico novamente e acreditem, esses sorrisinhos dele estavam me irritando – mas você não manda em tudo.

-Está na minha casa, então eu mando sim – mordi o lábio com força tentando conter meu nervosismo.

-Mas a mãe também é minha, portanto a casa é minha também – ele sorriu vitorioso, como se estivesse conquistando o mundo inteiro. Imbecil.

-Mas o quarto é só meu, portanto, saia dele – eu soltei a gola de sua blusa e abri a porta o convidando a sair.

-Ah Sakura, vamos lá, sorria – ele pediu se apoiando na parede.

-Sai – mandei novamente, balançando a porta.

Sasuke olhou para meu pé, desde sempre tive mania de balançá-lo quando estava nervosa e por mais que eu tentasse mudar essa mania chata e irritante era particularmente impossível.

-Tudo bem, já tivemos um avanço por hoje- ele se virou lentamente só para me irritar e saiu em passos curtos e lentos.

-espera – ele se virou sorrindo malicioso. O que diabos passava na mente desse garoto? – que história é essa de “rebelde sem causa”? – ele alargou o sorriso e simplesmente foi para o seu quarto.

Mal voltei a falar com essa desgraça e já me tirou do sério dessa maneira. Irritantemente irritante. Se é que existe isso.

oOoOo

Pov’s Sasuke

Anos de existência teriam que me levar a algum lugar no fim das contas. Eu fiquei feliz pela ultima pergunta da Sakura, era sinal de que ela havia ligado para alguém. Ino provavelmente, ou Hinata.

Eu sabia o que tinha tornado Sakura aquela pessoa, aquela “rebelde sem causa” como eu mesmo denominava.

Eu havia feito aquilo, aquela pessoa irreconhecível. Eu era o culpado.

Por minha causa Sakura mudou de escola, passou a ouvir músicas estranhas, esqueceu os amigos, passou a se vestir de modo esquisito, mudou de comportamento em casa, parou de falar comigo e fez um novo e muito, muito estranho amigo.

Depois do que aconteceu Sakura tampouco quis me escutar, me dizer o que estava acontecendo, me explicar qual era o problema. Ela simplesmente me apontava como o culpado de toda sua mudança. E depois de um tempo passei a realmente acreditar nisso, eu era o culpado de tudo.

Quando conversei com Naruto e Gaara sobre isso eles simplesmente me disseram para esperar que logo iria passar. Passou três anos e Sakura continua me apontando como o culpado de sua mudança. Eu tento me redimir, mas ela nunca quer me escutar ou falar comigo.

Pelo menos agora eu consegui mais que olhares indiferentes e outros carregados de ódio, angustia e mágoa. Agora espero que eu consiga mais que respostas irritadas e indignadas também.

OOoOo

Pov’s Sakura

Desde a visitinha do Sasuke no meu quarto eu não sai mais. Na verdade era difícil eu sair dele mesmo. Mas agora era hora de encarar o mundo novamente, já eram 13h40m e eu já estava pronta. Ainda estava frio lá fora apesar de não chover mais.

Peguei meu casaco, tranquei a porta do meu quarto, gostava de privacidade e não queria ninguém invadindo meu quarto. Desci as escadas e minha mãe e Sasuke estavam assistindo alguma coisa desinteressante na televisão.

-resolveu terminar a invernação e sair da caverna ursinha? – Sasuke provocou.

-Vou ali – ignorei. Ele me olhou com seu irritante sorriso de canto – Mais tarde eu volto.

-desde quando ela dá satisfações? – Sasuke perguntou pra minha mãe enquanto eu fechava a porta.

-não sei – foi a ultima coisa que ouvi.

Andei lentamente pelas ruas movimentas. Não fazia questão de chegar cedo, não tinha pressa pra reencontrar meu passado. Na verdade eu nem sabia o porquê de estar fazendo aquilo, só estava fazendo.

Coloquei a mão dentro do bolso da minha jaqueta, que a anos eu não usava e senti alguma coisa, uma foto talvez meio que amassada lá dentro, Retirei desamassando levemente a foto. Sasuke. Sasuke e eu. Amassei novamente a foto e enfiei de qualquer jeito no bolso. Bufei.

Parei de frente a casa. Quantos anos? Dois? Talvez mais. Senti saudade na hora da minha antiga vida. Do meu antigo eu.

Insegura levei o dedo tremulo até a campainha. Puxei minha mão de volta a mim no mesmo instante a enfiando no bolso do meu casaco novamente. Trinquei os dentes tentando parar com minha maldita tremedeira.

Virei-me pronta parar ir pra casa. Havia desistido. Ino que me perdoasse. A porta foi aberta e eu me virei instantaneamente. Dei de cara com a Ino me olhando com um olhar me repreendendo.

-Onde pensa que está indo? – Não respondi – ande, entra – ela me deu passagem para passar e eu entrei completamente insegura – nós pensamos que não viria mais.

Mais uma vez não respondi.

-Sakura-chan – o Uzumaki gritou chamando a atenção de todos para mim. Eu quis matá-lo. Não queria ninguém me olhando – Uau, você está.

-estranha – Ino completou – podem dizer, ela não se importa. – ela me encarou – se importa? – eu balancei a cabeça negativamente – Mas então Sakura, você ainda fala? – ela se sentou do lado de Hinata e todos ainda me olhavam.

-creio que sim – sussurrei e a maioria franziu a sobrancelha.

-eu não sou surdo Haruno, mas não tenho ouvidos super biônicos – Gaara disse e eu o encarei.

-Que pena – eu respondi num tom um pouco mais alto.

-Sakura-chan – Naruto me abraçou e eu torci o nariz – você mudou – ele gritou no meu ouvido e me soltou depois me olhando com cara de taxo. Seria uma longa tarde.

Mas se está na chuva, que seja pra se molhar.