À Beira do Abismo escrita por Yue Chan, L-chan_C-chan


Capítulo 24
24- Batalha Interna.


Notas iniciais do capítulo

Pouco tempo... muitas coisas a resolver, fic's para terminar e falta de imaginação e motivação para tal. Essa tem sido a minha adorável vida.
Tomei minha decisão, e esse será o penúltimo capitulo. Não tem como arrastar mais essa história.
Aos que leram até aqui meu sinceros agradecimentos pela paciência e disposição. Sei que será um final estranho para muitos, eu mesma não o imaginei assim, mas nem tudo acaba como imaginamos ou esperamos que acabe.
Muito obrigada e boa leitura.



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 Por mais que tentasse Yukie não conseguia se livrar das amarras que restringiam seus movimentos. Estava totalmente imobilizada e a mercê das personalidades que se aproximavam a passos lentos.

A que vinha na frente possuía um sorriso vitorioso enquanto a outra parecia querer se esconder de trás da primeira e segurava os dedos com tanta força que era possível ver os nós brancos que se formavam pela pressão.

O desespero tomou conta da mente da jovem Uzumaki. Ela teve o rosto levantado com violência. A pele reclamava pelo contato brusco e selvagem.

_Ora, mas o que é isso?Está com medo?

Ela ficou em silêncio enquanto observava as feições retorcidas em um esgar prazeroso. Durante alguns segundos foi coagida a se entregar. Os sentimentos e abarrotando violentamente. Os olhares lhe davam repulsa. Um comichão começou a incomodar sua garganta como se estivesse pedindo para que ela tomasse alguma posição.

_ Desista. – repetiu pela vigésima vez.

_Não!- Yukie se esforçava para se ver livre. Os braços e pernas reclamando pela força a que eram submetidos começaram a se encher de cortes a medida que ela se mexia.

Era como uma tortura mental. Ela tinha seu orgulho ninja, e sua hereditariedade não permitia desistência. Era um ato covarde.

Os olhos azuis faiscaram de ódio. Não era obrigada a ouvir aquilo, queria se libertar e destruir as personalidades que a pressionavam.

_ Percebe como somos iguais? Aposto que quer nos destruir. Os seus olhos contam isso.

Yukie sentiu o que havia de sanidade se esvair com a comparação e começou a lutar com mais violência contra as amarras. Ela urrava de ódio enquanto a outra apenas gargalhava apontando as semelhanças e continuava a dizer que se desprendesse dos falsos propósitos que a seguravam.

-*-*--*-*--*-*--*-*--*-*--*-*

Daito estava ao lado da mãe que cochilava no sofá do hospital por ter se recusado a deitar em uma das camas vazias que havia na ala, por mais que Shizune insistisse. Ele segurava carinhosamente a sua mão enquanto acariciava seus dedos ternamente.

Ainda abalado pelos últimos acontecimentos não era capaz de expressar o que sentia e tudo o que passava em sua mente era o maldito sentimento de impotência que o subjugava. Tinha raiva de si mesmo e de sua fraqueza.

_Você foi muito corajoso hoje filho. Estou orgulhoso.

Não se deu ao trabalho de virar ao ouvir as palavras do pai que aparecera sorrateiramente sem ser percebido.

_ Não fiz isso para ser reconhecido. - disse ríspido.

Naruto soube na hora que a raiva que ele queria demonstrar era para encobrir o sentimento de vulnerabilidade de tristeza sentia. Poderia ter falado palavras de incentivo, mas não acreditou ser o melhor momento possível.

_ Sei que não, mas não vou deixar de me orgulhar por isso.

As palavras faziam o coração do jovem se confundir em ódio e alegria. Sempre sonhou com o dia em que poderia ser como o pai e ouvir os mesmos elogios que ele fazia para a Yukie, mas o tempo fez o favor de abrandar a necessidade urgente que o consumia ao ponto de não esperar mais por coisas assim.

_ Como está a Aneuê?

_ Ino me garantiu que está segura. Já fizeram uma transfusão e aguardam apenas a chegada dos exames.

Um silêncio aterrador se formou entre eles.

_ O que aconteceu para a Yukie estar machucada daquele jeito?

Daito apertou as mãos com força.

_ Eu não sei. Ela estava assim quando entrei no quarto. – evitava olhar para ele.

_Entendo. Deve estar tão confuso quanto nós. – ele balançou a cabeça confirmando.

Um mal estar se apossou do estômago de Daito que sentiu o nervosismo revirar seus sentimentos. Lembrou-se das palavras escritas na parede, do olhar frio e fixo da irmã, da súbita mudança de comportamento. Um aperto se formou em seu coração como se uma mão invisível o apertasse com força.

_ Se eu tivesse sido mais atento. – sussurrou. O sentimento de impotência gritou e ele quis que alguém o arrancasse do peito.

_ A culpa não é sua. Não se preocupe.

Ele voltou o rosto para fitar o pai totalmente surpreso pelas palavras dele. A mente confusa ao ver o mesmo olhar calmo e tranqüilizador de anos atrás, brilhando sem egoísmo ou raiva. Era como se estivesse de volta no tempo. Havia algo de estranho e diferente no Hokage. De repente sentiu vontade de se atirar no colo dele e chorar, como fazia quando era criança e precisava de conforto, mas se manteve firme.

_ Vou deixá-lo descansar por hora.-disse antes de se retirar.

-*-*--*-*--*-*--*-*--*-*--*-*

Tsunade analisava com atenção as fotos sobre a mesa. Um copo de saque repousava ao lado estranhamente intocado e era possível ver as gotículas que se formavam na superfície lisa refletindo parcamente a imagem das pessoas presentes na sala.

_ Devemos ser fieis aos fatos. Mesmo que pareça absurdo, todas as provas apontam para o suicídio – Ino deu seu diagnóstico.

_Mas porque ela faria algo assim? –Shizune perguntou. – Quais motivos teria?

_Todos sabemos que ela tem problemas de relacionamento com o pai. Pode ter sido isso.

_Acho que não. Depois que a Hinata e o Sasuke se casaram esses problemas amenizaram. Agora o mais problemático dos dois é o Daito.

_Sim, mas ela não deixou de ter recaídas estranhas, apenas diminuiu o ritmo.

_Não acredito que seja isso.

Tsunade ouvia o pequeno debate em silêncio, a situação era estranha e complicada, mas não se encaixava nas perspectivas de ambas as médicas.

_Ela não tentou cometer suicídio. – Tsunade disse séria. As duas a olharam com o esgar de dúvida.

_ Como?- Ino levantou levemente a sobrancelha. – Todas as evidências apontam para isso.

_Você acha que ela foi atacada por outra pessoa Tsunade sama?

_Não. Acredito que foi ela mesma quem se feriu, mas não com o propósito de se matar.

_ Porque pensa assim?

_Os cortes. – mostrou as fotos. – Não tem uma regularidade. Normalmente os suicidas miram os pulsos devido a circulação de sangue. Fazem os cortes de maneira horizontal e próximos. Os dela chegam ao antebraço. É como se estivesse experimentando novas e bizarras combinações - disse frustrada. – A única coisa que sei é que eles não se parecem com os de uma tentativa de suicídio.

Ino pegou as fotos e se pôs a analisar. Realmente os cortes haviam sido feitos de maneira aleatória.

_ Talvez fosse autoflagelo. – disse ainda com os olhos nas fotos.

_ Realmente não sei. Parece que vamos ter que esperar que o doutor Suijiro analise o caso para dar algum diagnostico mais preciso. Falando nisso, ele enviou alguma resposta?

_ Sim. Disse que está tratando de um caso em Suna e que virá o mais depressa possível.

_ Assim espero. – deu a primeira golada da bebida morna ainda fitando as imagens. – Mesmo com toda a nossa capacidade médica somos inúteis nesse assunto, é melhor deixarmos um especialista cuidando do caso e dar o apoio que ele necessitar. Quero que me informe se ele voltar a se comunicar e Ino, como vão os exames que pediu?

_ Estarão prontos em poucas horas, mas infelizmente serão incompletos. Com toda a agitação que ela proporcionou com seus ataques não foi possível realizar os mais detalhados.

Tsunade suspirou.

_ Parece que teremos que lidar com a máxima cautela possível. Analise-os como disse que faria e anexe os resultados a ficha dela. Quanto ao Naruto....

Como um temporal que chega sem avisar, uma das enfermeiras rompeu as portas da sala de reuniões de Tsunade e foi fuzilada com olhares assustados e indagativo. O rosto vermelho e a respiração arfante como se tivesse acabado de correr uma maratona inteira antes de se apresentar, mas o seu olhar era estarrecido e apressado e denunciava a sua urgência.

_TSUNADE SAMA! PROBLEMAS! A paciente do 302 está descontrolada e não para de gritar e se bater. Todos que tentaram acalmá-la se machucaram e não sabemos como Pará-la!

Tsunade largou seu saque e levantou apressada sendo seguida pelas duas ninjas que mantinham o ritmo do passo tão apressado quanto o seu e da enfermeira que tinha um olhar de pânico. Só havia uma paciente no quarto 302, e essa era Yukie.

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O quarto tinha vários tipos de estragos. Janelas haviam sido quebradas e os cacos jaziam no chão tristemente. Os móveis, tecidos, objetos decorativos e de uso hospitalar não escapavam a cólera incontrolada e insana da menina que se debatia violentamente como se enfrentasse um inimigo invisível que parecia estar preso ao seu corpo tamanha fúria dos movimentos. Os enfermeiros olhavam assustados sem saber o que fazer, mesmo estando fora de si, Yukie não parava de lançar técnicas e jutsus de um lado para o outro do quarto como se estivesse possuída e consciente ao mesmo tempo. As feridas reabertas escorriam novamente, os olhos azuis ardiam raivosos e as palavras escapavam em forma de gritos incompreensíveis.

Nem mesmo Tsunade foi capaz de ter uma reação rápida ao observar a cena pela porta da sala e discutia ansiosamente com os outros em uma tentativa de encontrar uma idéia que ajudasse a controlá-la.

Estavam muito concentrados em planejar uma estratégia e não foram capazes de notar a presença de mais uma pessoa no corredor. Os pacientes olhavam assustados a agitação em volta do quarto e os gritos de Yukie que pareciam cortar o ar. Quando se virou para fitar a menina mais uma vez já não era possível parar os passos de quem entrava no quarto e se mantinha entre o fogo cruzado que Yukie travava consigo mesma. O máximo que pode fazer ao ver o corpo da pessoa ser alvejado por vários golpes e técnicas lançados quase que simultaneamente foi gritar tardiamente para que não se arriscasse.

Mas já não havia mais tempo para isso.


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Notas finais do capítulo

O próximo será o último. Pretendo postá-lo no máximo até quarta-feira. Joinha?
Ja ne.