Naruto finalmente havia conseguido o perdão da filha que agora voltava aos poucos a se relacionar com ele como antigamente e apesar de seu casamento estar definhando com o tempo, parecia não dar muita atenção a isso, preferindo perder suas tardes conversando com Yukie ou ajudando-a com seus treinamentos. Daito ainda não se relacionava muito bem com ele, mas já apresentava sinais de melhora, como alguns sorrisos tímidos de vez em quando.

Hinata estava sentindo o coração mais leve. Não suportava mais aquela situação de insegurança quanto a felicidade dos filhos próximos ao pai, mesmo que ele tenha errado no passado era torturante as visitas em que os três ficavam em silêncio sem trocar palavras. Essa aproximação também afastava os fantasmas dos problemas neurológicos que a filha poderia desenvolver segundo doutor Suijiro.

Mas algo a incomodava profundamente.

Apesar de ter um relacionamento feliz e estável com Sasuke, sentia como se estivesse sendo arrastada para dentro de um abismo de incerteza toda vez que o seu olhar cruzava com o de Naruto, fazendo emoções há muito adormecidas virem a tona com força total. Era como se tivessem voltado no tempo onde ele podia desarmar as suas defesas apenas com um sorriso espontâneo, e ultimamente era o que ele mais estava fazendo.

Era noite em Konoha e a lua cheia brilhava intensamente trazendo criando lindos cenários aos admiradores e iluminando o caminho dos apaixonados. Na recém reconstruída mansão Uchiha acontecia uma festa em comemoração ao aniversário de Hinata e todos os amigos estavam presentes felicitando a aniversariante.

Naruto chegou acompanhada da filha mais nova e de Sakura. Ambos não trocavam palavras carinhosas buscando apenas manter uma imagem de falsa harmonia. A verdade é que a chama da paixão havia se extinguindo sufocando a relação que agora servia apenas de fechada temporária. O divórcio já estava em andamento, mas isso era algo que era de conhecimento apenas dos dois e de seus advogados pessoais, nenhum deles relutava em prosseguir deixando claro que o que havia entre eles não passava de simples atração que o tempo se encarregara de destruir.

A Haruno lançava olhares furtivos aos convidados do sexo masculino em busca de um que assombrava seus sonhos. Não demorou muito para ela reconhecer o Uchiha em meio a multidão feminina que dava suspiros nada discretos a sua volta. Ele trajava um lindo terno preto que combinava com a cor de seus olhos e uma gravata vermelha que se destacava sobre a camisa social branca que usava por baixo do smoking.

Sakura entregou a filha pequena que usava um vestido rosa cheio de babados e estava com quase dois anos ao pai dizendo ir cumprimentar Hinata. Ele sabia que essa não era a real intenção dela, mas deu de ombros após pegar a pequena mostrando não estar interessado. Ela não exercia mais nenhuma espécie de encanto sedutor sobre o jovem Hokage que agora apenas a via como outra mulher. Seu interesse estava voltado para a Hyuuga que ele sabia ser um tesouro perdido, se contentando apenas em observá-la de longe.

Sakura percebeu que o marido não se importou com a “fuga” dela, se sentindo um pouco abandonada e indesejada, mas não levou muito tempo para afastar esses pensamentos da mente e voltar a atenção para o que aquele que não saia de seus sonhos.

Uchiha Sasuke.

Não desviou o olhar nenhum segundo temendo perdê-lo de vista e a passos longos logo o alcançou.

_ Sasuke. -Chamou colocando a mão delicadamente em seu ombro para que ele se virasse. O coração batia descompassadamente pela proximidade.

_ Sakura?!- olhou surpreso. – Onde esta o Naruto?

_ Ficou lá atrás conversando com o Lee. – respondeu sem animação. -E você como está?- deixou um sorriso sapeca enfeitar-lhe a face.

Ele pôs a mão nos bolsos como fazia quando criança, um hábito que ela conhecia bem e que tinha certeza de que nunca mudaria. Discretamente mapeou o seu corpo dos pés a cabeça, concluindo que apesar de possuir uma nova e encantadora personalidade, também havia aprimorado em muito a sua aparência, se tornando mais encorpado, maduro e irresistível do que nunca.

_Estou ótimo! - disse tirando-a de seus devaneios. - Tenho uma namorada encantadora, um emprego que me agrada e até filhos emprestados. A minha vida não poderia estar melhor!- largou um sorriso sincero.

O sorriso franco que ele mantinha era muito estranho, às vezes quando o via conversar com tanta espontaneidade se perguntava se ele era realmente o Sasuke com quem dividia um time, ou se era um ninja impostor que estava usando algum tipo de jutsu de transformação para se infiltrar na vila e roubar alguma informação importante. Mas o olhar direto que parecia ser capaz de dissecar os segredos mais ocultos de uma pessoa apenas com um simples fitar não deixava dúvidas de que estava diante do verdadeiro. Essa era uma característica que não havia sofrido nenhum tipo de transformação e deixava claro que apesar de ter mudado em alguns aspectos que o deixaram mais amoroso, atencioso e sociável a velha personalidade ainda repousava em seu interior. Ela fitou seus olhos como se buscasse neles algum tipo de hesitação, talvez algum indicio de que ele pudesse estar escondendo algo, mas não havia receio em seu olhar. Será que havia sido afobada demais ao se entregar em uma relação com Naruto? Quem sabe se tivesse tido paciência não fosse ela agora a namorada tão adorada. Se fosse ela iria estar tão encantado, ou isso só acontecia com Hinata? Não sabia definir ao certo, a única coisa que cortava seus pensamentos eram as palavras de carinho direcionadas e ela.

Sem que percebesse, seus pensamentos fizeram seu sorriso murchar deixando no lugar apenas um olhar desolado.

Sasuke estava olhando-a de cima em baixo, notando as diferenças visíveis que a idade adulta havia proporcionado. Um ar mais sofisticado a envolvia; o corpo havia se tornado sensual e o rosto mais belo. Com certeza a maternidade havia trazido grandes modificações. Ainda não haviam conversado direito desde que chegara a vila, sempre surgiam imprevistos que os impedia de se reunir, mas agora poderia manter uma conversa mais aberta. Olhou para os lados e viu Naruto e Hinata que haviam acabado de se encontrar conversavam amistosamente, não se preocupou com a proximidade apesar de prometer a si mesmo que não ficaria de braços cruzados se ela rompesse o limite recomendável de distância entre amigos. Tornou a olhar para Sakura e sorriu displicentemente agradecendo mentalmente quando eles se afastaram indo para o jardim da mansão dando a ele a oportunidade que ansiava a muito tempo.

_ Você aceita dançar comigo?- fez um convite educado com a mão direita aberta em sua direção.

Sakura sentiu o sangue parar no momento em que o viu lhe convidar de uma maneira tão romântica. Ela nunca imaginou, nem em seus sonhos de adolescente que um dia iria poder dançar com Uchiha Sasuke. Só um momento... dançar?Ela olhou intrigada para ele.

_ Dançar?- perguntou com uma sobrancelha em pé. – Aqui e agora? Com você?

Ele acenou carinhosamente.

_ Com quem mais seria? Se não quiser eu não vou forçá-la.

Ao perceber que tinha falado besteira a rosada se assustou, voltando atrás rapidamente.

_ Não!- sua voz saiu quase desesperada. - Não é isso, é que eu fiquei um pouco confusa, quer dizer... Eu não imaginava que você sabia dançar! Isso é uma surpresa!

Ele riu.

_Sakura, há muitas coisas que sei fazer que muitos nem suspeitam; principalmente quando o assunto é dar prazer a uma mulher bonita. – deu-lhe um olhar safado jogando o cabelo para o lado com um leve balançar de cabeça que fez a Haruno soltar um suspiro.

_ Adoraria descobrir quais são seus truques. – disse sem pensar com os pensamentos perdidos.

Levou alguns segundos para perceber que havia falado o que não devia e sentiu o rosto corar de vergonha. Sasuke estava envolvido com Hinata que chance ela tinha contra uma mulher daquele calibre?

_ Se quiser eu posso lhe mostrar alguns truques.

Quase desmaiou.

Na verdade imaginou que se estivesse um pouco mais quente teria caído desacordada. Não entendia a situação com clareza, ele estava cantando ela na cara dura?Era como se estivesse em um sonho do qual não queria acordar tão cedo.

O moreno fez sinal para o DJ que colocou uma música romântica.

Puxando a Haruno para o centro da pista ele colou seus corpos como se os quisesse unir em um só e falou sussurrando perigosamente em seu ouvido, fazendo os pelos de sua nuca se arrepiarem em uma gostosa sensação.

Nunca estivera tão próxima do homem que desejava.

_ E você Sakura? Como anda a vida com o dobe?- perguntou interessado. Há tempo notava que a relação entre eles estava esfriando e talvez fosse o momento ideal para por em prática seu plano.

Ela suspirou pesadamente como se ele houvesse acabado de esbofeteá-la. Porque tinha que estragar um momento tão agradável perguntando sobre Naruto?

_ A mesma de sempre. – disse desanimada.

Sasuke se inclinou mais um pouco.

_ Sério? Achei que fosse apaixonada por ele, afinal não foi por isso que se ofereceu para ele mesmo sabendo que era casado?  

Sakura sentiu um comichão desagradável tomar conta de seu estômago como se mil borboletas disputassem espaço em seu interior ao ouvir as palavras dele. Os olhos negros se afastaram e a fitavam curiosamente e ela pode perceber um leve sorriso de muxoxo surgir no canto inferior direito de seus lábios.

_ Não sei do que está falando Sasuke, e também não me agradou a sua insinuação. – tentou desviar o assunto com cara de ofendida.

Ele roçou o nariz em seu pescoço fazendo-a esquecer a raiva e se entregar a deliciosa sensação que envolvia o seu corpo. Era possível sentir o cheiro inebriante que emanava do corpo dele e ela fechou os olhos apertando-os mais ao sentir o a cintura ser pressionada com mais anseio.

_ Acha que não sei o que aconteceu entre vocês durante o tempo em que estava fora da vila?- sussurrava maldoso fazendo os olhos dela se arregalarem de surpresa. –Que não sei que o dobe traia a Hinata com você? 

Rodou-a segurando pela cintura de forma possessiva encaixando seus corpos de maneira harmoniosa ao som da lambada que começara a tocar.

_ Qual a sensação Sakura?Homens casados são mais atraentes? Nunca se interessou pelo Naruto antes, então porque todo aquele teatro? Era inveja? Porque estava ficando sozinha enquanto todos a sua volta, se relacionavam e casavam? 

Os olhos verdes começaram a se encher de lágrimas enquanto ouvia as duras palavras dele.

_ Sabe que sempre amei você Sasuke. Estava cansada de sempre ser rejeitada, não sabe como isso é ruim, sempre teve todas as mulheres aos seus pés. Eu estava carente, precisando de alguém que me amasse.

_ Então se aproximou do dobe, mesmo sabendo das conseqüências.

Jogou o corpo para frente quase deitando sobre a rosada.

_Porque está fazendo isso comigo?- perguntou angustiada.

Ele a girou deixando seus lábios tão próximos que era possível sentir a respiração quente que exalavam.

_ Para que sempre se lembre que nunca me terá de corpo e alma.

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Yukie passeava pelos convidados acenando levemente com a cabeça ou enviando um sorriso franco que era correspondido com um gêmeo ou balançar de cabeça. Podia ouvir alguns comentários sobre a sua capacidade ninja e destaque na academia. Devia estar feliz, mas algo dentro dela parecia querer sugar qualquer vestígio de felicidade.

Era um sentimento estranho que a fazia se sentir oca por dentro, como se não passasse de um mero pedaço de carne ambulante sem destino ou missão na vida.

Um instrumento de orgulho.

Um prêmio a ser exibido.

Não sabia o porquê de se sentir tão vazia, como se fosse um fantasma andando sem rumo, não era para se sentir assim, estava se dando bem com o pai, amava seu padrasto que era gentil com ela e seu irmão, a mãe sorria freqüentemente, havia se formado na academia e fazia parte de uma equipe genin comandada por Konohamaru, então porque o sentimento de solidão que estava assolando o seu coração, como se fosse uma premonição de que algo estava para acontecer? Um calafrio percorria a espinha ao imaginar algo assim.

 Mas o mais intrigante era a voz que ultimamente tem ficado mais audível em sua cabeça, como se houvesse outra pessoa conversando com ela. Perguntou ao avô e ele disse que se chamava consciência, mas diferente da definição dele de que essa voz iria guiar seus passos para o bom caminho ouvia palavras de revolta que a incitavam a praticar coisas ruins.

Caminhou para o jardim na esperança de que talvez o que estivesse precisando era de ar puro, mas ao colocar os pés no gramado sentiu o corpo ser puxado violentamente para trás como se alguém a tivesse empurrado levando-a ao chão.

Virou e deu de cara com dois rostinhos sapecas cujos olhos brilhavam de alegria ao vê-la.

_ Só podiam mesmo ser vocês. – disse se levantando e fingindo irritação enquanto observava o vestido para descobrir se o estrago havia sido grande. Para a sua sorte não tinha amarrotado ou manchado de terra. - Agora digam o porquê de me pentelhar.

_ Nós não viemos te pentelhar Yukie-san, queremos apenas a sua ajuda. - Rukia disse tomando a frente da conversa.

_ Tudo bem. – respondeu ainda batendo no pano do vestido com a mão. – O que vocês dois querem que eu faça?

Eles se olharam como se não soubessem por onde começar a falar, meio encabulados. Os olhos verdes se encaravam como se esperassem que o outro começasse. Após alguns segundos de analise visual Yamazaki perguntou meio sem jeito.
-E...sabe Yukie...nós estamos em dúvida...bem..não sei como explicar...- prensava os dedinhos buscando coragem. –Como que a gente faz para descobrir se os nossos pais querem se divorciar?

Ela olhou sem compreender e o menino buscou ajuda na irmã que balançando a cabeça de leve assentindo em continuar.

_ Porque essa pergunta agora? Eu não estou conseguindo entender?

Ela viu a jovem Sabaku levantar olhos temerosos. Era a primeira vez que a via dessa maneira indecisa, mesmo tendo pouco contato sabia que ela possuía uma natureza estressada como a da mãe e normalmente não levava desaforos para casa.

_Nós achamos que a mamãe e o papai querem se separar, por isso viemos perguntar para vocês, já que os seus pais se divorciaram imaginamos que iam saber nos ensinar a descobrir. Perguntamos para o Daito, mas ele saiu correndo quando acabamos de falar.

Ela não pode evitar a risada.

_ Então é isso que está fazendo as “feras do deserto” aprontarem menos?

Rukia não pode esconder a irritação com ela.

_ Acha engraçado o nosso medo Yukie-san?!

_Não é isso Rukia-chan você entendeu errado, eu não estou rindo de vocês, mas da idéia que está passando na cabeçinha oca dos dois. Tio Gaara e tia Ino separados?! Isso é impossível de acontecer.

_ Como pode ter tanta certeza?- A personalidade da menina retornou e Yukie viu isso com bons olhos.

_ Eles nasceram um para o outro. Quem mais agüentaria os ataques histéricos da Yamanaka?- Ela viu Rukia olhá-la nervosa. – Calma não precisa me fuzilar com esse olhar de ódio, vocês sabem que é verdade.

_ Ela tem razão Rukia, a mamãe é muito brava. – o pequeno concordou inocentemente levando um tapa da irmã. – Ai! Falei algo errado?

_ Claro seu idiota isso lá é jeito de falar da nossa mãe?

Yukie abaixou para olhá-los nos olhos colocando a mão no ombro dos dois.

_ Não se preocupem com isso, se há uma coisa que aprendi com tudo o que passei é que não há como prever o que vai acontecer.

_ Então não tem jeito?- Rukia perguntou desanimada.

_ Infelizmente não. Os adultos são criaturas complicadas demais para lidar, não são como nós que amamos para sempre sem se preocupar com brigas, se eles cansarem um do outro vão se separar querendo vocês ou não.

_ Yukie-chan. – Yamazaki olhava curioso. – Você sofreu quando seus pais se separaram?

_ Claro que sim. – ela suspirou. – Eu era muito feliz quando os meus pais eram casados, não consegui entender porque eles se separaram afinal todo casal briga, mas o fato é que mesmo pedindo e chorando para que eles voltassem não teve jeito. Agora que tal parar de falar sobre coisas tristes e brincar um pouco?

_ Mas não podemos nos sujar, senão a nossa mãe vai nos matar!- O menino demonstrou medo ao lembrar-se da mãe.

_ Não precisa se preocupar há muitas brincadeiras que podem ser feitas sem mexer com sujeira.

Eles assentiram e Yukie saiu de mãos dadas com eles pelo gramado rumo ao playground que o padrasto havia construído. Não gostava de ver os dois tristes e sabia como era doído uma separação, apesar de imaginar que com os pais deles isso seria quase impossível, e agora poderia distrair um pouco a cabeça e quem sabe iria parar de ouvir aquela voz antipática que estava enchendo o saco.

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A festa prosseguia tranqüila. Nas mesas havia muita conversa sendo jogada fora. Sakura estava sentada ao lado do marido e segurava a pequena Yue que balançava os bracinhos histericamente toda vez que Gai e Lee faziam estripulias com os talheres tentando equilibrá-los na ponta do nariz, queria esquecer a dor que sentia depois de ter ouvido as palavras duras do Uchiha, e mesmo sentindo a tristeza invadir o coração não podia deixar esse sentimento transparecer para os outros, principalmente o marido. Mesmo que ele não se importasse mais, não queria que ele a visse como uma pessoa infiel.

Daito corria de um lado ao outro do salão gargalhando alto e sendo seguido pelo olhar atento do pai que sem perceber dividia a alegria com ele. Ele o viu responder ao seu aceno e ficou ainda mais feliz, ao poucos estava quebrando a barreira invisível que os separara por muito tempo.

Kiba bebia acompanhado por uma bela Inuzuka de cabelos cacheados e olhos verdes que mais parecia ter saído de uma capa de revista de modelos.

Ino e Gaara estavam estranhamente quietos e não trocavam muitas palavras. Um comportamento normal para o jovem Kazekage, mas estranho a Yamanaka que normalmente falava e ria pelos cotovelos.

Kakashi era o solteirão da festa e estava ao lado de três jovens kunoichis muito belas que lançavam-lhe olhares sensuais nada discretos como se quisessem conversar com o corpo. Ele tinha os braços em torno do pescoço de duas delas e as faces levemente avermelhadas pela bebida.

_ Esse Hatake, não brinca em serviço mesmo. – ouviu Shizune resmungar entre os dentes.

_ Deixa ele, seu eu fosse um pouco mais jovem estaria ali também. – Tsunade reclamou com a cabeça abaixada visivelmente bêbada. - E você também.

A ajudante corou com a afirmação.

_ Que isso Tsunade-sama!- repreendeu-a- Isso lá e coisa que se fale de uma amiga!

Ela levantou a cabeça de modo que a morena pudesse olhar em seus olhos castanhos que agora brilhavam de perversão.

_ Vai dizer que nunca sentiu vontade de dar em cima dele e descobrir se os boatos são verdadeiros?- a voz saia arrastada. - Todas as mulheres de Konoha sentem ou já sentiram atração por ele e convenhamos que ele não é de se jogar fora. Não deve tentar ludibriar a ex-hoka...

Ela não pode terminar a fala porque a embriaguês lhe fez dormir.

Depois das festividades. Sasuke subiu as escadas de modo que podia ser visto por grande parte dos convidados e fez sinal para que a música parasse de tocar. Todos olharam com atenção para o Uchiha que levantando o copo de champanhe que tinha em mãos e pondo a outra mão no bolso disse em voz alta.

_ Eu gostaria de oferecer um brinde a mulher mais linda dessa festa. A dama que entrou na minha vida e me ajudou a enxergar que podemos ser o que quisermos, basta querer e com carinho e dedicação conseguiu trazer a alegria que eu tanto almejava.

Todos ergueram as taças.

_ Esse brinde é para você Hinata, que completa mais um ano de vida alegrando as nossas vidas.

Todos viraram os copos ao mesmo tempo e Sasuke lançou o dele no chão depois de sorver o líquido. Precisava de coragem para continuar a sua declaração.

Hinata não sabia o que falar, os olhos estavam marejados de alegria.

Sakura olhava desgostosa.

Naruto enciumado.

O Uchiha fez sinal para que tocasse uma música lenta no piano e desceu vagarosamente as escadas sem tirar os olhos dela. As pessoas abriram espaço deixando apenas os dois em um círculo.

_ Hinata, a cada dia que passa me sinto mais envolvido por você e seria muito grato se aceitasse comemorar seus próximos aniversários ao meu lado.

Ele retirou do bolso uma pequena caixa vermelha que tinha o símbolo de Konoha gravado na frente e abriu retirando um dos anéis dourados.

_ Aceita se a mulher da minha vida?

Ela não pode mais conter as lágrimas que desciam soltas pelo rosto.

_ Sim. – respondeu com a voz embargada.

As pessoas olhavam atônitas o novo Uchiha sem acreditar que ele havia mudado tanto ao ponto de discursar revelando os seus sentimentos sem nenhum pudor para um salão lotado de pessoas.

Naruto congelou sem conseguir acreditar no que acabara de ouvir. Hinata iria casar com Sasuke?Sem chance, só podia ser uma brincadeira de muito mal gosto. Levantou e os viu ainda abraçados se beijando enquanto eram saudados com várias palmas. Os filhos correram em direção a mãe que os enlaçou e beijou entre os dois.

Só podia ser um sonho.

Ao ver a imagem da família perfeita se abraçando e felicitando se sentiu estranho e deslocado. Aquela era a família dele!

Depois de alguns minutos viu Hinata partir em direção a cozinha e foi atrás dela se certificando de que não estava sendo seguido e entrou fechando a porta atrás de si.

Ela estava de costas e ainda mantinha o sorriso que se transformou em surpresa ao vê-lo ali parado na sua frente com o olhar descrente.

_ Naruto. – não conseguia esconder o nervosismo. – Precisa de alguma coisa?- duvidava que ele estivesse ali para felicitá-la.

Ele se aproximou.

_ Você vai mesmo casar com o Teme?

_ Sim, algum problema nisso?

Ele fechou os olhos por alguns segundos como se tentasse se controlar, e Hinata se preparou para um possível ataque de raiva. Havia conhecido um lado de Naruto que não gostara e tinha medo de que esse lado egoísta viesse a tona.

_ Você não pode!- para a sua surpresa foi mais uma súplica.

_ Porque não?Você não se casou com a Sakura? Achou realmente que eu fosse ficar solteira para sempre?

Ele tomou impulso e em menos de dois segundos estavam com os corpos tão juntos que ela não teve tempo de reagir.

_ Porque eu ainda amo você.

No segundo seguinte ele a tomou em um beijo possessivo cheio de saudades que a deixou confusa. Não levou muito tempo para que ela também correspondesse sem pensar direito, estava com saudade daquela proximidade, não podia negar o que sentia por ele, mas não devia ser assim.

Naruto percebeu que ela também o desejava no momento em que foi correspondido, mas foi surpreendido por um tapa no rosto que os fez se separar. Ele olhou atônito tentando compreender o que havia acontecido quando viu os olhos perolados se encherem de raiva e mágoa.

_ O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO SEU IDIOTA!- ela gritou e uma lágrima trilhou caminho pelo seu rosto alvo. - Porque fez isso?!

_ Porque eu te amo.

_ Ama nada! Sabe o quanto me fez sofrer? O quanto chorei por ter sido trocada e abandonada?Você não pode simplesmente chegar e destruir a felicidade que enfim conquistei por causa do seu egoísmo.

_ Mas então o que faço com esse amor que sinto por você!Diga-me.

_ Joga no lixo, engula assim como eu fui obrigada a fazer tantas vezes, mas não me procure mais o que havia entre nós acabou!

Hinata saiu pisando pesado e deixando o loiro sozinho na cozinha que começou a esmurrar a pia de mármore até criar pequenas rachaduras em sua superfície e machucar a mão fazendo-a sangrar.

_KUSO!- gritou sozinho e ouviu a porta da cozinha abrir novamente para dar de cara com a filha que o olhava indignada.

_Quantas vezes pretende magoar a minha mãe?- perguntou sem desviar os olhos. - Quantas vezes mais precisa fazê-la chorar para ficar satisfeito?

Ele limpou as lágrimas e agachou perto dela.

_Do que está falando Yukie?- Ia abraçá-la, mas foi surpreendido quando ela deu um passo para trás para se afastar.

_ Não se faça de desentendido, eu vi tudo. - ele foi pego de surpresa e não soube o que falar para a filha.

Os dois ficaram em silêncio.

_ Pensei que havia mudado que tinha voltado a ser o mesmo de antigamente, mas acho que me enganei.

_ Yukie eu ainda amo a sua mãe, e não posso mais esconder isso. Quando for mais velha vai entender.

_ Acho que não quero entender esse tipo de coisa. É melhor voltar para a festa antes que mais alguém venha aqui.

Ela se distanciou e começou a caminhar em direção a porta. Pelo visto a voz em sua cabeça tinha razão.

“Pessoas como você não nasceram para serem felizes” ela sibilava melevolamente. Era algo absurdo que ela vinha escutando a tempo e pela primeira vez se viu concordando com ela.