Pov: Sara

Estávamos todos em uma lanchonete, rindo de coisas bestas e aproveitando aquele momento feliz entre amigos, lembrei-me quantas vezes fizemos isso, e quantas vezes eu me diverti ao lado da minha verdadeira família, naquele momento tudo pareceu tão difícil, apesar de tudo, aquele era o meu lugar, não sei ao certo se sobreviveria sem eles, mas eu estava acostumada a ser sozinha, eu era uma sobrevivente, não é mesmo? Mas eu sabia que aquela era a minha única alternativa agora, enquanto Nick estava tentando não morrer de rir com a piada do Greg, eu os observava com um sorriso besta na cara, eu amava isso.

-Sara, está tudo bem? – perguntou Greg. –Você está meio distante.

-Só estou pensando um pouco, faz bem, você devia tentar algumas vezes- eles riram.

-Essa é a Sarinha que eu conheço.

-Gente, me desculpa por todas as besteiras que eu fiz?

-Nossa Sara, pra que isso agora?- Perguntou Catherine

-Por nada...

-Você sabe que a gente te adora.

-Valeu.

XXX

Meia hora depois eu estava no meu carro na frente do meu apartamento, eu tinha lágrimas nos olhos outra vez, mas não iria deixa-las cair, eu tinha de ser forte, não é? Não se pode demostrar fraqueza, nunca! Era uma decisão triste, eu sei, mas naquele momento era a minha única alternativa viável, ainda sou uma sobrevivente, e isso era necessidade agora. Um dia, cada um deve seguir com sua vida e procurar aquilo que lhe faz feliz, essa era a minha vez de fazer valer esses pensamentos. Tudo feito no escuro, rápido e sem demora, essa foi à única forma que eu achei para tentar fugir disso tudo, era apenas a garota nova que entrou na vida dele, que não conhecia ninguém, mas o conhecia que agora, vai levantar a cabeça e fingir que nunca o amou, mas sabe que não é verdade, sei que não posso ficar presa a ele, e me digo isso todos os dias, o único problema que eu continuo amando-o. Mas nunca será certo, não é? Nunca será o lugar certo e eu nunca serei a pessoa certa para ele. Amanhã tudo será diferente, tudo que deverá ser feito, acontecerá antes do turno dele acabar, é o meu dia de folga, perfeito para organizar tudo. Sinceramente, não imaginei que um dia pudesse ter forças para isso... É hora de crescer e de ser uma garota grande, não pode haver motivos para chorar. Seja o que for eu cansei de ter seguir com meu olhar, e de pensar que um dia você abrirá os olhos e me verá ao seu lado, e perceba que eu estou sempre ali esperando por ele, mas não posso mais me dar ao luxo de sofrer, não posso me dar ao luxo de sentir a falta dele, nunca poderei realmente esconder totalmente esse sentimento, mas não custa tentar pelo menos uma vez, preciso me libertar, na verdade, preciso voar para longe e não ficar presa a um único cara, que nem sequer gosta de mim.

 Mas isso não importa para ele, como posso parecer mais interessada, me atirar em seus braços e dizer: “Sou sua se me quiser”? Ou cair aos seus pés e implorar que ele seja meu, por ao menos um dia. Cansei de segui-lo com um olhar, esperando respostas sem duplo sentido, porá acabar de vez minha mania de ver sinais em tudo, cada gesto, cada palavra, cada pergunta e até cada respiração.

-Gil, por que você é tão cego?. Poderíamos ser algo, mas você não aceitou uma mudança. Lamento por isso, por tudo ser tão repentino, pelo menos pra você, essa possivelmente é a última vez que você ouve minha voz no seu celular, estou indo pra casa agora, quem sabe triar um novo caminho. Por isso, eu tenho de me afastar. Vai ser melhor assim. Adeus. Eu te amo...