Entrelaçadas pelo Amor escrita por Kaah_CSR


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um, e eu gostaria de dedicar esse capítulo à uma grande pessoa na minha vida, Flavia Suanes. Esse é para você, guria!



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Catherine suspirou e ergueu os olhos novamente para ver sua Sara deitada na cama desconfortável do hospital Desert Palm. Havia agulhas e fios em todos os lugares possíveis e imagináveis e Sara respirava com o tubo de oxigênio. Ela parece tão calma, pensou Catherine. Tão linda.

As imagens dos últimos acontecimentos estavam vivas em sua memória, e a loira foi forçada a relembrá-las. E a senti-las. A dor quando viu Sara se jogando para fora do carro de Hank, a batida logo em seguida. A agonia quando tomava a morena em seus braços e tentava de todas as maneiras acorda-la. O desespero quando Sara parecia já não mais reagir. O alívio que sentira quando Sara havia abrido os olhos. As piscinas-de-chocolate ainda eram as mesmas. A emoção quase que inexplicável quando ouvira sua amada falar "Te amo" e logo após isso, Catherine não resistiu e a beijou.

A loira imaginava o sacrifício que Sara teve que fazer para dizer aquelas duas palavras. Naquele momento o helicóptero já havia chegado para levar Sara e o barulho da hélice era muito alto, mas ainda assim Catherine fora capaz de ouvir a jovem CSI dizer aquelas palavras. A voz fraca... O sorriso que necessitou de muita força para aparecer naquele rosto tão machucado, mas ainda tão lindo...

Catherine suspirou e balançou a cabeça; estivera pensando no que acontecera nas últimas oito horas. Sem nada para fazer, e sem querer sair dali, Catherine ficara ao lado de Sara cada minuto, exceto na sala de cirurgia. Sara havia sobrevivido, mas havia quebrado cinco costelas, o braço direito e ainda torcido o tornozelo esquerdo, além do traumatismo craniano. Sara não iria trabalhar tão cedo e ia precisar de repouso e de alguém que a vigiasse 24 horas por dia. Catherine sorriu. Sem dúvida faria isso, ela cuidaria de Sara.

Os pensamentos de Catherine foram interrompidos pelo som da porta sendo aberta. A loira ergue seus olhos e viu Warrick na soleira.

- Posso entrar? – perguntou o moreno.

- Claro – respondeu ela acenando para ele sentar-se ao seu lado.

- Como ela está?

- Ainda está dormindo – Catherine disse acariciando os cabelos de Sara. – Ela está tão... tão... linda – Catherine comentou, agora não conseguindo mais evitar que as lágrimas aparecessem.

Warrick observou cuidadosamente sua parceira de trabalho e ainda mais do que tudo, sua amiga. Ele fora uns dos primeiros que soube sobre o relacionamento entre Catherine e Sara e não se surpreendeu. O moreno sempre desconfiou que havia alguma coisa entre as duas, algo a mais além daquelas brigas e discussões que aconteciam muito frequentemente. E como um investigador, ele não deixou de notar os olhares que uma dava quando a outra não estava olhando, o respeito com que se tratavam, quando não estavam brigando, é claro. E os casos em que as duas trabalhavam juntas sempre eram resolvidos de forma brilhante e rápida. Sem dúvida havia alguma coisa no ar.

Warrick se aproximou e tocou no ombro de sua amiga.

- Você está aqui mais de cinco horas direto, venha comer alguma coisa.

- Não, eu quero estar aqui quando ela acordar.

Warrick deu uma leve risada, quando Catherine cismava com algo, não havia pessoa no mundo que a fazia mudar de ideia. A não ser Sara.

- É, mas você acha que ela vai gostar de acordar e ver você desse jeito? – Warrick jogou sua última cartada e deu certo. Catherine ergue a cabeça e olhou confusamente para seu amigo.

- Ah, entendi. Mas, e se ela acordar?

- Ela está dormindo, Cath. Vem, vamos comer alguma coisa.

- Tá bom – concordou a loira e se levantou. Comer não parecia uma má ideia, e alguns minutos não iria fazer mal. Catherine assentiu e se inclinou sobre Sara, pousando um leve beijo em sua testa e então se voltando para Warrick novamente. – Pouco tempo, não é?

- Certo – ele sorriu e os dois saíram do quarto. Warrick a conduziu até uma lanchonete ao lado do hospital e os dois se sentaram em uma mesa e fizeram um pedido. Catherine havia pedido um hambúrguer grande, ganhando um olhar surpreso de Warrick. Ele nunca antes havia visto Catherine pedir um hambúrguer. E para finalizar sua surpresa, quando o pedido chegou, Catherine devorou metade de seu hambúrguer em menos de dois minutos. – Meu Deus, Cath. Você está bem? Eu nunca antes...

- É, eu sei – interrompeu ela depois de tomar seu copo de Coca-Cola. – Eu nunca pensei que vir no McDonald’s seria tão bom. Quando eu, Sara e Lindsay damos uma passada por aqui, eu geralmente não como muito. Acho que hoje estou com fome.

- E parece cansada – Warrick apontou o óbvio. – Não acha melhor ir para casa e...?

- Não – a loira cortou a fala de Warrick.

- Tudo bem.

O silêncio surgiu e durou alguns minutos, tempo suficiente para que os dois terminassem de comer. Depois de Warrick insistir e quase entrar em uma discussão com Catherine sobre quem deveria pagar a conta, a loira por fim concordou e deixou que Warrick pagasse a conta. Os dois fizeram vagarosamente o caminho de volta para o hospital, sentindo o ar gelado da madrugada de Las Vegas bater em seus rostos. Catherine olhou para o céu e tentou ver por entre os prédios algumas estrelas no imenso manto negro.

- Sabe – começou ela. – Quando Lindsay estava na casa de uma amiga ou na casa de minha mãe, eu e Sara dirigíamos até o deserto e ficávamos lá... Olhando as estrelas. São tão difíceis de serem vistas daqui, com todos esses prédios e arranha-céus.

- Sei. Tentei fazer isso com Tina, mas não deu certo.

- Falta de tempo?

- É.

- Ah. – Os dois ficaram em silêncio novamente. Uma brisa leve se tornou presente e Catherine estremeceu. Warrick percebeu isso e tirou sua jaqueta, oferecendo-a para Catherine.

- Aqui. Tome.

- Obrigada – agradeceu ela enquanto colocava o casaco. – O que aconteceu com Greg? Eu soube que ele foi baleado e trazido para cá, mas não cheguei a vê-lo.

- Não se preocupe, Greg está bem. Ele levou um tiro na barriga, no lado direito ao estômago, e por uma razão inexplicável, a bala parou depois de penetrar alguns centímetros na pele. Ele é um garoto sortudo, já está até falando.

- Típico de Greg, nem uma bala deixa ela quieto – os dois CSIs riram. – Mas porque ele foi fazer essa loucura?

- Ele disse que foi para ganhar tempo. E conseguiu. Foi tempo suficiente para que Sofia chegasse e para que o outro reforço também. E Greg também conseguiu fazer com que os suspeitos confessassem.

- Mas...

- Ele estava com um gravador no bolso.

- Há! – Catherine riu. – Isso é tão... Genial.

- É mesmo.

- Vou vê-lo depois. E... O que aconteceu... com Hank?– O nome do sequestrador soou horrível em sua garganta, mas Catherine ignorou o sentimento.

- Ele não sobreviveu. O impacto com o caminhão foi muito forte, a parte da frente do automóvel foi completamente amassada. O Dr. Robbins fez a autópsia e ele me disse que não foi morte instantânea.

- Você está querendo me dizer que...

- O caminhão desvious parcialmente no último segundo, havia marcas de derrapagem na pista, e ele passou por cima do lado esquerdo do carro. Pelo que eu pude entender, Hank inclinou-se para o lado direito, talvez na tentativa de segurar Sara e o caminhão amassou o teto e toda a parte inferior do seu corpo, restando apenas a cabeça e uma parte do tórax. Hank provavelmente morreu em seguida.

- O que quer dizer que ele sentiu dor – concluiu Catherine.

- Muita dor.

- E Ecklie?

- Brass conseguiu conter o tiroteio com a ajuda dos reforços. Ecklie tentou fugir, mas o Jim conseguiu pegar ele.

Catherine pensou sobre isso.

- Sabe que eu nunca vi Brass correr atrás de um suspeito?

- Nem eu – Warrick riu. – Os outros suspeitos, Melton e Adam Novak, foram presos em flagrante. Vão a julgamento o mais rápido possível.

- Evidências não vão faltar.

- É mesmo.

Warrick sorriu e Catherine sorriu de volta, mas o gesto não durou muito tempo. A expressão alegre de Catherine mudou para uma de imensa angústia e ela deixou que algumas lágrimas caíssem de seus olhos. Era a segunda vez que ela chorava em menos de uma hora. E ela já havia perdido a conta de quantas vezes havia chorado aquela noite.

- Ei Cath, o que foi?

- Estou com medo, War. Estou com medo por Sara...

Warrick passou um braço reconfortante pelos ombros de Catherine, puxando-a para perto, tentando fazer com que sua amiga não se sentisse tão ruim.

- Ela é uma sobrevivente, Cath – Warrick sussurrou. – Se ela está aqui, é porque deve estar, é porque ela vai conseguir passar por isso. Sara vai ficar bem.

Catherine assentiu, passando uma mão pelo rosto e enxugando as lágrimas.

- Eu sei. Eu sei. Só que... É...

- Difícil.

- É mais para ela – Catherine suspirou. Agora eles já estavam na frente do hospital e quando estavam entrando, uma jovem loira começou a correr na direção deles.

- Mãe!

- Lindsay, o que está fazendo aqui? – perguntou Catherine envolvendo os braços em volta de sua filha.

- Vim cobrar minha mesada – Lindsay respondeu ironicamente.

- Sei. Não acha que teve agitação demais por hoje?

- Ah... Não. Você sabe que eu não sou o tipo de pessoa que fica parada.

Catherine sorriu.

- Essa é uma das frases preferidas de Sara.

- É, eu sei. Ah, a propósito – Lindsay mexeu em seu bolso e retirou dali uma corrente de ouro. – Acho que Sara não vai gostar de acordar sabendo que seu colar - dado por um certo alguém - não está em seu pescoço.

- Obrigada.

- O quer seria de você sem mim? Ah, mãe. O pessoal está aí.

O trio continuou a andar até chegarem na sala de espera, onde todos os CSIs do turno da noite estavam esperando por eles. Grissom foi o primeiro a se levantar e ir em direção à Catherine.

- Gil.

- Tudo bem com você?

- Claro. Você já foi ver Sara?

Ele assentiu levemente.

- Ela ainda está dormindo. Mas vejo que você não dormiu nada.

- Grissom...

O supervisor sorriu amigavelmente e deixou que Catherine seguisse seu caminho até onde estavam os outros investigadores.

- Oi Cath – disse Nick.

- Nick, que bom que está aqui.

- Você sabe que eu considero Sara como se fosse minha irmã, não é?

- Sei – respondeu ela, dando um abraço em seu amigo.

- Sabe, você não tem que se preocupar, Catherine. Sara vai sobreviver para pular outra vez no pescoço dos suspeitos – disse Brass, fazendo todos rirem.

- É. Ninguém coloca uma pessoa em frente a um armário de bombas como ela.

- Como iremos sobreviver sem ela? Como Greg irá sobreviver sem ela? – Nick provocou.

- Valeu, pessoal – Catherine abraçou os outros investigadores e depois de perguntar pelo outro CSI, seguiu até o quarto onde estava Greg.

Catherine deu uma breve olhada para trás, para seus amigos. Todos eles estavam lá para oferecer conforto e paz, mas não era ela que estava precisado de conforto naquele momento. Greg era um dos que mais precisavam. Ele havia arriscado a própria vida tentando fazer a coisa certa.

A loira abriu a porta e foi recebida por um sorridente Greg, deitado na cama e coberto de aparelhos.

- Minha cara supervisora! Você de novo. Percebeu que todas as vezes que eu paro em uma cama desengonçada, lá está você para me fazer sentir melhor?

- Greg – Catherine tentou forçar sua voz para parecer severa, mas não teve muito sucesso com isso. Seus lábios instintivamente se abriram em um imenso sorriso. – Como você está?

- Pronto para a próxima.

- É claro. O que é isso na sua orelha? – Catherine esticou o braço e alcançou um fone de ouvido, encaixando-o em seguida em seu orelha. Ela escutou por alguns segundos e depois riu. – Highway to Hell?

- E eu consigo viver sem AC/DC? – o jovem riu e Catherine riu com ele. – E Sara? Ela está bem?

- Está melhor, sim.

- O que aconteceu?

- Warrick não te contou? – perguntou Catherine, confusa.

- Não... – Greg respondeu fazendo uma cara triste e seu famoso biquinho. Catherine riu novamente da expressão infantil de Greg.

- Tudo bem, já pode parar de fazer biquinho. – Greg voltou à sua expressão de "estou-em-trabalho-mas-não-concentrado" e Catherine começou a contar a longa história, prestando atenção nas reações do CSI principalmente quando chegou na parte em que Sara havia saltado do carro.

- Meu Deus! Ela é mais suicida do que eu! – Greg exclamou alto. – Droga – acrescentou num tom de voz baixo e deprimido.

- Só mesmo o Greg para falar algo tão... Greg!

- E onde ela está agora? – O jovem investigador parecia entusiasmado.

- Nem pense nisso, Sanders.

- Está certo, Willows.

- Oi, mãe. Oi, Greg – Lindsay cumprimentou os dois enquanto entrava e andava até ao lado da cama de Greg. – Vim dar uma olhada em você. 'Cê se machucou feio, hein? Mãe, vai ficar com a Sara, quero dar uma palavrinha com o garoto aqui.

- Catherine, vai deixar mesmo ela fazer isso? – Greg teatralmente fez uma expressão de pavor.

Catherine riu.

- Talvez precise disso – e saiu.

Assim que a supervisora saiu, Lindsay se voltou para Greg e sorriu alegremente.

- Então, Sanders, tudo bem?

- Perfeito. Você?

- Ótima. Sabe Grego, eu queria te agradecer. Os investigadores não teriam chegado a nenhum lugar sem você.

- Eu sei – Greg deu de ombros, convencido. – Mas, você deu a maior força – Greg tocou levemente a mão de Lindsay que estava em seu ombro. – Onde aprendeu tudo aquilo?

- Sei lá, acho que foi por causa de toda essa conversa de investigação... E eu acho que... Nas horas que eu tinha que ligar uma coisa à outra, eu imaginava o que Sara faria se estivesse ali no meu lugar. E nas horas que eu tinha que agir... Bom, eu tentava imaginar o que minha mãe faria.

- É. Trabalho em campo com as duas a mais de dois anos e posso dizer que você está certa. Uma não resolve um caso sem a outra. Uma não se resolve sem a outra. Uma não consegue pensar...

- Se a outra não estiver ao seu lado – completou Lindsay. – É eu sei.

- Tudo bem com você?

Lindsay suspirou.

- Sabe, às vezes eu acho que não boa o suficiente para merecer viver com pessoas com elas.

- Por quê?

- Ih, Greg, tem horas que nem eu sei. Minha mãe é tão boa em tudo o que faz e Sara é tão... Sara é perfeita, como amiga, colega, professora, mãe. E eu acho que não sou uma boa amiga, aluna e muito menos como filha. Elas fazem de tudo por mim, mas eu não sei se... Não, eu sei que eu não correspondo.

- Lindsay...

- Não, é sério Greg. Pode parecer ridículo, mas é.

- Eu não acho isso ridículo.

- O que você acha? – Lindsay abaixou a cabeça, tentando evitar que Greg visse as lágrimas que estavam se formando em seus olhos. Esse movimento não foi de muita ajuda; Greg viu e ergue cuidadosamente o rosto da jovem.

- Acho que você é sim uma boa aluna, amiga, pessoa, filha, seja lá como você for falar isso. Eu convivo quase todos os dias com Catherine e Sara e quando tenho sorte pega elas conversando sobre você. E sabe o que elas falam?

- O que?

- Elas acham você incrível. Seja o que você deve estar achando de si mesma, não é o mesmo que elas pensam de você, Linds. Catherine ama você e Sara também. E elas não se cansam de dizer o quanto se sentem orgulhosas de terem uma filha como você. Se o seu problema é impressionar, não se preocupe. Está dando certo. Sou um grande fã seu.

Lindsay enxugou as últimas lágrimas e riu.

- Ai Greg, eu aqui fazendo papel de vítima enquanto você está aí... Todo estropiado.

- Hein?

- Devia ver seu rosto.

- O que tem ele? – perguntou o jovem, agora assustado.

- Está com a mesma cara de sempre. Lamento.

Os dois riram alto e Lindsay entrelaçou seus dedos na mão de seu amigo. Greg sorriu e bagunçou o cabelo da loira.

- Baixinha.

- Engraçadinho.


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Notas finais do capítulo

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