Eu fui tomar banho correndo, queria ser a primeira...

Porque?

Simples, ué. Eu queria demorar muito, muito, muito mesmo. E eu adoro ouvir as pessoas gritando e quase arrombando a porta do banheiro em tentativas completamente frustradas de me fazer sair. Eu só saio quando eu quero e ponto final. Mentira, depois de umas três batidas minha cabeça dói e eu saio do banheiro.

Também, de toda forma, hoje eu não poderia demorar mais que meia hora de baixo do chuveiro. Não que eu faça isso sempre, sabe .... cof cof

Enfim...

Eu tinha que me apressar por que marquei com os garotos às seis e meia da tarde e agora já eram cinco e quarenta e dois. Mas eu não estaria pronta às seis e meia, eu já disse, adoro ouvir as pessoas me mandando andar logo. E eu queria ver o Justin fazer isso. Eu iria rir de mais!

Chega de enrolação... Fui até minha mala, por que eu ainda não a tinha desfeito e arrumado as roupas e peguei uma toalha.

Entrei lá e fiquei mofando na banheira linda e maravilhosa que mais tarde substituiria minha caminha até eu ouvir um som super legal.

–Anne!! Já são seis e vinte e cinco e eu tenho que tomar banho!! - Seis e vinte e cinco? putz, como o tempo passou tão rápido assim?

Espera... eu dormi na banheira, é.

–Já acabei. To saindo. - falei me levantando e me enrolando na toalha. Olhei pro espelho, que tava todo embaçado por causa do vapor e não resisti à fazer uns rabisco ali.

Saí do banheiro e Carol entrou bufando.

Entrei no closet e assim que fechei a porta eu ouvi três batidas na porta eu ri. Caramba, já chegaram? Eles são bem rápidos.

Fui me vestir calmamente, ignorando as batidas que cada vez ficavam mais fortes.

Peguei uma camiseta rosa, bem leve e uma saia preta de cintura alta.

O que eu estava vestindo? Saia? Eu hein... As únicas saias que eu uso, são as minhas saias Jeans curtérrimas - qqq. E super hiper mega blaster lindas.

Tirei aquela roupa que estava mais no estilo da Carol e peguei uma saia Jeans na minha mala. Uma saia que podia muito bem ser chamada de calcinha. mentira, tá? Ela só era super curta, mas tampava minha bunda. Pelo menos. Continuei com a blusa rosinha básica, por que ela era linda.

Calcei uma rasteirinha dourada. Eu às vezes faço cominações nada a ver e super estranhas, mas eu sou estranha e gosto de parecer estranha também.

Quando eu estava me olhando no espelho e me perguntando se estava legal, Carol saiu do banheiro já vestida, com uma leggin preta e e uma blusa branca grandinha, de ombros caídos com uma estampa de Lady Gaga em preto e branco.

–Vocês ainda estão vivas? - uma voz meio que preocupada gritou do lado de fora do quarto. Era o Chaz.

Abri a porta.

–Estamos sim. - falei rindo. Eles me analisaram e respiraram fundo pra soltar todo o ar depois em um suspiro. Justin tava quase babando. Talvez minha "calcinha" fosse pequena de mais. Já era, agora não vou mais trocar.

–Vamos? - perguntou Carol chegando na porta.

–Claro. - falei dando as mãos a ela e começando a correr para.. onde? Não sei.

–Onde nós vamos jogar? - perguntei parando no meio do corredor e me virando para os meninos.

–Pensei que nunca fosse perguntar! - Justin falou. - me sigam. Conheço o melhor lugar para mexermos com bebidas sem sermos pegos. - ele falou e começou a andar na direção contrária da qual eu antes tinha corrido. - Ah, e se preparem, hoje vamos ter uma festinha do pijama! - fingiu animação. Añh? Garotos também fazem festas do pijama? Tá, né. Mas depois eu ia ter que voltar pra pegar um pijaminha, ou eles tão achando que eu vou dormir de jeans? Nem em sonho!

Justin nos levou até uma porta de madeira, com uma placa "Keep Out" pregada na porta.

Quando entramos, eu tive um susto.

–Seu quarto? - perguntei. Ele apenas fez que sim com a cabeça.

As paredes brancas davam um ar de limpeza e calma. O que não acontecia no quarto do Justin. Com certeza não. Uma TV de sabe se lá quantas polegadas ficava na parede bem em frente sua cama, e dava pra ver que estava pausado em algum jogo. Sua cama era gigante, com cobertores azuis e uns cinquenta milhões de travesseiros. Tinha uma outra porta, que eu acho que era do banheiro. E uma estante grande, branca, cheia de gavetas e um espaço onde estava um net book. Havia vários retratos por ali. Rostos que eu acho que conhecia. Por que tudo daquele garoto me era tão familiar?

–Vamos jogar? - Chaz perguntou. Ninguém respondeu, apenas nos sentamos em um círculo no meio do quarto, entre a cama e a televisão gigantemente monstruosa.

Justin apareceu com duas garrafas de Vodka nas mãos e Ryan veio logo atrás com cinco copos.

–Onde vocês conseguiram as bebidas? Pensei que o bonito do meu primo não deixava vocês beberem... - eu falei.

–Eu tenho meus contatos. - Justin piscou para mim.

–Tá - dei de ombros. - Let's go! - falei, pegando a Vodka de Justin e enchendo cada copo até o bico.

Girei a garrafa. Parou em Ryan.

–Eu nunca.. - pensou um pouco. - Eu nunca traí.

Quem bebeu? Eu, Carol, Chaz.

Justin me encarou curioso, e eu apenas sorri.

O que ninguém sabia, nem desconfiava ali, além de Carol, é que minha resistência à álcool é bem baixa. Ou seja, eu fico bêbada bem rapidinho.

Depois de umas seis rodadas, cada um já tinha bebido muito, mas eu estava pior.

Giramos garrafa novamente, e parou em mim.

–Eu nunca beijei alguém do mesmo sexo que eu. - falei rindo, com a voz um tanto quanto embolada.

Ninguém bebeu. Só... Justin. É, isso mesmo. Que nojo.

–Foi só um beijinho... E eu tava bêbado. - ele esclareceu. Continuei com cara de nojo.

Jogamos mais e mais e mais, até todo o nosso estoque acabar.

Entramos, fomos jogar o jogo da garrafa.

Nisso, já eram umas oito da noite, é.

Ok. Jogo da Garrafa. Vale tudo, como Justin já havia falado antes e eu havia acabado de confirmar. Tudinho. Qualquer tipo de coisa.

E nós mudamos um pouco as regras...

Por exemplo, se o bico da garrafa parasse em mim e o fundo na Carol, não faríamos o tradicional: eu beijar a Carol. Nada disso. O que aconteceria era: quem rodou a garrafa escolheria o que teríamos de fazer. E aí entra o VALE TUDO. Maldito vale tudo. O que inclui isso aí mesmo que as suas cabecinha super poluídas estão pensando.

Pelo menos, estávamos todos bêbados, então teríamos um desculpa depois, caso fizéssemos uma merda com grandes proporções.

E o jogo começou.

Justin girou a garrafa, que parou em Ryan e eu. Justin olhou pra Carol, que olhou para Chaz. Cochicharam um no ouvido do outro e por fim, Justin falou, fazendo uma careta... Parecia ciúmes.

–Vocês dois. Beijo. Longo. Agora. - falou cada palavra com nojo, eu hein. Me virei para Ryan, que segurava um riso. Mordi o lábio inferior e fiz cara de malvada. Ele sorriu para mim, sexy...

Nos aproximamos e nos beijamos. Ficamos ali um bom tempo, ele beijava bem, muito bem. Só paramos, por que a mão boba dele veio subindo por baixo da minha blusa e Justin falou que já chega de beijo, que se não ia demorar muito e ele queria jogar mais. Garoto estranho.

Era a vez da Carol rodar. Parou em Justin e eu.

–Garrafa viciada. Jogaram uma macumba nela. Eu tenho que estar em todas. - falei rindo enquanto Justin parecia feliz. Feliz até de mais para o meu gosto.

–Você já sabe o que eu quero que você faça Anne. - Carol falou.

Ops, ferrou.

–Ah, não! - fiz bico e cruzei os braços.

–Vai rápido. No banheiro mesmo, tá?

–Isso não!! É maldade. - falei.

–Nem vem. É hora da vingança. - ela sorriu maligna.

Vingança, por que?

Há dois anos atrás, estávamos jogando e eu girei a garrafa que parou nela e em um garoto que ela detestava. Eu mandei ela levá-lo até um lugar escondido e deixar ele super excitado, e depois largar o garoto com a coisinha dura. E ela odiou isso. Então jurou que um dia se vingaria. E o dia chegou.

Droga.

Também, dane-se, quem ia sofrer mais em tudo isso seria o Justin que ia ficar com pau duro doendo.

–Vem Justin. – falei o puxando até a porta que eu julgava ser o banheiro.

Ele se levantou rapidamente, igual um burro, tropeçando em tudo e me seguiu.

Carol, eu te odeio. E daqui a uns dez minutos, ou menos, o Justin vai te odiar também.