O Continente das Trevas escrita por Narsha


Capítulo 18
Ira Divina Parte III


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões pela imensa demora, mas agora estou de volta e trazendo a vocês o final da trilogia envolvendo os Deuses de Xênia. Um capítulo repleto de ação e com algumas surpresas que serão importantes para o desenvolvimento da trama num todo.
A partir deste episódio O Continente das Trevas está sendo revisado por Melissa Rubio – da Faculdade de Letras da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Que, com seu minucioso trabalho, auxiliou-me para que trouxesse a vocês, leitores, uma leitura livre de imperfeições e correta em termos de gramática e ortografia.
Dedico este capítulo ao amigo e escritor KCoyote, a quem agradeço o grande apoio. E também a todos os leitores que acompanham minha fic!
Uma ótima leitura!



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Uma repentina onda de calor varreu o cume do pico Delevon, através de rajadas de vento. E fortes labaredas escarlates elevaram-se em torno do General de Atron, cuja dor por sua perda equiparava-se à intensidade de seu ódio. Sua pele, ainda coberta pelos graves ferimentos provocados pela luta contra o Deus do Fogo, estava envolta numa aura translúcida e sombria, a qual, aos poucos, foi adquirindo um tom avermelhado homogêneo. As suas sobrancelhas tornaram-se mais espessas e seus cabelos alongaram-se, caindo lisos como um mar de fogo, sendo que alguns fios pendiam, fugidios, por entre suas longas orelhas. Em sua cabeça chifres escuros salientaram-se com uma leve curvatura para frente e, nos olhos escuros, o brilho vivaz da fúria. Longas asas rubras surgiram em suas costas e, seu tórax — já atlético — pareceu mais retesado, de modo que sua musculatura tornou-se ainda mais saliente. O seu machado foi tomado por chamas que envolveram-no completamente, fazendo-o desaparecer por entre estas.

O General de Atron aproximou-se do corpo de Pietra e, com suavidade, tocou seu rosto, deixando rolar por sua face uma lágrima silenciosa. Thanatos, que havia recuado um pouco, o observava, e não demonstrou o mínimo temor quando este, ainda agachado, ergueu seus olhos lançando para o Deus um olhar repleto de ódio. Havia tensão no ambiente e, o ar parecia cada vez mais pesado, sufocante. Foi então que, ao sentir a força conflitiva que ali se encontrava, Sieghart aproximou-se dos companheiros da Grand Chase, trocou algumas palavras com Ronan e Arme e, observando aos deuses e aos dois Generais de Atron, logo compreendeu a grandiosidade do que estava ocorrendo.

Keran ergueu-se e suas longas asas abriram-se, uma forte energia diabólica, então, exalou de seu corpo colidindo com o sombrio poder do Deus da Sintonia. Sieg pousou seus olhos nele, e reconheceu-o prontamente, de forma que, instintivamente, levou sua mão até o punho de sua espada; contudo, ao fitar Thanatos e encontrar seu olhar por uma fração de segundo, ele recuou e afrouxou a mão afastando-a de sua arma.

Zero, no entanto, estava resoluto, e, com determinação, avançou na direção do Líder Asmodiano. O mesmo fez Dio — que após abrir suas longas asas e invocar sua foice, partiu na direção de seu inimigo repleto de fúria. Possuía grande rancor com relação ao Clã do Sul e, especialmente, de seu líder, pois na Primeira Guerra Mágica este — apesar de inimigo declarado de Duel — aliou-se aos grupos Moderados, traindo-os tão logo teve a oportunidade. E, assim cometendo grandioso genocídio entre os mesmos. Vendo-os adiantarem-se rumo ao embate, Sieghart movimentou-se agilmente e, numa velocidade surpreendente, postou-se diante dos dois guerreiros, formando uma forte barreira energética momentânea com o poder de Ashthanus — a qual desembainhou enquanto deslocava-se. E, assim, impedindo-os de prosseguir.

— Esperem! —bradou com altivez.

— O que pensa que está fazendo seu verme?! — gritou Dio, visivelmente enfurecido.

— Saia da frente! — retrucou Zero, contrariado, erguendo Grandark e tencionando romper a barreira criada por Sieghart a qualquer preço.

— Essa luta pertence aos Deuses! A mais ninguém! Não se intrometam! — disse o Imortal, mantendo-se firme.

Dio fuzilou-o com os olhos. E Ronan, nesse momento, se aproximou deles.

— Sieghart está certo, não devemos nos envolver nessa batalha. Os Deuses lutam por algo muito maior que uma simples vitória aqui. Não temos o direito de tirar isso deles. —disse ele, sem alteração na voz.

— Do que você está falando? —rebateu Dio, com certa revolta. E Zero apenas observou-os. Mas foi Sieghart quem respondeu.

— De honra, Criança. Honra.

Dio encarou-o de modo sério. Então, recuou indo recostar-se novamente ao rochedo, próximo a Rey e cruzando os braços, contrariado.

— “Os humanos estão certos Zero, não devemos nos envolver nessa batalha. Ao menos não neste momento”. — disse Grandark, e Zero, ouvindo-o, meneou a cabeça positivamente relaxando a pressão em seu punho. E voltou seu olhar, assim como os demais, para o confronto iminente entre o Deus da Sintonia e o General Keran que agora estava a pouco mais de um metro de distância de seu oponente, o qual erguia seu machado hostilmente na direção daquele.

Thanatos fitou-o, olhos sombrios e cruéis e a aura negra em torno de sua foice se intensificou. Mas antes mesmo que o Deus fizesse seu primeiro movimento foi interrompido por Samsara — que junto de Periett —postou-se ao seu lado.

— Deixe que nos encarreguemos desse lixo! —disse o Deus da Luz olhando Thanatos com gravidade, o qual assentiu, recuando um passo.

Samsara franziu o cenho, o ferimento em seu ombro ainda fazendo verter seu sangue divino, algo que somente um ser de grandioso poder poderia ter conseguido — mas tamanha ofensa apenas fazia aumentar o desejo de vingança, o que era esperado, devido ao ódio que o dominava. Ele era guiado por essa força e, junto a Periett, voltou-se para Keran, determinado. Uniu suas mãos e condensou sua energia num poderoso centro luminoso de tom róseo, ao mesmo tempo em que Periett aglutinava seu poder em torno de seus punhos formando uma esfera de energia negra arroxeada; e, quase sincronizados, os dois, então, lançaram por sobre o Asmodiano toda força de seus ataques. Mas, este apenas esboçou um sorriso irônico nos lábios e, numa velocidade surpreendente, movimentou-se, desviando com grande facilidade da investida e, ao girar seu machado fez com que a energia dos Deuses fosse arremetida para o alto sem provocar-lhe o menor dano — como se esta nada significasse.

Com olhos atônitos, os Deuses observaram seu oponente e este, envolto pela intensa aura sombria do submundo, fez erguerem labaredas negras do solo, as quais, num turbilhão, envolveram Periett e Samsara como uma cascata incandescente de lava negra. A voz grave de Keran ecoou gutural e firme ao pronunciar de modo frio: — morram! Mas, a luz divina do Deus da Luz e do Deus da Destruição neutralizou rapidamente o poder maligno existente nas chamas e estas foram desaparecendo rapidamente, fazendo com que ambos — intocados — se mantivessem firmes a encarar seu inimigo.

Keran ergueu seu machado ofensivamente, enquanto suas longas asas se abriram e, em torno dele, esferas negras emitiram estalidos secos no ar. Mas, Samsara não se intimidou — apesar de reconhecer em seu oponente algo quase divinal, partiu com rapidez para cima dele. Contudo, ao alcançar certa proximidade, condensou sua energia num globo azul tencionando atingi-lo diretamente no peito. Ao perceber a intenção dele, Keran tentou recuar, mas Periett, que se movimentara com grande velocidade, saltou para o alto e postou-se atrás dele, imobilizando-o. Dessa forma, a intensa força da energia desferida pelo Deus da Luz atingiu ao Líder Asmodiano de modo direto, fazendo com que ele sentisse seu corpo prestes a se fragmentar-se diante de tamanho poder. Periett, então, o soltou e ele caiu ao chão tendo sangue a verter pelo canto dos lábios.

Tomado de ódio, Samsara pisoteou sua cabeça tentando esmagá-la e uma dor imensa tomou conta de seu corpo sentindo a pressão em seu crânio. Mas, com impressionante fibra e fazendo grande esforço para suportá-la, Keran concentrou seu imenso poder de modo que sua aura expandiu-se, conseguindo, assim, afastar a grossa sandália do deus que o pisoteava, lançando-o para longe. Periett, ao ver isto, ergueu suas mãos, cujos punhos haviam se convertido em longas garras, os cabelos dele estavam negros e brilhavam sob a luz opaca da lua que agora ressurgia no infinito crepúsculo. Ele sem piedade desferiu vários golpes sobre o Asmodiano — que estava começando a se reerguer, fazendo-o cair novamente ao chão.

Ferido, Keran fitou seu machado, o qual havia caído a poucos metros de onde estava. Entretanto, em meio à dor que o invadia pelos golpes do Deus da Destruição, ele movimentou sua mão e a arma passou a apresentar um trêmulo movimento. Samsara se aproximou novamente — os olhos cor de caramelo estavam tomados pela fúria — e ergueu Keran como se este fosse um insignificante animal; e, com ódio e desprezo, depois de uma troca de olhares rápida com Periett, ambos concentraram todo seu poder em seus punhos e, juntos, golpearam violentamente o rosto do Asmodiano com fortes socos que o fizeram ser jogado para o alto.

Samsara sorriu, mas seu sorriso logo foi emudecido num súbito. O seu rosto empalideceu ao mesmo tempo em que sua aura divina parecia estar extinguindo-se. Periett fitou-o e desesperou-se ao vê-lo cair. Apressadamente, então, o amparou, mas ao fazê-lo sentiu o sangue sagrado do Deus lhe umedecer as mãos. E com agonia viu a lâmina sombria do machado de seu inimigo cravada às costas de Samsara, covardemente. De alguma forma, mesmo estando sob o ataque de ambos os Deuses, Keran havia conseguido invocar sua arma para o golpe traiçoeiro.

— Samsara! – gritou, com desespero. E este apenas o olhou por um breve instante perdendo totalmente a consciência em poucos segundos, ao passo que a insídia arma em suas costas convertia-se em um punhado de areia escura que se dissipou com o vento.

Nos olhos de todos, a perplexidade estampou-se, aliado a um medo repentino. E Arme levou ambas as mãos aos lábios, chocada. Thanatos que apenas observava tudo, porém permaneceu imóvel e com olhos sombrios. Mas sua mão direita apertou fortemente o punho de sua longa Foice. Gaia ainda estava desacordada a alguns metros da deusa da Harmonia que também permanecia inconsciente, ao passo que Vikka — acometida pelo frio glacial de Juriore estava apoiada a seu cajado lutando ainda contra o poder congelante da deusa. Ao fitar de soslaio a cena sentiu-se revigorar, pois a morte de Pietra a havia desestabilizado.

Feryus certamente ficaria arrasado, a morte da única filha de seu irmão mais velho, já finado, seria realmente um choque para ele. E, por isso mesmo, precisava agora acima de tudo vingá-la. Keran já havia dado início a isso. Uma coisa, entretanto a tinha surpreendido; em meio a sua dor agora sabia da verdade sobre a origem de um dos melhores generais do GCA — um segredo que ele sempre ocultou durante todo longo tempo, e, apesar disso em nada mudaria sua importância no Regimento e sim, pelo contrário, isto o tornou a partir desse momento, um dos melhores e mais capazes guerreiros. Embora coubesse a Feryus decidir sobre isso, depois de relatar para Atron. Keran deu um salto no ar e com suas longas asas abertas pousou serenamente ao chão, mantendo-se levemente suspenso. Em seus olhos um ar diabólico esboçava-se. Todo seu ser clamava por vingança e movia-se pelo ódio.

Periett tocou o ferimento de Samsara e concentrou sua energia estancando-o, se voltou para Keran — consumido por uma fúria voraz e uma intensa gana de destrui-lo.

— Um já despachei — exclamou o Antigo Líder do Clã Asmodiano do Sul, com sarcasmo, falta você. Mas serei breve, meu assunto é com aquele ali! —disse apontando o dedo para Thanatos de modo provocativo. E este franziu o cenho sentindo-se ultrajado, mas Periett já avançava com brutalidade para cima do Guerreiro de Atron e a seus passos o solo árido do Pico estremecia.

— Vou calar para sempre essa sua boca maldita! — vociferou o Deus rodeado por uma aura negro-violeta.

Os olhos de Keran espreitaram-se e num gesto rápido com sua mão — a qual se envolveu por uma energia translúcida e nebulosa em tom de fogo vivo — conjurou com palavras sombrias um tridente demoníaco, todo feito de um bronze reluzente escuro e cujas lâminas pontiagudas reluziam ao trepidar das chamas que o cobriam. Periett, coberto de fúria avançou sem temor e com os punhos envoltos por sua poderosa aura lançou-se contra o Asmodiano. Um baque surdo fez-se ouvir pelo choque de seus corpos e de suas energias.

Uma fumaça envolta em poeira escura elevou-se, junto de uma rajada de força que explodiu fazendo com que todos levassem rapidamente as mãos junto aos olhos para se protegerem. Quando esta se dissipou podia-se ver o vulto de Periett parado ereto e, de costas para onde estava a Grand Chase, em meio a chamas que o ladeavam, enquanto o demônio Keran estava caído próximo à borda do Pico, entre as rochas. As longas asas estavam quebradas e o corpo ensanguentado, sendo que a sagrada aura, oriunda do poder do Deus da destruição, envolvia-o. Periett de repente cambaleou e, ao voltar-se retirou o tridente que estava mergulhado em seu abdômen, fazendo seu sangue divino escorrer por entre o grave ferimento. Um suor gélido o acometia e ele levou a mão ao ferimento, ajoelhando-se.

A Deusa da Vida, diante da grandiosa explosão que se sucedeu, acabou recobrando os sentidos, embora Juriore permanecesse desacordada e gravemente ferida. Ao dar-se conta da gravidade do que ocorrera a Periett, ergueu-se num sobressalto, apreensiva. Seu coração apertou-se e um temor agitou-lhe, transparecendo em sua face alva.

— Periett! —tentou gritar, mas sua voz saiu fugidia. Mas, ao fazer menção de ir ao encontro do deus foi impedida por Vikka que lançou contra ela uma poderosa rajada de energia através de seu Cajado, a qual estourou por detrás da Deusa — e embora não tenha acertado seu corpo diretamente fez com que sentisse a grandiosidade de sua força, fazendo-a tremer sob seu impacto, caiu de joelhos ao chão.

— Onde pensa que vai? — disse com frieza Vikka, que extremamente decepcionada pelo que ocorrera com Keran estava disposta a terminar com tudo.

Gaia voltou seu rosto para trás — ainda de costas e, ao virar-se se deu conta da energia grandiosa que estava a se acumular no Cajado da feiticeira — um poder que se expandia sob a forma de eletrizantes relâmpagos que se avolumavam de forma omina na ponta do mesmo. Lentamente, tentou levantar-se, mas suas pernas fraquejaram, mesmo assim conseguiu virar-se e antever o mal que seria contra ela arremessado.

Um poder incomensurável, tétrico, malévolo; e ela involuntariamente levou a mão ao peito quando Vikka finalmente movimentou o cajado ofensivamente em sua direção e lançou sobre ela a poderosa descarga maligna. Fechou os olhos e esperou pelo pior. Mas, ele não veio. Ao passo que seus ouvidos lhe trouxeram um gemido rouco e abafado, junto a um familiar calor. Abriu os olhos rapidamente, assustada, e então viu Periett, braços abertos ainda, envolto pela energia sombria e agressiva de Vikka, que estava caindo ao solo lentamente.

— Periett! —gritou desesperada, enquanto rastejando foi até ele e ergueu-o levemente pousando sua cabeça em seu colo. — Por quê? Por que fez isso?

— Porque não quero que nada aconteça a você. Eu te amo tanto Gaia. Tanto... — os olhos do Deus, de um tom castanho escuro profundo, estavam aquosos e um tanto acinzentados. Ela afagou o rosto dele.

— Também amo você. Não esmoreça... — Ele sorriu, mas seus olhos se fecharam e seu rosto inconsciente tombou para o lado, enquanto a Deusa tomada de tristeza deixou as lágrimas banharem seu rosto caindo copiosas até o solo estéril do Pico Delevon. Fitou o céu profundo e negro, e, envolta por uma aura dourada e esverdeada, gritou com toda a dor que invadiu seu coração. Um feixe de luz ascendeu ao infinito e espalhou-se num clarão ofuscante que fez com que todos fechassem seus olhos. E, nesse instante, Vikka sentiu-se paralisar diante de um poder que pela primeira vez a fazia sentir um pouco de medo.

Em seu Templo, sentado em seu trono feito de mármore escuro, o Deus Governante Ashiva, meditava taciturno. Ele abriu os olhos e ergueu-se abruptamente caminhando até a mureta de uma das pontiagudas torres do Templo. Olhou demoradamente para a direção do Pico Delevon e para o clarão ao céu, adquirindo um ar ainda mais grave.

— Gaia — disse a si mesmo num murmúrio. E, então materializou sua Sagrada Espada Hadhor, cuja longa e negra lâmina reluzia com um brilho mortal. Abriu suas asas.

Das lágrimas de Gaia, filetes esverdeados sob a forma de um líquido cristalino cobriram todo solo árido do Pico, e, em poucos segundos, brotos começaram a emergir fazendo com que a passagem desolada e fria do local fosse substituída por uma vegetação densa. Grandes cipós se deslocaram e enrolaram o corpo do Deus da Destruição, envolvendo-o numa energia grandiosa, sob o aspecto de bruma, enquanto outros cobriam os corpos feridos de Juriore e Samsara, afastando um a um para longe de onde se encontravam.

A Feiticeira ainda estava paralisada e lutava para desvencilhar-se da força que a continha. Seus olhos, cada vez mais opacos, enquanto pronunciava palavras rituais em uma língua remota.

Gaia olhou na direção em que — envolto pelos cipós — Periett jazia ferido. — Obrigada Periett, saberei retribuir ao seu amor... — disse com olhos aquosos. — Mas peço que me perdoe... Sei que prometi a você nunca mais fazer isso, mas ela é forte demais... Não tenho escolha...

Segurou então seu orbe com delicadeza e o deixou cair ao solo, pisando nele e o enterrando com uma leve pressão por entre a relva que ali havia se formado; levantou seus braços e um enorme tronco de árvore emergiu da terra, dividindo-se em cinco enormes galhos que subiram na direção do céu de Xênia. Gaia entrou no tronco principal e os galhos começaram a sofrer grandiosa transformação, de modo que a superfície formada por casca de madeira converteu-se em escamas esverdeadas e, nas suas extremidades, no ponto onde o tronco se ramificava, surgiu uma cabeça de serpente, longas presas e chifres também se formaram.

A coluna vertebral se estendia para fora das escamas em forma de espinhos, e o que, a princípio, lembrava apenas uma árvore, se transformou numa grande serpente de cinco cabeças, todas de pescoço tão longo que tocavam o céu, e com olhos que brilhavam refletindo o mais puro ódio. A grande árvore serpente lançou um chiado assustador que fez tremer tudo à sua volta e uma aura sagrada e grandiosa impregnou a tudo com solenidade. Vikka sentiu um frio percorrer-lhe a espinha, mas, concentrada, afastou o medo mergulhando na força sombria que a auxiliava.

Uma das cinco cabeças da Serpente, logo, partiu em sua direção com uma velocidade impressionante. A cabeça da Serpente abriu a boca exibindo suas longas presas tencionando abocanhá-la, mas esta saltou e evitou o ataque de modo que a criatura atingiu ao chão com tamanha brutalidade que uma cratera abriu-se. Ainda no ar, em pleno salto, a Gram Maga estendeu suas mãos na direção da serpente e um círculo de magia surgiu e, deste, dezenas de lanças de madeira com longas pontas de aço afiado saíram e foram disparadas com tal força que todas transpassaram a cabeça do monstro prendendo-a ao solo; a mão de Vikka brilhou e a parte inferior de seu Cajado adquiriu a forma de uma lâmina afiada que rasgou a criatura destruindo-a.

Nesse instante, porém outra cabeça apareceu por detrás da Guerreira abrindo sua grande boca, mas Vikka não se afastou e apenas girou seu corpo, saltando para o interior da mesma, envolta numa espécie de círculo de magia que impediu que as presas a esmagassem e a triturassem quando esta tentou engoli-la; segundos depois a garganta da serpente começou a inflar e explodiu a si mesma em uma onda de energia azul que fez com que a cabeça e o pescoço fossem separados, ao passo que Vikka, totalmente ilesa, ali ressurgia com o círculo mágico desfeito. Um líquido esverdeado espirrou da cabeça decepada e atingiu a Gram Maga, que sentindo seu cheiro acre percebeu que se tratava de veneno. Concentrou rapidamente sua energia a fim de expurgar o mesmo, mas boa parte da peçonha já havia penetrado sua pele transpassando de modo surpreendente sua armadura e ela sentiu-se tonta.

Em seu íntimo algo lhe dizia que o veneno não era letal, mas apesar disso teria de conseguir vencer o desconforto que começava a abater sobre seu corpo e tentar manter a guarda, pois sua inimiga certamente aproveitar-se-ia desse momento para intensificar suas investidas. Firmou-se em seu longo cajado e apressadamente puxou de uma pequena bolsa de couro, presa ao cinturão de sua armadura, um frasco contendo um líquido de tom dourado e bebeu-o com ânsia — sentindo sua língua ressequida pelo veneno. E, assim, aos poucos, conseguiu amenizar sua ação nociva.

Nesse momento, duas cabeças da Serpente ladearam-na, e em suas bocarras formaram-se cada qual uma esfera de energia, as quais foram arremessadas em conjunto contra a Guerreira sob a forma de raios incandescentes. Vikka correu seus olhos rapidamente em ambas as direções, e, após, abriu seus braços aglutinando considerável quantia de energia sombria na ponta de seu Cajado e em sua mão esquerda. Sem dificuldades, repeliu aos raios que saíram ricocheteando em milhões de fagulhas ao colidirem com sua defesa. Rapidamente ela rodeou-se por uma aura de tom violeta escuro, que semelhante a um escudo passou a receber as novas investidas energéticas lançadas pelas cabeças. Clarões, ruídos abafados, e, de repente, o escudo foi cedendo e fez com que ela sentisse a pressão causticante do poder divino de Gaia sufocando lhe; ambas as mãos unidas seguraram fortemente o Cajado e invocando um feitiço macabro fez com que Mandalas se formassem sob seus pés, das quais labaredas ergueram-se e transformaram-se em tentáculos de fogo negro que se impulsionaram na direção das cabeças para enredá-las; agilmente, porém, uma delas recuou conseguindo escapar do ataque sombrio, mas a da direita acabou presa na magia e, aos poucos, começou a ser tragada para dentro das chamas.

Nesse instante, a cabeça que havia conseguido desviar retomou a investida e, com seu raio atingiu os tentáculos. Uma forte explosão ocorreu e, mesmo libertando-se, a cabeça da direita não conseguiu escapar à violência da explosão e acabou sendo destruída, enquanto Vikka foi lançada para trás sob a pressão do impacto, o Cajado caindo a metros dela. Com surpreendente agilidade, no entanto, a Gram Maga pôs-se novamente de pé, fiações de segundos antes de ser atingida por outro golpe proveniente da cabeça restante, saltou para trás e ergueu sua mão direita fazendo um movimento rápido com a mesma e seu Cajado voou em sua direção; ela correu e saltou no ar, após segurou-o com firmeza.

Partiu em direção à Grande Árvore Serpente a fim de destruir a fonte do ataque de sua inimiga. Mas, a cabeça da esquerda foi rápida e, com seu longo pescoço, enrolou o corpo da feiticeira e abriu sua boca exibindo suas presas; o hálito azedo da criatura foi para ela repulsivo ao nariz e ela fez uma expressão de nojo, enquanto sem conseguir movimentar sua arma concentrou todo seu poder numa forte aura tétrica que se elevou por sob a criatura queimando-a; esta afrouxou um pouco a pressão e, num gesto rápido, Vikka desvencilhou seu Cajado e apontando- o na direção da bocarra conjurou um poderoso e dilacerante raio de luz sombria que explodiu a cabeça da serpente fazendo com que seus pedaços se espalhassem por todos os lados, contudo, desta vez, ela conseguiu escapar do veneno que novamente banharia seu corpo, dando um salto e caindo com leve inclinação ao solo.

Ela se apoiou em seu joelho direito e com o Cajado ao seu lado ergueu seu rosto na direção da Grande Árvore Serpente, os cabelos ruivos caindo como uma cascata de magma em torno de seu rosto; o visível cansaço começando a consumir-lhe as forças. Partiu, então, na direção da criatura e ergueu o Cajado, apontando-o na direção desta enquanto murmurou outro feitiço das trevas e, da ponta de seu objeto mágico uma auréola nebulosa originou-se, partindo sob a forma de uma energia fantasmagórica que envolveu o pescoço da Grande Serpente; esta se debateu e partiu na direção de Vikka, mas a um movimento da Gram Maga a auréola começou a estreitar-se no pescoço da criatura enforcando-a.

A grande árvore se rompeu e a Deusa da Vida surgiu de seu interior lançando contra Vikka uma misteriosa semente azulada, a qual lhe tocou o ombro sutilmente. Vikka não deu atenção a isso e com uma poderosa esfera de magia sombria atingiu Gaia fazendo seu corpo experimentar dores inenarráveis, ao mesmo tempo em que a mente da deusa era acometida pelos piores tormentos; o corpo de Vikka, porém, foi de repente acometido pelo poder oculto da misteriosa semente e cipós cobertos de espinhos circundaram-na e estreitaram-se fazendo com que uma torturante dor invadisse suas entranhas. Vikka soltou gritos agudos e num esforço, com magia, conjurou labaredas que envolveram seu corpo e destruíram os cipós, incinerando-os.

Insone, sentindo um aperto no peito acometer-lhe de modo agourento, o Comandante Feryus Vonsheys, estava recostado à janela de seu quarto; o dorso nu. Ele levava nervosamente uma taça de vinho amargo aos lábios, enquanto seus pensamentos traziam imagens de Vikka. Olhou o anel de ouro escuro, cuja pedra escarlate reluzia faiscante fazendo realçar a imagem talhada de dois dragões entrelaçados — o símbolo mágico da união de suas almas. Uma nuvem, então, cobriu o brilho da lua que reluzia clara no deserto de Narazy e, um vento repentino adentrou em seu quarto, fazendo com que inexplicavelmente a taça em sua mão se transformasse em mil pedaços e o seu conteúdo tingisse em tom de sangue o piso frio do cômodo. Tenso, Feryus viu nisso um mau presságio e olhou para o horizonte na direção da longínqua Xênia. — Vikka... — disse enquanto um filete de sangue escorria por sua mão ferida, e o breu da noite envolveu sua alma.

Sem sentidos, a Deusa da Vida que havia sido arremessada violentamente para o alto e para trás, caía perigosamente e com grande velocidade às bordas do Pico, mas, nesse instante, uma presença grandiosa fez-se sentir em todo ambiente e Gaia foi amparada nos braços do Deus Governante, cujas longas asas abertas mantinham-no em suspenso. Os cabelos cor de vinho caíam sobre seu rosto, enquanto ele fitava a face da jovem Deusa. Ele pousou suavemente e, então, tocou-lhe o rosto, de modo gentil. Deitou-a ao solo com cuidado e se ergueu, segurando com firmeza sua longa e negra Espada Hadhor, apontando-a na direção da Gram Maga.

— Criatura odiosa! Sua ousadia será paga com a morte! — bradou com voz imperiosa, expressando-se em linguagem comum para que a insolente mulher diante de si compreendesse perfeitamente a dimensão de sua fúria.

A sua volta tudo começou a tremer dando vazão a uma sensação poderosa e opressora que fez gelar o coração de todos ali presentes. Vikka, exausta pelo embate com a Deusa da Vida, cambaleou e se firmou em seu cajado.

Thanatos fitou Ashiva, realmente surpreso por sua presença após haver dito que não interferiria em assuntos mundanos. Nesse momento, observando Gaia e ao próprio pai, percebeu algo que ao mesmo tempo fez com que compreendesse suas motivações e ficasse apreensivo. Mas, afastou rapidamente o pensamento resultante de suas próprias conclusões e num movimento rápido girou sua foice no ar criando uma espécie de névoa sombria que se espalhou por todo local, envolvendo os membros da Grand Chase ali presentes em uma espécie de proteção divina, pois a gigantesca força do Deus do Caos erguia-se descomunal e infinita de modo que todo ser que fosse por ela atingido, certamente sofreria os danos por ela impetrados – mesmo que Ashiva não tencionasse ferir alguém além da Oficial enviada pelo traidor Atron.

Formas espectrais surgiram transparentes em meio à massa de energia translúcida que emanava da poderosa divindade primordial. Vikka estava totalmente presa na magia do Deus e foi erguida ao alto sem conseguir movimentar-se e sentindo o corpo como se seus ossos estivessem se partindo lentamente. Sua armadura, então, se fragmentou, tornando-se em uma poeira que caiu quente ao solo tão logo Ashiva despejou contra a Guerreira de Atron uma rajada de chamas escuras que partiram de sua longa espada; a mulher lançou um grito agudo, o que fez com que todos que visualizavam a cena ficassem chocados.

Arme sentiu pena pela sorte de sua inimiga — que agora caía ao solo sem conseguir esboçar reação alguma. Ashiva dela se aproximou — e, diante daquele corpo fragilmente ferido e ensanguentado, ergueu a Sagrada Hadhor, segurando-a com ambas as mãos e, então, se preparou para o golpe de misericórdia. Nesse momento, em meio a uma grandiosa luz alvo-dourada — Yavos saltou de seu unicórnio alado e lançou-se à frente de Vikka interpondo sua Sagrada Espada Nyattur — cujo brilho fantasmagórico parecia ser um reflexo do próprio crepúsculo — contra a afiada e tétrica lâmina negra da Espada do Deus Governante. Feixes de energia divinal se espalharam emitindo clarões que rasgavam o céu como relâmpagos. E os olhos negros de Yavos — tomados por uma luz divina — emitiam um estranho brilho. Ao passo que seus longos cabelos esvoaçavam.

Ashiva fitou-o, surpreso e, intensificou a pressão de Hadhor, contudo, Yavos não pareceu se afetar e firmando ainda mais Nyattur continha o poder do Deus Ancestral em um patamar de parelha e inacreditável igualdade. Thanatos pousou seus olhos sombrios no homem que ali havia chegado e na arma que este estava a empunhar e, sentindo sua familiar energia retesou-se. Num movimento rápido, então ele se aproximou de Ashiva segurando-o na altura do ombro esquerdo, sua voz saiu solene e determinada quando ecoou pelos rochedos em ruinas do Pico.

— Pare meu pai!

 Ashiva voltou seu rosto parta ele, evidentemente contrariado, enquanto Yavos, aproveitando-se da brecha recuou um passo mantendo-se com Nyattur na ofensiva.

— Como se atreve a me interromper? Espero que tenha uma razão muito forte para justificar sua impertinência Thanatos!

— Tenha certeza de que possuo sim. E se voltando para Yavos apontou sua Foice na direção do mesmo, mantendo no rosto um ar profundamente sombrio, falou:

— Quem é você? E como a Sagrada Nyattur parou em seu poder? —indagou de modo frio, embora em seu íntimo já soubesse a resposta. Ashiva fitou a Espada nas mãos do homem — a cuja divindade ele também havia percebido e postou-se ao lado de Thanatos fitando com gravidade o recém-chegado. Sua Sagrada Espada Hadhor ainda firme em seu punho. Yavos baixou levemente a guarda e, em seguida, encarou os Deuses diante de si, envolto por uma intensa aura divinal que, sem entender como, atuava de modo intenso e involuntário por todo seu corpo.

— Sou Yavos Neryan, filho da sacerdotisa Hanna. Gram Mago da Ordem da Luz de Fogo, existente no Reino de Shalay. E Esta Espada foi um presente do finado Imperador de Astrynat, o venerável Alkyraz.

— Alkyraz? E por que ele lhe daria algo tão importante? A Espada que lhe deitei nas mãos tão logo o destinei para assumir o Império?

— Isso não posso lhe responder, pois apenas ele me disse que era seu desejo. Que eu deveria ficar com Nyattur e que um dia eu entenderia o significado do seu gesto.

Thanatos dele se aproximou, abaixando sua Foice, e numa língua de uso exclusivo dos Deuses então se dirigiu a ele:

— Sou o pai de Alkyraz. A morte para um Deus verdadeiramente não existe... Tudo é transição.

— Sim, eu sei – Yavos respondeu; surpreso por haver entendido e o que era mais inusitado estar conseguindo responder ao que o Deus da Sintonia estava a lhe dizer. — E saiba que eu o considerava tal qual a um pai. Embora, eu saiba que nunca seria digno de tamanha honra.

Thanatos olhou-o com seriedade e, seus olhos por sob a máscara que usava tinham adquirido um brilho de contentamento — mas nada retrucou. E Ashiva, que estava surpreso pelo homem dominar o idioma restrito dos Deuses fitava-o com muita seriedade e interesse. A familiaridade da aura por ele emitida começava a tocá-lo de modo impressionante.

Vikka remexeu-se no solo e emitiu um gemido profundo. Yavos desceu seus olhos para ela, sentindo pena.

— Deixe-nos ir. Peço vossa clemência. — disse ajoelhando-se. Ashiva ouvindo-o franziu o cenho, nem um pouco comovido com o gesto, mas Thanatos com um olhar sério, porém sereno, encarou o pai. Este o fitou demoradamente e, então, se aproximou de Yavos.

— Levante-se homem! — disse Ashiva com firmeza e Yavos obedeceu. — Permitirei que partas daqui com essas criaturas miseráveis. Mas, nunca mais se atrevam a colocar os pés neste Solo Sagrado ou encontrarão o fim para suas repulsivas vidas.

Yavos anuiu e se ergueu. Com cuidado colocou Vikka em seus braços, o corpo coberto por ferimentos, as vestes convertidas em farrapos, mal a cobrindo. Envolveu-a com sua capa. Movimentou sua mão e uma luz alva formou-se em sua palma e ele lançou-a ao ar de modo que esta subiu ao alto até desaparecer, e em poucos segundos seu unicórnio alado ali pousou seguido por duas gigantescas águias. Montou em seu animal e com um gesto com sua mão fez com que Keran e Pietra fossem erguidos, levitando-os até as águias; pronunciou algumas palavras em linguagem antiga e em torno dos corpos de ambos duas cordas surgiram e os envolveram mantendo-os firmes às aves. Logo depois, desaparecendo no céu escuro, onde a luz já estava opaca, com uma lua a reluzir melancólica e levemente ofuscada por braços cinzentos de nuvens carregadas pelo intenso vento que soprava.

Um forte clarão de tom arroxeado escuro logo tomou conta do Pico Delevon e envolveu com grandiosa força aos Deuses caídos e a todos que ali se encontravam. Aos poucos, todos sentiram uma benévola sensação de revigoramento. De olhos fechados, o Deus Governante Ashiva enviava seu poder e Gaia, Samsara, Zig e Periett se recuperaram, assim como cada membro da Grand Chase que ali estava. A luz ergueu-se ao alto sob a forma de uma energia majestosa que invadiu cada recanto de Xênia e sob os pés do Pico — onde a Grande Guerra havia ocorrido. A dor deu lugar ao alívio e as chagas se cicatrizaram.

Mas, apesar disso, todos sabiam que apenas uma etapa havia se fechado e que o verdadeiro mal ainda não havia sido derrotado; somente uma batalha diante da longa guerra que se anunciava. Mesmo assim, como o vento e a luz que trouxe de volta a Paz ao Continente Sagrado de Xênia, ali renasceu algo que nem mesmo mil exércitos poderiam retirar do coração daqueles que acreditavam e lutavam pela justiça: a esperança. E, abraçados a ela, mergulhariam no amanhã que em breve chegaria junto à aurora...

Continua...


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Notas finais do capítulo

E a Trilogia de Xênia chegou ao seu desfecho. Deixando no ar a certeza de que a verdadeira batalha ainda está por vir. Mas a fic ainda não terminou... Estejam preparados para surpresas e importantes revelações nos capítulos finais do Livro I desta saga!

* O espaçamento deste capítulo – visando facilitar a leitura de todos - foi ao meu encargo (Narsha).
** A pronúncia correta da Espada Sagrada pertencente ao Deus Ashiva é como se o Ha tivesse som de Ra, ou seja lês-se então Hadhor foneticamente como Rador.



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