Aprendiz escrita por flavia_galo


Capítulo 5
Capítulo 5 - A História da Caçadora


Notas iniciais do capítulo

Boom, ta aí o novo capítulo como prometido rsDepois mandem um review falando o que acharam, eu prometo responder todos (:Beeijo!



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O choque atingiu Dean antes do entendimento. Jo. Ela já havia morrido há muito tempo, mas a dor da perda estava longe de sumir. Afinal, Jo e sua mãe, Ellen, haviam se sacrificado para dar a eles uma chance.

 Ele suspirou e olhou para Sam, que parecia estar preso no mesmo choque e confusão que ele próprio. Quando os olhos dos dois se encontraram, Sam assentiu lentamente e voltou seus olhos para Olivia.

- Ok. Que tal você nos explicar isso enquanto eu dou um jeito no seu braço? – Dean viu a careta que a garota esboçou e teria rido se não estivesse tão confuso. – Você fala, eu costuro.

 Ela sorriu e depois deu um longo suspiro.

- Certo então. Dean, é melhor você se sentar, isso pode demorar um pouco.

 Ele olhou em volta e se sentou no banco do bar próximo ao dela. Sam remexeu na caixa de primeiros socorros e quando encontrou o que precisava, enfiou a agulha, indicando que Olivia começasse a falar.

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 Olivia desviou os olhos discretamente do braço quando viu a agulha. Estava grata por algo para se distrair, então começou a sua narrativa.

- Há pouco mais de um ano atrás, eu nada sabia sobre fantasmas, demônios e todas essas criaturas. Até que o meu vizinho morreu. Foi uma morte horrível e injustificada, estava nos noticiários, jornais e policiais vinham aqui o tempo todo me perguntar o que eu sabia sobre ele. Então Jo bateu na minha porta. Eu não a conhecia na época, mas ela era diferente de todos que vinham me interrogar, ela parecia nervosa e mesmo me mostrando um distintivo eu acho que nunca acreditei completamente que ela fosse do FBI. Então uma noite, dois dias depois de ela ter me interrogado, eu ouvi barulhos no apartamento desse vizinho. Ele morava logo acima de mim, portanto qualquer coisa que caísse no chão fazia barulho no meu teto, e naquela noite muitas coisas caíram. E não era só isso. Eu ouvi um grito abafado, e parecia que alguém estava se chocando contra a parede. Era como se estivesse havendo uma luta. Eu sabia que não tinha ninguém morando no apartamento então eu fui investigar.

“Quando eu abri a porta, me deparei com uma cena tão estranha que achei que não fosse ser capaz de um dia explicá-la. Jo estava lá, lutando com uma outra mulher, uma mulher que eu nunca tinha visto antes, com um olhar vazio e que emitia um brilho estranho. Eu estava prestes a chamar a polícia ou tentar separar a briga, o que a situação exigisse, quando a mulher me viu. Ela sorriu, o sorriso mais cruel que eu já tinha visto, e antes que eu pudesse saber o que estava acontecendo, ela apareceu na minha frente. O choque me paralisou e entorpeceu meus sentidos, eu sei que ela disse alguma coisa, mas mesmo hoje eu não sei o que foi. Então eu ouvi um barulho de alguma coisa caindo e a mulher se virou. Jo estava parada a alguns metros de distância, tentando desesperadamente riscar um fósforo em cima de uma pilha de algo branco que estava a seus pés. A mulher soltou um grito de fúria e quando eu olhei de novo, ela estava imobilizando Jo. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo, mas sabia que o fósforo era importante, devia ser importante. Então, eu corri até onde elas estavam e acendi um fósforo. Quando a mulher viu o que eu havia feito, eu já havia jogado o fósforo na pilha de ossos, hoje eu sei que eram ossos, e já era tarde demais pra ela. Eu assisti enquanto a mulher era consumida por fogo, assim como a pilha, e sumia. “

 Olivia parou a narrativa e engoliu em seco. Lembrar de Jo era doloroso. Ela olhou para seu braço e viu que Sam ainda estava costurando. Um gemido involuntário escapou de Olivia.

- Estou quase acabando. – Sam sorriu pra ela encorajando-a a continuar a história.

- Bom... – Olivia desviou os olhos do braço novamente, tentando organizar seus pensamentos. – Depois disso, eu entrei em choque. Eu me lembro de Jo me levando de volta para o meu apartamento, mas só depois que eu estava sentada no sofá, com ela a meu lado é que as lembranças ficam claras novamente. Eu perguntei a ela o que tinha acontecido e ela relutou um pouco, mas acabou me contando a verdade. Afinal, eu já tinha visto. Jo me contou sua história, sobre o bar, sobre o seu pai, sobre Ellen, e também sobre vocês, os famosos Winchester. E ela me disse que tinha decidido caçar, seguir os passos de seu pai e que quando tentou dizer isso a sua mãe, Ellen a expulsou de casa.

 Olivia suspirou novamente e olhou para o teto. Nem mesmo percebeu que Sam já havia terminado de costurar e agora só estava colocando uma gaze por cima do ferimento.

- Ela parecia tão... magoada, tão sozinha, tão perdida. E ela havia me confiado sua história, seu mundo, verdades que a maioria das pessoas nem pensa em saber. Então eu a convidei para ficar um tempo na minha casa. – Olivia sorriu. – Pensando sobre isso agora, foi a maior loucura que eu já fiz. Uma garota me conta sobre fantasmas e demônios e eu a convido para morar comigo. Mas ela parecia sincera, então eu confiei nela, instantaneamente.

 Olivia olhou para seus espectadores. Sam já havia terminado e agora olhava para ela com uma expressão indecifrável. Dean estava com um rosto vazio, quase como se não quisesse demonstrar emoção.

- Alguns dias depois, Jo já era minha melhor amiga. Ela começou a me ensinar tudo que sabia sobre caçar e me contou como matar cada tipo de criatura, como me defender, como detectar os sinais de que algo sobrenatural estava acontecendo. Até que uma manhã estávamos olhando o jornal e descobrimos uma série de assassinatos não longe daqui. Tinha todos os sinais que Jo havia me ensinado a detectar e decidimos ir descobrir o que estava acontecendo. A partir desse dia, nós duas começamos a caçar juntas, somente nas cidades próximas, mas sempre atentas ao que acontecia em outras cidades. Passaram-se seis meses desde o dia em que eu a conheci até o dia que Ellen ligou.

 Quando chegou nessa parte da narrativa, os olhos de Olivia começaram a ficar marejados e ela sentiu o caroço familiar em sua garganta que aparecia sempre que ela falava, ou pensava sobre Jo.

- Eu queria ir com ela, mas ela foi inflexível. Disse que era assunto de família, que eles tinham a chance de resolver todos os problemas que haviam aparecido. Salvar o mundo foi o que ela disse. – Olivia soltou um riso abafado e sentiu uma lágrima escorrer. – Ela foi embora, e uma semana depois eu recebi uma ligação do Bobby me contando sobre sua morte. Bobby havia nos ajudado muitas vezes antes nas nossas caçadas e ele sabia o quanto eu e Jo éramos próximas. Ele se ofereceu para vir para cá por uns tempos, mas eu tinha aulas suficientes para manter minha mente ocupada. E quando as mortes na Universidade começaram, eu sabia que tinha que agir. Nunca havia caçado sozinha, mas era o que Jo faria. Eu devia isso a ela.

 Quando Olivia parou de falar, todos ficaram em silêncio por longos segundos. Até que Dean limpou a garganta e sussurrou:

- Eu sinto muito. – Eles se olharam por um longo tempo, até que Olivia sorriu e se levantou.

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 Sam olhou para Olivia procurando algo que pudesse dizer para tentar amenizar a dor clara em seus olhos. Não havia nada. Se sentiu aliviado quando Dean voltou a falar.

- Acho que precisamos ir. – Ele se levantou, mas depois se voltou para Olivia. – Só uma pergunta. O que você estava pretendendo quando foi até a biblioteca hoje?

- Conversar com ela. – Olivia pareceu confusa. – Eu queria saber se ela tinha alguma idéia do que a prendia aqui.

- Você... – a risada de Dean foi tão alta que pareceu exagerada. – Nós não conversamos com os fantasmas. Geralmente, quando eles estão aqui, eles não querem ir embora, então não espere que eles te dêem a localização do que pode queimá-los vivos. Por assim dizer. Vamos, Sam.

 Sam se levantou e sorriu para ela.

- Nós também perdemos uma amiga quando Jo morreu. Duas, na verdade. Eu sei como dói.

 Então ele e Dean se encaminharam para a porta. Olivia não fez menção de segui-los. Quando passaram por uma mesinha perto da porta, Sam viu uma foto onde duas garotas sorriam radiantes. Uma delas possuía olhos azuis brilhantes contrastando com a escuridão de seus cabelos pretos. A outra era loira, bonita e familiar. Dean abriu a porta e Sam desviou os olhos da foto de Olivia e Jo.


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