Reencontro

Edward Pov:

-Eles
chegaram! Eles chegaram! - ouvi Rosalie dizer correndo em direção à porta da
sala de estar.

Segui minha
irmã e encontrei meu pai tirando as malas do carro e minha mãe dando um forte
abraço em Rosalie.

-Onde está a
Bella? - perguntou Rosalie olhando para o carro.

-A
pobrezinha estava tão exausta que acabou dormindo quando estávamos voltando do
hospital... - minha mãe disse com tristeza na voz.

Caminhei em
direção ao carro dando um beijo em minha mãe ao passar por ela. Eu queria
vê-la. Tudo aquilo que estava acontecendo parecia um pesadelo; eu sabia muito
bem o quanto ela ainda estava tentando se recuperar do trauma de ter sido ela a
encontrar a mãe morta. De certa forma eu sofri com ela (apesar de fazer cinco
anos que minha tia se foi). Eu ainda lembro o quão forte ela segurou a minha
mão enquanto via o caixão de sua mãe ser coberto por terra.

-Pai, quer
ajuda? - eu disse enquanto ele pegou as malas e foi em direção à casa.

-Não
precisa. Mas você poderia acordar a Bella? - ele disse me dando as costas.

-Hei, vê se
não acorda ela com suas brincadeiras idiotas!! - Rosalie disse me olhando com
uma cara nada amigável. Tudo isso porque às vezes eu acordo a minha irmãzinha com umas brincadeiras que, pra
mim são engraçadas (como quando eu enchi sua mão com creme de barbear e fiz cócegas
em seu nariz para que ela passasse a mão no rosto; ela se lambuzou toda... foi
muito engraçado que eu até tirei uma foto e coloquei no meu Facebook).

Abri a porta
do passageiro e a luz do carro se acendeu, então eu pude vê-la. Mesmo dormindo
eu podia ver em seu rosto o quanto ela estava sofrendo.

Estiquei o
braço e deslizei de leve os dedos em seu rosto; ela juntou as sobrancelhas e
deu um gemido, como se tivesse com dor. Logo ela começou balbuciar algo que eu
não entendia.

-Bella?
Bella? - chamei balançando seu ombro.

-Não! Não!
Paaiii!!! - ela disse levantando rapidamente. Olhou-me apavorada e ofegante,
enquanto segurava firme em minha mão.

-Hei!!
Calma! foi só um sonho... foi só um sonho, Bella! - eu disse com uma voz calma
colocando a minha mão (que ela ainda segurava) em seu rosto.

-Edward? - ela
disse ofegante e parecendo confusa.

-É! Sou eu! -
disse num sorriso.

-Oi! - ela
disse com um sorriso triste. - Então ele está mesmo naquele hospital? Não era
um pesadelo? - ela me lançou um olhar triste e lágrimas começaram a se formar
em seus olhos.

-Sim. - foi
só o que consegui dizer. Passei as costas da mão em seu rosto; ela segurou
minha mão pressionada em seu rosto e fechou os olhos, fazendo com que as lágrimas
escorressem.

Ficamos
assim por um breve momento. Enfim, ela me olhou e tocou em meu rosto com a
palma da outra mão. Senti uma corrente elétrica correr pelo meu corpo.

-É bom vê-lo
novamente! - ela disse juntando as sobrancelhas e forçando um sorriso.

O momento
foi quebrado quando Rosalie abriu a porta do carro e se lançou sobre a Bella.

-Bella!! -
Rosalie disse lhe dando um forte abraço.

-Rosalie! - Bella
disse quase sem ar.

-Vem, vamos
entrar, temos muito que conversar!! - Rosalie disse puxando Bella pela mão. Elas
saíram e caminharam em direção à entrada da casa.

Segui as
duas, ouvindo as perguntas que Rosalie fazia a Bella. Ela queria saber as últimas
novidades do colégio e como tinha sido a viagem de volta. As únicas palavras
que Bella disse em resposta às perguntas dela foram “nada de novo” e “estressante”.

Acho que Rosalie
estava tentando distrair Bella; não estava funcionando... mas uma coisa que eu
sei bem sobre minha irmã é que ela não é de desistir em seus objetivos.

Quando
entramos na sala, meus pais estavam sentados no sofá conversando sobre Charlie.

-Eu queria
passar a noite no hospital com meu pai...! - Bella disse caminhando em direção
a eles.

-Bella, acho
que não é uma boa ideia. Você não conseguiria descansar... -disse minha mãe, mas
antes que ela terminasse Bella a interrompeu.

-Descansar?
E vocês acham que eu vou conseguir fazer isso aqui, longe dele? - ela disse
passando as mãos na cabeça e com a voz estressada.

-Se você
preferir podemos ir e ficar na casa de seu pai enquanto ele está no hospital...
é tudo o que posso lhe oferecer no momento. E o médico disse que avisaria caso
houvesse qualquer novidade! - minha mãe disse se levantando do sofá e pegando
na mão de Bella.

-Não! Eu não
quero ficar naquela casa!! - ela disse abaixando a cabeça, fazendo com que seus
cabelos escondessem seu rosto. - Eu quero ficar com meu pai... e se eu não
estiver lá quando ele acordar? - minha mãe a abraçou.

-Como assim...
“acordar”? - perguntei.

-Ai cabeção.
Onde você colocou seus ouvidos! - Rosalie disse me dando um tapa na cabeça. -
Você não escutou a mamãe falando que o tio Charlie está em coma?!? - ela disse
baixo pra que só eu escutasse.

Fiquei boquiaberto
com as últimas palavras de Rosalie. Na verdade eu não prestei atenção ao que
minha mãe havia dito a Rosalie quando ela chegou. Eu só queria vê-la,
reencontrar Bella. Eu olhei pra Bella, que subia as escadas com minha mãe. Ela ainda
insistia em voltar para o hospital. Mas minha mãe dizia que seria melhor pra
ela ficar aqui. Essa era a causa de tanta tristeza em seus olhos... o estado de
Charlie era bem pior que eu imaginava, e a única coisa que eu poderia fazer por
ela era ficar ao seu lado e dar todo meu apoio.

(...)

No jantar
ninguém estava com muito apetite e eu aproveitei pra ficar ciente de tudo que havia
acontecido de fato. Bella não quis descer pra jantar. Minha mãe preparou uma bandeja
com leite e biscoitos e se dirigiu em direção as escadas.

-Mãe pode
deixar que eu levo pra ela. - eu disse apanhando a bandeja de suas mãos. - A
senhora também precisa descansar. - e ela precisava mesmo desde cedo ela estava
naquele hospital.

-Obrigada
filho. Insista pra que ela coma um pouco. Seu pai disse que ela não comeu nada
durante o voo. - ela disse me dando um beijo no rosto e subindo as escadas.

Subi as
escadas e caminhei pelo corredor em direção ao quarto em que a Bella ficaria.

-Posso
entrar? - disse batendo na porta de leve.

-Pode Edward...
- ela disse calma.

Coloquei a
bandeja no criado mudo, e sentei na cama enquanto ela guardava as roupas no
closet.

-Você
poderia fazer isso amanhã... - eu disse irônico.

-Eu não
estou com sono e amanhã eu quero ir cedo ao hospital.

-Não está
com fome também? Sabe que saco vazio não pára em pé... - disse num tom
brincalhão. - estou encarregado de fazê-la comer, nem que pra isso eu tenha que
usar a força!  - eu disse e ela me olhou
revirando os olhos e cruzando os braços.

-E como
pretende me obrigar a comer? Vai fazer aquele olhar de súplica igual você fazia
pra sua mãe quando queria biscoito antes do jantar? -  gostei de ter ouvido ela falar num tom
divertido.

-Sabe que
aquilo sempre funcionava... e você também participava da chantagem.

- É, mas eu
sei de seu truque e isso não vai funcionar comigo! - ela disse sentando na
beirada da cama.

-Eu tenho
truques novos, e esses também são infalíveis... - disse colocando a bandeja
sobre a cama.

-É verdade!
Rosalie me falou de sua fama de garanhão do colégio!! - ela disse pegando um
biscoito. - Mas vou poupar você desse trabalho, porque eu não disse que estava
sem fome. - Bella deu uma mordida no biscoito e bebericou o leite.

Logo ela havia
comido todos os biscoitos e tomado todo o leite. Não expressei reação àquilo;
só lancei um sorriso pra ela. Escutamos uma batida na porta e logo em seguida
Rosalie entrou.

-Eu só vim
dar boa noite e dizer que é muito bom que você esteja de volta. Olha!! Vejo que
ele conseguiu fazer com que você se alimentasse! - minha irmã disse dando um
abraço e um beijo estalado no rosto de Bella.

-O mérito é
todo dela! - eu disse.

-Os truques
dele não funcionam comigo... - Bella disse dando um sorriso torto.

-Está
perdendo a manha, maninho!! - Rosalie disse saindo e fechando a porta. “-Isso nunca!!”, pensei comigo.

Bella se
levantou e continuou a organizar o closet, mas parou quando pegou um porta-retratos
na mala. Ela se jogou no pequeno sofá perto da janela e logo seus olhos se
encheram de lágrimas, que começaram a escorrer pelo seu rosto.

-Hei! Ele
vai sair dessa, você vai ver... - eu disse carinhosamente me ajoelhando em sua frente
e pegando em uma de suas mãos. Eu olhei o porta retrato... era uma foto dela
abraçada com Charlie.

-Porque eu
não consigo acreditar nisso? Eu sou uma pessoa tão negativa... - ela jogou a
cabeça pra trás e soltou uma profunda respiração.

-Não! Você é
uma pessoa que já sofreu muito e prefere esperar o pior porque acha que se
sente preparada pra isso! - sentei no braço do sofá e passei a mão em sua
cabeça.

-Acho que
você me conhece melhor do que eu mesma... - ela encostou a cabeça no meu peito.
E num abraço apertou forte o porta-retratos contra seu peito. - Mas isso é
inútil, não é mesmo? Nunca estamos preparados pra perder alguém que amamos!! -
ela disse passando a mão no rosto pra limpar as lágrimas.

-É por isso
que temos que ser otimistas porque estamos sempre preparados pra boas notícias...
e você é fácil de se desvendar! - ela levantou a cabeça fazendo com que nossos
olhares se encontrassem.

-Mais só
você tem a capacidade de fazer isso... você me conhece tão bem que sabe o que
dizer e o que fazer pra que eu me sinta bem... como agora, por exemplo.

-Não sou tão
bom assim, eu não te ajudei quando você perdeu a sua mãe! - eu disse fazendo um
punho com as mãos e apertando com força os dedos.

-Acredite!
Você ajudou sim! - Bella se posicionou de joelhos no sofá, ficando com o rosto de
frente pro meu.

-Como?

-Quando nos
afastamos. Aquilo foi uma ajuda. Era como se houvesse uma bomba dentro de mim e
uma hora ela tinha que explodir. E tudo que aconteceu foi a consequência dessa
explosão... só não esperava que fosse de grande proporção. - ela disse mordendo
o lábio inferior. - e se você estivesse comigo ...eu não me perdoaria se algo
te acontecesse por culpa minha. Você é muito importante pra mim, e nosso
afastamento foi a maneira que eu achei pra te manter longe de problemas! - ela
passou a mão em meu rosto e deu um leve sorriso; eu retribuí com outro.

-Edward!! Telefone
pra você. - Rosalie disse abrindo a porta e estendendo o aparelho pra mim.

-Quem é? -
eu perguntei caminhando até ela.

-Adivinha!!
- ela disse num tom irônico, revirando os olhos.

-Eu já volto.
- disse olhando pra Bella e ela só acenou com a cabeça.

Peguei o
telefone e caminhei até o meu quarto (que ficava a uma porta do de Bella) no
final do corredor. Respirei fundo.

-Alô! - disse
tentando disfarçar a irritação.