POV Light

-Não me vais dizer o teu verdadeiro nome, pois não? – Questionou olhando para D.

A rapariga ao meu lado olhava directamente para chuva e desde que ali estavamos, ainda não conseguira ver os seus olhos.

-Há 5 minutos atrás, eu não te conhecia. – Respondeu D., de novo arrogante.

Sorri e senti-me arrebatado por ela. Ela quer mesmo que eu vá embora...

-Sim. Tens razão. Mas por outro lado, quando as pessoas se conhecem, dizem o nome delas umas às outras... Tu ainda não me disseste o teu.

-Tu sabes o meu nome. O meu nome é D.

Suspirei, totalmente frustrado e divertido. Sinceramente, nunca tinha falado com uma pessoa tão complexa...

-Se o meu nome não é L. então o teu não é D. – voltei a insistir.

Ela bufou, aborrecida e eu soube que tinha ganho.

-O meu nome é o contrário do teu... estás feliz? – Murmurou ela olhando-me de raspão.

Não me sentia de forma alguma melhor... assim que D. dissera aquela frase, percebi que não era só o nome que me atraia tanto, era o facto de ela ter todo aquele negro em seu torno e de eu ter toda aquela luminosidade...

Olhei para a chuva, reflectindo por momentos.

Somos o contrário um do outro... mas não vai ser isso que me vai fazer desistir. O meu instinto trouxe-me até ela. Não é o seu nome que me vai fazer recuar.

-Então, é Darkness, certo? – Perguntei com a voz a falhar levemente.

-Sim, Light. – Confirmou ela firmemente.

-É por isso que me estás a afastar? – Perguntei, aproximando-me sorrateiramente dela.

-Se eu sou o teu contrário, as coisas não seriam boas entre nós... quer fosse amizade ou...mais.

Consegui sentir a voz dela a falhar na palavra mais... Ela pensava que era por isso que eu estava ali.

-Darkness – Disse com convicção. Ela olhou finalmente para mim e eu vi-lhe os olhos incrivelmente profundos e negros. São tão belos... – eu estou aqui para uma possível amizade, não para algo mais. Se isso acontecer, então sei que nunca seria capaz de te fazer sofrer, mas a razão da minha permanência aqui deve-se ao facto de me querer aproximar de ti enquanto pessoa, não enquanto rapaz, homem, ... o que quiseres! Eu estou aqui para te conhecer – e para te amar, se assim o quiseres, pensei.

Senti-me tremer por todos os lados e não era por causa do frio... Não sabia se tinha mentido ou dito a verdade, apenas sabia que não me podia afastar dela. Não podia...

Ter passado aquela esquina não fora um erro.

Darkness sorriu por uma fracção de segundo e o meu peito apertou, asfixiando-me.

-Se não estivesses aqui a tentar engatar-me onde estarias, Light?

Eu ri abertamente e se fosse possível, teria subido até às nuvens.

-Provavelmente, estaria a falar com a Death perguntando-lhe como te poderia engatar. – Respondi com toda a sinceridade.

Darkness franziu o sobrolho.

-Ninguém fala com a Death. Toda a gente a acha uma aberração. A ela e a mim... – afirmou ela com uma certa superioridade, como se aquilo fosse uma coisa boa.

-Pois eu falo! Ela é bastante simpática e dá bons conselhos.

-Tu és uma aberração... – suspirou ela, enquanto olhava de novo para a chuva que começava a parar. – Sabes, Light? Gostei da conversa, mas vou embora agora.

-O quê? Agora??? Não! Estava finalmente a tentar sacar coisas sobre ti... – Lamentei-me como que a fazer beicinho.

Aparentemente, estava apenas a fazê-la rir mas dentro do meu corpo, todo o sangue borbulhava de frustração e gritava para que ela ficasse.

-Daqui a 2 minutos tenho aula e tu também, com certeza... A chuva está a parar e não há mais nada que me prenda aqui... – falou ela, enquanto se levanta e ajeitava o capuz.

A voz de Dakness falou com uma frieza tal, que foi como se me tivesse cortado os pulsos com uma faca de serrilha. Desejei gritar-lhe para que ficasse mas estava a exagerar. Eu estava a falar com ela à apenas 5 minutos!!! Talvez, nem 5 minutos...

Ela está a dar comigo em doido... Isso não é bom...

-Voltamos a falar? – Questionei-a enquanto me levantava.

-Talvez, mais tarde. – Disse ela.

Talvez... talvez... talvez... Isso é um sim!

-Sabes, eu também não tenho medo da chuva. – falei, sorrindo.

Darkness olhou-me de novo e sorriu levemente. O seu sorriso arrebatou-me e quase que desfaleci...

-Isso quer dizer que não és tão mau quanto eu pensava...

E com isso, vi-a ir embora com todo o seu negro e um pouco da minha luz no seu sorriso.