Crônicas Lunares escrita por no-chan


Capítulo 5
Cap. 2 Estranha Lua Cheia (parte I)


Notas iniciais do capítulo

Hello!!! ^^
Bem bem.... Esqueçam minhas promeças a partir de agora. Eu percebi que não posso prometer postar mais rápido.. T.T Ai ai, mas ainda assim, aqui está!! hehehhehe O segundo capítulo!!
Boa leitura, meninas!!!!
Beijão.



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            A maioria das pessoas acharia que o submundo é um lugar sinistro e silencioso, completamente sem vida e sem confusões.

Bem, a maioria está errada...

Astérion passou pelos guardas, incrivelmente irritado. Essa era a vigésima dama que sua mãe lhe forçara a conhecer! Não importava quantas vezes repetisse que não estava interessado em casar-se, ela sempre lhe arranjava uma nova pretendente. Isso estava ficando ridículo!

O príncipe adentrou seus aposentos ignorando as reclamações da rainha e respirou fundo ao ver o pôr do sol em sua varando.

“Astérion!” o grito de sua mãe ecoou na porta fazendo-o virar irritado “Pode me dizer qual era o problema desta jovem? O que foi? Só falta me dizer que ela era bonita demais!”

A rainha de Creta parecia que sopraria fogo pelas ventas naquele momento e Astérion suspirou resignado. Não adiantaria dar mais desculpas. Muito alta, muito baixa, gorda, magra, tola, inteligente... Todos os adjetivos já haviam sido usados. Só restava a verdade.

“Eu não me apaixonei por nenhuma delas, minha mãe.” disse ele cansado.

“Não é possível que um homem com mais de trinta anos não tenha se apaixonado uma única vez, Astérion! Eu só lhe trago as mais belas e renomadas princesas e você dispensa todas!!”

“Mas não me importa o sangue que corre em suas veias.” disse o príncipe com o máximo de controle para não gritar.

“Não me venha com essa, Astérion! Não me apareça com uma plebéia como amante, porque eu não vou permitir! Digo-lhe desde já!” disse a rainha já se retirando do quarto e batendo a porta irritada. “Por Zeus!”

“A única que desejo, a senhora não pode me trazer...” murmurou Astérion com a tristeza de um coração partido em pedaços. Olhou novamente para o pôr do sol com um misto de mágoa e agonia. Logo a lua cheia estaria alta no céu mais uma vez. Mais uma vez... sem ela.

*************

            A pequena ninfa da noite já conhecia bem o submundo. É claro. Ela vivia ali desde que nasceu. Mesmo com aquele ar assustador que só o mundo dos mortos poderia ter, aquele era o único lar que ela conhecia. Estava com seis anos mortais e uma aparência de criança franzina. Seus cabelos loiros, que de tão claros pareciam esbranquiçados, contrastava com a atmosfera escura do ambiente. Seus olhos prateados pareciam brilhar como diamante na escuridão e a pequena marca de lua em sua testa reluzia magicamente confundindo-se com sua pele.

            Nephelle estava sentada na borda da barcaça de Caronte, brincando com várias moedas de ouro a espera de sua mãe. Aquele espectro encapuzado a observava atentamente enquanto o rio Estige oscilava com as almas perdidas que rogavam descanso, mas ela os ignorava nervosa. Estava ansiosa para sair logo dali. Queira conhecer o mundo lá fora. Queria conhecer o seu pai! Por que sua mãe estava demorando tanto?!

            Uma explosão ao longe chamou sua atenção. As cavernas das Fúrias, que geralmente possuía um brilho esverdeado, parecia incendiada em vermelho. Aquelas cegas tolas deviam estar com problemas com a alma do novo herói que chegara no dia anterior. Nephelle ficava impressionada com a quantidade de mortais que caíam em desgraça por raiva dos deuses e eram mandados para serem torturados por elas. E mais impressionada ainda com a quantidade que vinha só por causa de Hera. Oh deusa rancorosa!

            Nephelle ouviu a voz de sua mãe ecoar aos berros pelos corredores escondidos nas rochas, e então a viu descendo as escadas perguntando o que estava acontecendo. Alguns gritos e reclamações depois, a menina sentiu a barcaça balançar.

            “Tua mãe vai acabar ficando louca.” disse uma voz soturna e arrepiante ao seu lado.

            A ninfa se assustou, mas tentou não transparecer. Não era comum Ele ser visto fora dos portões do inferno. Ela ergueu a cabeça olhando-o e curvou-se novamente de forma respeitosa. O homem ao seu lado era sério e misterioso com cabelos negros e pele ainda mais pálida que a dela. Os olhos Dele eram frios e superiores como se conhecesse todos os segredos do mundo e um pouco mais. Usava uma túnica preta muito longa que cobria até seus membros e estava de pé no centro da barcaça apenas olhando para a caverna de onde vinham as reclamações.

            Nephelle deu um suspiro pesado. Quanto tempo ainda iria demorar? O dia já estava acabando e ela queria muito ver a luz do sol pela primeira vez. Guardou as moedas e juntou as pequenas mãos, apoiando-as em seu próprio rosto com um bico mimado.

            “Com pressa para saíres do submundo, criança?” O homem a olhava de soslaio e parecia um pouco decepcionado.

Bom, claro que os deuses poderiam parecer o que quisessem. Mentir e dissimular eram naturais para eles. Mesmo assim, ela respondeu. “Não é para ir embora. Eu, na verdade, estou é muito curiosa para ver como é lá em cima. Nunca vi o sol, meu mestre sabe disso.”

            “Huh. Temo que não vás gostar muito do sol. Tu já viveste tempo demais aqui embaixo. Teu corpo foi amaldiçoado no instante em que nasceste onde tudo é morto. Que ironia não? Um nascimento no mundo dos mortos.” disse ele com a voz soturna e arrastada como se ele mesmo proclamasse uma maldição e a pequena ninfa olhou-o receosa.

            “O que o senhor quer dizer com isso, mestre...”

            “Imagino que vais descobrir quando os primeiros raios de sol tocarem tua pele” interrompeu ele com um sorriso gélido, voltando a olhar a caverna que agora estava silencio e suspirou. “Tua mãe já devia ter-te enviado ao mortal que te concebeu há alguns anos. Apegar-se uma a outra não fará bem a ela nem a ti mesma. Os mundos são muito diferentes.”

            O som de passos ecoou nas pedras negras da caverna e uma mulher de longos cabelos negros surgiu bastante irritada resmungando baixo. Seu vestido também negro brilhava com pedras preciosas que o adornavam e as sombras ao redor pareciam acompanhar seu movimento. Instantaneamente a mulher calou-se quando viu a figura na barcaça ao lado de Nephelle e aproximou-se lentamente.

            “Que raridade você por aqui, Hades. Não me diga que veio se despedir de minha filha.” disse ela com um ar sarcástico e levantou uma sobrancelha.

            Hades ignorou o comentário, mas pousou uma de suas longas mãos na cabeça da pequena ninfa e perguntou casualmente. “Problemas com as Fúrias, Hécate?”

            “Aff! Aquelas cegas não conseguem lidar nem com meras almas! Afinal de contas, quantos heróis Hera ainda pretende mandar para cá?”

            “Hu, hu. Conheces a rainha. Não há deus mais sensível e rancoroso que ela em todo o Olimpo.”

            “Definitivamente.” disse a deusa com acidez, mas então olhou o rei do submundo com desconfiança “Mas você não veio aqui só para conversar, veio?”

            “Na verdade, preciso de um favor teu. Pedi que Hermes levasse tua filha para Creta em segurança, por isso, não há porque acompanhá-la.” disse Hades estreitando os olhos levemente e a deusa deu um suspiro pesaroso. Ele não deixaria ser assim tão fácil. Não depois da última conversa que tiveram. Nada amigável por sinal! Ela balançou a cabeça de leve e enfim falou.

            “Pelo menos levemo-la até a entrada.”

            “Não vejo por que não.” Respondeu ele com frieza.

            Percebendo que a “conversa” dos deuses havia acabado, Nephelle entregou as moedas a Caronte que rapidamente avançou pelo rio Estige. A presença do soberano do reino dos mortos pareceu atiçar as almas ali presentes. Mãos e cabeças tentavam apoiar-se no barco e sussurros pedindo clemência eram perfeitamente ouvidos. Hades e Hécate pareciam nem escutá-los, olhando apenas em direção a outra margem. Nephelle, um pouco mais curiosa, inclinou-se desajeitada sobre o rio e no segundo seguinte uma mão fantasmagórica avançou sobre seu rosto. Com um grito contido, a pequena ninfa pulou para trás, mas a mão agarrou-se a seus cabelos quase prateados.

            “Mamãe!”

            Hécate não esperou nem o choramingo da filha ecoar. Sua mão avançou rapidamente sobre o braço fantasmagórico e, com um único toque, transformou o espírito em fuligem. Assim que se viu livre, Nephelle jogou-se nos braços da mãe que a ergueu no colo carinhosamente, afagando seus cabelos.

            “Pronto, pronto. Já passou.” sussurrou ela enquanto a pequena ninfa choramingava assustada, mas quando Hécate viu o olhar de repreensão de Hades, ficou mais séria “Volte para o chão, meu bem.”

            “Mas eles ainda estão aí.”

            A deusa então tocou a barcaça de Caronte e um impulso, parecendo um sonar, ecoou nas águas negras do rio e em segundos todos os espíritos grunhiram de dor afundando na escuridão.

            “Pronto, não estão mais.”

            Nephelle olhou ao redor incerta, mas vendo que sua mãe dissera a verdade, desceu de seus braços envergonhada. Sussurrou um pedido de desculpas para Hades e sentou-se comportada.

            Hades encarou a deusa da magia com uma pontada de irritação. Poucos sabiam quem Hécate realmente era, com exceção dos próprios deuses. O poder que ela possuía sobre o submundo só não era maior do que o dele próprio, mas ela podia ser extremamente perigosa. Prova disso, eram suas filhas: Cila, Circe e Medéia. Uma mais poderosa que a outra e a segunda quase a ponto de se tornar imortal. Se filhos de deuses eram perigosos, o que se podia dizer sobre filhas de uma Titan?!

Hécate apenas ignorou o olhar do rei. Não estava com cabeça para discutir novamente e não queria dar outro motivo para que desconfiasse dela. Entretanto, alguns minutos depois, estavam próximos à outra margem quando ouviram um estrondo e pedras desmoronando.

            “Que isso não seja o que acho que é.” disse a deusa ameaçadoramente.

            Ao longe, o grandioso e gigantesco cão do inferno, guardião dos portões do submundo, o cão de três cabeças, Cérberus, uma das criações de Hécate, corria e se debatia de um lado para o outro pelas margens do rio. Abaixo dele, mínimo em comparação, estava um gato preto de olhos amarelos fugindo e chiando de raiva.

            “Sérpico!” gritou Nephelle temerosa.

            “E tu achaste que o presente de Eris para tua filha havia sido uma gentileza.” Hades ironizou, mas seu tom era definitivamente rígido.

            “Aquela vadia da Eris não perde uma chance de criar confusão!” disse ela furiosa “Eu devia fazê-la engolir aquele gato!”

            “Com a sorte que temos, ela o vomitaria e mandaria de volta dez vezes pior.” disse Hades um pouco mais divertido.”

            “Mamãe! Por favor, faça alguma coisa!” pediu Nephelle puxando a barra do vestido da deusa.

            Hécate estava realmente irritada, mas ao olhar para a pequena ninfa, seu rosto amenizou em carinho. Ela então olhou para Hades incerta novamente. Existia uma razão para Nephelle estar indo para Creta. Uma razão injusta, mas real. Hades percebera que a presença da criança no submundo vinculara fortemente o sentimento de mãe e filha, mais do que um deus normalmente deve se vincular a um filho mortal. Por isso, o rei do inferno temia que Hécate algum dia chegasse a tentar interferir na vida da criança, o que quebraria todas as regras do submundo.

            Como o rei do inferno sempre se recusara a ter filhos alegando não ser o submundo um lugar para criar uma criança, Perséfone acabou se apegando à “flor mais bela de seu jardim”, como ela chamava a ninfa. Entretanto, quando a rainha tentou alimentar Nephelle com frutos de Roman dos Campos Elísios, com a intenção de mantê-la ali para sempre, Hades interferiu e então ordenou que a menina fosse mandada à superfície, mesmo aos protestos de Hécate, passando a vigiá-la desde então.

            Mas esse era apenas um dos motivos e Hécate sabia disso.

            Hades encarou a deusa da magia por um instante e então suspirou pesarosamente acenando com a cabeça e permitindo a intervenção de Hécate. Mais uma vez.

            “Esta será a última vez que utilizarás teus poderes para resolver os problemas de tua filha, Hécate.” ordenou o rei do inferno.

            A deusa não respondeu. Nem negou, nem confirmou, apenas virou-se para Cérberus e desapareceu. Simplesmente desapareceu sem fazer um ruído. De repente, correntes negras, tão largas como as que seguram âncoras de navios, surgiram nos pescoços do cão de três cabeças, mas ele pareceu nem perceber e continuou correndo atrás do pequeno gato. Quando estava prestes a abocanhar o animal, Hécate surgiu bem ao lado do cão e pegou a ponta da corrente fazendo-o parar instantaneamente com um leve puxão. Cérberus quase desabou no chão enquanto a deusa apenas segurava a corrente como se não fizesse força alguma. Como se aquele gigantesco animal não passasse de um filhote travesso.

            A barcaça de Caronte atracou na margem e Nephelle não esperou nem que se estabilizasse saltando logo em seguida para a borda. Com um pequeno tropeço, a ninfa pegou o filhote de gato nos braços afagando-o e tentando acalmá-lo enquanto ele ainda chiava irritado.

            “Vá, Cérberus. Já chega de caçada por hoje.” ordenou Hécate a seu animal coçando-lhe uma das seis orelhas.

            O cão de três cabeças rosnou, mas obedeceu se afastando e adentrando em uma caverna lateral. Seus olhos vermelhos sempre na direção do gato nos braços da ninfa.

            “Maldita Eris!” praguejou Hécate voltando-se para filha.

            “Esse gato foi presente de Eris? Agora eu entendo.” disse uma voz masculina acima dos três fazendo-os erguer o olhar.

            Um homem magro, mas bem definido flutuava descansadamente poucos metros da deusa. Ele usava uma túnica branca com detalhes em azul e suas sandálias, assim como o elmo, possuíam pequenas asas que se debatiam com velocidade. Em sua mão direita, duas cobras de enroscavam num estranho cetro prateado.

Nephelle olhou-o fascinada. Ela já ouvira falar no deus mais rápido do Olimpo, mas era a primeira vez que o via em pessoa e não importava quantos deuses você conhecia, conhecer mais um sempre era um privilégio!

“Hermes. Chegou cedo.” disse Hécate com uma pontada de irritação.

“Sempre na hora, tia.” respondeu o deus divertido com o olhar da titan e fazendo uma reverência desajeitada no ar para Hades. Seus olhos então pousaram em Sérpico e ele ficou curioso “Sabe esse bichano tem problemas.”

“Diga uma novidade.” murmurou Hécate.

“Sério. Ele estava agora a pouco se esgueirando numa pedra acima de Cérberus que estava dormindo calmamente, quando de repente resolveu pular com as garras bem na retaguarda dele...” disse o deus parando para fazer uma careta “Daí o resto vocês viram. Eu me perguntei se era muito burro ou se não tinha amor à vida, mas, vindo de Eris, tá explicado.”

Um silêncio pétreo se alojou no lugar. Os rostos de Hades e Hécate eram completamente neutros. Enfim seus olhares se dirigiram ao pequeno gato que agora lambia as afiadas unhas e limpava o focinho. Jamais se poderia pensar que aquela criaturinha pudesse fazer algo violento.

“Acredito que devas levá-lo contigo, Nephelle.” disse Hades com olhos estreitos “Será um problema a menos para tua mãe.”

“Nisso eu concordo inteiramente!” disse Hécate.

Sérpico olhou os deuses com seus olhos amarelos e fungou com se estivesse ofendido. Virou-se para ninfa e esfregou o focinho no rosto pálido da menina ronronando. Nephelle o abraçou adorando o carinho.

“Hehe. Esse gato realmente tem a personalidade da deusa da discórdia.” riu Hermes flutuando relaxadamente deitado no ar “Provoca o caos e finge que não fez nada! Hehe.”

O rei do submundo não parecia com muita paciência para piadas e suspirou impaciente. Instantaneamente, Hermes parou de rir e tomou uma postura mais séria.

“Mudando de assunto, você é a pequena ninfa que devo levar à Creta, correto?” perguntou o deus dos recados se aproximando de Nephelle, mas sem tocar o chão. Ele rodeava a menina como se avaliando e ela apenas confirmou com a cabeça nervosa.

Hécate abaixou-se para abraçar a filha carinhosamente. Nephelle enroscou-se no pescoço da mãe segurando as lágrimas com uma maturidade que não correspondia a sua idade. “Vou ficar bem, mamãe.” sussurrou a pequena ninfa.

“Eu sei que vai.” respondeu a deusa dando-lhe um beijo no rosto e afagou-lhe a bochecha. De sua mão direita, surgiu um brilho dourado que se mexia liquidamente tomando uma forma aos poucos. Por fim ela se solidificou em uma flor de cinco pétalas feita inteiramente de ouro! Hécate prendeu o enfeite no cabelo claro da ninfa e levantou-se dando uma última olhada.

“Boa sorte, querida. Estarei zelando por você.” disse a deusa com carinho, mas Hades limpou a garganta, fazendo-a revirar os olhos. “Na medida do possível.” completou ela e piscou um dos olhos, escondida de Hades.

Nephelle abriu um sorriso travesso e logo o rei do submundo se aproximou erguendo a mão fina sobre sua cabeça. A ninfa ficou temerosa. Ela sempre teve receio perto de Hades, mas decidiu ficar imóvel olhando-o nos olhos enquanto abraçava Sérpico nos braços. Da mão do deus escorreu uma névoa grossa que parecia um véu de piche grudento. A névoa envolveu o corpo da menina formando uma estranha capa negra de brilho estreado, um capuz e fios dourados que o amarravam em torno dela.

“Isso te serás necessário.” Disse Hades friamente, mas Nephelle pensou ter visto algo em seus olhos. Algo como carinho e preocupação. Foi apenas por um segundo, mas foi o suficiente para a pequena ninfa sorrir e abraçá-lo rapidamente.

“Obrigado por tudo, mestre Hades!”

A ninfa logo se afastou sorridente, mas Hades não se mexeu. Seu rosto era neutro e sem reação. Apenas Hermes o olhava de olhos arregalados e Hécate tentava morder o lábio para impedir o riso.

“Chega de despedidas! Hermes.” ordenou Hades de repente.

O deus dos viajantes pareceu voltar a real em um estalo e pegou a pequena ninfa nos braços rapidamente. Nephelle segurou Sérpico mais forte e se despediu de sua mãe com os olhos animados. Hécate hesitou no sorriso por um instante, como se estivesse se controlando para não impedir a partida da filha, mas respirou fundo e sorriu em despedida sumindo na escuridão, assim como Hades.

Nephelle olhou uma última vez o lugar onde nenhum humano gostaria de estar. O lugar onde os mortos habitam com suas dores e ressentimentos. O rio negro que dividia o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. O ar sombrio e sufocante que trazia infelicidade para aqueles que chegavam. E foi então que ela percebeu que estava deixando o único lar que ela conhecia para viver em um mundo completamente desconhecido!

“Relaxe. Você vai ficar bem.” a voz de Hermes fez Nephelle olhar o deus que ainda a segurava no ar. Ele sorriu gentilmente e suas pequenas assas começaram a bater mais rápido. “O mundo na superfície é uma caixinha de surpresas. Hehe. Você nem vai sentir falta daqui.”

Nephelle sorriu de leve, mas logo olhou de volta para o rio Estige. “Eu sempre vou sentir falta daqui.” murmurou ela, mas logo se viu sorrindo “Mas vamos, vamos! O sol já deve estar se pondo!”

“Você é louca, menina!” resmungou Hermes abismado e Nephelle não segurou o riso ao ver sua cara de incredulidade. E foi nesse momento que as assas de Hermes pareceram bater mais rápido que um beija-flor e tudo ao seu redor virou um borrão!

*******

 “Você contou ao rapaz?” a voz doce e perfumada de Perséfone impregnou o local. Hécate olhou de relance para um rochedo negro e uma linda rosa vermelha desabrochava dele como se fosse uma coisa normal no submundo.

“Devia aproveitar seu tempo longe do submundo, Perséfone.” murmurou Hécate irritada.

“Não posso simplesmente não me meter. Sinto muito se meu marido foi tão radical. Eu só queria garantir que minha florzinha estivesse aí para me fazer companhia nos invernos. Não sabia que ele iria mandá-la embora. Além do que Hades é tão sonso que esperou a primavera chegar para eu não poder fazer nada!” dizia a deusa das flores quase sem respirar.

“Então volte ao trabalho. É primavera, você não tem nada pra fazer?” cortou Hécate com a voz gélida.

A rosa pareceu soprar as pétalas num suspiro e logo voltou a falar. “Eu a amo também, Hécate, me desculpe por isso!”

A deusa da feitiçaria também suspirou cansada. Era sempre assim! Os mortais amados pelos deuses sempre eram afetados pelo egoísmo deles.

“Mas você não respondeu. Você avisou a ele?”

“Não... Astérion não sabe nem que ela existe...”

“Hécate!”

Continua...


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Notas finais do capítulo

hummmm o que acharam?
Alguém sabe o que foi que a Hécate fez? huhuhuhuhu Só na próxima parte para descobrir!!
hahahahahahahahahha
Alguém me disse que eu sou cruel nos meus finais de capítulo. Para quem está pensando isso agora também eu só teho uma coisa a dizer...
"Você ainda não viu nada!" hahahhahah
Beijão e Brigadão por lerem!!!