Pov Alice

Acordei gritando no chalé.

A dor que me tomava era imensa. Senti que tudo em mim queimava.

Não pensava, não sentia, não via, só sabia que estava ali, e eu tinha muito dor.

A dor começou a baixar, agora eu tinha consciência de que estava ali, mais a dor não ia embora, comecei a me debater na cama. Não sei como ninguém viu que eu estava gritando, lagrimas quentes escorriam por meu rosto. Pensei que iria morrer. E acredite em mim. Eu queria isso.

Vi algo se mexendo entre as janelas do chalé, uma sombra. Nix. Ela estava ali. Tentando me proteger da dor, abafando meus gritos.

Então senti a pontada que acabou com tudo que eu restava. Foi no coração, como uma facada, ou muito pior, acho que nunca gritei tão alto, a dor me corroia. E passou para a base da minha coluna e desceu até a espinha. Era a mesma dor. Como se a faca me destroçasse e passasse por meu corpo, rasgando tudo em ziguezague. Duvido que alguém na terra tenha passado por dor maior.

Pois foi quando que a dor abaixou, e passou a ser um fogo maternal dentro de mim, parei de gritar, mas não parei de chorar nem de tremer. Não sei quando tempo passou até aquela dor passar de vez.

Levantei a minha cabeça. Eu não estava suada. Passei a mão pelo rosto, também não estava chorando. Finalmente toquei meu peito, ele estava normal. Mas eu me sentia diferente. Mais forte.

Me levantei da cama. Belina não estava. Não sei se ela acordou cedo ou se ela passou a noite com o Nico. Não sei por que. Mas eu não sentia nada, nem ciúmes, nem ódio, e nem nojo de pensa o que os dois poderiam estar fazendo.

Me olhei no espelho, e coloquei minha mão em frente ao rosto para reprimir o grito.

Aquela Alice que um dia foi criança e delicada não existia mais. Aquela estranha conhecida no espelho era diferente. O cabelo que era curto e certinho, agora voltou a ser comprido e mais negro que o normal. Meus olhos estavam mais ameaçadores e sedutores. Minha pele também havia mudado. Eu era bem mais morena. Agora minha pele era cor de leite, muito pálida, mais não feia e seca, e sim bonita e sedosa. Meus lábios um dia foram rosados, agora eram de um vermelho intenso, era impressão minha ou eu fiquei mais alta? E outras partes de mim também mudaram... Como posso dizer sem passar vergonha... Mais volumoso? Bem talvez seja essa a palavra.

Mais não era só isso. Minhas costas estavam tatuadas. Sim, você leu direito. Tatuadas, eram flores folhas e linhas trançadas, todas unidas, ficavam bem no lugar onde eu tinha sentido a dor. As tatuagens era de uma cor azul safira. Mas bem no centro, uma pequena lua na cor violeta, era linda. O símbolo de Nix.

-Como eu vou esconder isso? – me perguntei.

Andei até o meu armário. Não tinha quase porra alguma para cobrir aquilo, por isso peguei uma camiseta vermelha regata, uma calça jeans um All Star vermelho e uma jaqueta preta.

Ainda era madrugada. Belina estava na praia fazendo sei lá o que com meu melhor amigo. Tomara que não seja o que eu estou pensando.

 Ela podia ser minha prima, mas ainda era importante pra mim.

Quando olhei pela janela, a lua ainda brilhava forte, parecia que o sol não queria sair hoje. Ou Apolo que é muito preguiçoso não queria acordar.

Mas quando eu olhei para a lua, veio tudo na minha cabeça. Uma típica sena de filme.

Congelei onde estava.

Eu sabia qual era meu próximo passo.

Eu sabia onde estava o próximo signo.

Corri feito uma condenada para a colina meio-sangue. Não sei como, ou se é possível, mais eu corri mais rápido que o meu normal. Não havia ninguém no meu caminho.

Quando cheguei na colina, um frio me tomou.

O segundo vai estar, onde muitos chamam de lar.

O acampamento meio-sangue é o meu lar. E é aqui que ele esta. Thalia sabia mais que ninguém onde estava. Onde ela passou a maior parte de sua estadia no acampamento?

Dentro de um pinheiro.

O signo esta dentro do pinheiro.

 E eu não me toquei disso. Ai que ódio!

Como o signo foi parar dentro dele, eu não faço a menor idéia. Mas sei que esta lá.

Peleu ainda estava fazendo sua vigia.

-Fique calmo Peleu. Só farei o que é certo.

O dragão voltou sua enorme cabeça para o outro lado.

Coloquei a mão direita sobre a árvore.

-Terra, a mãe que nos da força, quero que por direito é meu, Terra venha até mim! – gritei para a noite.

Senti como se o pinheiro ria por dentro, e me acolhia como sua igual. Senti que o pinheiro se abria, e de dentro do pequeno vão que se abria uma pequena esfera negra, brotou do tronco, com pequenas pedras azuis incrustadas. O amor veio para mim, e me senti melhor, como não me sentia há muito tempo.

Sorri um pouco.

-Encontrei. Puxa, foi mais fácil do que eu pensei.

-Nunca é fácil. Você já deveria ter aprendido isso. Muito bem garota. Agora me de o signo. – chamou uma voz.

Me virei. Uma mulher muito estranha estava encostada em uma arvore. Seus cabelos eram negros como a noite, seus olhos eram vermelhos, e seu sorriso era amedrontador.

-Quem é você?

-Eu sou Morgana. E quero o signo. – ela exibia um sorriso diabólico, uma sorriso que pode fazer crianças terem trauma e os velhinhos um ataque cardíaco.

-É você que esta procurando os signos não é? Você que matou meu pai! Minha irmã! Você é a cerva das trevas! – gritei.

Ela sorriu um pouco.

-Sim. Sou eu, e a essa altura acho que Nix já te contou que é sua mãe e que Belina não é sua irmã não é?

-Sim.

-Ah, a dor da perda, adoro ver as pessoas sofrer. – ela exibiu aqueles dentes brancos e pontudos. Fazendo-a parecer uma vampira, que nem aquela tal de Neferet da serie House of Night. Ou talvez ela seja pior...

Em apenas 10 segundos que eu conheci Morgana, já soube que seriamos inimigas eternas.

-Vai se fuder. – falei.

-Me de o signo.

-Não. – disse mais tranqüila do que eu realmente estava.

-ME DE O SIGNO! – não sei se é possível gritar mais alto que ela.

Sua voz me penetrou por dentro. Mas não senti medo.

-Não! Eu jurei para Nix que iria proteger os signos a qualquer custo! Eu Alice Annabelle Gilbert, filha da noite, não deixarei que uma feiticeira babaca pegue a porra do signo!

-Como sabia que eu era uma feiticeira? – pela primeira vez naquela noite, Morseiladoque estava confuso e demonstrava um pouco de preocupação.  

-Simplesmente sei.

-Simplesmente; Sabe. Então você deve saber quem era o seu pai não é? Edmundo Gilbert, o herdeiro da família Gilbert, o ultimo feiticeiro, o maior servo de Nix, ancestral de Irina Gilbert, a criadora dos signos. Você sabia disso Alice? – ela falava ameaçadoramente, como se eu esperasse que eu caísse dura no chão.

Mais que bosta! Outro segredo a ser desvendado em uma semana!

Vão todos se ferrar!

O mundo desgraçado!

Por que sou sempre eu?!

Que dizer que foi a filha da mãe da minha ancestral que criou a droga dos sinos?

E ainda por cima aquele velho babaca do meu pai é um feiticeiro?

Vão vê se eu to lá na esquina seus bandos de vagabundos do caralho!

(Vocês notaram que eu não sou muito educada quando descubro um segredo muito importante)

-Não. E não fará diferença agora. -  por fora estava normal, por dentro tava mais ou menos assim: Vão todo mundo pro inferno! Vão se fuder mundo idiota! Idiota!

O sorriso de Morgana sumiu.

-Vai ser mais difícil do que eu pensei Gilbert.

E ela me atacou.

Não estava preparada para aquilo. Não estava com o meu bracelete, eu o tirei antes de dormir.

Então fiz a coisa mais obvia. Invoquei o fogo.

Morgana era esperta, usou o seu poder para acabar comigo, era o poder dela contra o fogo.

Nosso poder formou uma camada, um poder tentando chegar ao outro lado, divididos entre algo que não podia enxergar, o fogo lutava contra o poder de Morgana, a morte. (isso é tão Harry Potter)

Peleu começou a urrar. Vi as luzes dos chalés e da casa grande se acenderem e campistas vindo correndo, mas eram barrados por algum tipo de força.

Um linha de sangue escorreu pelo meu nariz. Morgana começou a sorrir.

E o que eu vi na minha cabeça quase provocou minha morte.

Vi todos aqueles que amo morrendo. Belina, Nico, Annabeth, Elizabeth, Miranda, Túlio, Nick... Percy... Todos os meus amigos. Soltei um grito desesperado.

-Encontrei sua fraqueza Alice, e usarei contra você.

Ouvi um urro, não era Peleu.

Morgana arregalou os olhos, tudo o que fiz foi sorrir.

Um Dragão enorme atravessou a barreira que Morgana tinha feito.

Ninguém toca na minha humana!

Era Brieta, o meu dragão, que agora, como se tivesse passado anos, estava ali, e eu podia ouvi-la.

-Brieta! Ataque ela!

E ela me ouviu se jogou contra Morgana, mas antes que Brieta lhe cravasse os dentes, desapareceu.

O sol finalmente se ergueu. Como se fosse Morgana que bloqueava a luz.

Apertei o signo na minha mão.

Os campistas chegaram até mim.

Ouvi meus amigos gritando meu nome.

Eu só sorri e levantei a mão.

-Eu achei o segundo signo! – bem, acho que não foi uma revelação muito criativa da minha parte. Mais me da um tempo né! Eu descobri que minha mãe não é Gaia, descobri que meu pai não é humano, e que foi minha ancestral que criou os signos. Acho que eu mereço um descanço.

Ouve-se aplausos. E eu cai no chão, minhas pernas já não me sustentavam.

Brieta se deitou do meu lado.

-Boa garota.

Nunca irei te abandonar Alice, você é a minha humana.

-Alice! – ouvi alguém chamar meu nome.

-Nix, mesmo depois de tantas mentiras você continuou a me proteger. Obrigada por tudo. Mas agora finalmente acabou

Do mesmo jeito que o vento levou minhas palavras, trouxe com ele as palavras de minha mãe, sua voz sabia soou clara pra mim.

Pude ouvir sua risada sem humor.

-Não filha. Esta só começando...

E eu apaguei.

                                   FIM DA FASE 2