Herois do Olimpo - a Profecia. escrita por whitesparrow, Equipe Os Imortais


Capítulo 9
IX. Ser filho de Hades.


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, podem agradecer a Zeus e a todos os deuses pela minha postagem super rápida... Certo, menti! Eu demorei milhares e milhares de anos para postar, mas tudo bem! O lado bom é: eu não abandonei a fanfic, o que já é um motivo para comemorar. Ah, irei divulgar... Não sei como, mas vou arranjar um jeito #Facebook.
Enfim, nos vemos lá em baixo.



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Annamar Grace.


O quarto me parecia tão familiar, mas da mesma maneira era tão estranho.

O lugar que antes fora azul era rosa e laranja.

— Não me diga que essa era a cor do seu quarto? – Annabeth perguntou olhando-me espantada.

— Não seja idiota Annabeth. Pessoas passam de quarto para quarto durante anos. Talvez ela gostasse dessa cor. – eu disse, dando de ombros e sentando-me em uma das quatro camas.

O quarto havia mudado em muito.

Havia desenhos rabiscados na parede. O armário estava empoeirado e havia algumas três blusas amarelas lá dentro. Havia o velho baú de memórias posto próximo a cama em que eu estava. Dentro dele havia desenhos de 9 anos atrás e algumas bonecas com o nome de Laura escrito com letras infantis.

— Dá só uma olhada nesses desenhos. – eu disse, chamando ninguém em particular. Eles quase voaram.

— Parecem desenhos normais. – Annabeth disse, tomando um deles da minha mão.

— Eu concordaria com você se eles não fossem tão tenebrosos. – Rodrigo disse, pegando um deles dentro do baú. – Isso é... Uma hidra? – ele perguntou confuso, mostrando o desenho para Tayla.

— Uma hidra e... Tem um garoto. – Tayla disse semicerrando os olhos. – Um não. São dois. E parece que isso aqui é um ciclope. E há uma garota ao fundo da imagem. – ela balançou a cabeça. – Espere! O que um ciclope está fazendo com uma caixa de donuts na mão?

— Como é? – Annabeth disse, puxando a folha sem a menor delicadeza. – Ei! Isso somos nós. – ela me encarou, incrédula.

— Ahn, isso daqui não é sua filha? – Mateus disse, entregando-me um desenho que parecia ser um dos melhores. Para alguém que tinha 7 anos, ela desenhava muito bem.

— É, mas... – eu disse, encarando o desenho. Eu reconheci aquele jeito de desenhar de algum lugar. – Os desenhos são parecidos com...

Vinicius ganiu.

— Com os desenhos de Rachel. – ele me olhou espantando.

— Pois é! Parece que Rachel vai ter que suportar o Oráculo dos Delfos dentro dela por mais alguns milênios. – eu disse, olhando mais alguns desenhos.

— O que quer dizer? – Mateus perguntou, ficando de pé. Eu ergui os olhos.

— Essa garota via passado, presente e futuro. É o que Rachel faz. Ela era a próxima Portadora. A que Delfos escolheu.


Ficamos um tempo observando os desenhos da parede. Alguns haviam acontecido há décadas atrás, outras acabaram de acontecer, e alguns ainda com destinos a serem traçados. A manhã e a tarde passou rapidamente. Foi com certa facilidade que consegui convencer Reverendo Josué de que não destruiria seu internato novamente.

Quando a noite caiu, o problema começou.

Primeiro e não menos importante, foi à separação de camas. Devo admitir que nunca pareci tanto com uma meio-sangue como essa noite. Mas o que eu posso fazer, eu simplesmente queria dormir em uma cama macia e quente.

— Eu fico com a cama perto da porta. – Tayla disse, cruzando os braços. O cabelo ondulado e castanho estava empoeirado, mas eu sabia que ela só iria tomar banho quando todos tivessem decido onde dormiriam.

— Contanto que eu fique com a cama da janela... – Vinicius disse espreguiçando-se.

— Nem pensar! Eu fico com a da janela. – eu disse um pouco alto.

— Eu é que não vou dormir no chão. – Rodrigo disse parecendo ofendido.

— Pelo amor dos deuses! Contanto que vamos dormir logo, eu fico no chão. – Mateus disse enquanto agarrava um colchão de debaixo da cama.

— Custa algum de vocês dois dormir no chão? – Annabeth perguntou nervosa para Rodrigo e Vinicius.

— Custa! – eles disseram em uníssono.

— Se matem pelas camas! Eu já estou na minha! – Tayla vangloriou, jogando sua mochila em cima da cama perto da porta.

Encaramos-nos por alguns minutos. Todos decididos a ficar com as camas.

— Ah, ótimo! Eu fico no chão. – reclamei exaltada. – Mas eu usarei o banheiro primeiro. – eu disse e andei para a porta.


Era talvez 22h06min quando todos já estavam limpos e prontos para dormir. Eu arrastei meu colchão para perto da cama de Annabeth. Os quatro dormiram tão rapidamente, que eu senti falta de ser uma campista. Às vezes nem precisávamos dormir. Mas era um habito tão comum que, sempre ao fim de um dia, parecia que eu havia carregado pedras e pedras colina acima.

— Não consigo dormir! – Annabeth disse, virando-se para o lado e ficando com a cabeça na beirada da cama. Eu ergui meus olhos e a encarei.

— Eu sei! – eu disse. – Eu acho que estamos deixando passar alguma coisa.

— Eu tenho a mesma sensação. – ela disse e bocejou. Começou a ronronar uma musica estranha. – Como acha que está sendo a missão dos rapazes?

— Eu espero que melhor que a nossa. – eu admiti, suspirando. – Vamos! Temos que dormir um pouco. Não encontramos nada hoje e o dia será longo amanhã. – eu ponderei e ela concordou com um aceno. Ela se virou para o canto e alguns minutos depois sua respiração se manteve leve.


Eu peguei o celular debaixo do meu travesseiro mais uma vez. Era quase 2h da manhã e eu não conseguia pregar os olhos. Eu já sentia minha cabeça doer e meu pescoço endurecer. Ainda não me sentia totalmente segura de dormir ali. Mesmo que o cheiro da chuva que caia lá fora e o mato fresco ocultassem nosso odor, eu sentia que estávamos sendo observados – e isso ia alem do poder dos deuses.

Virei-me para o lado e novamente aquela sensação de estar deixando algo passar me dominou. Era como se a nevoa vedasse minha visão como há décadas atrás. Eu não conseguia ver nada alem daquelas paredes laranja e rosa, e os desenhos proféticos.

A luz fraca da lua banhava um pouco o quarto. Eu sabia que Artemis estava triste e magoada, onde quer que ela esteja.

Eu estava de frente para a janela, escutando algumas corujas piarem e a chuva caindo levemente.

— Você está acordada? – alguém tocou meu ombro e eu continuei estudando a lua.

— Estou! – apenas disse. Minha voz parecia chorosa, mas eu me sentia o contrario daquilo. Mesmo cansada e dolorida, eu estava com vontade de bater em alguns monstros.

— Você vai me dizer alguma coisa sobre aquele sonho? – a voz parecia cansada, mas reconheci rapidamente Mateus. Soltei um riso.

— Sem chances. Isso você tem que descobrir por conta própria. – eu garanti, balançando a cabeça. – Os deuses não se intrometem na vida de seus filhos.

— Porem você não é minha mãe. – ele rebateu. – E além do mais, está aqui... Nessa missão. Isso quer dizer alguma coisa.

— Isso quer dizer que eu ainda não me deixei mudar pelo poder. Eu nem sempre fui uma deusa. É por isso que estou aqui. Meu coração ainda é de um meio-sangue. – eu disse parecendo bastante impaciente. – E eu posso não ser sua mãe, mas sou sua cunhada.

— Deuses não possuem DNA. – e ele novamente rebateu, tirando-me.

— Eu gosto de pensar que sim. E alias, seu irmão e eu ainda temos DNA. Os deuses antigos não precisam de DNA pois são alimentados pela crença dos gregos e dos romanos. Eles cresciam e se desenvolviam assim. Eles não precisavam de DNA para isso. Essas coisas vão além do filosófico e histórico, Mateus.

— Certo. Mas, por que vocês ainda possuem DNA? Isso não deveria sumir junto com sua vida de meio-sangue? – ele disse sentando-se ao meu lado.

— Creio que não! Os deuses nunca tiveram DNA. E eles nem mesmo precisam disso para viver. Quando se é um meio-sangue que vira deus, algumas coisas mudam, e outras não. Como a questão de DNA. Os deuses não podem tirar de nós algo que nasceu conosco. – eu expliquei. – E, bem, eu tenho uma vida mortal aqui fora. E tenho uma filha. – ele me encarou de esgalha. – Quer dizer, não é como se você fosse fazer um exame de DNA para saber se Hades é seu pai ou não. Os deuses reconhecem só de olhar para você. Metade do seu sangue carrega os 23 cromossomos da sua mãe. Os outros 23 são totalmente nulos. – terminei e ele me encarou.

— Isso é estranho. – ele disse. – E a pior parte é que faz sentido. Quer dizer, Zeus e Hera não poderiam ter se casado se tivessem o mesmo sangue. Isso seria incesto. Se bem que, é incesto, mas como não possuem o mesmo DNA... Eles podem.

— É eles podem. Do mesmo jeito que Reia e Cronos podem. Do mesmo jeito que Nico e eu podemos. – eu disse, encarando minhas mãos. Eu me sentei. – E, além disso, não é como se algum meio-sangue fosse namorar alguém com o mesmo parente olimpiano. Imagine você e Dorothy. Seria realmente estranho, mesmo você não tendo DNA.

— Você poderia ter escolhido outro exemplo. – ele me olhou com os olhos semicerrados.

— Não vi muitas opções. Mas, por enquanto, minha função é te ensinar que, os deuses querendo ou não, eu ainda tenho o DNA da minha mãe nas veias, mesmo que meu sangue seja um icor totalmente modificado. – eu garanti. – Por que acha que somos conhecidos como os últimos imortais? Somos os últimos que os deuses ou algo mitológico criou. Somos os últimos que possuem um sangue moldado a outro e que tenha um processo final. Somos a prova de que deuses e humanos vivem em eterna sincronia, mesmo que isso às vezes acabe em guerras.

Ele parecia estar processando tudo.

— Mas e Manuela, Alexander, Lendon e Gabriela? Eles ainda sim são imortais. – ele afirmou duvidoso.

— Sim, eles são. Mas são diferentes da nossa raça. Nós carregamos metade de um sangue humano e metade de um sangue oco. Eles possuem o sangue de seus pais. Eles são apenas imortais porque saíram de um ventre imortal. Mas eles podem ser mortos quando feridos por algum deus ou titã. Eles ainda possuem vida mortal dentro deles. – eu contei. – Nós não. Nós morremos apenas quando desejamos... Quando perdemos a vontade de viver. – eu disse, lembrando-me de Pã brevemente. – Mas felizmente, venenos e ferimentos em imortais como Manuela é fácil resolver. Não há nada que Apollo não possa curar.

— Mas, se você quiser transformá-la em uma imortal definitivamente, ela terá que servi-la, não é? – ele perguntou, parecendo refletir sobre o assunto.

— Sim. Quando escolhemos transformar alguém em imortal, em um deus, vem com ele a promessa de eterna gratidão. Deve servir ao deus que te transformou eternamente. E isso é mais ou menos parecido com nosso caso. – eu respirei fundo. – Os deuses não nos tornaram imortais. A imortalidade foi o nosso pagamento por retornar com algo que pertencia ao Olimpo, e que os vedava da visão humana. Algo que fazia sempre da nevoa um feitiço constante no mundo mortal. Ao trazê-la de volta e colocá-la em seu lugar de origem, a Guardiã nos fez um favor. Um favor a qual ela achou que éramos merecedores. Então nos tornamos deuses. Temos nossos próprios templos, nossos próprios poderes, tanto da nossa atual vida quanto da antiga. E temos nossa representação... – eu pensei um pouco. – Não é tão fácil quanto parece ser a deusa da vida. Ainda mais quando se é uma filha de Zeus.

— Acho que nunca vi um meio-sangue imortal que servisse ao pai além de Eurition. – ele disse. –Não sei o que Nico pensa, mas, particularmente, me parece um modo de vida bastante monótono. Eu não consigo obedecer Hades. Eu quase nunca faço algo que ele gosta. Na verdade, eu nem mesmo me importo com o que ele pensa a meu respeito. No fim é isso não é? Filhos de Hades são rancorosos e pensam apenas em si mesmos. Vivemos sempre sozinhos. Não nos importamos em agradar alguém. Nem Zeus, nem Hades, e nenhum outro Olimpiano. Eu sou a exceção entre os meus irmãos. – ele disse, encarando a lua com a mesma expressão severa de sempre.

— Talvez eu esteja errada, de qualquer forma. Talvez você não se pareça em nada com Nico e nem aja como ele. – eu sorri. – Nico sempre se importou em fazer algo para deixar Hades bem orgulhoso. E nunca funcionou. Eu gostaria que ele fosse um pouco mais parecido comigo. Impressionar nossos pais é sempre uma tarefa difícil. Então, eu ignoro Zeus o tanto quanto ele me ignorou nas ultimas décadas. Eles ficam impressionados quando percebem que podemos ser melhores do que eles. Quando fazemos algo melhor do que eles. Isso me lembra o tempo em que eles não souberam como lidar com os humanos. Humanos são fáceis de manipular, mas lidar é mais complicado. A mente humana nunca é previsível. E quando se é um meio-sangue, ela se torna mais confusa ainda. Então é daí que nós viemos. Nós somos uma mistura dos dois mundos. Somos a linha que liga os deuses aos mortais. Simples, mas confuso.

— Somos as ferramentas dos deuses, certo? – ele perguntou e eu concordei. – Então, podemos dizer, que os deuses possuem diversos favores conosco.

— Qualquer um deles pode dever favores a vocês, mas eu não. – eu disse, apontando-lhe um dedo. – Nunca pedimos que meios-sangues resolvem-se nosso problema. Cá estou eu, fazendo um trabalho de vocês.

— Uau! Você realmente consegue ser simpática quando quer não é? – ele ironizou.

— É um dom. – garanti, movendo os olhos para a janela aberta. – E além do mais, eu me preocupo com grande parte dos meios-sangues. Eu já passei pelo o que vocês passam.

— Mas, bem, existem deuses que gostam de meios-sangues, certo? Como Afrodite e Artemis. Elas bem que gostavam de Perseu. – ele moveu os olhos para o teto rosa. – Existe algum deus que gostem de filhos de Hades, além dele mesmo?

— Claro que existe. Afrodite é definitivamente uma das mais loucas por filhos de Hades, embora só haja Nico e você.

— E por que ela gostaria de mim?

— Isso é simples. Ela gosta de você porque, uma vez vo... – eu me interrompi e entendi o que estava acontecendo. O encarei furiosa e apontei o dedo para ele novamente. – Você está me enrolado! Está tentando me fazer contar sobre seu sonho. – cruzei os braços. – Pois pode ficar esperando, garotinho.

— Você estava quase soltando alguma coisa. – ele me lançou um olhar zangado, mas estava quase sorrindo.

— Escute! Eu já falei Mateus. Você tem que descobrir isso sozinho. – eu disse, movendo meu rosto para o lado e o encarando rapidamente. De esguelha, olhei para a janela. – Se eu contar o que era aquilo, você pod... – eu me interrompi. Um vulto passou rapidamente pela janela. Embora tenha demorado alguns segundos apenas, eu sabia que havia algo errado.

Levantei-me em um salto e corri até a janela. Mateus me seguiu. Paramos, ficando deitados no parapeito da janela.

— Ali. – movi meu dedo em direção a floresta. Por entre os galhos de uma arvore, havia uma forma escura e esfumaçada. Seus olhos eram dois vazios cor âmbar. Então sumiram.

— O que foi aquilo? – Mateus perguntou. Sua voz tinha um toque de ansiedade e excitação. Ele estava pronto para lutar a qualquer momento.

— Não sei. Mas por hora... – eu falava, enquanto fechava as enormes janelas do quarto e colocava a cortina de laços brancos e amarelos por cima da janela. – Não vou ficar aqui. Vou dar uma volta lá fora. – terminei.

Peguei um casaco marrom de pele dentro da minha pequena mochila que possuía algum truque de expansão. Eu havia pegado um par de chinelos também. Quando coloquei a mão na porta, Mateus disse:

— Espere! Vou com você!


A noite estava um pouco mais clara que o normal. O frio estava começando, e eu tremi. A única coisa quente que usava era o caso de pele. Não foi uma idéia muito boa ter vindo com a camisola para fora.

Mateus andava ao meu lado, girando um anel no dedo. Era feito de ferro Styx. Ele usava uma camisa cinza e bermuda do mesmo tom. Não parecia estar com frio, então não me importei.

Meus pés estavam meio molhados por causa da grama úmida. Não chovia. Apenas caia um leve sereno.

O garoto apressou-se em me passar e sentou em um banco de cimento que tinha quase no final do quintal. Eu apenas me limitei a imitá-lo.

— Para onde isso leva? – ele questionou, apontando para a floresta que se formava nos fundos e há alguns metros da lateral do prédio dos garotos. O internato por si só, ficava escondido no meio de uma floresta a dezenas de quilômetros da entrada de Nova York.

— Se você se guiar em direção reta, provavelmente vai sair próximo a Nova York. – eu disse, cruzando as pernas. – Mas se não souber, pode acabar saindo do outro lado de pais. – garanti.

— Do outro lado do país? – ele perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— Sim. Isso é um tanto parecido com o Labirinto. Por isso, não se arrisque a entra nessa floresta sozinho. É como se houvesse milhares de celulares dentro dela alertando que estamos aqui. – dei de ombros e joguei a cabeça para o lado.

— E por que essa floresta é como o Labirinto? Todas as florestas estão enfeitiçadas também? – ele perguntou, balançando a perna direita.

— Não. Apenas essa é enfeitiçada, que eu saiba. Meu pai pediu que Hecate jogasse alguma coisa pela floresta. Isso foi na época em que vim morar aqui. – eu contei, cruzando os braços.

Olhávamos pela floresta a procura de alguma coisa que nos levasse ao próximo passo. Aparentemente, nada encontramos.

Mateus se espreguiçou e ajeitou-se no banco, colocando os braços atrás da cabeça e encostando-se à parede do prédio das garotas. A construção cor de rosa parecia novinha em folha.

— Parece que não sou o único com problemas na família. – ele parecia um pouco surpreso quando falou. O encarei.

— Boa parte dos meios-sangues tem problemas na família. – eu garanti, dando de ombros. – Estou feliz que os deuses estejam mantendo sua promessa e reconhecendo seus filhos aos 13 anos.

— Com isso eu tenho que concordar. – ele disse distante, os olhos fechados.

— E acho que você deve isso a Hades. – eu disse, virando para ele e o encarando. Ele bufou e tornou a abri-los.

— Acredito que Hades não teve escolha. Ele estava preso ao juramento. – ele disse, parecendo convencido com o argumento.

— Mas se você esta achando que todos os deuses cumprem suas promessas, você esta completamente enganado. – eu resmunguei. – Isso torna Hades diferente dos outros deuses. Ele sempre se importou com seus filhos. – disse.

Ele parecia um pouco indeciso no que acreditar. Ele analisava por alguns minutos, depois olhava para a lua e tornava a olhar para a floresta.

— Por que quer tanto que eu fique do lado de Hades? – ele perguntou, erguendo uma sobrancelha.

Eu me aproximei.

— Porque eu sei do que você é capaz. Você é filho de um dos Três Grandes. – sussurrei. – Vocês ainda são uma ameaça para meu pai. A Profecia pode ter se cumprido e levado com ela à sensação de que os deuses poderiam estar escravizados agora. Mas você ainda é poderoso. Todos são.

— Eu não coloco muita fé em passar para o outro lado. Não me vejo lutando contra os deuses, mesmo não concordando com grande parte deles... Mesmo não me importando. – ele garantiu, balançando a cabeça.

— Incrível como você me lembra Thalia. Ela nunca se importou com Zeus, e eu não sou muito diferente disso. Sei que Hades é um pouco difícil, mas... – suspirei. – Você não tem que estar ao lado dele. Você apenas tem que fazer o que é certo. – eu disse fechando os olhos e jogando a cabeça para trás.

Ficamos em silencio por mais alguns minutos ate ele realmente responder.

— Talvez você esteja certa. – ele disse, e ele soltou um riso baixo.

— Eu sempre estou certa. – eu disse, abrindo os olhos e lhe dando um sorriso convencido. Ele revirou os olhos, ainda sorrindo.

Ficamos mais algum tempo em silencio. Eu me ocupava em balançar a perna impacientemente, enquanto Mateus tamborilava os dedos no banco.

Encarei a floresta. Pela primeira vez desde a nossa saída do Acampamento, eu senti como se não dormisse há milênios. Eu estava com os olhos pesados quando algumas arvores se moveram a alguns metros.

Mateus se levantou do banco, varrendo a floresta com os olhos. Revirei os olhos e me levantei.

— Relaxa! É apenas o vento. – eu disse, espreguiçando-me. – Eu vou entrar. Você vem?

Ele demorou alguns segundos para responder. Finalmente me olhou.

— Eu vou dar uma volta ao redor. Já subo! – ele disse incerto. Dei de ombros e dei as costas para ele.

Eu estava realmente ansiosa para voltar ao quarto e dormir pelo resto do dia. Mas um barulhinho infernal me fez parar e virar. Bom, eu realmente fiquei irritada. Mateus estava a alguns passos de entrar na floresta, e eu decidi mentalmente, que ele iria se virar caso fosse parar em Las Vegas. Então, ele se virou para mim, às sobrancelhas franzidas e os olhos cautelosos. Varri o lugar com os olhos, analisando tudo ao redor.

O que aconteceu depois, eu demorei pouco tempo ate entender. Vindo de algum lugar realmente próximo, uma explosão aconteceu.

Com um movimento rápido, Mateus colocou o anel no dedo e seu gauntlet surgiu. Era uma luva medieval e, com bastante eficiência, absorveu grande parte do impacto. Certamente os prédios desmoronariam caso não houvesse bloqueado. E num misto de espanto e raiva, a parede de energia que eu havia feito de imediato, moveu-se contra o fogo e me atirou a uns bons 5 metros de distancia.

— Eu tenho que aprender a parar de fazer promessas. – resmunguei levantando-me.

Mateus, com uma sorte que só os deuses sabem, havia sido arrastado apenas alguns centímetros do lugar anterior. Eu corri ate ele.

— Você esta bem? – perguntei, respirando com dificuldade. Mesmo com a explosão absorvida, a fumaça estava forte. Ele não me olhou. Encarava algo atrás da fumaça. Com certa dificuldade, enxerguei uma silhueta vindo em nossa direção.

— Fique alerta! Temos companhia.



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Notas finais do capítulo

UHU, MAIS UM CAPITULO POSTADO! Matt está aqui, mandando um OI para todo mundo. Certo, como se ele fosse totalmente simpático assim U_U.
Enfim, beijos gente e até segunda! Prometo que semana que vem eu volto a postar na sexta-feira, como manda as regras e minha velha promessa.
Beijos semideuses!



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