- mais que Um Amigo. Jakenessie escrita por RaahBrasileiro


Capítulo 11
10 - Sonho, Realidade, Anjos de Neve


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiii!

Então meninas, voolteei!
E dessa vez com o capítulo devidamente corrigido. :)
Meu irmão chegou e eu pude finalmente pegar meu notebook e vou postar para vocês, então como já estão sabendo: FORTES EMOÇÕES!

Boaa leitura e nos falamos lá embaixo ok?



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~ POV Jacob.

Jane e eu estávamos deitados de bruços em um grosso cobertor xadrez, tomando sol no Lago Azul. Eu olhava para a água, pensando como era feliz por ser jovem e apaixonado.
Ao ouvir o som agudo de uma risada feminina, virei a cabeça. Não era Jane que ria. Era Nessie. Ela protegia os olhos do sol com a mão e suas pernas brancas e bem-feitas estavam esticadas.
Sem me preocupar em como ela tinha vindo parar ali, deitei minha cabeça em seu colo, sorrindo e olhando seus olhos brilhantes. Devagar, ela se curvou e roçou de leve os lábios na minha orelha. Depois sua boca tocou a minha e, esticando meu braço, passei a mão por seus cabelos acobreados. Depois me levantei, sentando e apertando mais ainda meus lábios contra os dela. Em seguida, estávamos nos abraçando tão forte que parecíamos uma pessoa só.

Bem na hora em que beijava Renesmee, acordei. Meu coração batia forte e eu até suava um pouco na testa. Meu mundo estava fora de controle. O que poderia estar me acontecendo?
Claro que já tinha sonhado com Nessie outras vezes. Todo mundo que conhecia já tinha estado presente em meus sonhos uma vez ou outra. Mas nunca sonhara que a beijava. Senti como um bofetão. Jane era a garota que deveria estar em minhas fantasias. Ela era minha namorada e eu estava apaixonado por ela. Mas aquele longo beijo em Nessie me pareceu tão real que meus lábios ainda sentiam os dela.
O relógio na cabeceira mostrava 12h15. Um pouco envergonhado por estar dormindo até tão tarde, fui para o banheiro escovar os dentes e afastar da mente qualquer pensamento sobre Nessie.
Todo mundo sabe que os sonhos não significam nada. Só porque sonhei que beijava Nessie, isso não quer dizer que eu realmente queria beijá-la. A gente tinha dançado uma música romântica na noite anterior e ter um sonho inocente com ela era muito natural.
Lavei o rosto com água fria e decidi ir procurar alguém para um joguinho de basquete. Eu estava precisando de um pouco de exercício. O sonho com Renesmee não significava nada.
- Não tem nada a ver. - declarei para meu reflexo mo espelho - Nadica de nada.

- Fala Jacob, como foi o baile? - Seth me perguntou segunda-feira de manhã.
Estávamos na biblioteca outra vez para fazermos o trabalho de história. O assunto era as pirâmides do Egito. Eu estudava a parte histórica e Seth trabalhava na época atual, sobre as pirâmides e as tumbas.
- A banda estava um saco, mas dei sorte e curti bastante.
Christian ergueu uma das sobrancelhas.
- Engraçado. Eu já vi a Radio Hits outras vezes e achei legal

- Legal para quem gosta. - observei, abrindo um livro. - A propósito, Liz não estava no baile.
Como pensei, o comentário que fiz tirou da cabeça de Seth o interesse pelo assunto sobre a banda ridícula de Chace. Ele então atirou uma olhada à recepção e viu Liz entrando na biblioteca e indo tomar seu lugar, em frente ao computador. Vi que ela olhou disfarçadamente em nossa direção e logo se voltou.
Seth afastou sua cadeira.
- Lembrei agora que me esqueci de devolver um livro. Volto já, já.
Inclinei-me para ver Seth paquerando. Queria que ele simplesmente convidasse Bia para um encontro e saísse dessa enrascada. Seth entregou um livro e começou a esfregar as mãos por um instante. Depois de um curto bate-papo, ele voltou para a nossa mesa, todo desengonçado.
- Como é que foi?- perguntei, dando-lhe um tapinha nas costas.
- Uma droga. Eu me sinto um idiota total perto dela.
Ele colocou as mãos no rosto, mas vi que espiou para Liz por entre o vão dos dedos. Resolvi deixá-lo entregue a suas lamentações e voltei para o livro de história. O prazo era de apenas uma semana, e ainda tínhamos de aprender um bocado sobre faraós e pirâmides.

- Estou aqui não faz um semestre e já sou amiga de todas as pessoas certa.- disse Jane na quarta-feira à tarde.
Nós estávamos sentados em meu carro e estivéramos nos beijando por uns quinze minutos.
Minha barriga deu um nó, como sempre acontecia quando Jane começava a falar de seu índice de popularidade. No começo eu pensava que ela só queria conhecer as pessoas. Mas agora achava que era uma obsessão. E até mesmo já tinha observado como chegava a ser grosseira com algumas pessoas que não estavam na lista dos mais populares.
- Puxa, que legal. Agora sua vida está completa.
Jane concordou.
- E tudo isso graças a você. - ela jogou os longos cabelos para trás e ficou me olhando. - Ainda bem que encontrei você.

- O que você quer dizer? - procurei ser gentil, mas por dentro achei uma idiotice.
- Bem, como todo mundo gosta de você, automaticamente, passam a gostar de mim também. Você é o meu anjo.
Nas últimas semanas vinha pensando que Jane me amava e que eu a amava. Mas algumas dúvidas não saíam da minha cabeça.
Jane não demonstrava nenhum interesse em conhecer meus amigos a menos que fossem líderes de torcida ou atletas. E sempre que ela dizia que me amava a palavra "popularidade" vinha logo em seguida. Basicamente, me tratava mais como um troféu que como um namorado.
De repente me bateu o pensamento de que eu tinha forçado a mim mesmo a me apaixonar por Jane porque queria ganhar a aposta com Renesmee. Mesmo sabendo que Jane só se interessava em ser popular, meus motivos afinal não eram muito melhores do que os dela.
A voz animada de Jane cortou meu devaneio.
- Acho que nós somos o casal mais bonito do colégio. Você não acha?
Balancei a cabeça, concordando em silêncio, mas sentindo que meu mundo se espatifara em mil pedacinhos.

Quinta-feira à noite Nessie e eu estávamos batendo papo no escritório da casa dela, assistindo ao filme Um amor pra recordar. Esse era outro de nossos favoritos, e eu me sentia relaxado pela primeira vez desde que Jane me chamara de "meu anjo".
Nessie olhava fixamente para a televisão, comendo pipoca direto. Eu não estava fim de que ela ficasse zombando de mim no caso de eu perder a aposta. Mas, ainda assim, queria conversar com ela sobre Jane. Afinal ela era minha melhor amiga e sabia bem mais sobre mulheres do que eu.
- Nessie, acho que Jane só quer aparecer. - disse eu, enchendo a mão de pipoca.
- Não brinca. - Renesmee respondeu suspirando.
- Pensando bem, não estou tão apaixonado por ela como achava.

- Hmmmm.

- Nessie, você está me ouvindo? - cutuquei seu braço.
- Você acha que Chace ainda ama Thais?- perguntou, em vez de responder minha pergunta.
- Renesmee, acabei de dizer que acho que não amo Jane.
Ela deixou de lado a pipoca e me olhou.
- O caso é que a professora chamou Chace para ler o poema que ele tinha escrito, em voz alta.
Pelo jeito Renesmeee não estava nem um pouco interessada em ouvir o que eu tinha dizer.
- E daí?

- Era um poema de amor.

- Por favor, me poupe dos detalhes.
Não estava a fim de ouvir nada sobre Chace Cara-de-Panaca.
- O poema não era sobre mim.

- O quê? - admito que agora ficara curioso.
- Bom, as palavras eram sobre perda e "distância cruel", como ele escreveu. - Renesmee mordeu o lábio e balançou a cabeça.
- E daí?- tinha a impressão de que ela queria chegar a algum ponto.
- Acho que ele escreveu o poema para Thais, o que significa que não está apaixonado por mim.
Poderia jurar que vi uma lágrima dependurada no olho dela.
- Esse cara é um saco. Você ficara melhor se ele ainda amar Thais.

De repente uma idéia me ocorreu. Se Renesmee terminasse com Chace e eu terminasse com Jane, a gente ainda estaria empatado em relação à nossa aposta. Quem sabe?
Podia ser que me apaixonasse de novo antes do Baile de Inverno. Tudo era possível.
- Chace não é um saco. - respondeu Renesmee, elevando a voz. – Se disser isso mais uma vez, eu detono você. Fique quieto!
Estava ficando chateado com Nessie. Ela acabara de dizer que achava que Chace ainda gostava da antiga namorada. Se isso não era realmente um saco, então o que seria?
- Está bom. O que você queria que eu dissesse?

Nessie recostou-se no sofá.
- Thais virá para o feriado. Você acha que devo me preocupar com isso?

- Se você não quer que eu diga que Chace é um saco, então não tenho nada a dizer. - falei com firmeza.
Renesmee enfiou o rosto em uma almofada do sofá.
- Jake você se importa de ir embora agora? Não estou a fim de papo. -ela desligou a televisão pelo controle remoto e fechou os olhos.
Sem nem me despedir, saí pisando duro. Precisava levar um papo sério com Renesmee sobre o fato de ela só se importar consigo mesma e com o pateta de seu namorado.
No caminho de volta, comecei a pensar em Jane de uma forma diferente. Ela deveria ter seus probleminhas, mas quem não tinha? Pelo menos mostrava sempre feliz quando me via e nunca tinha me chutado para fora de sua casa.
Tinha dado uma completa meia-volta. Na verdade, Jane ficaria feliz em me ver nesse momento.

~ POV Renesmee

*diário de Nessie*

Domingo. Bem no meio de uma tarde chata... O tempo está um pouco frio agora. Mas meu humor não está muito melhor. Desde a leitura de Chace, de seu poema ridículo, na aula de redação. Alice e eu temos analisado qual o real significado disso muitas vezes. Agora, com a ameaça de Thais pairando sobre minha cabeça, tenho sido cada vez mais possessiva em relação à Chace e não estou gostando disso.
Chace não mencionou o nome dela e claro que não perguntei nada sobre o poema. Seria muita humilhação. Devo confessar que é por causa desse tipo de situação que sempre evitei me apaixonar. Mas tudo vai dar certo, espero.


*diário de Nessie*

Na quarta-feira antes do feriado a turma do segundo grau do colégio foi liberada a partir do meio-dia e não teríamos aula até segunda-feira. Depois das aulas encontrei Chace perto de seu armário, conversando com um amigo que fazia parte da banda. Quando me aproximei eles interromperam o papo e olharam para mim.
- Tudo certo para amanhã a noite? - perguntei passando o braço pela cintura dele.
- Não perderia por nada. - respondeu Chace, me beijando na cabeça.
- Vejo você às oito horas.
Caminhei pelo saguão, sentindo-me contente como não sentia desde a leitura daquele poema idiota.
Se Chace quisesse ficar com Thais, não combinaria de vir para minha casa no feriado. Como Alice dissera, eu devia estar paranóica.

Era quinta-feira a tardinha e minha mãe e eu estávamos arrumando a mesa para a tradicional janta que ela preparava nesse feriado.
- Então o Jacob não virá hoje à noite?
Balancei a cabeça. Jacob costumava vir para nossa casa nos principais feriados, mas nesse ano nós convenientemente deixamos de lado essa tradição. Desde a discussão durante o filme na semana anterior, nossa amizade não vinha mais sendo a mesma. Bella recusava-se a entender isso.
- Ele e Chace não são muito chegados.

- Ah, que pena! A vovó René queria tanto conversar com ele. Diz que ele sempre a faz rir e esquecer a dor da artrite.
Eu fiz que não me importava.
- Bem, ela ficará feliz em conhecer Chace, quero dizer, ele, que é o meu namorado.

- Ei, não precisa se arrepiar toda, xodozinho. Certamente a vovó e o vovô Charlie estão esperando conhecer Chace. Eu estava apenas lembrando que eles também gostam de Jacob.

- Talvez no Natal, mãe.
O telefone tocou e minha intuição feminina fez com que sentisse um frio na barriga, enquanto ia atender.
- Alô?

- Oi, Nessie.
Sua voz era sexy como sempre.
- Oi, Chace. - respirei fundo. Podia ser que ele estivesse ligando só para saber o que trazer para o jantar.
- Escute, não vai dar para ir a sua casa hoje à noite.
Tentei esconder o desapontamento.
- Ahh, que pena. Os seus pais insistiram para você ficar com eles?
Olhei para mamãe, que tentava disfarçar que não estava interessada em minha conversa.
- Ah, é sim. Você sabe como são essas coisas. Meus avós vieram para casa hoje. E tudo o mais.

- É sim, os meus estarão aqui também. - me afastei o máximo possível para que minha mãe não escutasse nossa conversa.
- Eu ligo no fim de semana.

- Está certo.

Desliguei o telefone e me preparei para ouvir os comentários da mamãe. Tinha certeza de que no mínimo, ela diria que Jacob nunca teria cancelado um compromisso em cima da hora daquela maneira.
Ela, contudo, não disse nada e só apareceu na porta da cozinha.

- O jantar está pronto. Vamos nos sentar.
Sentando-me em meu lugar, peguei uma porção de qualquer coisa. Estava me sentindo tão mal que perdi o apetite.
Quando a campainha tocou, pulei do meu lugar na mesa e corri para atender a porta. Esperava encontrar Chace, possivelmente com um buquê de flores nas mãos. Mas era Jacob. Ele segurava um bolo de chocolate e tinha um pouco de neve em seu casaco, abriu aquele sorriso encantador capaz de aquecer qualquer ambiente.
- Entrega especial para a família Cullen. - falou já entrando.
Um impulso me fez dar um grande abraço nele. Tinha me esquecido de que sempre pudera contar com Jacob para melhorar meu humor, mesmo quando estivesse firmemente decidida a ficar deprimida.
- Você não deveria levar o bolo de chocolate de sua mãe para Jane?
Ele abriu o fecho do casaco e o tirou.
- Eles foram viajar, visitar amigos. Além disso, você não acreditou que eu ia deixar de lado essa tradição, acreditou? - ele deu um puxãozinho em meu rabo-de-cavalo e caminhou para a sala de jantar.
- Jacob! - ouvi minha avó exclamando. - Está nevando?
Jake foi até vovó e a beijou no rosto.
- Começou nesse instante, vovó. A mãe natureza soube que vocês estariam na cidade hoje.
Como já disse antes, Jacob tem uma grande habilidade para agradar às pessoas. E não importava se suas piadas eram ruins, minha avó sempre ria tanto que parecia que ele era o melhor dos comediantes.
- Crianças! Fico feliz de vê-lo aqui. Renesmee tem se arrastado de um lado para o outro da casa como se fosse um traste. – Edward, papai, disse.
Jacob me olhou e fiz de conta de que não era comigo.
- Não fique aí parado com esta sobremesa nas mãos. Vamos, pegue um prato para você também.
Enquanto Jake ia até a cozinha, eu me sentei à mesa. De repente o bolo de chocolate parecia o remédio para a minha tristeza.

- Vamos andar na neve. - sugeriu Jacob, uma hora mais tarde.
Estávamos sentados perto da lareira depois de comer bolo de chocolate. Meus avós tinham adormecido em suas poltronas e meu pai aparentemente lhes seguira o exemplo.
Lá fora nevava forte e nosso jardim já estava coberto com uma grossa camada branca brilhante.
- Vocês podem achar divertido agora. Mas amanhã vai ser uma luta.

- Preciso de exercício depois de comer esse bolo. - disse eu, tirando a manta na qual me enrolara.
Jacob me seguiu até a entrada e peguei nossos casacos. Enquanto eu vestia o meu, ele ficou xeretando em nosso armário da entrada, onde guardávamos chapéus, luvas, guarda-chuva e outras coisas do tipo. Achou um chapéu antigo, listrado de roxo e verde, com uma bola colorida em cima e colocou na minha cabeça.
- Ei, eu não vou usar isso. Não quero atrapalhar o trânsito.
Jacob mexeu as sobrancelhas.
- Se você usar, eu ponho este.
Tirou a mão das costas e mostrou um chapéu laranja brilhante, que meu pai tinha trazido de uma viagem.
Dei risada, colocando um velho cachecol no pescoço.
- Bem, esta é uma oferta que não posso recusar. Vamos assustar a vizinhança.
Jake fechou a porta atrás de nós e saímos pelo jardim chutando neve. Na rua, viramos à esquerda. A duas quadras de casa havia uma rua quase deserta, e eu sabia que estávamos indo para lá.
Por algum tempo andamos em silêncio. Nevava bastante forte, mas como não ventava eu me sentia aquecida e confortável em meu casaco. A toda hora colocava neve na boca para sentir o gostinho gelado. Jake andava em ziguezague para deixar o maior número de pegadas possível.
- A gente podia chamar o Seth. - disse, para quebrar o silêncio.
Jacob deu de ombros.
- Ele não vai querer vir. Acho que anda estudando secretamente a vida de Elizabeth.

- Por que ele simplesmente não a convida para sair?

- Ele disse que ela não quer se amarrar, mas eu acho que ele tem medo da rejeição. Não me lembro de ele ter se preocupado tanto antes com o fato de receber um sim ou um não de uma garota.

- Podemos relacionar isso com sentimento. - concordei.
- Você preferia estar com Chace? – Jacob perguntou andando em volta de mim.
Demorei para responder. Na última hora e meia tinha me esquecido completamente de meu desapontamento com o fato de Chace ter cancelado nosso encontro. Estar com Jake parecia ser a maneira perfeita de aproveitar a neve e o clima festivo no ar.
- Não, estou contente aqui com você. Por quê? Você queria estar com Jane?
Jacob encheu a mão de neve e fez uma bola.
- Não. Não é muito divertido jogar bolas de neve em Jane.
Jake atirou uma bola de neve em mim e riu alto na noite escura. A bola me acertou em cheio no rosto e gritei. Na mesma hora me ajoelhei e, usando as mãos, juntei tanta neve quanto consegui. Corri para cima de Jacob, que ainda ria, e joguei tudo em suas costas.
Ele reclamou, tentando desesperadamente sacudir a neve do casaco.
- ISSO FOI UMA DECLARAÇÃO DE GUERRA.
Chegamos a rua deserta perto de casa e por todo lado ainda havia neve intacta. Por quinze minutos ficamos parecendo uns malucos, jogando bolas de neve e derrubando um ao outro no chão. Dei tanta risada que minhas costelas doíam.
Finalmente nos deitamos no chão. Eu estava tão cansada que fiquei ali estendida de costas, olhando para o céu e retomando o fôlego. Quando me toquei que meu traseiro estava molhado e quase congelado, virei-me para Jacob.
- Essa foi legal, mas acho que já era hora de a gente se esquentar com um chocolate quente.

- Antes vamos construir anjos de neve. Não tenho feito isso há anos.
Ele deitou-se antes de minha resposta e começou a mexer os braços e pernas.
- Não tem tanta neve assim, para fazer anjos bonitos. Precisa de pelo menos um palmo de neve.

- E daí? O que vale é a intenção.
Não podia discutir com sua lógica, então procurei fazer o melhor anjo que pude e depois me levantei para ver o resultado.
- É, não está mal.

- Nada mal mesmo. Agora será que ouvi alguém falando em chocolate quente, e a palavra-chave é "quente"?
Minutos depois estávamos na cozinha de minha casa, quase sem fôlego. Tiramos nossas botas, meias e blusas, tentando ver se alguma coisa ainda estava seca. O cabelo de Jacob estava ensopado mais ainda espetado e seus lábios tinham um toque azulado.
Todo mundo tinha ido dormir, e então fui na ponta dos dedos até a lavanderia e peguei uma calça e uma camiseta de malha de meu pai para Jacob. A seguir fui até meu quarto e troquei minha roupa por um pijama de flanela. Quando nos sentamos perto da lareira, com nossos chocolates quentes, estávamos secos e aquecidos.
Sem mais, Jacob deu um longo suspiro.
- O que foi?

- Sei lá. Estava pensando que está é uma noite perfeita para um romance.
Olhei para o fogo, pensando se Chace estaria com Thais em algum lugar, tomando chocolate quente e dizendo a ela o quanto sentiu sua falta. Senti um nó na garganta e engoli em seco.
- Sim, eu sei o que você quer dizer.
Quando Jacob se voltou para mim, seus olhos pareciam ainda mais negros do que de costume, estavam profundos. Ele se aproximou no sofá e enrolou alguns fios do meu cabelo em seu dedo indicador. Meu coração disparou e senti a mesma emoção confusa daquela noite no Baile de Boas-Vindas.
– Sabe aquela música?
Balancei a cabeça sem tirar os olhos dele.
- Que música?

- Se não pode estar com quem ama...

- Ame quem está com você.
Meu olhar se fixou em seus lábios e me senti hipnotizada por sua proximidade.
Jacob colocou a mão em minha nuca e me puxou para mais perto. Fechei os olhos, desejando que seus lábios tocassem os meus.

Assim que senti seu beijo, um fogo líquido se espalhou em mim. Sem pensar, agarrei sua camiseta como se não quisesse que ele se afastasse mais. Nossas bocas se encontraram com perfeição, como se fossem feitas uma para a outra. Os fogos de artifício que esperava com Chace finalmente aconteceram. Cada parte do meu corpo estava viva e em chamas, como se estivesse no meio de uma experiência nuclear. O mundo lá fora se evaporou e Jake era a única coisa que ainda existia no planeta.
Um pouco depois ele se afastou.
Assim que o beijo terminou, senti uma onda de vergonha. Era possível que eu tivesse feito aquilo? Era possível ter beijado Jacob, meu melhor amigo no mundo? Um milhão de questões invadiu minha mente, e fiquei sem fala.
- Uau, não sei se isso foi uma idéia muito boa. - disse ele, passando a mão pelo meu cabelo.
Minha sensação de atordoamento transformou-se em raiva.
- Por que você fez isso?

- O que você quer dizer com EU FIZ? Você participou também.
Fechei a mão, mostrando o punho.
- Foi sua idéia. Não negue. – procurava manter a voz baixa, mas me sentia como se estivesse gritando.
Jacob me fulminou com o olhar.
- Bem, claro que não foi uma boa idéia. - falou, dando um murro no sofá.
- Você não pode suportar o fato de existir uma garota nesta cidade que não queira sair com você.

- Não se lisonjeie, Renesmee. Isso nunca mais vai acontecer.

- Está certo. - falei cruzando os braços.
- Está certo. - ele respondeu ficando em pé. - Diga obrigado a seu pai pelas roupas. Devolverei o mais depressa possível.

- Não se apresse. - respondi, caminhando para a entrada.
- Não se preocupe. - ele pegou suas roupas ainda molhadas.
- Por mim, está bem. - abri a porta e fiquei olhando para ele. Minhas mãos estavam tremendo e me senti muito perto de chorar.

- Dê um oi meu para seus pais.
Então ele se foi pela noite nevada e eu bati a porta atrás dele. Aquela altura não estava mais me importando se acordava a casa toda. Esse dia tinha sido um dos piores de minha vida, e a única coisa que eu queria era me lamentar até conseguir dormir.
Enquanto ouvia Jacob dar a partida no carro e dirigir para a avenida, às lágrimas que estava segurando brotaram em meus olhos. Fui para meu quarto cambaleando e me desmanchando em soluços que pareciam não ter mais fim.
Uma vez mais tinha feito uma grande, uma imensa bagunça com minha vida.
- Por que eu? - murmurei na escuridão do quarto. - Por que eu? :(


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Notas finais do capítulo

É isso... :x

Tcharaaaannn! O que será que vai acontecer agora, hein?
Beeijos e não se esqueçam: COMENTEM!

Até a próxima. ^^