Ive Never Been Anywhere Cold as You. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 3
Capítulo 2.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada desde já.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/132292/chapter/3

Dois

I’ve done everything as you say

Eu fiz tudo como você disse

I’ve followed your rules without question

Eu segui suas regras sem questionar.

I thought it would help me see things clearly

Eu pensei que me ajudaria a ver as coisas claramente.

But istead of helping me to see

Mas em vez de me ajudar a ver

I look around and it’s like I’m blinded.

Eu olho em volta e é como se eu fosse cego.

I’m spinnin’ out of control, out of control.

Eu estou girando fora de controle, fora de controle.

Hoobastank – Out of Control.

Naquela noite, a lembrança de Peter lhe fez companhia e não lhe deixou dormir de novo. Então, já que não conseguia ter uma boa noite de sono, começou a assistir televisão – que por sinal ficava na parte de cima do seu loft, em seu quarto – para tentar distrair a cabeça, mas ele sabia que não chegaria a lugar nenhum, porque, de novo, naquela madrugada, chovia e chuva trazia à tona todo o amor, ódio, tristeza reprimidos de serem sentidos em público e, na sua grande maioria das vezes, até sozinho.

Fechou os olhos por um único momento e reviu torturantemente aquela mesma cena de Wentz vestido com uma blusa de capuz toda molhada, caindo e batendo a cabeça no chão. Por mais que Ryan tentasse, aquela cena ainda continuava em sua cabeça e estava além da traição cometida por Peter. Aquela cena tinha dissolvido todos os sonhos de Ryan e o transformado em um moço conformado e inerte em uma vida que  a única coisa que tinha de interessante era seu trabalho, no qual acabara viciando.

Pela manhã sentiu o um vento frio em seu corpo e ao olhar por uma pequena janela, notou que começara a nevar de noite. Rosnou baixinho para si, por mais uma vez ter esquecido de levar até a lavanderia alguns dos seus casacos mais quentinhos. Enrolou-se em uma de suas cobertas e se deitou na cama, percebendo que logo depois seu gato veio até sua cama. Ele sorriu enquanto o felino se ajeitava perto  do edredom que seu dono usava pra cobrir as pernas magricelas.

Olhou para seu relógio de pulso, descobrindo que ainda eram sete e meia da manhã e ficou sem vontade de levantar da cama, apenas virou-se para o lado oposto e tentou dormir mais um pouco sem ser atormentado por aquela cena idiota. Deveria, ao menos, lembrar-se dos momentos bons que os dois passaram juntos.  Lembraria – ao menos pra dormir alguns minutos – de como tinha sido feliz ao lado de Wentz e não de sua cabeça esparramando sangue por seu jeans. E dormiu.

A visão ficou turva novamente e lá estava Wentz com sua cabeça deitada no colo de Ryan que não chorava mais. Passou os dedos longos pela face do menor e a sujou de sangue, por ter acariciando antes os cabelos onde estava a saída da bala e logo, a saída do sangue. Debruçou-se sobre ele e deixou um beijo frio em seus lábios ainda mais gelados e foi então que sentiu-se sendo puxada e viu, a cabeça do amado já ferida, batendo outra vez no chão com a separação.

Sua respiração falhou e seus olhos se abriram atordoado com as imagens que lhe vinham à cabeça. Mais que depressa, levou as mãos aos olhos e os coçou desajeitadamente, reclamando de como poderia ser tão idiota de ainda tentar dormir com aqueles malditos pensamentos. Socou a cama quando desocupou uma das mãos e se levantou contra a vontade. Tomou seu banho não muito longo e vestiu suas roupas mais grossinhas com cheiro de mofo e isso sim lhe irritou ainda mais. Desceu, pôs leite para o gato e fez um pouco de café para beber com qualquer coisa que tivesse na geladeira, mas se lembrou que só tinha açúcar lá. Rosnou baixinho e pôs tudo o que precisava em sua cafeteira.

Eram oito horas da manhã quando ele estava fazendo o seu café forte e debruçado em sua bancada da cozinha, olhando para a cafeteira como se ela realmente fosse lhe a coisa mais importante a se fazer. Foi então que ouviu a campainha tocando. Estranhou que o porteiro deixou entrar, mas foi atender. Olhou pelo olho mágico descobrindo que era o estagiário e  seu chefe. Abriu a porta, por obrigação.

“Olá, Ryan.” Falou sobriamente Alexander  que vestia um paletó azul marinho, com um jeans envelhecido – mas não menos cheio de classe – completando com uma camisa de puro linho fino de cor creme. Seu cabelo longo, bem penteado, estava amarrado em um rabo de cavalo estratégico com o poder de deixá-lo despojado e sóbrio ao mesmo tempo. Entrou em passos pequenos e encarou os olhos doces e frios de Ryan Ross.

“Nós precisamos?” Franziu o cenho, quase batendo propositalmente a porta na cara de Brendon, que a segurou pondo o pé. “Eu ainda tenho bastante tempo pra entregar o seu projeto, Alex. Por que temos que conversar?”

Brendon observava a cena calado. Sabia que ele era o objeto das discussões entre seus chefes. O ohar prepotente de Ryan lhe fazia franzir o cenho e morder o canto do lábio, não por medo, mas por receio. Qualquer um presente naquela sala sabia que Ryan não era a pessoa mais fácil do mundo de se lidar e Alexander sabia mais ainda, Ryan não era como seus olhos, ou como sua feição. Ryan era traiçoeiro, era mal, era sujo e bastante desbocado. Era alguém para ser enfrentado e desafiado, mas quem? Quem desafiaria a soberania de Ryan Ross? E se desafiasse, a que extremos o arquiteto era capaz de resistir?

“Porque eu quero que você seja ajudado por ele.” Alexander apontou com o polegar o garoto que estava ali com ele, agora com as mãos nos bolsos da calça, por causa do frio. “Esse menino tem talento, Ryan. Confie em mim.”

“Eu trabalho sozinho, Alex. Qual é a parte do ‘sozinho’ que você quer que eu desenhe?” Ryan argumentou ironizando e Alex negou com a cabeça o tamanho da teimosia infundamentada de seu funcionário. “Estagiários não servem pra nada, entenda e eu estou bem do jeito que estou, obrigado.”

“Se você não trabalhar com o Urie, Ryan, eu demito você e, pode ter certeza, que eu dou  um jeito de você nunca mais conseguir um projeto em sua vida. No máximo, vai ser paisagista!” Alex ameaçou e Ryan arqueou a sobrancelha, meio desacreditado, escondendo um riso presunçoso no canto dos lábios. “Você conhece minhas ameaças, Ryan.”

“Por que você não contrata de vez esse moleque no lugar de ficar me enchendo a paciência?” Ross suspirou pesadamente, colocando as mãos dentro do bolso do pijama – que foi estrategicamente bolado por ele, já que a grande maioria do tempo, ele ficava vestindo pijamas. “É bem mais produtivo, não acha.”

“Ele não é você, George.” Falou casual, encolhendo os ombros. “Você sabe porque motivo eu tenho você.”

“E você não precisa lembrar disso.” Rosnou irônico.

Alex rosnou qualquer coisa incoerente e entregou Brendon nas mãos daquele nada satisfeito arquiteto. O chefe maior saiu, deixando Ryan olhando para Brendon sem saber muito bem o que fazer. O menor sorriu grandemente pra o maior, satisfeito por ter conseguido um pouquinho de espaço na vida do grande George Ryan Ross, mas a questão era: quanto tempo sobreviveria ao Ryan?

Brendon olhou com a expressão curiosa a casa decorada bem estrategicamente em cores claras e calmantes.  Seus olhos brilhavam cada vez que um novo pedacinho da casa de Ryan entrava pelo seu campo de visão; era tudo muito delicado, muito bem arrumado, extremamente bem posicionado para que nada venha a faltar e que cada pedacinho de cômodo soasse aconchegante como era pra Urie naquele exato momento. Deu alguns passos para frente, deslumbrado com a beleza daquele loft e acabou encontrando com o dono dele completamente irritado e de certa forma, entusiasmado para fazer Brendon Urie se arrepender do dia que nasceu, já que estava invadindo sua vida perfeitinha.

“Por onde eu começo?” Brendon se atreveu e um sorrisinho maldoso se formou no rosto de Ryan. Um pouco de diversão não faria mal. “Agora você poderia me mostrar o projeto?”

“Até que horas vai seu expediente? A gente poderia encerrar seu trabalho pra sempre... Agora?” Perguntou o maior, indicando que ele subisse consigo as escadas. Urie segurou sua pasta que continha material de trabalho e seguiu o maior por onde indicava. “Alex não estipulou seu horário de trabalho, já que eu não posso expulsar daqui, você vai trabalhar pra mim em tempo integral. Não importa o que aconteça, vai acatar minhas ordens e cumprí-las sem questões, certo?”

“Mas eu--” Brendon tentou falar, mas Ryan ergueu a mão em sinal de silêncio.

“Sabe, Brendon... é Brendon, certo?” O menor agitou a cabeça como se fosse uma criança recebendo um brinquedo novo e nesse momento seu pai lhe perguntava se tinha gostado do brinquedo. “Eu tenho um TOC terrível. Meus lápis devem ser apontados do mesmo tamanho, mas eu estou sem tempo para fazer isso, porque preciso desenhar. Sua primeira tarefa é deixar meus lápis revervas com as pontas do mesmo tamanho e sem falhas.”

“Sim, senhor.” Embora a expressão do menor não fosse muito satisfatória, Brendon concordou em apontar alguns lápis do mesmo tamanho e com toda a perfeição. Precisava agradar seu chefe para poder ganhar a sua confiança. Quando chegou ao quarto, Brendon tirou os sapatos ao notar que a cama do rapaz era posta no chão e este lhe havia ordenado para que se sentasse nela. O arquiteto entregou duas caixas – com mais de cem unidades cada uma -  de lápis fechadas, sem ponta alguma, e Urie as segurou junto ao corpo como se as caixinhas fossem de porcelana e guardassem algo valioso ali. Ryan avaliou o cuidado que Brendon teve e fez uma anotação mental favorável a ele. Sabe cumprir ordens.

George então tomou assento em sua cadeira giratória e começou a desenhar.  Com Brendon ali, seus pensamentos não o distraíam e a concentração nas medidas do projeto pareciam cada vez mais plenas. Parecia que era Brendon lhe pressionando psicologicamente que era o que faltava para a excelência de seu projeto. Quando os lápis se findaram – todos devidamente bem apontados e simetricamente do mesmo tamanho, Ross sorriu maldosamente e respondeu:

“Você chama isso de bem apontados? Pelo amor de Deus, até uma criança primária aponta os meus lápis melhor que você!” Rosnou, tomando para si as caixas de lápis. “Você é uma besta, Brendon! Eu não sei porque merda o Alex quer que eu trabalhe ao seu lado, mas acho bom dizer pra ele que eu não consigo trabalhar com gente incompetente como você.”

“Perdão, senhor.” Humildemente, o jovem Brendon disse, enquanto limpava de cima da cama de Ryan os restos dos lápis que estavam ali. Os dois precisavam se tolerar para poder conviverem juntos – embora Ryan fosse bem mais difícil que Brendon. “O que mais posso fazer pra ajudá-lo?”

“Incompetente!” Resmungou enquanto terminava de deslizar delicadamente o lápis pelo papel e então suspirou. “Desce e vai à Starbucks. Me trás um capuccino e uma torta de morango, mas olha se a torta está realmente boa, ou eu juro que desconto do seu salário.” E ordenou como se Brendon fosse seu empregado, porém ele parecia não estar muito incomodado em obedecer as ordens inúteis vindas de seu superior.

O primeiro dia de trabalho correu tudo muito bem. Ross estava cansado o suficiente para dormir a noite toda sem incômodos vindos de Wentz e Brendon seguia para casa – a noite – completamente cansado de fazer coisas inúteis, mas se tratava do seu maior ídolo. Alguém que realmente tinha muito o que ensinar a ele sobre a arquitetura, mas não dessas que se aprende sentado na cadeira universitária, mas sim, pelos próprios projetos vindos de Ryan.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ive Never Been Anywhere Cold as You." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.