Ive Never Been Anywhere Cold as You. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 2
Capítulo 1.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/132292/chapter/2

Um.

This is the way you left me, I’m not pretending

É assim que você me deixou, eu não estou fingindo.

No hope, no love, no glory, no happy ending.

Nenhuma esperança, nenhum amor, nenhuma glória, nenhum final feliz.

This is the way that we love, like it’s forever,

É assim que nós nos amamos, como se fosse pra sempre,

Then live the rest of our life, but not together.

Então vivemos o resto de nossas vidas, mas não juntos.

Mika – Happy Ending.

A cidade era a incrível Los Angeles, porém o bairro estava longe de ser composto por mansões. Por incrível que viesse a parecer, existe pessoas “normais” nessa cidade composta – em sua grande maioria – por astros e estrelas do cinema mundial. Porém naquela glamourosa cidade da Califórnia morava um cidadão um tanto diferente. Ele era Ryan Ross, um arquiteto de renome e contratado para fazer – em sua grande maioria – projetos das mansões das estrelas de cinema, embora algumas vezes desenhava o paisagismo da cidade, viadutos entre outras coisas.

Uma das coisas que Ryan mais se incomodava – mas não falava nada, nunca, ao seu chefe – era que alguém bem peculiar assinava seus projetos tão incríveis. Por isso, as celebridades para as quais ele já trabalhou, sequer o reconhecia no meio da rua, o bom era que esse homem jamais se importou com acenos vindos da rua, de célebres estrelas ou de grandes astros; Ryan era só Ryan, um arquiteto mal sucedido que vendia suas idéias a um péssimo preço.

O arquiteto se esticou na cadeira giratória e deu um leve impulso para trás com a mesma a fim de ver o que poderia fazer. A única coisa que poderia lhe fazer sair de casa seria – sempre – o café e, às vezes, cigarros. Sempre quando precisava comprar, ia até a Starbucks que ficava em frente ao seu prédio, ou simplesmente ligava para lá e alguém lhe mandava frapuccino, capuccino ou au lait, que eram os únicos tipos de café que ele gostava. Desviou os olhos para seu relógio de pulso, constatando serem apenas três da manhã e ao voltar a fechar os olhos por um momento, a imagem de Peter Wentz vomitando sangue em sua calça jeans naquele dia chuvoso e Ryan atribuiu à chuva o seu maldito pesadelo com Wentz  já que naquela maldita madrugada, o mundo parecia conspirar para que o jovem arquiteto se lembrasse de quem foi Peter Wentz.

Quem sabe na cozinha ainda tem pó de café... Pensava Ryan com seus botões, mas ele sabia que ele nunca comprava nada para pôr em sua cozinha. Fechar os olhos precisava ser dispensável, embora Ryan sentisse que poderia se entregar ao sono a qualquer momento. Desceu as escadas pé-anti-pé e assustou-se quando um raio cortou o céu, iluminando todo o seu loft em um prédio bacana de Los Angeles. Gostava dali, gostava do bairro, porque ali ninguém ficava em seu pé quanto a sair de casa, a viver o que aquela tão linda cidade lhe oferecia diariamente. Não importava a ele, jamais importaria. Apenas importava quando grandes produtoras de cinema pedia ao seu chefe – Alexander Greenwald – um produção arquitetônica de alguma coisa, principalmente na construção de cidades cenográficas de época. Aí parecia ter alguma utilidade toda aquele blá-blá-blá.

Ao pisar no chão do seu loft, segurou a palavra de baixo calão, pois sentiu como se seus pés tocassem em um bloco de gelo, mas foi em frente, pra cozinha, para ver se teria um pouco de café para fazer. Ele sabia que não ia ter, mas insistia em seguir o caminho naquele chão gelado. Entrou na cozinha e acendeu a luz, encontrando apenas seu gato Ringo deitado em uma das cadeiras. Sorriu para o gato e abriu a geladeira, não tinha nada – pra variar – além do leite do gato, algumas comidas estragadas e cerveja. Pegou uma garrafa e abriu, dando um gole longo na mesma. Saiu da cozinha e voltou para seu quarto onde ficava sua mesa de desenhos.

Olhou para o relógio mais uma vez e percebeu que não tinha levado nem cinco minutos para fazer tudo o que tinha feito na cozinha. Resmungou mais um palavrão e subiu. Seu trabalho lhe aguardava e isso era a única coisa que ele fazia e que o fazia feliz, mas alguém assinava sua obra feliz. Ele voltou a sentar-se em sua cadeira giratória e pôs a bebida alcoólica entre suas pernas enquanto olhava seus desenhos. Sabia que seu prazo estava acabando e mesmo sabendo que os desenhos estavam bons, faltavam alguma coisa para atingirem a excelência. O problema de Ryan com datas estava também na sua mania de ser perfeccionista, tudo deveria estar perfeito sempre. Perfeito de acordo com sua vontade.

Bebeu sua cerveja e desenhou tudo o que pôde. Cada um dos traços e medidas que ia sendo colocadas na folha em branco, parecia não caber exatamente no projeto e isso era inadmissível. Exatamente com esses pensamentos que a madrugada passou e chegou a fria manhã de inverno. Soltou o lápis contra a mesa e por fim levantou-se de sua cadeira giratória, deixando a garrafa de cerveja – já vazia – em cima do criado-mudo. Foi ao banheiro e olhou seu rosto – cheio de olheiras e com a barba mal feita – sorriu para si mesmo e argumentou em voz alta:

“Você é despresível, Ross.” Saiu do espelho e foi tomar seu banho, sem demorar demais. Ia ter que descer até a cafeteria para comprar café e comer alguma coisa. Sair de casa jamais era uma boa opção na cabeça do arquiteto, mas naquele dia ele veria a cor acinzentada da rua de seu prédio.

Vestiu apenas seu pijama novamente – que era de seda azul – e saiu com um casaco rumo a Starbucks. Como era conhecido por sua frieza e seriedade, Ryan não era cumprimentado com fervor. Quase nunca recebia visitas – exceto as de seu chefe pra buscar os projetos – e por isso o porteiro sempre interfonava para saber se ele estava esperando alguém. Ao atravessar a rua, Ryan comprou seu capuccino e saiu com um bolo de morango nas mãos. Comeu pelo caminho enquanto comprava um maço de cigarros e um pó de café – embora odiasse café feito em casa, ainda era melhor do que ficar saindo – e comprou açúcar. Pagou e voltou para sua emocionante  vida dentro do seu pequenino loft.

Deixou as coisas em qualquer canto e foi à cozinha dar comida para o seu gato. Colocou o leite, trocou a água e voltou a subir as escadas entediado e com um resto de café no copo de isopor, seguia para sua sina de desenhar, desenhar e desenhar para um maldito homem sem talento algum.  Ross, ao chegar em seu quarto, a primeira coisa que fez foi ligar a televisão em um canal de clipes e arrancou o casaco sensualmente – embora desengonçado – e começou a dançar a música do Mika, We are Golden. A música estava bastante alta e por isso, ele parecia estar bastante feliz. Ele gostava da vida que vivia, exceto com as lembranças que tinha de Peter Wentz em dias de chuva.

Lembrar de Wentz nunca era bom, porque a morte dele sempre acompanhava suas lembranças. Aquela cena dele caindo e Ryan depois de uns minutos correndo em sua direção e de sua cabeça escorrer sangue ao ponto de manchar toda calça jeans. Foi então que no meio da música, seu telefone tocou. Suspirou, abaixando o volume da televisão para atender com má vontade. Ele nunca gostava – mesmo – dessas coisas.

“Fala, estrupício.” Ryan atendeu. Era típico dele atender xingando a pessoa, principalmente quando ele a tirava de momentos agradáveis. Dançar sozinho era um bom exemplo de momento agradável para o solitário arquiteto.

Bom dia pra você também, Ryan!” Disse Alex e ouviu apenas o outro bufar qualquer coisa sem nexo do outro lado da linha. “Como está aquilo que eu te pedi?

“O projeto?” O arquiteto torceu os lábios ao olhar para o seu projeto quase pronto e suspirou pesadamente. “Estamos indo, Alex.” Respondeu, sem querer dizer exatamente que estava achando tudo meio ruim, porque faltava algum toque naquele projeto tão especial.

Hmm, acho que entendi.” Alex suspirou pesadamente. “Eu vou mandar alguém até você, okay? Ele tem um talento incrível e te adora. Você é o maior ídolo desse menino. Não estrague isso.

“Tanto faz.” Deu de ombros. “Se acha necessário, mande-me o menino, mas explique a ele como eu sou realmente. Hoje não amanheci com bom humor.” Mentiu, porque ele era assim mesmo. Gostava de manter as pessoas o mais longe possível da sua vidinha perfeita.

Está certo, Ross. Eu o mandarei.” Suspirou outra vez. “Até a próxima.”

“Já vai tarde.” E desligou, voltando imediatamente para o seu projeto.

Sequer viu o dia passar e a noite cair, por isso, acabou não almoçando de novo. Ligou para a Starbucks e pediu dois expressos e um capuccino, junto com uma torta de morango e que colocasse em sua conta – como ele era conhecido do dono da filial, vendiam fiado para ele. Aquele projeto parecia sair cada hora mais desastroso aos seus olhos, devia estar completamente bloqueado para o desenho.

Quando ele conseguiu se concentrar a campainha tocou e irritado por ter perdido a idéia que poderia mudar de vez o seu projeto, desceu xingando. Encontrou  ali o entregador da Starbucks – o qua fez questão de expulsá-lo o mais rápido que pôde – e mais um garoto relaticamente baixinho, sorriso grande, pele alva, cabelos e olhos escuros e de sorriso cativante. Não se lembrou que Alexander ia lhe mandar uma pessoa, apenas sorriu sem jeito e sem emoção nenhuma. Achou o garoto lindo e por isso, sorriu.

“O que faz aqui?” Ryan resmungou. “Espero que tenha uma desculpa inteligente.”

“Sou Brendon Urie, a pessoa que veio a mando de Alex Greenwald.” Respondeu profissionamente, estendendo-lhe a mão de forma gentil e Ross franziu o cenho, mas logo se lembrou, dando espaço para o garoto bonito entrar. Ignorou completamente o gesto amigo do outro que pôs a mão no bolso. “Sou seu estagiário.”

“Do que você tá falando?” O arquiteto franziu o cenho, parando no meio do caminho. Virou-se para Brendon que sorria ainda de forma grande e o outro mantinha a expressão nula de sentimentos, com exceção da estranheza por aquele garoto ousar falar o que falou. “Quer parar de me mostrar esses dentes e me responder do que caramba você está falando?”

“O Alex disse que você precisava, muito, de ajuda com um problema  do projeto, por isso me mandou.” Brendon sorriu fazendo o outro franzir o cenho ainda mais. “Você poderia começar me mostrando e explicando melhor o projeto, para que eu possa saber como ajudá-lo, e eu preciso dizer que você é o meu maior espelho.”

“Você pode, educadamente, sair da minha casa agora.” Foi a vez do menor franzir o cenho e manter a expressão carregada de dúvida. “Fora!” Aumentou o tom, mas não adiantou em nada. O mais novo continuava imóvel em sua frente. Irritado, Ryan Ross tratou de esclarecer: “Eu não preciso de ajuda, moleque, muito menos de um estagiário que não sabe absolutamente nada de arquitetura! Agora dá o fora da minha casa agora, antes que eu precise ter o trabalho de chutar seu traseiro que por sinal deve ser bom de chutar.” Irozinou com total descaso. “Eu posso tentar?”

“É só uma ajuda,  Ross.” Falou baixinho, recebendo um pouco de café expresso – ainda um pouco quente – no rosto. “Aiiiii!” Gemeu, levando as mãos ao rosto.

“Tem uma enfermaria daqui algumas quadras. Lá sim é seu lugar!” E vendo o quão irritado Ross estava e porque o café lhe queimava o rosto, Brendon saiu correndo e Ryan ficou aliviado de ter tirado do seu pé alguém como um estágiário.

Quem é que precisa de estagiários? Rosnava para si mesmo enquanto voltava a subir as escadas sem vontade alguma de continuar aquele projeto que tendia a dar sempre errado, porque sempre faltava alguma coisa. Sempre tinha que acontecer alguma coisa para estar ruim. Talvez fosse em Ross o grande problema. Vamos fingir que isso aqui tá ótimo e entregar para Alex.

Mas ele sabia que não era daquele jeito que funcionava as coisas e fora por isso que decidiu recomeçar todo o seu projeto que se tratava de construir um conjunto habitacional modelo e com apartamentos luxuosos, mas parecia que as idéias tinham tirado férias daquele arquiteto e nada as fazia voltar. Infelizmente, Ryan estava lidando com um grande bloqueio e um chefe querendo perturbar sua vida com um estagiário ruim.

Talvez aquilo – de estagiário – poderia ser uma coisa boa. Mas era só um talvez que o arquiteto não estava querendo pagar para ver.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ive Never Been Anywhere Cold as You." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.