- É melhor levar essa sopa para a Sango. Sempre que ela se mete em algum trabalho novo, ela se esquece completamente de comer – falou para o haion, mas ele a ignorou.
- Inu Yasha o que está acontecendo com você? Por que está me tratando assim agora? O que foi que eu fiz desta vez?
- Nada. Só descobrir que você é uma grande mentirosa!
- Mentirosa? – confusa – Quando foi que eu mentir para você?
- Quando disse que não tinha namorado. Ou melhor, quando disse que o Houjo não era seu namorado. Foi ele que estava beijando você lá fora, não é?
- Era mais...
- Gente, consegui traduzir a inscrição!
Os dois esqueceram a discursão e foram correndo para a sala.
- Diz logo o que tem escrito!
- Fala amiga!
Ela pegou a folha de papel e cima da mesa, com toda a cerimônia possível, e leu a tradução da inscrição em um tom alto e claro:

A campainha tocou e Rin foi atender. Encontrou um atrapalhado Mirok tentando equilibrar as caixas de comida. Ela pegou algumas delas e as colocou em cima da mesa de centro da sala e deixou se organizando. Dirigiu-se a cozinha e pegou alguns pratos. Ao retornar o encontrou sentado no chão, abrindo as caixas de comida.
- Eu não acredito que você fez torteloni de agrião - sentou-se ao seu lado - É o meu prato preferido!
- Como eu posso esquecer se você vive repetindo!
- Hum... E a massa esta no ponto como sempre - pegou um guardanapo e limpou a boca - Mas não foi para isso que você veio. Disse que precisava de ajuda.
- Sim, mas isso pode esperar. Quero saber o que aconteceu.
- Como assim aconteceu? - na defensiva.
- Rin seus olhos ainda estão vermelhos e não venha dizer de novo que é alergia. Que essa desculpa não cola mais.
- Não é nada demais - mordeu o lábio inferior - Sesshomaru só cancelou o jantar por que tinha que viajar a trabalho.
-E isso a magoou?
-Não foi bem a viagem... O problema é que ele não me contou o que aconteceu. Parece que ele não confia em mim ou quer me manter afastada de sua vida como se eu fosse uma simples namoradinha que ficasse com ele e... Sabe... Eu não sei muita coisa sobre ele além do que quando nos conhecemos. E isso dói... Machuca...

Se eu soubesse que ia ser assim
Tudo por nada
E confesso que acreditei
Em meias verdades
Você nunca me disse “te amo”
Mas também não disse que não
Enquanto eu fazia tantos planos
Que você nunca vai saber, nunca vai saber.

-Você o ama muito, não é?
-Talvez até mais que a minha vida, mas eu nem sei o que ele sente por mim.
-Como assim?
-Mesmo quando me pediu em namoro, ele nunca falou de amor. Nunca liguei muito para isso, pois eu acreditava que ele me amava. Mas agora... Tenho minhas dúvidas – uma lágrima solitária escapou de seu olhar.

Quando você ama alguém
Que não te quer
Quando há um outro homem, outra mulher.
Mesmo assim ainda te amo
Mesmo sabendo que eu posso
De repente ser o outro
Não posso te esquecer

-O que pretende fazer?
-Não sei preciso pensar se vale a pena continuar assim...
-Eu acho que você deveria conversar com ele.

Se eu soubesse que ia ser assim
Desde o começo
Não teria te ligado não
Mas bem que eu mereço
Alguém tão diferente brilhava
E parecia querer aquilo que eu sonhava
E que você não soube ser, você não pôde ser.

-Sesshomaru não conversa. Ele apenas comunica.
Continuaram comendo num silêncio melancólico.
- Bem...- limpou a boca com um guardanapo – você disse que precisava da minha ajuda. Fale logo que eu estou morrendo de curiosidade – deu um pequeno sorriso.
-E que... Eu estou gostando de uma garota...
-Nossa que bom! Quer dizer que vai enfim me deixar em paz?! E eu que pensei que você estava doente por não ter tentado nada!
- Estou tentando me controlar pela Sangozinha...
- Então você gosta da Sango?!
-É... Mas acha que eu tenho alguma chance? – nervoso.
-Acho que muito mais do que isso. Você precisa ver a cara dela quando você passa a mão em alguma garota.
Ele abriu um sorriso incerto.
-E o que eu devo então fazer?
-Bem... eu acho que o seu grande problema é o seu maravilhoso com as mulheres – irônica – Falando serio: Nenhuma mulher gosta de ver o homem que ama passando a mão em outras mulheres. Isso desgasta o amor e com o tempo ele acaba – observou o rosto do rapaz para ver o efeito que suas palavras causavam e depois olhou para o relógio na parede – Pense bem no que eu disse, mas agora já está ficando tarde e amanhã temos que trabalhar.
-É, mas eu posso acordar mais tarde.
- Mas eu não bobo – foi empurrando-o até a saída – Obrigada pela ajuda Mirok – e o abraçou pensando esta segura.
-Eu que agradeço.
Mas o rapaz não pode resistir por muito tempo e desceu a mão a lugares impróprios. A moça ficou corada e deu um sonoro tabefe empurrando logo em seguida para fora de seu apartamento.
-Esse Mirok não leva jeito mesmo.


-Inu Yasha vem para dentro!
Desde que saíram da casa da Sango, o haion estava naquela árvore. Kagome queria deixa-lo sozinho, pois percebera a expressão do rosto dele quando falara do pai, mas o que ela não sabia é que esse não era o motivo de sua tristeza.
“Por que me causa tanta raiva ela ter beijado aquele fracote?”
-Inu Yasha desce dessa árvore. Está ficando tarde.
-Vá embora humana idiota!
-Ora pare de se comportar como uma criança e dessa árvore!
-Pra que? Pra ouvir, mas mentiras de uma...?
-Uma o que? Responde! Alias não responda. Não sei nem o por que estou ligando para o que você pensa? O que você tem com a minha vida? Entrou na minha vida de pára-quedas e só veio para me infernizar! O que você quer?! Eu sei que passou por uma situação difícil, mas eu não tenho culpa! Tudo que eu fiz foi tentar fazer você se sentir bem e... Você quer saber? Esquece...
Sentia vontade de gritar de raiva, mas percebeu que não ia adiantar nada. Ele era teimoso demais. Sentia vontade de chorar, mas agüentou firme. Não iria chorar na frente dele. Seria humilhação demais.
Saiu de sua presença rapidamente sem ao menos encara-lo novamente. Partiu em direção ao bosque vizinho de seu jardim sem ao menos tomar conhecimento. Só queria fugir do duro olhar dourado.
Acabou chegando ao pequeno lago localizado no bosque onde a lua se encontrava refletida na superfície espelhada, num cenário de tirar o fôlego, mas a jovem não notou. Aproximou-se com passos hesitantes e fixou seu olhar em seu reflexo. Ela não havia percebido, mas lágrimas saiam de seus olhos e caíram na superfície do lago distorcendo sua imagem.
“Por que eu me importo com o que ele pensa de mim?”.
-Ele não merece as lágrimas que choras – uma voz lhe disse calmamente.
Ao vira-se, assustada, Kagome deparou-se com a misteriosa figura de um homem que encobria seu rosto com uma capa negra.