_AAAAHHHH. Já chega. Eu não agüento mais. Eu me demito. Escutei um grito vindo da sala que ficava ao lado da minha.

_Vocês não são crianças, vocês são uns pestinhas. Seu pai deve amar muito vocês por não ter colocado vocês em um colégio interno.

Continuou ela, sua voz me pareceu ser um tanto grossa. O que me deixou irritado, resolvi intervir, pois Deborah era paga para cuidar dos meus filhos e não para jogar conversa fora.

Deixei o livro que eu estava lendo em cima da mesa e fui ver o que estava acontecendo.

Bati a porta com força, para que Deborah pudesse escutar ela se fechando e percebesse que eu estava indo para a sala.

_O que esta acontecendo aqui? Perguntei ao entrar na sala e me deparando com uma Deborah toda molhada, enrolada na toalha e com os cabelos tingidos de verde, verde.

_Como o que esta acontecendo aqui? Até parece que você não sabe o que aconteceu aqui. Foram os seus filhos. Disse ela me parecendo indignada.

_O que vocês fizeram? Perguntei olhando em direção aos seis pestinhas na minha frente, e eles como se eu fosse bobo, me olharam com a cara inocente.

_Como o que nós fizemos? Nós não fizemos nada, a culpa é dessa babá horrorosa que você contratou, se isso pode ser chamada de babá.

Disse Annabelle, decidida e cruzando os braços na frente do corpo. Como essa menina era teimosa, e olha que ela só tem 10 anos de idade, nem quero ver quando tiver 20.

_Eu?! Eu não fiz nada. Disse a babá tentando se defender da acusação de Annabelle.

_È por isso mesmo. Se você cuidasse da gente, o que por acaso você é paga pra fazer, com certeza não teríamos chegado a esse ponto. Disse Ana Maria, há de nove anos. Sinceramente como esses pirralhos são bons em argumentos.

_Como assim não cuido? Eu faço tudo pra vocês. Disse Deborah ultrajada.

_Não faz não. Disse Matt, ele tem oito anos. Eu confiava muito no depoimento de Matt, pois como ele era o único homem da turma, mesmo sendo um pouco mais novo que Annabelle e Ana Maria, ele queria que as babás que cuidavam deles passassem um pouco mais de tempo ao lado deles, o que a propósito nunca acontecia, graças às mulheres da casa, que não aceitavam a idéia de ter uma pessoa para cuidar delas.

_Faço sim. Afirmou a babá.

_Faz nada. Agora quem disse foi Ana Clara, sete anos, tá bom vamos dizer que veio um depois do outro, assim fica mais fácil.

_Faço sim.

_Já chega. Eu não me importo com o que você diz. Meus filhos dizem que você não cuida deles, e eu acredito na palavra deles, então é melhor você sair daqui agora. Disse já irritado, era uma infantilidade da parte dela, tentar discutir com crianças, ainda mais quando as crianças eram meus filhos, porque acima de tudo e de todos vem a minha família, e a nossa família era composta unicamente por sete pessoas, eu e os meus seis filhos. Mais ninguém.

Deborah foi correndo em direção a porta saindo do cômodo e batendo a porta com força.

_Ótimo, mais uma babá que vocês conseguem expulsar. Disse cruzando os braços na frente do corpo.

_Não temos culpa se por um acaso, as babás que você contrata não conseguem lidar com crianças. Disse Annabelle com um tom de felicidade e superioridade na voz.

_Na verdade, toda tem grandes experiências nesse ramo, mas vamos dizer que vocês não facilitam as coisas. Disse tentando manter meu tom de decepção.

_Não temos culpa, se elas enganam os patrões, mentindo pra eles, dizendo que sabem cuidar de crianças. Disse Ana Maria firme.

_Ah, quer dizer que pintar os cabelos delas, pendurar o gato na janela do quarto de vocês, jogarem molho de carne moída na piscina e jogar a mulher lá dentro e soltar os cães não ajudam nenhum pouco?! Perguntei irônico.

_Na verdade, não.

_Essa já foi à gota d água, vou contratar mais uma babá, e dessa vez eu quero que ela fique pelo menos um mês com vocês. Disse decidido a ir contratar outra babá para eles.

_Papai, você sabe que isso é impossível. Disse Ana Clara.

_Ah, isso nós vamos ver. Disse indo para meu escritório, procurar a lista telefônica para ligar para a central das babás. Bem, acho que é esse o nome.

Tanto faz, só quero contratar uma babá, que cuide dos meus filhos de verdade, e uma que seja capaz de agüentar por mais de um mês como não vinha acontecendo com as ultimas 24 que eu contratei, quero uma pessoa que seja capaz de fazê-los felizes, ou melhor, tentar fazê-los felizes, mas no fundo eu não acreditava muito nisso.