Annabeth esperava todos saírem da sala, como sempre. Ela se levantou e pegou a mochila assim que viu que o engarrafamento estava tranqüilo, o que era estranho. Parecia que todos estavam com pressa, como se estivessem fugindo de algo. Abriu a porta lentamente e percebeu que havia poucas pessoas nos corredores, e todas sussurrando algo no ouvido da pessoa que estava ao lado. Acelerou o passo para encontrar Percy na saída, e percebeu que ele estava um tanto abalado. Sua expressão mostrava culpa, arrependimento. Começou a ficar preocupada com ele, não sabia se tinha acontecido algo, pois dormiu metade da aula.

- Percy? – Chamou Annabeth.

- Annabeth... – Ele tentava sorrir, mas foi em vão.

- O que aconteceu? – Estava começando a ficar realmente preocupada.

- Posso te contar quando chegarmos em sua casa?

- Claro, sem problemas.

No caminho de casa, o silêncio predominava, o que incomodava Annabeth. Do mesmo modo que estava preocupada, também estava curiosa, e não era pouco. Quando chegaram, ela abriu a porta e deu passagem para Percy entrar primeiro, logo após entrando e trancando a porta. Pegou sua mochila e a do garoto, jogando-as no sofá da sala. Respirou fundo e tomou coragem de puxar Percy para a parte de trás da casa, lá era calmo e aconchegante, pensou que talvez fosse mais fácil para ele desabafar.

- O que aconteceu? – Ela olhava para o garoto, que estava olhando fixamente para o chão.

- Eu terminei com Elizabeth...

- Mas, isso é tão ruim assim? – Perguntou, confusa pela resposta do garoto.

- Terminar com ela foi um verdadeiro alivio... O problema foi a reação dela. Fomos conversar no telhado da escola, não tinha ninguém lá, e assim eu evitaria um escândalo. Mas depois, vi que foi um erro. – Percy levantou a cabeça, se recompondo. – Ela ameaçou se matar, mas... eu não acreditei, tanto que comecei a rir dela. Quando fui perceber, ela estava indo em direção a queda. Tentei impedir, mas não cheguei a tempo. A sorte, foi que ela caiu na sacada da sala dos professores, então teve só alguns ferimentos leves. Quando fomos chamados na direção, o interrogatório começou, achavam que eu era o culpado. Ela negou, disse que tinha sido um acidente, me livrando de uma passagem na policia. Achei estranho ela ter me livrado, e realmente, não foi por peso na consciência.

- A seriema realmente estava obcecada ao extremo. Mas Percy, não tem que se sentir culpado, ela está bem, depois da dor de uma queda, duvido que ela tente se matar outra vez. – Annabeth tentava amenizar a situação, sem saber o final da história.

- Eu não me sinto culpado por isso... Me sinto culpado por ter te envolvido nisso.

- Como assim?

- Quando saímos da sala do diretor, ela sussurrou em meu ouvido que iria se vingar. – Novamente, ele respirava fundo, tomando coragem para continuar.

- Mas, como eu me envolvo nessa história? – Perguntou, mesmo sabendo a resposta.

- Ela acha que a culpa é sua, então... Eu não serei o único que ela tentará prejudicar. Quero te implorar... – Percy se aproximava e pegava as mãos de Annabeth, apertando-as com força, como se estivesse segurando algo que tentasse fugir. – Tome cuidado, se ela foi capaz de tentativa de suicídio, ela é capaz de qualquer coisa.

- Percy, acalme-se! Você acha mesmo que eu tenho medo daquela ruivinha magricela? – Annabeth sorriu, tentando demonstrar segurança à Percy.

- É incrível a confusão que eu te arrumei em apenas dois dias. – Ele soltava a mão da loira, aliviado pela mesma não estar furiosa.

- Eu atraio confusão, com certeza não foi culpa sua.

- Já que você diz, então estou tranqüilo. – Tentava sorrir, e desta vez, conseguia. – E o brigadeiro?

- Vou fazer, mas com uma condição.

- Qual?

- Fique longe do fogão, desastrado.

- Nem precisa pedir, da próxima eu poderia perder o cabelo... O que não seria legal.

- Se quiser, pode esperar na sala... Fico nervosa quando tem gente no local onde estou tentando cozinhar.

- Que frescura... Mas eu supero. Vê se não demora! – Percy virava de costas e andava até a sala, sentando-se no sofá onde tinha um raque do lado. Ele olhou para as fotografias que estavam ali em cima, eram todas da família reunida. Só não sabia definir quem era o cara que estava sempre abraçando Annabeth nas fotos, logo pensou que poderia ser o pai dela. Reparou que em todas as fotos, o cara tinha uma expressão tristonha, diferente de Annabeth, que deveria estar dando gargalhadas na hora das fotografias. Olhou para uma foto onde o homem não se encontrava, as únicas pessoas presentes era Annabeth e sua mãe, Atena. Diferente das outras fotos, Annabeth estava séria, parecia até que estava sendo obrigada a tirar a foto. Ele pegou o porta-retrato para olhar a foto mais de perto e pôde ver que era mais recente, não era tão antiga quanto as outras. Sorriu ao perceber que Annabeth já não tinha mais aquela tristeza no olhar, e se tinha, era boa em escondê-la.

- Odeio essa foto. – Comentava a garota que chegava de surpresa segurando um prato de brigadeiro.

- Também não gostei dela, você parece meio deprimida. – Percy colocava o porta retrato de volta no raque. – Finalmente, o famoso brigadeiro.

- Só que tem que esperar esfriar, okay? – Annabeth colocava o prato em cima do raque, esperando que o mesmo esfriasse. – Então, o que podemos fazer hoje?

- Nem te conto. – Percy sorria de lado, meio que debochado.

- Vou fingir que não ouvi isto. Então, irei perguntar novamente, o que podemos fazer hoje? – Ela tentava disfarçar, mas havia ficado constrangida com a brincadeira.

- Quer ver um filme? Posso pegar alguns lá em casa.

- Sim, claro! Mas tem que ser de terror, okay?

- Porque a preferência? – Percy não curtia aquele tipo de filme.

- Eu gosto, apesar de ficar com um puto medo depois... Mas hein, por favor! – A loira fazia uma cara que lembrava a de um cachorro pidão.