Acordei logo cedo, pois hoje seria um dia corrido. Tomei um banho gelado e saí de carro, rumo ao aeroporto. Bruno chegará a qualquer momento e se não me ver lá, ficará um tanto quanto puto em ficar esperando. Olhei no retrovisor e me dei conta que estava bronzeada por causa da praia ontem.

Estamos no inicio de Novembro, último mês de um outono um tanto quanto quente aqui em Los Angeles. Mês que vem o inverno vem com tudo, então foi mais que válido aproveitar enquanto ainda dava para ir à praia. Nem parece que já passou mais de um ano desde o VMA que mudou a minha vida...

Cheguei ao saguão do aeroporto, e ao olhar as informações sobre os vôos, noto que o do meu namorado está atrasado. Graças a Deus e a isso, consegui ser pontual dessa vez! Coloquei óculos escuros para tentar disfarçar e evitar que alguém me reconheça e causar exposições desnecessárias. Sento-me perto o portão de desembarque e espero alguns minutos, até que o avisto chegando.

— Oi meu amor! – ele me abraça e me dá um beijo. – Estive morrendo de saudades!

— E também! Como foi a viagem? – vamos andando.

— Muito produtiva! – ele diz, animado. - Preciso te contar tudo que estamos planejando para a Neon! – ele faz uma pausa e me olha. – Você está bronzeada... Foi á praia?

— Sim, ontem... Vamos tomar café? – mudo rapidamente de assunto. – Quero saber de tudo!

— Vamos, estou morrendo de fome!

Entramos no carro e vou a caminho de um café do centro da cidade que gosto muito e ainda não o levei para conhecer. No caminho ele veio contando que foi visitar meus pais e que minha mãe reclamou que eu trabalho demais e nunca tenho tempo para ir até o Brasil passar um tempo com eles. Típico dela, fazer todo esse drama. Quando ela me liga, sempre faz questão de dizer o quanto está feliz que eu e Bruno tenhamos voltado a namorar. Ela o adora e ficou muito chateada quando terminamos depois do seu pedido inconsequente de casamento. Tanto que teve um dedo na aparição repentina dele em minha casa naquele dia do jantar.

Chegando ao café, sentamos numa mesa mais discreta e Bruno começou a falar sem parar.

— Nossa amor, cada vez mais eu me dou conta que isso tudo é a minha cara! – ele diz, olhando ao redor. – É o que eu quero para mim!

— Como assim? – Dou uma golada no meu cappuccino.

Essa conversa está ficando muito esquisita para o meu gosto... Se ele cismar de me pedir em casamento de novo eu nem sei!

— Contei aos caras o quão magnífica é a sua vida e seu trabalho por aqui, as premiações, festas importantes que é convidada... E eles ficaram tão animados quanto eu!

— Animados? – continuo não entendendo aonde ele quer chegar com esse papo.

— Sim! Nós estamos animadíssimos, pois resolvemos lançar carreira internacional! – ele diz, completamente feliz.

CARREIRA INTERNACIONAL?

Meu mundo caiu. Não sei nem o que dizer!

— Estamos planejando lançar um single em inglês o mais rápido possível, que vai bombar no mundo inteiro! – ele continua. – Como eu já sou conhecido pela imprensa internacional, vai ser só um passo até nos tornarmos mundialmente famosos, assim como vocês!

“Sou conhecido pela imprensa internacional...” Eu ouvi isso mesmo? É sério?

— Bruno, mas não é tão simples assim... – quebro meu silêncio, ainda atônita por tudo que eu acabo de ouvir. – A sua gravadora concordou com essa ideia, vai apoiá-los nesse novo projeto?

— Não. – ele responde rápido, sem dar muitos detalhes do que houve com a gravadora. – Mas não importa! Eu fico muito tempo atoa aqui na cidade enquanto você trabalha, vou correr atrás de uma nova gravadora, que aceite o nosso projeto. – diz, determinado. – Daqui uns dias, o Fábio, nosso empresário chegará aqui para resolver isso também.

Minha nossa, ele e os caras da Neon estão surtando, só pode!

Ao vê-lo falar, a impressão que tenho é que ele acha que será tudo muito fácil, muito lindo. Ele chegou justo no momento em que estou colhendo os frutos de dias e noites de trabalho duro, não só meu, mas de todos que compõe e ajudaram a Sweet Poison a chegar no patamar que está. Não acompanhou minha vida quando mudei prá cá e não sabe nem de 10% do que eu e as meninas passamos.

— Então se preparem, porque o trabalho e a pressão em cima de vocês praticamente triplicarão, assim como aconteceu com a gente. – o alerto.

Deixei ele continuar falando sobre os planos da Neon, sem dar minha real opinião sobre tudo isso. Depois, saímos do café e o levei até meu apartamento para que pudesse descansar da viagem.

— Gaby? Acabei de deixar Bruno no meu ap e estou passando aí, pode descer. – converso com ela por telefone. Iríamos para o estúdio voltar aos trabalhos.

— Tudo bem amiga, estou descendo! – ela desliga a chamada.

Em menos de cinco minutos, chego na porta do prédio dela, que entra no carro e me abraça.

— Amiga, você não sabe da maior! – não aguento de ansiedade, preciso desabafar com alguém.

— O que aconteceu? – ela se preocupa.

— Bruno veio me dizer que ele e os caras da Neon decidiram lançar carreira internacional!

— Você tá brincando! – ela exclama, pasma.

— Queria eu estar! – eu suspiro. – Fiquei completamente sem palavras quando ele me contou, todo animado.

— Mas o empresário e a gravadora aceitaram esse projeto?

— O empresário parece que sim, já a gravadora não.

— Você vai me desculpar amiga, mas não acho que a Neon tem capacidade pra fazer sucesso internacional nesse momento, visto o atual cenário musical atual...

— Sim, concordo completamente! Eles são um sucesso no Brasil, mas boyband de rock aqui nos EUA está cheio. E pelo visto ainda não pensaram nisso e nem em apresentar um diferencial para se sobressaírem das que já estão há tempos no cenário musical. – respiro fundo e faço uma pausa. – Eu não disse nada disso a ele. Sabia que iria ficar chateado se eu jogasse esse balde de água fria.

— Mas e agora, o que farão sem o apoio da gravadora?

— Bruno disse que vai aproveitar o tempo atoa e correr atrás disso.

— Meu Deus, eles estão achando que será fácil.

— Estão mesmo. Ele me pareceu um tanto quanto deslumbrado com a vida que levo... Chegou até a dizer que isso tudo era a sua cara, que era isso que ele queria pro resto da vida. – entro no estacinamento do prédio onde ficava o estúdio. – Chegamos. Depois continuaremos com essa conversa. Por favor, não comente nada com ninguém.

— Tudo bem, ficará só entre nós. – ela sorri para mim.

A única coisa que aliviaria meu estresse agora era enfiar a cara no trabalho. Entrei no estúdio e todas as meninas já estavam lá, junto com os produtores.

— Chegou quem faltava! – disse Sophia. – Vamos começar?

Começamos com uma reunião para darmos início às gravações das canções que estarão presentes no nosso novo álbum e só paramos para almoçar, num restaurante perto. Fomos a pé, e no caminho as meninas contaram da viagem até a Disney e também comentaram que eu estava bastante bronzeada.

— Fui à praia ontem com os gêmeos. – conto.

— Sério? – pergunta Jess. – Meu Deus, eu daria tudo para ver aquele gostoso do Tom Kaulitz sem camisa.

— O QUE?! – desde quando ela acha isso do Tom?

— Não sabia que você achava isso dele... – comenta Gaby, que olha para mim em seguida.

— E quem não acha? Alicia, da próxima vez eu quero ir com você em alguma festa na casa deles, ou jantar... – ela faz uma pausa. – Qualquer coisa!

— Não se meta com ele, Jéssica. – digo, séria.

— Por quê? – ela me olha com espanto.

— Porque não! Ele é galinha e não quer nada sério com ninguém. - a advirto. – Não quero que você se iluda e nem saia machucada disso.

— E quem disse que eu quero alguma coisa séria?

Não acredito que estou ouvindo isso!

— Desse jeito você vai acabar enfurecendo milhares de fãs do Tokio Hotel, que vão te ameaçar de morte. E elas cumprem o que dizem. Se alguma te ver na rua, é provável que te ataque. – digo. – Eu as conheço, sei do que estou falando!

Não consigo imaginar os dois juntos, eles não combinam nem um pouco!

— Alicia tem razão! – diz Sophia. – Não queremos ninguém nos odiando, e sim que nossa legião de fãs aumente mais a cada dia.

— Pode parar de safadeza, Jess! – Bella chama atenção da baixista. – Com tanto homem por aí, você vai querer se meter com o mais galinha de todos? E ele nem é isso tudo aí que você diz.