Já fazia um mês. Um mês sem Jacob.

A falta dele ardia em meu peito, como se estivessem cortando com navalha, de dentro para fora, perfurando desde meus ossos até a pele, o tempo todo. Doía mais que tudo.

Eu me sentia sufocada. A falta de Jacob causava, além da dor emocional, tão forte que chega a ser física, a dor na consciência. Meu cérebro me cobrava por não ter ido pedir desculpas. E cobrava caro.

O meu medo era não encontrá-lo. Era ver que a novela ia se repetir. Eu me lembro muito bem de quando ele sumiu. De como eu fiquei.

Medo. Deixe de ser humana, Nessie. Era o que dizia minha mente.

Acha que é fácil, não é? Por que você mesma não resolve as coisas? Eu respondia inutilmente.

Eu tento, querida. Eu tento.

E essa batalha interna durava o dia inteiro, mas eu sabia que tudo poderia acabar. Bastava uma decisão.

— Senhorita Cullen, poderia responder? — a voz grossa de um professor irrompeu entre a névoa que protegia meu universo particular.

— Bactéria — eu disse, sem precisar fazer algum esforço mental. A minha parte vampira cuidava dessa parte. Eu não precisava prestar atenção na aula para saber que ele queria um exemplo de indivíduo procarionte. Além de tudo, as aulas de Biologia eram bem previsíveis.

— Você estava viajando aí. Não acredito que acertou — Ash sussurrou em meu ouvido. Esse era o jeito dela de dizer “Parabéns amiga!”.

Apesar de eu ter algo parecido com uma conversa de elevador com a maioria dos alunos, e ser muito próxima de Ben e Meg, era com Ash que eu havia criado um vínculo especial. Éramos algo parecidos com melhores amigas, e ela sabia da maioria de minhas “estranhezas” e lidava bem com isso. Eu poderia dizer que ela já estava acostumada.

— Eu deveria ter faltado e te deixado de vela para Ben e Meg — eu sussurrei, inclinando um pouco a cabeça para ela ouvir.

— Seria maldade — ela riu — Por falar nisso, não sentiu falta de ninguém hoje?

Meus olhos varreram a sala silenciosa. Não detectei nada.

— Collin faltou — ela disse impaciente com a minha falta de resposta.

Meus olhos varreram novamente a sala, desta vez encontrando uma carteira vazia. Uma atmosfera diferente tomou minha cabeça. Curiosidade, preocupação. Lutei para espantar aqueles sentimentos. Porque eu me sentia assim?

A aula passou rapidamente depois do ocorrido. Arrumei meus materiais e acompanhei Ashley silenciosamente enquanto ela desfilava pelos corredores da escola, cumprimentado a maioria dos alunos que passavam por nós. Novamente me impressionei com a aura otimista e alegre que pairava ao seu redor e com o seu bom humor contagiante.

— Porque você ficou toda estranha quando eu te falei do Collin? — ela me perguntou quando chegamos à um lugar menos movimentado.

— Eu não fiquei estranha — disse dando de ombros.

— Sei — ela riu sarcástica — O nome disso é amor.

Um gelo ruim tomou conta do meu estômago. Eu simplesmente não consegui negar a afirmação.

Não, não. É tudo menos amor. Eu respondi mentalmente.