PDV NESSIE

Quando Paul conseguiu tirar o Jake do quarto eu enfim pude conversar com a minha amiga/cunhada.

-Raquel, não adianta se desesperar. Não vai te levar a lugar nenhum além de fazer mal para o bebe. – Falei seria, mas sem ser rude.

-Eu tenho medo Nessie, meus pais não são como os seus. Eles não entendem esse lado adolescente que precisa extravasar os limites. Não temos dialogo. – Eu senti uma pontada de pena dela, sei que não há muitos pais parecidos com os meus.

-Mas, independente do como era antes, agora você tem que pensar nesta criança. Tenha certeza que na hora seus pais podem dizer mil e uma coisas ruins a respeito disso, no entanto depois de ver a carinha do bebe eles vão ficar babando.

-Será mesmo? – Ela estava fragilizada emocionalmente com a noticia.

-Tenho certeza, mesmo minha realidade sendo diferente da sua eu não tenho duvidas que o Billy e a Sara vão ser dois avós babões. – Falei conseguindo arrancar um sorrido dela.

-Seria mais fácil se pelo menos eles tivessem a ciência do eu e o Paul fazemos, tipo seus pais que sabem e deixam o Jake dormir na sua casa. – Dessa eu tive que rir.

-Raquel, não é porque o Jake dorme lá em casa que nós fazemos amor. – Falei me controlando, afinal meu corpo ainda sentia a presença do Jake dentro de mim.

-Ah... Nessie vai dizer que vocês nunca fizeram nada??? – Sua pergunta era cheia de malicia.

-Apenas uma vez. – Admiti, não havia necessidade de mentiras.

-Fala sério? Faz meses que meu irmão mal dorme em casa. – Agora a Raquel se esqueceu temporariamente de seus problemas para falar da minha vida, que bom...

-Estou falando a verdade. Eu não me sentia pronta e o Jake sempre me respeitou. Com o tempo fui me sentindo preparada, e ai aconteceu ...ontem. – Falei por fim...

-Só ontem? E todos os outros dias que dormiram juntos? Ou não dormiam no mesmo quarto? – Curiosa....

-Dormíamos na mesma cama, mas não passávamos dos amassos.

-Serio? – Enfim um pouco de tranqüilidade na face da Raquel, mudar o foco do assunto para minha pessoa foi a melhor coisa, até porque logo viria a verdadeira tormenta para essa família...dar a noticia aos pais dela...

Eu ficaria ali, ao lado do meu amor e da minha amiga/cunhada, não fiz isso por me achar da família ou coisa parecida, mas porque senti que a Raquel realmente precisava de meu apoio nesta hora. Fiz uma rápida ligação para minha mãe, sem entrar em detalhes, contei que estava no hospital com o Jake e a Raquel e depois daria noticias.

O clima estava tenso, mesmo antes da chegada dos pais do Jake. Preferi não me meter no assunto, permanecendo quieta dando apenas um leve apoio moral para os dois irmãos.

Erma mais de oito da noite quando saímos do hospital, Raquel precisaria ficar ao menos mais um dia em observação e fazer mais alguns exames, visto que ela está com 13 semanas de gravidez, ou seja mais de três meses e ainda não tinha feito nenhuma consulta de pré-natal.

Jake me levou direto para casa, no caminho ele ficou extremamente quieto.

-Jake? O que foi. – Perguntei passando minha mão pela face do meu namorado assim que ele estacionou na frente da minha casa.

-Nada, eu só estava pensando na conversa com o meu pai. – Ele disse me olhando e ensaiando um meio sorriso.

-O que ele te disse?

-Alguma coisa sobre responsabilidade e sexo. Ele disse que mesmo você não sendo filha dele ele não queria isso para nós.

-Jake ele é pai, por mais que na maioria das vezes esteja ausente ele se preocupa com vocês. Fico feliz em saber que ele se preocupa comigo também. – Falei sinceramente para meu gatinho manhoso.

-Eu sei, mas acabei falando demais. – Ele disse abaixando a cabeça para que eu não pudesse olhar em seus olhos.

-O que você disse?

-Falei que conosco ele não precisava se preocupar, que você tinha ido ao médico, essas coisas. –Ele olhou novamente para mim, analisando a minha reação. – Mas depois fiquei pensando, quem pensou foi você. Se fosse por mim você poderia estar na mesma situação que a minha irmã. – Não resisti e dei um selinho nele antes de continuar.

-Eu não me desesperaria da mesma forma que a Raquel, um filho não estraga a vida de ninguém e eu sou a prova disso. Meus pais não deixaram de viver nem mesmo de estudar por causa da gravidez da minha mãe. Dificulta muitas coisas, o amadurecimento vem antes que o esperado mas não é o fim do mundo Jake.

-Meu pai não pensa assim. Ele planejou a vida dele detalhadamente desde que tinha uns onze anos. Até mesmo a data do casamento ele já havia marcado mesmo antes de conhecer a minha mãe. Depois ele planejou a vida da Raquel e por fim a minha, isso é frustrante. Mais para ele do que para nós.

-Amor, entenda seu pai. Ele quer o melhor para vocês, mas isso não quer dizer que daqui algum tempo ele não estará apoiando a Raquel e o Paul.

-Tem razão, acho que fiquei mais abalado ao pensar no meu esquecimento.

-E se acontecesse, o que você faria? – Ainda estávamos dentro do carro, parados na frente da minha casa, que por sinal estava cheia de gente, na sua maioria jogadores do time que provavelmente haviam ganho mais uma partida importante.

-É difícil dizer o que eu faria primeiro. Mas meu desejo era viver para acompanhar a sua gravidez, coisa que eu acho que não conseguiria. Seu pai foi bastante enfático antes de sairmos. – Dei uma gargalhada ao ver a cara de pânico do meu gatinho.

-Cão que ladra não morde Jake.

-Você que acha. – Tirei meu cinto e lhe dei um beijo.

-Quer entrar?

-Melhor não, estou esgotado. Preciso de um banho e da minha cama. – Olhei maliciosa para ele.

-Não poderia ser a minha? – Ele fez uma careta engraçada.

-Não me tente mocinha, vamos deixar para outro dia. Não estou muito bem hoje.

-Era brincadeira, mas se precisar conversar me liga. Te amo. – Dei mais um selinho e sai em direção a minha casa.

Eu estava cansada também, noite mal dormida, a tarde inteira no hospital, a tensão em volta de nós... tudo isso suga até as ultimas gotinhas da nossa energia vital. Entrei cumprimentando a todos, mas logo subi para o meu quarto. Assim que sai do banho minha mãe estava esperando sentada na minha cama.

-Está tudo bem com a Raquel? – Me sentei ao lado dela e deitei minha cabeça no seu colo para receber um gostoso carinho de mãe.

-Tudo... ela está grávida de três meses. Do resto está tudo bem, foi apenas uma queda de pressão, mas preferiram deixar ela mais um dia no hospital para começar o exames do pré-natal.

-E como os pais reagiram?

-Mais ou menos como o vovô Charlie, no inicio a repudiaram e chamaram de irresponsável, mas já estavam começando a aceitar a noticia. – Respondi fechando meus olhos.

-Vou deixar você descansar, teve um fim de semana agitado e amanhã tem aula. – Minha mãe se levantou e saiu fechando a porta e apagando a luz.