Eu quase que beijei Aynami quando ela voltou ao quarto com pizza de mozarela com orégano e Coca cola.

– Eu não sabia suas preferencias de alimento - Ela disse. – Por isto trouxe pizza, espero que goste.

– Eu amo! Praticamente gritei enquanto tirava o prato das mãos dela e me sentava em um Puff que havia próximo a cama.

Não sei se era a fome, mas aquela pizza me pareceu a melhor que eu já havia comido em toda a minha vida.

Nos não conversamos enquanto eu comia, eu estava ocupada demais mastigando, mas Aynami não pareceu se incomodar.

– Estava ótima, obrigada. - Agradeci depois que engoli o ultimo pedaço de pizza.

– Você gostaria de mais? Ayname Perguntou. – Posso buscar se você quiser...

Agradeci e recusei. Eu não poderia comer nem mesmo um grão de arroz de tão cheia que estava.

Aynami e eu ficamos caladas durante algum tempo, e o clima já estava ficando meio chato por que ela me encarava como se eu fosse um bichinho bonitinho que ela houvesse ganhado e não conseguia tirar os olhos. Eu já estava me sentindo sem graça.

– Essa é a primeira vez que estou sozinha com um humano e não estou me alimentando dele - Aynami disse. E tenho certeza que minha boca se abriu em um surpreso “O”.

– Mas, isso não quer dizer que eu queira me alimentar de você – Ela completou. – Apesar de você ter um cheiro bem agradável.

– Obrigada... – Falei. – Isso é bom por que eu não gostaria de ter você cravando suas presas em mim. – Brinquei.

O fato era que eu nem havia me dado conta do absurdo da situação. Eu estava em uma mansão que era habitada por vampiros e havia muitos deles em algum lugar daquela casa. Assim pensava eu. E o pior de tudo é que eu nem estava preocupada em estar fechada num quarto com uma vampira que eu havia acabado de conhecer.

– Essa reunião ainda demora muito? Perguntei.

– Não se preocupe - Aynami falou. – Ela já deve estar quase terminando.

– Não estou preocupada - Expliquei. – Estou curiosa, esta reunião se trata do quê?

– Sasuke – San não contou para você? Perguntou.

– O Sasuke não me conta muita coisa...

– É o mal do Clã Uchiha - Ela disse mais para si mesma do que para mim. – Mas, não é nada alarmante - Completou. - Os vampiros puro sangue se reúnem para tratar sobre vários assuntos, inclusive o controle sobre as outras espécies.

– Como assim? Perguntei.

– Vampiros puro sangue são responsáveis por manterem a humanidade ignorante sobre a existência de nossa espécie e a de outros seres sobre naturais, pense nisto como se os puro sangue fossem reis, e nós seus humildes vassalos.

– Que outras espécies existem?

– Tem muitas, como a do Clã Yamanaka que podem ler mentes, existe também o clã Nara que tem um tipo de dom que controla as sombras das pessoas, e vários outros seres que vocês humanos acreditam serem só mito, mas que existem e andam entre vocês.

– Isto é assustador. - Comentei.

– Mas você não precisa preocupar-se, Sasuke- San nunca permitirá que eles toquem em você.

“Ele não gostaria de perder seu alimento precioso” Foi a primeira coisa que me veio a mente. – Não é como se eu me sentisse segura com isso. - Falei.

– Você não se sente feliz por pertence a ele? Ela perguntou abismada. A face dela demonstrava tanto choque e incredulidade que chegava a ser até engraçado

– Eu não pertenço a ele - Respondi. – Sasuke faz-me sentir como uma bolsa ambulante de sangue, não há nada de lisonjeiro em ser tratada como um objeto ou um animal pronto para o sacrifício.

Aynami não disse nada. Parecia que ela estava registrando o que havia acabado de ouvir, e me dei conta que havia sido mal educada.

– Desculpe - Pedi sincera. – Eu não queria ser rude, mas é que...

– Eu que peço desculpas – Aynami me cortou. – Não deve ser fácil pra você toda essa novidade, acho que também não seria fácil para mim se descobrisse que sou a reencarnação de um trágico amor de um vampiro... e não me lembrasse de nada.

“Reencarnação” Essa simples palavra ressoou em minha mente me fazendo compreender o que estava bem ali, na minha frente, e eu não via.

“Reencarnação” Essa palavra trazia a discussão que Sasuke eu havíamos tido mais cedo nitidamente na minha cabeça:

– Você me deve dois séculos...

– O que você quer dizer com dois séculos? Eu o interrompi.

Enquanto via os olhos dele voltarem para o vermelho sangue.

–Eu esperei por dois longos séculos para tê-la de novo, Sakura...

– Eu não sei do que você esta falando. – Gritei. Os olhos dele estavam cravados nos meus.

– Duzentos anos em que eu odiei você... – Ele disse baixo. - Duzentos anos de espera... – A voz dele era quase como um sussurro. - Você vai me pagar por cada ano que eu esperei... – Um sussurro triste. - Você vai pagar por cada dia... Cada hora... Cada minuto... Eu vou faze-la pagar por toda a eternidade.

“Reencarnação” Naquele momento eu pude entender o que Itachi quis dizer há uns meses atrás quando disse á Sasuke: “Procure se controlar, a não ser que esteja disposto a esperar por mais dois séculos”.

Era tão simples e tão complexo ao mesmo tempo. Era como se eu soubesse e não soubesse.

O mais estranho daquilo tudo que se passava na minha cabeça era que eu poderia estar histérica naquele momento, eu poderia estar em crise, gritando e negando, mas não, eu estava fria e calma. Eu não estava enlouquecendo ou com medo do que aquilo poderia significar ou que significava.

– Sakura você esta bem ? - A voz preocupada de Aynami chamou minha atenção. -Eu a fitei e ela pareceu perceber. - Oh, eu pensei que você soubesse - Ela disse preocupada. – Me desculpe, eu não pretendia... E... Eu sinto muito...

– Isto é verdade? Perguntei. – Não tem... Isso é loucura. Foi única coisa que conseguir dizer.

– Sakura fique calma, eu pensei que você soubesse.

– Não, eu não sei. - Falei. – Eu não sei por que o Sasuke age num momento como se eu fosse apenas um objeto e no outro como se eu fosse importante... Ele me assusta, ele ameaça as pessoas que eu amo, ele é... Não tem como eu ser esse amor que ele perdeu... Ele não me ama, a única coisa que importa para ele é o meu sangue e...

– Você é importante, Sakura... – Aynami gritou. - Ele esperou duzentos anos para poder te ter de novo... O Sasuke – San sofreu muito quando você se foi, você tem que entender...

– Eu não acredito. - Falei. – Não existe essa coisa de reencarnação, eu não me lembro de nada do Sasuke antes de o conhecer depois que cai do precipício...

– E você nunca irá lembrar , quando uma alma reencarna ela não se lembra de nada de sua vida passada, é por isto que você não tem lembranças dele e nem do que houve.

– Isto não faz sentido... Eu não consigo entender., tem horas que parece que ele me odeia, então como ele pode me amar?

– Oh sakura, você não faz a mínima ideia de como foi triste a existência do Sasuke-san durante esses séculos... Ele sofreu muito é por isto que ele guarda tanta raiva e ressentimento de você... Você o deixou e ele te odiou por isto...

– Ele sente raiva de eu ter morrido? Perguntei incrédula. – Humanos não vivem para sempre, o que ele esperava...

– Você não morreu naturalmente, Sakura...

– O que quer dizer? Perguntei.

– Você se matou.

Me calei naquele exato momento.

***

– Aynami. A voz fria de Sasuke se fez presente no quarto. Virei-me assustada para poder fita-lo. Ele parecia estranhamente calmo. Eu não sabia se ele havia escutado tudo que Aynami me disse.

– Sasuke- San eu sinto muito, eu não sabia - Aynami falou quase aos prantos. – Eu pensei que a Sakura- Chan soube...

– Aynami... Eu tive um sobressalto quando ouvi a voz de Itachi, eu nem o havia visto. Os olhos dele estavam fixos em Aynami e pareciam tão intensos e amorosos que quase me deixara sem graça.

– Itachi- Kun... - Aynami correu para Itachi rodeando os braços ao redor do pescoço dele. Ele a enlaçou pela cintura inclinando-se em direção a ela, encostando suavemente os lábios na testa dela.

– Itachi... - Sasuke rosnou irritado.

– Qual o problema irmãozinho? Itachi perguntou irônico e o fitou.

– Itachi-kun... - Aynami chamou. E olhou para Sasuke preocupada.

– Esta tudo bem - Itachi disse, voltando a fita-la. – O Sasuke- Kun não esta bravo com você.

– Mas... - Ela tentou falar alguma coisa, mais foi interrompida por Itachi.

– Vamos deixa-los a sós, eles tem algo a resolverem. Dizendo isto eles desapareceram deixando Sasuke e eu sozinhos.

***
Os olhos de Sasuke estavam fixos em mim, e eu devolvi o olhar dele na mesma intensidade.

Havia milhares de perguntas passando pela minha cabeça, mas, eu não sabia como fazê-las.

Eu simplesmente não sabia como abordar o assunto com Sasuke. “Sabe quando você perde o foco”? Eu havia perdido totalmente o foco por causa da cena entre Sasuke, Itachi e Aynami. Eles me fizeram perde o foco sobre toda aquela loucura de reencarnação, ódio e suicidio.

E alguma coisa me dizia que fora totalmente proposital. Pelo menos da parte de Itachi.

Então eu estava ali, literalmente com a “Faca e o queijo na mão” E não sabia como deveria agir, ou por onde começar.
Então eu decidir começar com calma e frieza.

– O que te faz pensar que eu sou a reencarnação de um amor que você teve no passado? – Perguntei. Na realidade eu estava me sentindo uma tola fazendo esta pergunta a ele. Mas não havia outro jeito.

Eu esperei que ele dissesse algo, mas ele não falou nada. Ele continuou de pé, me fitando como se eu fosse uma idiota.

– O que te faz pensar isto? Repeti. – Quero que me responda. Eu podia sentir minha voz se elevando. Eu odiava o modo como ele estava olhando para mim. Era um olhar arrogante como se dissesse que eu não merecia ser levada a sério.

– Estou falando com você? Sasuke era tão irritantemente insuportável. Naquele momento eu desejei poder arrancar da face dele aquele ar de “Inabalável Uchiha” e acabar com aquela arrogância prepotente dele.

– E o que te faz pensar que eu te deva alguma explicação? Ele Perguntou arrogante.

– O mesmo que te faz pensar que você tem algum direito sobre mim. - Respondi no mesmo tom.- O mesmo que te faz pensar que eu pertenço a você... - Sussurrei.

– Você pertence a mim. – Ele disse, e me assustei quando o vi perto de mim. – Você pertencia a mim antes e pertence agora... Nada irá mudar isto Sakura...

– Sasuke... - Sussurrei.

– Você quer saber a verdade Sakura? – Ele perguntou.

– Sim...

– Então a direi á você.

Continua...