The Soul escrita por CaahOShea, Bellah102


Capítulo 28
Emboscada


Notas iniciais do capítulo

Oi minhas amoras, tudo bem? Espero que sim!
Mais um capítulo fresquinho de The Soul pra vocês! E esse será o penúltimo, então terá o último e mais o epílogo.
Amores, queríamos agradecer de coração a todas vocês que acompanham a The Soul com tanto carinho e deixam reviews lindos. Há um agradecimento especial as nossas duas novas leitoras: paulatays e Naaah Oshea, que fez uma conta só pra poder comentar na Fic! Obrigada lindas!
Pois é gente, finalmente nossas linduchas nasceram! Vocês viram que não foi um parto nada facil né, mas, vamos ver como Ianzinho e a Peg se saem como papais de primeira viagem? Nesse capítulo vocês vão saber os nomes que eles vão escolher pra filhotas!
Bom flores, sem mais, bora ler? Espero que gostem e até lá em baixo! Boa leitura que esse promete ein! kkkk



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POV. Sophia

–Ian, onde está me levando? Estou exausta...

–Pare de reclamar, vai me agradecer mais tarde.

Ele me guiava pelos corredores escuros com uma certeza assustadora. Sozinha, toda aquela pedra ia me confundir e se fundir inteira, fazendo eu me perder em alguns minutos. Ele parou de repente em um corredor com vários estilos de porta que se estendiam a sua frente. Alguns eram portas de madeira sem dobradiças, apenas encostadas, outras eram cobertores cobrindo as entradas e outras eram apenas aberturas na pedra.

–Espera aqui. - Ele falou e entrou na porta mais próxima, fechada por um cobertor cinza sem graça.

Esperei por alguns segundos, ouvindo os sussurros indistintos de Ian dentro do quarto. Com quem ele estava conversando? Tudo o que eu queria agora era uma cama bem macia para dormir por pelo menos umas duas horas. Então, passos pequenos e descalços que soavam como gotas estalando ecoaram até que o cobertor foi afastado por uma mãozinha pequena e um rostinho de olhos azuis e cabelos claros apareceu na porta.

–Mamãe!

–Allie!

Eu disse, espantada. Havia me esquecido do que Peg havia dito à Alma Sophia! Allie estava com eles!

–Mamãe!

Ela correu até mim e caí de joelhos para recebê-la em um abraço apertado. Aquele corpinho miúdo, que um dia fora pequeno o bastante para caber dentro de mim. Allie estava tão linda, tão crescida, tão diferente do que a última vez que a tinha visto naquele duto de ventilação. Afastei-a um pouco para observá-la. Os olhinhos azuis típicos da nossa família continuavam os mesmos, e o rostinho um pouco mais afinado tendo em vista de que ela crescera. O tempo como rebelde lhe rendeu alguns músculos sob os braços miúdos.

–Senti tanto a sua falta, mamãe!

Ela disse com um sorriso que parecia não ter fim.

–Eu também, minha criança amada... – Abracei-a novamente. Minha vontade era nunca mais soltá-la. Enchi cada músculo de seu rostinho com beijos. – Estou tão feliz que você está bem.

–E eu que você não é mais uma pessoa má.

Ela disse ainda sorrindo. Seu sorriso, que eu nunca mais havia visto desde que as Almas haviam capturado seu pai. Lágrimas de felicidade encheram meus olhos ao vê-la tão feliz. Então seu sorriso se desfez e ela ostentou uma expressão consternada.

–O que foi, meu amor?

–Papai ainda é uma pessoa má?

Fiz que sim, abraçando-a mais forte. Eu queria tanto dar a ela o que ela queria. Ser o que ela precisava... Minha guerreirinha já havia sofrido tanto, tanto...

–É sim, Allie. Infelizmente sim, meu anjinho.

Ela fez que sim.

–Pelo menos você não é mais.

Puxei-a mais para perto e nosso abraço continuou por longos minutos. Eu mal podia acreditar que estávamos juntas depois de todo aquele tempo e depois de tudo o que tínhamos passado. Ela se aninhou em meus braços, aconchegando a cabeça em meu peito, fechando os olhos sonolentos.

–Eu te amo mamãe.

Ela disse se aconchegando. Não contive mais lágrimas que desceram em seguida, acariciando seus cabelos lisos.

–Eu te amo tanto meu bebê... Tanto que até dói...

Eu disse, ainda acariciando seu cabelinho. Levantei os olhos e Ian nos observava com um sorriso sereno. Movi os lábios sem som como se dissesse “Obrigada”. Seu sorriso aumentou e ele afirmou com a cabeça.

Eu aposto que há corações no mundo todo esta noite

POV. Peg:

Quando acordei as minhas meninas ainda estavam dormindo e Ian já havia saído para trabalhar nas plantações. Sem abrir os olhos, senti seu cheiro na nossa cama, e o cheiro do nosso quarto, enquanto me espreguiçava. Abri os olhos para descobrir a leve luz da manhã adentrando nosso quarto. Eu ainda estava um pouco dolorida do parto, mas quando vi minhas filhas pelas barras brancas do berço, passou. Sentei e levantei-me com dificuldade, caminhando até o berço. Sorri ao ver que as duas ressonavam levemente. Acariciei os cabelos, um de cada vez, segurando-me na barra do berço.

–Tenho que dar nomes a vocês – Percebi com um suspiro alegre. – Se eu soubesse que eram duas meninas teria me preparado melhor.

Disse rindo baixinho. Meu riso acordou a maior delas, de cabelos negros. Ela piscou, assustando-se com a fraca luz. Gemeu baixinho e peguei-a no colo com esforço antes que acordasse a irmã. Levei-a até a cama e sentei-me com um gemido. A menina em meus braços ainda não conseguia focalizar nada com os olhos curiosos e pequenos, mas tentava ao máximo distinguir os vultos que via. Via com seus lindos, curiosos e pequenos olhos Neve, Safira e Meia- Noite. Sorri e beijei sua testa, com lágrimas doces molhando meus olhos.

Coloquei o seio de fora e dei de mamar a ela. A sensação era incrível, e estar conectada com aquela coisinha, alimentando-a, fortalecendo-a pouco a pouco. Era uma euforia interna... Algo como... Uma grande alegria.

– Minha grande alegria – Ecoei em voz alta ao bebê de olhos claros – Minha Joy.

Conclui enquanto a recém-batizada Joy passava a mãozinha pelo meu seio como se estivesse acariciando-o. Segurei sua mão e a acariciei de volta, sentindo a pele macia por sobre os ossos formados de cartilagem minúsculos que eu ajudara a formar dentro de mim. Antes que Joy adormecesse por completo, sua irmã reclamou no berço, exigindo atenção também. Deitei Joy na cama e fui pegar minha filha de nome ainda desconhecido.

Outro par de olhos azuis perfeitos e pequenos encarou-me de baixo quando cheguei penosamente ao berço. Estes eram rodeados por delicados e finíssimos cabelos louros que eu sabia que virariam espessos cachos no futuro. Peguei-a no colo e balancei-a de um lado para o outro até que ela parasse de gemer incomodada e se acalmasse. Era incrível como eu sabia fazer aquele tipo de coisa. Levei-a até a cama e dei de mamar a ela sob a cerrada observação de Joy, que não parecia feliz por ter sido incomodada e tirada do colo da mãe.

Nessa hora, a porta deslocou-se para o lado e meu par preferido de olhos Neve, Safira e Meia-Noite preferido entrou no quarto. Ele sorriu a me ver acordada, veio até mim e me beijou levemente, tomando cuidado com a nossa filha que mamava distraída e alheia aos problemas do mundo em que nascera.

–O que está fazendo?

Perguntou, indo para meu outro lado segurar Joy. Ri vendo o jeito desajeitado que ele a segurava. Felizmente ele apoiava seu pescoço e eu sabia que ele não a deixaria cair.

–Elas estavam com fome. E precisam de um nome. Eu a chamei de Joy.

Revelei olhando carinhosamente para o rostinho confuso de Joy que focava a pedra atrás de mim. Ian sorriu e afirmou com a cabeça, sorrindo novamente, então olhou para a outra em meu colo, parecendo pensativo.

–E ela?

Perguntou. Balancei a cabeça querendo dizer que não sabia ainda. Ele fez que sim de novo e olhou para ela pensando.

– Sem pressa. – Eu disse – Não queremos algo forçado. E elas vão demorar um pouco para responder ao nome. Certo?

Ele fez que sim, mas pude ver em seus olhos que ele não ia desistir daquilo tão cedo. Que homem teimoso eu tinha arranjado para mim!

A noite caiu cerrada sobre o deserto assim como o silêncio exausto de todos depois de mais um dia de trabalho. O choro da nossa filha ainda não batizada ecoou pelo quarto e eu podia apostar, pelas cavernas inteiras. Comecei a me levantar, mas ainda estava dolorida e gemi ao me sentar. Antes que fizesse menção de me por de pé, a mão gentil de Ian na escuridão me guiou novamente de encontro com a cama.

–Pode deixar. Eu vou.

Gemi, sonolenta.

–Tem certeza?

–Tenho sim. – Ele disse, beijando minha testa – Volta a dormir. Descansa que de dia é minha vez.

Eu ri baixinho e o ouvi levantar.

POV. Ian

Levantei-me e caminhei até o berço onde ambas nossas filhas dormiam. Surpreendentemente Joy ainda estava dormindo com a gritaria da irmã. Peguei-a no colo e ela quase no instante em que a toquei ela parou de chorar. Ela sabia. Não sei como, mas aquela coisinha sabia que perto de mim não havia nada a temer. Ela agarrou a camiseta do meu pijama com a força da sua mãozinha minúscula. Havia tanta vida naquele pacotinho. Um pacotinho de vida.

Observei cada aspecto da nossa filhinha. Seus olhos eram Neve, Safira, Meia- Noite, iguaizinhos aos meus, e seus cabelos dourados, quase invisíveis sobre a pele branca. Tão linda. Tão delicada. Parecia uma bonequinha, como a mãe... Então, tive uma ideia...

– Jullie. – Decidi. – Seu nome é Jullie, meu pacotinho de vida.

# Um ano depois

POV. Peg

As semanas voavam e tudo corria perfeitamente bem. Parece que a paz finalmente chegou para nós, nenhuma turbulência, apenas o meu amor e o de Ian. Ninguém pra interferir, nada pra estragar o momento. Ninguém corria mais perigo. Nossas filhas crescem saudáveis e mais lindas e há algumas semanas deram seus primeiros passinhos bamboleantes, foi incrível.

Benji estava cada dia mais lindo, crescendo forte e saudável, e pegou a todos de surpresa durante o jantar, falando sua primeira palavra. ''Mamãe'' foi a palavra escolhida por ele, para alegria da minha irmã, que chorou emocionada.

Sophia e Allie nunca mais se desgrudaram depois de seu reencontro, o vinculo de mãe e filha cada vez mais forte. Allie também estava crescida, uma mocinha linda, seus cabelos bem maiores, caindo em cascatas sobre as costas. Jamie e Alysson também estava felizes, cada vez mais apaixonados. Todos estão extremamente felizes. E claro, Ian e eu estamos mais felizes do que nunca com a chegada das nossas filhas, e completamos ontem nosso segundo ano de casados.

Naquela tarde, estávamos aproveitando nosso dia de folga, presente de Jeb, curtindo nossos momentos a sós. Eles eram raros desde o nascimento das nossas filhas, por isso, Joy e Jullie estavam sobre os cuidados de Lily e Espectro.

Lá fora tudo estava tão silencioso, eu podia ouvir apenas as batidas do coração de Ian, já que minha cabeça repousava em seu peito depois de termos feito amor.

Tudo parecia perfeito demais. Isso fazia com que um frio percorresse minha espinha, me trazendo pensamentos maus. Ian logo percebeu o meu desconforto.

– Peg, o que foi? Está tudo bem?

Ele perguntou, sentando-se na cama.

– Tudo meu amor. - Tentei soar segura - Apenas... Sinto um aperto no peito. Sabe, como um mal pressentimento.

– Oh meu amor, não fique assim. Está tudo bem. Eu não vou deixar que nada de ruim aconteça a você ou as nossas filhas. – Ian disse beijando delicadamente minha testa, me fazendo sentir segura novamente. – Eu te amo, minha pequena.

– Eu te amo.

Declarei, unindo nossos lábios, me aconchegando em seus braços. Ele sorriu, acariciando meus cabelos dourados.

– Feliz aniversário de casamento, Senhora O'Shea.

Disse, pegando minhas mãos e levando até os lábios, beijando-as com carinho.

– Feliz aniversário de casamento, meu amor. - Sorri de orelha a orelha - Sou a mulher mais feliz desse mundo desde que te conheci.

– Você me trouxe a minha vida de volta quando pisou nessas Cavernas, me trouxe esperança.

Eu suspirei, emocionada.

Sem esperar mais nem um segundo, puxei-o para mais perto, minhas mãos em sua nunca, unindo nossos lábios num beijo caloroso. Ian correspondeu ao seu beijo com todo o entusiasmo, como eu imaginava. Nossos lábios pareciam estar numa dança, movendo-se de forma perfeitamente sincronizada.

Seus dedos embrenharam-se em meus cabelos, puxando-os sem muita força, enquanto eu tentava recuperar minha respiração, mais do que ofegante. Ele subiu com seus lábios para o meu pescoço e o beijou, deslizando para a minha orelha exporta e mordeu o lóbulo com malícia.

– Segundo round?

Ele sussurrou em meu ouvido.

Eu apenas mordi os lábios, fazendo que sim.

Quando nossos lábios se uniram de novo, toda sensação ruim que apertava meu peito virou fumaça, e eu me permiti flutuar na nossa pequena bolha perfeita de amor.

Passamos o resto do dia juntos, sem sair do quarto, aproveitando nosso dia de folga. Saímos apenas por breves períodos, para comer e nos banhar, mas logo depois do nosso banho juntos voltamos para o quarto de mãos dadas.

Apenas conversando, rindo, nos amando diversas vezes. Quando a noite caiu, eu estava exausta, meus olhos pesados, sonolentos. Eu sorri satisfeita. Ian acariciava meus cabelos loiros com carinho, e eu adormeci profundamente em seus braços. E eu não poderia querer nada melhor.

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Pisquei os olhos várias vezes, até eles se acostumarem com as trevas a minha volta. Estalei os dedos e bocejei alto. Ian ainda dormia profundamente, todo esparramado na cama, com um lindo sorriso no rosto. Olhei orgulhosa pelas fendas do berço ao lado da nossa cama, onde nossas lindas filhas dormiam profundamente, como o pai. Meu coração de mãe não aguentou passar tantas horas longe delas, então, no meio da madrugada fiz Ian buscá-las.

Levantei-me da cama num salto, dando um delicado beijo na testa de Ian. Eu precisava de um banho, com toda certeza, constatei. Apanhei minhas roupas que estavam espalhadas pelo chão, e minhas pantufas quentinhas. Tateei entre o pequeno monte de roupas, encontrando o sutiã branco com bordados cor de vinho que havia usado na noite passada, vestindo-o logo em seguida.

– Mamãe já volta minhas lindas – Murmurei baixinho assim que me aproximei do berço, beijando delicadamente a testa de cada uma de minhas filhas.

Dirigi-me pelos corredores escuros da Caverna, rumando até a Sala de Banhos com um enorme sorriso. Ainda estava escuro, os corredores estavam vazios, quase ninguém havia acordado ainda. Não demorou muito para meu corpo entrar em contato com a água. A água era quente e a sensação que ela me causava era maravilhosa. Eu me sentia revigorada. Suspirei e saí da água para me vestir e estava prestes a sair de lá quando ouvi passos leves se aproximarem.

– Olá

Cumprimentou a voz de Lacey, amigável.

– Oi Lacey! Dormiu bem? Eu... Já estou saindo.

–Eu não sou a Lacey, queridinha. – Disse a voz secamente, me fazendo levantar os olhos das roupas molhadas e olhar para o vulto de uma silhueta parada na entrada da Sala de Banhos.

– MAYA! – Constatei assombrada. Senti como se todo meu sangue tivesse congelado. Não... Não pode ser! Só podia ser... Um pesadelo... Oh meu Deus!

– Que bom que se lembra de mim Peregrina! - Grunhiu - É esse o seu verdadeiro nome não é?

Blocos de gelo pareciam manter minhas juntas imóveis. Eu não conseguia me mover. Eu não conseguia respirar. Não havia ar. Eu estava presa nesse buraco negro com Maya na porta. Não tinha como escapar. Naquele momento lembrei-me do aperto no peito que havia sentido a noite passada, e me senti idiota por não ter acatado os avisos do meu coração.

– Agora chegou a hora de acertarmos as nossas contas... Sua... Sua... TRAIDORA! – Gritou a palavra ''traidora'' várias vezes - Você não é digna de ser uma Alma!

Eu prendi o ar, em pânico. Ela estava realmente decidida a acertar as contas. Eu estava em perigo. Minha família estava em perigo. Tudo que eu conseguia pensar naquele momento era em Ian e nas nossas filhas dormindo feito anjos no quarto, sem saber o que realmente estava acontecendo do outro lado das Cavernas. Eu nem mesmo poderia me despedir deles.

– Maya, por favor, faça o que quiser comigo, mas deixe-os em paz! Eles não merecem isso, não merecem! – Falei com voz rouca. Ouvi quando ela deu um passo à frente, chegando mais perto de mim. – Por favor, isso é entre você e eu.

– Não Peregrina. Você não vai me enganar novamente. Pensa que eu sou tola? Eu já sei que toda a verdade. – Passou as mãos pelo cabelo, descontrolada – Você nos traiu. Traiu a nossa raça. Preferiu negar suas origens e viver em meio a humanos selvagens!

– Como... Você... Descobriu? Como encontrou a entrada das Cavernas?

– A minha irmã, Lacey, também Buscadora, mantinha um caderno de anotações. Aquele que você roubou do meu cofre, lembra? – Disse soa voz um tom crescente de cinismo – Lacey acreditava que existisse uma Colônia de Humanos aqui. Nesse Deserto, mais precisamente. Só não sabia aonde. Só que vocês a encontraram antes, não é? Antes que ela pudesse revelar a verdade. Então, não precisei de muito mais, apenas juntei as peças. E tudo se encaixou perfeitamente. Tudo me levou a uma pessoa, você Peregrina! Você!

Ela completou vitoriosa e lágrimas começaram a escorrer sobre as maçãs do meu rosto até os meus lábios. Eu era a culpada. Eu tinha colocado minha família em risco. Agora, todos seríamos capturados, ou mesmo mortos.

Estava escuro, eu mal conseguia enxergar Maya. Podia ouvia apenas sua respiração ofegante, cada vez mais próxima. ''Ian'' pensei, desejando que Ian aparecesse ali e me salvasse, como em várias outras vezes. Eu olhava em desespero para porta de saída, tentando em vão descobrir uma forma de fugir dali.

– Desta vez Peregrina, ninguém vai te salvar! – Ouvi a voz de Maya falar triunfante, como se fosse capaz adivinhado meus pensamentos. De repente, tudo ficou muito silencioso. Novamente eu não conseguia ouvir nada além do rio.

– Você não se envergonha? Você fingiu ser uma pessoa que não é, fingiu ser Pet. Usou o corpo dela, viveu a vida dela. - Culpou-me - Sabe, depois do seu novo desaparecimento, Fiandeira de Nuvens entrou num estado de depressão profunda. E ela quer ir para outro planeta agora. Alguns Confortadores estão trabalhando para fazê-la superar. - Concluiu - E adivinha, mais uma vez, a culpa é sua!!!

Não, não, não. Balancei a cabeça em negação. Eu nunca quiser magoar ninguém, só queria viver a minha vida

Eu sentia os cabelos do meu braço e pernas se arrepiarem. Havia algum tipo de movimento no ar, como se eu sentisse ela se movendo. Afastei-me rapidamente da respiração que eu escutei.

Fugir ou Lutar? O que eu iria fazer? Eu ainda tinha tempo de salvar minha família? Havia tantas perguntas, mas nenhuma resposta.

O medo picava minha mente como milhões de pedaços de gelo. Um barulho. Somente a alguns centímetros de distancia. Um pequeno ‘splash’ de algo entrando no rio. Eu comecei a engatinhar, perto da parede, indo para a saída. Eu me movi pela parede o mais quieta que conseguia.

Eu estava quase na saída. Se eu chegasse no túnel eu poderia vence-la. Eu era mais leve. Ouvi um passo, muito claramente agora, ao pisar na água. Eu engatinhei mais rapidamente. Outro ‘splash’ gigantesco quebrou a tensão. Água pingou na minha pele, a surpresa me fez suspirar. Respingou por toda a parede. Maya estava se aproximando! Eu não conseguia enxergar nem meio metro a minha frente. Entrei em desespero quando senti os dedos de Maya agarrarem meu tornozelo fortemente, impedindo que eu saísse do lugar.

Eu me puxava contra a piscina, me movendo para frente. Eu escorreguei e isso me jogou para frente e fez seus dedos escorregarem. Ela agarrou meu tênis. Eu o tirei com o outro pé, me livrando da mão. Deu-me tempo de engatinhar para frente, arranhando meu joelho no chão grosso de rocha.

Eu corri a toda, esperança e adrenalina correndo em minhas veias. Eu entrei na sala dos rios a velocidade total, meu único pensamento era alcançar o túnel. Eu podia ouvir a respiração pesada de Maya atrás de mim, mas não perto o suficiente. A cada passo eu me afastava mais dela.

– SOCORRO! ALGUÉM. ME. AJUDE! SOCORRO!

Gritei com a maior força que pude.

Eu podia ouvir Maya correndo a trás de mim, enquanto eu me esgoelava pedindo socorro. Eu estava ofegante, minhas pernas já não aguentavam mais e a minha garganta estava seca. Virei o rosto para trás, para ver se enxergava onde Maya estava, mas não vi nada na escuridão, eu só conseguia ouvir sua respiração, cada vez mais próxima. Assim que me voltei frente para continuar correndo, acabei tropeçando em algo e caindo no chão, gemendo.

– Eu disse que você não iria escapar Peregrina. – Ouvi a voz de Maya sussurrar ao meu lado. Senti sua mão contra minha boca, cortando o grito. Suas mãos escorregaram até meu pescoço, apertando-o fortemente com a ponta de seus dedos longos.

– Não, não, não – Eu disse gemendo, com o pouco de ar que ainda me restava. Senti Maya apertar mais e mais o meu pescoço, me sufocando. Os meus pulmões imploravam por ar enquanto eu me debatia freneticamente, tentando escapar inutilmente. Só então notei que... Estava amanhecendo! Eu podia ver claramente o rosto de Maya. Seus olhos brilhavam furiosamente.

De repente, para minha surpresa, Maya soltou o aperto sufocante da minha garganta. Eu ofegava loucamente, buscando ar desesperadamente. O ar parecia voltar aos pouquinhos aos meus pulmões. Enquanto eu tentava respirar novamente, me perguntava o por que dela ter desistido. Ainda com o meu correndo pelas minhas veias, eu abri os olhos, encontrando mais de pé a minha frente, segurando a arma de metal em punhos, apontada diretamente para a minha cabeça.

Seria fatal, com toda certeza, constatei.

Eu fechei os olhos choramingando de medo. Eu não queria morrer, não daquela forma. Eu só conseguia pensar em todos os momentos maravilhosos que havia vivido desde a minha chegada a terra. Suspirei, esperando pelo tiro que partiria meu crânio, mas estranhamente, nada aconteceu.

– Maya, solte Peg agora!

Uma voz masculina disse em tom de ordem. Uma voz que eu nunca havia escutado antes. Mesmo estando amedrontada abri os olhos devagarzinho e me deparei com um homem, alto, forte, e de cabelos acobreados e barba rala, estava parado a alguns metros de nós, apontando perigosamente um revolver. Fitei seus olhos por alguns segundos e logo notei um brilho reluzente e prateado emanarem deles. Ele era uma Alma. Mas como ele sabia meu nome?

– Quem é você? – Maya perguntou secamente fitando o homem que nos fitava com uma olhar determinado. Pelo que parecia, ele não estava com Maya, ao contrario. - Saia daqui!

– Não se lembra de mim, Maya? Talvez seja esse meu novo corpo, mon chérie*. – Ele disse com um sorriso vitorioso nos lábios – Vejamos, deixa eu te dar uma dica: Espectro de Fogo te lembra alguma coisa?

Espectro... – Sussurrei baixinho pra mim mesmo. Ele tinha conseguido, ele tinha ficado! Courtney tinha cumprido a promessa de encontrar um novo corpo pra Espectro!

– Ótimo, quer se juntar a essa traidora, muito bem. – Maya rugiu – Agora vamos acabar logo com isso.

Disse voltando a apontar a arma pra mim. Então, para minha surpresa, Espectro deu três passos à frente, se colocando a minha frente. Eu estava encolhida feito uma bola no chão, completamente assustada.

– Maya, você não vai encostar um dedo num fio de cabelo dela, por que eu não vou permitir!

– Ai que lindo, defendendo a paixonite platônica é? Mas deixa eu te lembrar duma coisa. Você não está mais no corpo do verdadeiro amor dela. Ela não te ama. Você não significa NADA para ela. - Gritou – Oh, desculpe-me, a verdade dói não é?

Naquele instante, o peito de Espectro começou a subir e descer rapidamente, e sua mãos se fecharam em punhos. Por um momento, quando ele deu um passo a frente par longe de mim, eu achei que ele fosse permitir que Maya me matasse.

– VOCÊ. NÃO. VAI. TOCAR. NELA.

– É melhor você não tentar me impedir!

Eu estava em desespero. Lágrimas invadiam meu rosto. Aproveitando a distração de Maya e Espectro, que discutiam distraidamente, comecei a engatinhar novamente em direção à saída. Mas era tarde. Um barulho ensurdecedor ecoou pela Sala de Banhos. A arma havia sido disparada.

POV. Ian:

Os primeiros raios de luz atravessavam as fendas das cavernas e anunciavam que um belo dia ia se aproximando. Acordei num sobressalto, com o choro alto e estridente de Joy. Abri os olhos preguiçosamente, tateando com a ponta dos dedos o lugar de Peg na cama, mas encontrei apenas o vazio. Peg havia se levantado. Levantei-me sonolento e caminhei até o berço onde minhas lindas filhas dormiam. Surpreendentemente Jullie ainda estava dormindo com a gritaria da irmã. Peguei Joy com cuidado, aninhando-a carinho e seu choro logo se tornara resmungos baixinhos.

– Está com fome não é, meu anjinho? Onde será que a mamãe foi? – Murmurei baixinho pra Joy, que se aquietara um pouco em meus braços.

Joy estava com fome, e eu precisava achar Peg, para que ela amamentasse nossa pequena, antes que Jullie também acordasse esfomeada, como a irmã. Coloquei Joy e Jullie no carrinho duplo que Sunny tinha trazido de presente a ela, na última Incursão. Rumei até a cozinha, esperando encontrar Peg lá. Ainda era cedo, quase ninguém tinha se levantado. Apenas Sophia estava na cozinha, sentada num banco no fundo do refeitório, tomando seu café.

– Bom Dia, Sophia! Dormiu bem? – Cumprimentei-a sorridente, ela assentiu, vindo até mim paparicar as sobrinhas – Sophia, é melhor você parar de paparicar essas duas mocinhas.

– Ah Ian! Elas são tão lindas, não me canso de olhar para essas doçuras! - Disse, orgulhosa – Puxaram a titia Sophia, é claro.

– Ah claro, com certeza. – Falei em tom de brincadeira e ela mostrou a língua – Sophia, você viu a Peg?

– Na verdade, não. Ela não está no quarto? – Sophia perguntou especulativa, pegando Joy no colo.

– Não, e está na hora dela amamentar as meninas. É estranho. Peg nunca se ausenta assim, por tanto tempo... - Constatei.

Fui brutalmente interrompido por um barulho ensurdecedor ecoou por toda Caverna.Meus tímpanos zunindo, e Joy e Jullie começaram a chorar, assustadas.

Meus olhos de estreitaram. Aquilo parecia um disparo! O disparo de uma arma e o barulho parecia vir dar Sala De Banhos.

– Sophia, olhe as meninas para mim, tenho que ver o que aconteceu! – Disse aflito e Sophia assentiu, tentando acalmar as meninas.

Corri desesperadamente até a Sala De Banhos. Meu coração batia descontrolado.

– Peg? Peg? Você está ai? – Chamei-a aflito. – Peg?

– Ian! - Ela disse, pulando de algum lugar do chão direto para os meus braços. Ai que alívio! Achei que a tinha perdido de novo, pensei abraçando-a com força. Passei os olhos pelo lugar. Havia um corpo sem vida no chão e... Um de pé com a arma na mão, observando o que tinha feito.

–Ela nunca foi uma boa chefa. – Murmurou olhando o homem estranho olhando de cima. Espera aquela era Lacey? Mas porque alguém faria mal a ela? Chefa? Só podia ser... Maya! Maya estava morta!

O homem estranho levantou os olhos para mim e sorriu tristemente. Seus olhos tinham os círculos prateados de Alma – Ah, oi Ian!

–Eu... Conheço você?

Peg riu nervosamente.

–É claro que você o conhece Ian.

–Era de se esperar que você me reconhecesse. Foi o que? Sete meses de convivência? Talvez mais?

Não pude acreditar.

–Espectro de Fogo?!

–Surpreso? Eu também. É uma longa história.

Aconcheguei Peg em meus braços. Ela tremia, talvez ainda assustada com tudo que tinha acontecido. Mais uma vez, quase fomos separados. Segurei seu rosto com carinho pra que ela olhasse somente para mim, enquanto Espectro jogava o corpo sem vida de Maya no rio onde um dia... Kyle tentara matar Peg.

Mais uma vez, tinha que ser grato a Espectro por ter a salvado a vida de Peg... Da minha Peg.

POV. Peg:

Espectro contou que assim que acordara no novo Hospedeiro, tinha sentido uma vontade imensa de vir até ali. Se fosse para ficar na terra, não queria ter que recomeçar tudo, sem amigos, e com um corpo novo e estranho que ele não conhecia, então ele veio até o único lugar em que ele conhecia alguém. Pelo menos dessa vez ele não tinha de dividir o corpo com ninguém. Usando memórias das memórias de Ian ele veio até as Cavernas. Então ele me ouviu gritando. O revólver ele tinha trazido para proteção contra Coyotes, mas no fim foi para me proteger de Maya.

Ian e ele se deram bem de cara, era como ver eu e Mel conversando. Percebi que contanto que as Almas não invadissem humanos, ser amigos era fácil. Espectro era uma boa pessoa, e até me senti mal por não ter me permitido conhecê-lo melhor. Ele reconheceu Sophia como a mulher que tinha ido até o seu apartamento, e ela sorriu envergonhada. Isso parecia ter sido éons atrás. Joy e Jullie adoraram sentar em seu colo, quase como se ele fosse o próprio Papai Noel que as crianças humanas pareciam idolatrar.

–Mas Espectro, o que vai fazer agora que não está atrelado à nenhuma trama emocional?

Ian perguntou apertando mais o braço ao meu redor.

–Eu não sei. Primeiro tinha pensado em voltar ao meu querido planeta quente, mas não sei mais. Até que aqui é bem quente.

–Você poderia ficar. - Sugeri. Ele fez que sim pensativo.

–Não sei se é uma boa ideia Peg.

Eu nem sei por que sugeri aquilo, sabia que ele me amava. Ele certamente se sentiria mal de me ver com seu antigo eu, todos os dias. Naquela hora Lily chegou no Refeitório.

–Bom dia gente - Ela saudou, sorrindo. – Quem é o amigo de vocês?

Ela perguntou indo em direção ao balcão para pegar o café da manhã.

–Lily, esse é Espectro de Fogo. É um amigo nosso de Tucson.

–Devo me preocupar? - Ela perguntou.

–Não – Espectro respondeu. – Mas acho que vou ficar. – Ele disse sorrindo de uma maneira estranha para ela – Só por um tempo.

Eu e Ian trocamos um sorriso e um olhar cúmplice.

Mais tarde, eu e Ian estávamos de volta ao quarto, com nossas gêmeas reclamando por não estarem mais na companhia de Espectro. Depois de comer, elas foram lentamente fechando os olhinhos e logo tiraram sua soneca de depois do almoço. Eu e Ian suspiramos em conjunto, observando as duas no berço. Ele passou os braços pelos meus ombros e os cruzou no meu peito.

–Fiquei tão aflito hoje... – Ele disse e sua voz miou quase um sussurro.

–Então somos dois. – Respondi acariciando suas mãos – Achei que nunca mais iria ver vocês.

–Ainda bem que Espectro chegou a tempo. Eu devo muito a ele.

Fiz que sim.

–Será que foi apenas a minha impressão, ou Espectro não tirava os olhos de Lily?

Ele se aproximou e acariciou minha bochecha com o nariz.

–Está com ciúmes Peregrina?

–Não. – Respondi rindo. – Só estou feliz. Os dois merecem ser tão felizes quanto nós.

–Então eles vão ter felicidade para dar e vender.

Ele disse virando-me e beijando-me. Eu não sei como ele fazia aquilo, mas sabia que ninguém mais faria igual. Ninguém me faria tão feliz, ou me completaria tão bem quanto ele.

# 4 Meses Depois

– Peg, nós precisamos dar um tempo.

Aquilo soou como um estrondo em meus ouvidos. Parecia que eu havia sido jogada de cima de um prédio de cem andares, o chão havia sumido dos meus pés... Tentei dizer alguma coisa, mas nada saia de meus lábios apenas o pesar da revelação ecoando em meus ouvidos atormentando-me. Lágrimas intrusas escorriam pelas maçãs do meu rosto, até meus lábios, fazendo-me sentir o gosto amargo do abandono. Então era isso, Ian estava me abandonando?!

Então, um flash back percorreu minha mente. Tudo que eu havia vivido com Ian passou em minha mente como um borrão. Nossas conversas, quando eu ainda estava no corpo de Mel, nosso primeiro beijo, o carinho que aumentava cada vez mais, nossa primeira noite juntos no quarto, o pedido de casamento, minha quase morte, o sequestro, nossa primeira vez, nosso casamento, a gravidez, no nascimento das nossas gêmeas e agora... O fim.

– É isso, você não me ama mais? Não me quer mais? – Falei com a voz entrecortada pelo choro. – Está me deixando?

– Peg, por favor, não torne as coisas ainda mais difíceis. – Ele disse suspirando, sua voz quase um sussurro – Eu te amo mais que tudo, mas eu não quero que você corra mais perigos por minha causa. Eu não aguento de ver sofrendo Peg, olha tudo que você sofreu, o que você passou por minha causa!

– O que eu passei?! – Falei indignada – Ian eu te amo! E tudo o que eu fiz é por que eu simplesmente não posso viver sem você!

– Eu também te amo Peg, é por isso que seria egoísta demais deixar que você sofra mais por minha causa. – Ele pausou – Peg, você é uma alma e eu, humano. Não vou viver para sempre. Mas você sim e não quero que você sofra ainda mais quando eu... Partir. Essa é a realidade Peg, um dia eu vou morrer. Todos os nossos amigos, aqueles que amamos se vão, como Walter, Wes.

– Ian, por favor, não me deixe viver sem você. – Falei atrelando-me a sua cintura. Mas no fundo, eu sabia que Ian tinha razão. Ele não viveria pra sempre. E então, eu teria que vê-lo partir, levando um pedaço do meu coração com ele. Mas quando eu desse seu último suspiro, eu também partiria. Essa vida não faria sentido sem ele.

– Eu sei que é difícil Peg, eu também não queria isso. Mas acho que nós dois deveríamos saber que... Um dia isso iria acontecer. É o melhor a fazer. Isso vai nos ajudar a nos preparar por futuro sabe. – Ele disse afagando meus cabelos – Mas eu quero que saiba que eu vou te amar, até meu último suspiro. Você sempre será a única. Mas eu não posso viver com a culpa de que um dia eu vou partir, e deixa-la sofrendo, sozinha!

– Ian... – Falei choramingando. Então, senti ele se afastando do meu abraço. Seus longos cílios brilhavam com as lágrimas.

– Eu te amo Peg. – Ele disse beijando minha testa com carinho. – Mas eu tenho que ir.

E eu nunca tentarei

Negar que você é a minha vida

Porque se você me largasse,

Eu morreria, então eu não fugirei

– NÃOO. NÃO! POR FAVOR! – Eu gritava em meios às lágrimas, e então, ele desapareceu completamente.

Eu acordei num sobressalto, completamente apavorada, suada. Ian me olhava assustado ao meu lado.

– Peg, o que foi? Está tudo bem? Você estava gritando! O que foi meu amor? – Ian perguntou preocupado enchendo meu rosto de selinhos. Só então notei. Tudo não havia passado de um pesadelo, e nós ainda estávamos no Hotel onde havíamos parado durante a Incursão.

Lágrimas se misturavam a gotículas de suor no meu rosto e eu o beijei ofegante, nossas línguas se encontraram e uma corrente elétrica percorreu por todo o meu corpo, eu precisava sentir que tudo foi uma mentira, um pesadelo, que Ian estava aqui comigo. Por alguns instantes, não fui capaz de dizer nada.

– Ian, por favor, promete que nunca vai me deixar. Promete pra mim que nunca vai me abandonar. Promete que agente nunca vai se separar. – Falei arfante, com uma enorme dor no peito. Instintivamente agarrei-me a regata que Ian, que parecia muito confuso.

– Peg, de onde você tirou essa ideia? Eu nunca deixarei você. Eu não posso viver sem você. Eu te amo Peregrina!

– É que... Eu tive um pesadelo horrível amor. – Falei com um fio de voz me aconchegando em seus braços – Sonhei que... Você estava me deixando. Pra sempre.

– Eu? Deixando-te? – Ele disse sorrindo. Bufei, como ele podia rir numa hora dessas, afinal, não era nenhuma piada!

– Ian, qual é a graça?

– É que... Isso Peg, só poderia acontecer em sonho. Eu nunca te deixaria de livre e espontânea vontade. Você. É. A. Mulher. Da. Minha. Vida – Ele disse as últimas palavras devagar como se quisesse me provar que cada sentença era verdade. Meu coração transbordou naquele instante. Eu sabia, sabia que poderia contar com ele, afinal, tínhamos prometido isso um ao outro no dia do nosso casamento e Ian já havia dado diversas provas disso.

– Eu não sei se acredito nisso, senhor O'Shea – Sussurrei zombeteira em seu ouvido.

– Ah não? – Ele disse com um sorriso maroto – Eu posso provar.

Ele uniu os nossos lábios num beijo calmo e completamente apaixonado. Minhas mãos foram instintivamente para seus cabelos negros, puxando-o para mais perto de mim. Separamo-nos arfantes.

– É assim que pretende me provar? – Perguntei sorrindo.

– Sim. Deu certo?

– Sim, mais da última vez que fizemos isso em um hotel eu terminei grávida, lembra? – Falei zombeteira e ele mordeu o lábio inferior pra conter o riso.

Logo depois, voltamos a nos beijar de novo. Ele desceu sua boca fazendo um caminho até o meu pescoço, até a clavícula, me fazendo rir quando os seus cabelos roçaram no meu pescoço. Quando percebi, ele já estava pairado sobre mim. Então Ian se afastou abruptamente de mim, me fazendo resmungar quando ele encerrou o nosso beijo

Menina que ninguém mais faria

Com cada beijo e cada abraço

Você me faz ficar apaixonado

– Espera aqui um pouquinho, eu já volto. – Ele disse com um sorriso imenso no rosto. Não demorou muito e ele voltou e percebi que ele escondia algo nas mãos. Uma caixinha.

– Ian, o que é isso? – Perguntei curiosa franzindo o cenho.

– Eu queria te entregar amanhã quando chegássemos em casa , mas não consegui aguentar. Espero que goste. – Ele disse me entregando a caixinha em suas mãos e meus olhos brilharam quando encontrei um par de alianças douradas dentro delas.

– Oh meu Deus! – Falei boquiaberta, com os olhos marejados. No dia do nosso casamento, não tivemos como conseguir as alianças, e eu mal podia acreditar, que quase três anos depois, Ian estava me dando aquele presente maravilhoso - a chance de continuar pra sempre ao seu lado.

– Peg, você aceita continuar sendo minha esposa e ficar ao meu lado o resto das nossas vidas? – Ian perguntou segurando minha mão esquerda.

– Sim, sim, sim! – Respondi com os olhos marejados enquanto Ian colocava a aliança em minha mão. - Eu te amo.

Você é a melhor coisa que eu nunca soube que precisava

Tanto, que quando estavas aqui eu não fazia ideia

Você é a melhor coisa que eu nunca soube que precisava

Tanto, que agora está tão claro, eu preciso de você aqui sempre

Repeti o gesto de Ian, colocando a outra aliança em sua mão esquerda, assim como ele havia feito comigo.

Naquele momento, eu tive absoluta certeza. Seria pra sempre. Sempre pertenceríamos um ao outro, não importa o que acontecesse, ou quanto anos se passassem. Eu pertenceria a ele, e ele sempre pertenceria a mim e enquanto tivéssemos um ao outro, nada poderia nos abalar.

– Que tal continuarmos aonde paramos?

Ele disse com um sorriso maroto me fazendo lembrar que momentos atrás ele tinha interrompido nosso beijo cheio de volúpia para pegar as alianças.

– Acho uma ótima ideia. – Falei sorrindo puxando-o para mais perto de mim reiniciamos o nosso beijo, nos entregando totalmente um ao outro, de corpo, alma e coração, e por um instante desejei que fosse assim pra sempre, por que era ali que eu gostaria de ficar – Nos braços do meu amor, do meu marido e daquele que era minha vida: Ian O'Shea.

# Cinco semanas depois

POV. Ian:

Rumei distraidamente de volta ao meu quarto e de Peg, depois de um dia cansativo de trabalho, limpando os espelhos da Praça Central.

Abri a porta devagarzinho e me deparei com a cena mais linda do mundo. Peg estava dormindo profundamente, como um anjo, com um sorriso nos lábios. Ao lado direito dela estava Joy e do outro, Jullie, ambas dormiam profundamente com expressões serenas.

Os três amores da minha vida. Naquele momento, agradeci a Deus por aqueles três maravilhosos presentes. Eu era mesmo um homem de sorte. O que mais eu poderia querer? Tinha duas filhas lindas e amorosas e o amor da minha vida, minha Peregrina, ao meu lado.

Não pude deixar de observar a enorme beleza da minha Peg, do meu amor. A maternidade a deixara ainda mais linda. Ela dormia como um anjo. Sua pela branca delicada, suave como seda, às curvas sutis de seu corpo pequeno, e seus cachos dourados que emolduravam seu rosto de princesa. Mas não era aquele corpo angelical que eu amara mais que tudo na vida e sim, a alma dentro dele, a minha doce Peg.

Eu não quero ninguém mais

Sem você, não resta ninguém

Fiquei alguns minutos observando as três dormirem, em silencio. Depois me aproximei de Peg, acariciando suavemente seu rosto. Peg abriu os olhos devagar, piscando até sua visão se focalizar. Então, um enorme sorriso brotou de seus lábios quando ela me viu. Entrelacei meus dedos com os dela, beijando o topo da sua cabeça enquanto ela se virou para mim com um sorriso brilhante.

– Oi amor. Desculpe, eu não queria te acordar – Falei sorrindo, sentando-me ao seu lado.

– Tudo bem. Fui colocar as meninas pra dormir e acabei pegando no sono também. – Peg disse, sorrindo, sentando-se com cuidado para não acordar nossas filhas. - Eu senti sua falta hoje, enquanto você estava no campo.

– Mel me disse que você não passou muito bem de manhã. O que foi?

Perguntei um pouco aflito.

Peg olhou assustada pra mim e depois seu olhar voltou-se para nossas filhas, mas ela permaneceu em silencio, pensativa, como se estivesse formulando uma resposta adequada. Ela mordeu o lábio antes de virar o rosto para mim novamente. Eu podia ver a hesitação em seus olhos quando viu minha expressão.

– Ian... Nós... Nós vamos ter outro bebê. – Peg disse mordendo o lábio, sua expressão se voltando para uma de medo, de puro pavor. Senti o choque espalhado por todo seu rosto. Logo entendi sua apreensão. - Eu estou grávida novamente.

Você sabe que eu tentarei

Ser tudo pra você


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram do capítulo? Gostaram do Espectro salvando a Peg??? Foi lindoooo! E quem percebeu um clima entre ele e a Lily ein? ** Euuuuuuuuuuuuu!**
Esse estava recheado de emoções! hahaha. E ai, gostaram da Joy e da Jullie? Elas são lindas né??? No próximo agente põe umas fotinhas pra vocês verem! Espero que tenham gostado do nome. hehe. Nossas princesinhas. hehehe
E o sonho tenso da Peg ein, aposto que vocês pensaram que era verdade! Mas calma gente, nada separa esses dois ai não, agora finalmente eles vão ter seu final feliz! Ou não... Haha
Ah, vocês devem estar se perguntando: '' Poxa, a Peg acabou de dar a luz e já está grávida de novo! ''. Bom, deixa eu explicar, hehe, esse capítulo foi meio acelerado mesmo, kkkkk, na verdade se passaram quase dois anos e alguns meses desde que as meninas nasceram, não se preocupem, acho que dois anos é um tempo razoável, e até o bebê nascer as meninas terão três anos já! mas não se preocupem, agora esses dois vão fechar a fabriquinha de bebês Aii a Fic tá chegando ao fim! Espero que tenham gostado do capítulo e tem muito mais emoção pra vocês!
Bjos e Até o próximo post!



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