The Soul escrita por CaahOShea, Bellah102


Capítulo 27
Nascimento


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, tudo bem com vocês?
Gente, mais um capitulo fresquinho de The Soul pra vocês, e essa saiu bme rapidinho ein? Bom, na verdade ele está escrito faz um tempo e vocês não sabem como a Bellah e eu estavamos ansiosas para postá-lo.Bom, acho que depois de tanto perrengue, tanto sofrimento, lagrimas, luta, finalmente o momento chegou! Então, esperamos de coração que gostem do capítulo!
E lindas, muito obrigada a todas vocês que acompanham a Fic e pelo imenso carinho de vocês, e queria me desculpar em não responder seus reviews minhas lindas, mas saibam que AMAMOS todos eles, viu? Sem vocês a fic não seria nada, e leitoras fantasmas, gostaríamos de conhecer vocês, então, que tal deixar um reviewzinho, só dizendo: '' Gostei! '' Ou suas sugestões, acreditem, opinião de todas vocês é muito importante!
Bom, chega de enrolação. Bora ler? Espero que gostem do capitulo e Boa leitura, vamos conhecer o baby?
Bjos e Até lá em baixo!



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POV. Peg.

– Sophia... - Chamei baixinho. O terror dominava minha voz. Um líquido quente descia por minhas pernas, mas não tive coragem de olhar. Ambas as possibilidades em que pensei eram horríveis...

– Vamos Peg, precisamos nos apressar para chegar antes de...

– Sophia - Interrompi, chamando-a novamente. Ela virou-se impaciente para mim e viu o líquido molhando a areia debaixo de mim. – Acho que temos um problema...

– Ah não Peg... Por favor, não diga que... – Ela pausou – A SUA BOLSA ESTOUROU! VOCÊ ESTÁ EM TRABALHO DE PARTO PEG!

Vagamos pelo deserto, desesperadas atrás de algum abrigo, algo provisório. Por fim achamos uma gruta que dividíamos com uma poça d’água. Sophia tirou o saco de dormir da mochila, estendeu-o no chão e me ajudou a sentar. Eu tremia de medo e do frio da noite do deserto. Uma mão trêmula pousava na barriga e a outra me mantinha sentada.

– Sabia que não devíamos ter vindo. Falei que era perigoso. Você insistiu que tínhamos que sair perto do nascimento do bebê para que Maya não nos pegasse na maternidade.

– Você também sabia que se ela nos pegasse e pensasse por um segundo que o bebê pudesse ser filho de Ian, ela ligaria o desaparecimento dele conosco e nunca mais sairíamos do olhar dela.

Ela fez que sim, derrotada. Pude ver que ela parecia mais nervosa do que eu. Ela tentava organizar os pensamentos, estampado o olhar concentrado que ela dava quando estava confusa.

– Vou buscar alguma coisa para acender uma fogueira. Está ficando frio aqui...

Sophia disse levantando-se e saindo pela abertura da gruta, deixando-me sozinha na escuridão. Quando abri a boca para chamar seu nome, a primeira contração chegou. A sensação foi de que cinco bebês de dentes afiados tentavam cavar a força o caminho para fora do meu corpo. Meu grito ecoou pela gruta, e pelas entranhas da pedra, com uma voz que não parecia minha de tão agoniada.

Mais rápido do que chegara a dor diminuiu a algo quase aceitável. Caí deitada no saco de dormir, ofegante. Eu não conseguiria fazer aquilo. Não aguentaria nem mais uma contração daquelas, quem diria colocar meu filho no mundo... Sophia voltou antes da segunda contração, com os braços cheios de galhos secos que ela encontrara do lado de fora.

Colocou-os numa pilha na entrada e veio se ajoelhar do meu lado.

–O que foi isso? Foi uma contração?

Fiquei tentada a responder-lhe com sarcasmo, mas fiz que sim, gemendo. Ela desabotoou o relógio e depositou em uma das minhas mãos trêmulas.

– Peg, você tem que marcar o intervalo entre uma contração e outra.

Fiz que não várias vezes, agoniada.

– Não dá Sophia, não dá, não consigo... Eu não sou forte para isso, meu corpo é muito fraco...

Ela segurou meu rosto e me forçou a olhá-la nos olhos. Olhos safira, neve e meia-noite. Iguaizinhos aos do meu Ian...

– Você consegue sim. Não só consegue como VAI colocar meu sobrinho no mundo. Vai contar o tempo e VAI FAZER ISSO ACONTECER. – Ela falou – Sei que dar a luz a uma criança não é nada fácil Peg, eu já passei por isso... - Seus olhos se perderam por alguns segundos, numa época distante - Mas você tem que confiar em mim! Quando você tiver seu filho nos braços, vai ver como todo esse sofrimento valeu a pena.

Fiz que sim com a cabeça, mesmo que não convencida e ela voltou para os galhos, arrumando-os. Segurando-me nas paredes de pedra fiquei sentada novamente, olhando o relógio atentamente. A segunda contração foi muito pior que a primeira, ameaçando me rasgar ao meio. Meu grito fez tremer as estruturas da gruta. Com a mão livre agarrei o saco de dormir com força.

–Respire Peg. Não se esqueça de respirar e expirar...

Seguei o ar com sofreguidão e o soltei fraca. Isso aliviava um pouco a dor, mas não o bastante. Lágrimas molharam-me o rosto e rolaram devagar. Logo senti o cheiro de fumaça, e vi que Sophia tinha acendido a fogueira em tempo recorde. Ela abriu a mala, pegou uma panela onde cozinháramos nosso jantar noite passada, encheu-a com a água da poça e colocou perto do fogo.

Ela veio até mim e usou a manga para secar o suor que eu não tinha reparado que se juntava às minhas lágrimas.

– Quanto tempo deu? - Ela perguntou pegando o relógio.

– Uns dois minutos. - Gemi entre dentes.

– Tudo bem, eu sei que isso será um tanto desconfortável, mas eu preciso te examinar. Prometo que será rápido.

Ela disse, esperando por alguns segundos a minha permissão. Eu apenas assenti, me concentrando apenas na minha respiração. Estava tão centrada em não perder o controle devido a dor, que quando notei, já tinha acabado.

Sophia suspirou, e aquilo me deixou ainda mais inquieta possível.

– 10 centímetros, você está pronta. - Ela disse apenas, um leve sorriso ameaçando em seus lábios. Era seu sobrinho, afinal. Apesar daquele parto não ser nem em sonhos o que esperávamos. – Está na hora.

Abri as pernas com dificuldade e fechei os olhos com força. O medo de não conseguir me aplacou novamente. Esse eu parasse no meio? E se o bebê ficasse preso, ou estivesse morto ou coisas piores? E se eu morresse e o deixasse sozinho? Ian iria um dia me perdoar? E Sophia acharia o caminho até as cavernas? Tantas perguntas sem resposta que só o tempo que eu julgava não ter poderia responder.

Abri os olhos novamente. Sophia terminava de lavar as mãos na água aquecida, e voltava para perto, me encarando com seus olhos azuis como os do irmão. Novamente pensei em Ian... Eu não o via desde há tanto tempo... Agora poucos metros nos separavam. Gritei de dor novamente, mas não pude distinguir se era uma contração ou a mais genuína saudade que apertara meu coração.

De repente, eu não tinha mais medo. Estava decidida a fazer aquilo. Por ele, por mim, por nós. Pela nossa família. Fechei os olhos novamente, e estava pronta...

–PEG?! PEG É VOCÊ?! QUEM ESTÁ AÍ?!

Sorri deliciada. Podia ouvir a sua voz... Eu amava tanto aquela voz... Surpreendi-me ao achar que minha imaginação havia inventando-a. Ouvi passos do lado de fora da gruta, na areia.

– Quem é... – Disse a voz de Ian novamente. – Sophia?!

– Hey irmão, que surpresa!

Fiquei confusa. Porque Sophia responderia a uma voz que veio da minha cabeça? Abri os olhos. Dois pares de olhares Neve, Safira e Meia-Noite me encaravam com um misto de saudade e confusão. A lanterna de Ian estava apontada para o rosto de Sophia, mas eu sabia que ele não encontraria nem um resquício de alma.

Você tem aquele sorriso

Que só o paraíso pode dar

Eu rezo a Deus todos os dias

Para que você mantenha aquele sorriso

Por um momento, não pude dizer nada, apenas olhar para Ian. Ele era o centro do universo em seu jeans preto e jaqueta de couro. Os mesmos tênis que ele usava desde a invasão e os cabelos negros despenteados que emolduravam os lindos olhos com os quais eu tinha doces sonhos quando estava fingindo ser Buscadora. Com ele, eu não teria que fingir. Não teria que fugir. E ele estava ali.

A contração interrompeu minha contemplação silenciosa, e meu grito cortou a noite pela terceira vez. Os olhos de Ian desviaram-se de Sophia e encontravam meus olhos sofridos. Seu rosto abriu-se em um sorriso que aqueceu e acariciou meu coração partido. Depois seu sorriso se desfez e ele lançou um olhar preocupado a Sophia.

– Ela é quem estava gritando? O que está acontecendo?

– Ela está se preparando para transformar você em papai! - Sophia disse com um pingo de humor, virando-se para mim.

Ian correu e se ajoelhou ao meu lado, segurando minha mão e ficando atrás de mim para que eu pudesse me encostar nele e ainda ficar sentada. Fechei os olhos novamente, deleitando-me com o contato com a sua pele.

– Muito bem. Quando a próxima contração chegar, você empurra está bem?

Balancei a cabeça afirmativamente, me preparando para a dor.

– Sophia – Disse Ian acariciando nervosamente minha mão com o polegar – Sem querer te depreciar, principalmente agora que é humana de novo, mas quantos partos você já fez exatamente?

– A Alma Sophia fez incontáveis cesarianas na Estação de Cura, e ela sabia fazer parto normal. Mas eu só vi nas novelas e naquela vez que eu ajudei a cachorrinha a parir quando você e Kyle eram moleques.

– Isso não me deixa mais tranquilo, aquela cadelinha morreu.

– Eu tinha doze anos e não tinha sido possuída por uma Curandeira...

– POR FAVOR, SERÁ QUE VOCÊS PODERIAM PARAR DE DISCUTIR?! – Gritei com a força da dor da contração.– NO MOMENTO, EU NÃO POSSO ANALISAR CURRÍCULOS SOBRE QUEM VAI ME AJUDAR A PARIR O MEU FILHO!

Apertei a mão de Ian com força para aplacar a dor.

– Faça força Peg, faça força!

Pediu Sophia quando percebeu que era uma contração. Fiz força, buscando apoio na mão de Ian, mas desisti, ofegando loucamente, com dor nos pulmões. Todo o meu corpo doía muito. O bebê nem havia dado as caras e eu já estava exausta.

–Não consigo – Sussurrei ofegante – Não dá... Simplesmente na dá... Não consigo.

Ian aproximou-se, seu hálito fresco e quente fazendo cócegas na minha orelha.

– Quem é você? É minha Peregrina? – Ele perguntou. Meu coração deu um pulo alegre. Apesar da dor em todo o meu corpo, meu coração estava rejubilado. – Eu acho que não... Minha Peregrina é o ser mais forte que eu já conheci, humano ou alma, em toda a minha vida. Minha Peregrina foi capaz de tentar se matar pelas pessoas que amava, minha Peregrina já vez coisas muito mais perigosas que dar a luz a um bebê sem pestanejar. Ela não desistiria. Desistiria?

Fiz que não, dentes cerrados com força.

Você é meu sonho

Não há nada que eu não faria

Darei até a minha vida por você

– Se você é minha Peregrina você consegue fazer isso.

Quando a próxima contração chegou, eu não hesitei, e fiz força. Mais força do que eu jamais havia feito naquele ou em qualquer corpo em todas as minhas 10 vidas. Empurrei como se a minha vida dependesse daquilo.

– Vamos lá! Estou vendo a cabecinha Peg! E que cabecinha linda que ela é! - Ela dizia com uma voz animada. – Você consegue Peg! Está quase conseguindo!

A dor me rasgava no meio e comecei a pensar em desistir, mas então pensei em como deveria ser a cabeça do meu bebê. Pensei em como deveria ser seu rosto, seus olhos, os olhos da minha criança, minha cria, o ser que era uma companhia constante há quase 9 meses, e a quem eu aprendera a amar profundamente, incondicionalmente. Imaginei a massa quentinha grudada ao meu seio, com seu respirar apressado para encher os pequenos pulmõezinhos.

Dei 110 % de mim para o meu filho. Um som cortou o ar aquecido pela fogueira da gruta, e dessa vez não era meu grito agoniado de dor, era mais fino, mais fraco e saudável. Um choro típico de um recém-nascido. Soltei a força que fazia e caí ofegante nos braços de Ian, fraca.

– Parabéns! – Ela falou, levantando o bebê e dando um leve tapinha no bumbum do meu bebezinho, fazendo-o chorar ainda mais - É uma menina!

Ian tirou um cacho dourado ensopado de suor do meu rosto e beijou minha testa. Pelo toque de seus lábios pude sentir o alívio que ele sentia a me ver livre da dor.

– É uma menina Peg. – Ian falou, extasiado - Nossa linda menininha...

Sorri de olhos fechados, exausta.

POV. Ian:

Quando peguei aquele pequeno ser nos braços pela primeira vez, minhas defesas caíram completamente desfalecidas. Lágrimas escaparam dos meus olhos, descendo pelo rosto cansado. Aos poucos, a pequenina foi parando de chorar e passou as mãozinhas minúsculas pela minha jaqueta, provavelmente procurando um peito para mamar. Os olhos cansados de Peg se abriram e se iluminaram ao ver o pacotinho de vida em meus braços.

Se você tivesse um filho meu

Você tornaria a minha vida completa

Só de ter os seus olhos todos para mim

E que eles seriam meus para sempre

– Vem cá – Ela chamou baixinho abrindo seus braços – Deve estar faminta minha linda...

Com cuidado depositei a garotinha ainda cheia de sangue, com um pedaço do cordão umbilical nos braços da mãe. Peg deixou o seio de fora e a bebê passou a sugar avidamente.

Observei Sophia, acariciando os braços fracos de Peg, que seguravam nossa filha. Ver minha irmã, livre da alma que a habitava foi um choque. Saí de casa imaginando que encontraria um perigo do qual deveria defender minha casa e eu acabaria voltando com minha filha, minha irmã perdida, e o amor da minha vida... São coisas que podem levar um homem a loucura.

Logo o sorriso de Peg se desmanchou, e a expressão de seu rosto tornou-se de pura agonia. De repente, um grito cortou a noite, mas não era o bebê que voltara a esgoelar-se. Era Peg. Assustada, a menina em seu seio gritou em uníssono.

–O que foi Peg? O que está havendo? - Perguntei, alarmado e completamente perdido.

– Tem mais um... - Ela grunhiu engasgada. Sua expressão era um misto de um verde enjoado e um vermelho sufocado.

– O que?! Como assim?! – Sophia exclamou surpresa.

O bebê gritou com força assustado. Peg estendeu os braços fracos para que eu pegasse a pequena menina. Sophia apalpou a barriga ainda elevada de Peg e afirmou, séria:

– Ela tem razão Ian. Como não percebi antes! – Sophia falou, abismada - Peg, você está dando luz a gêmeos!

Peg gemeu e lágrimas correram pelo rosto suado. Ela procurou meus olhos com uma expressão de puro pavor. Ela começou a murmurar chorosamente baixinho para mim.

– Não... Não, não, não, não... E-e-e-e-e-e-eu não consigo – Ela gaguejava. – Ah não... Eu preciso... Eu... Eu... Eu vou morrer Ian...

Sussurrou com a voz cansada por entre os gritos desesperados de nossa filha. Balancei a bebê de um lado para o outro desajeitadamente, e ela se acalmou em alguns segundos. Parecia que ela sabia que eu ia protegê-la e que não havia nada a se temer. Passou a mãozinha novamente pela minha jaqueta de couro e ficou quietinha, me permitindo ouvir melhor a ladainha febril que Peg recitava.

– Vamos Peg, você já deu a luz a uma... Não deixe esse bebê na mão... Você consegue querida... Fale com ela Ian... - Pediu Sophia. Puxei Peg para mais perto de mim e falei com ela em voz baixa.

– Peg, sei que você está cansada e com dor. Eu sei disso, porque estou cansado e com dor só de olhar para você. Mas por favor, se esforce só mais um pouquinho. Olhe para ela, só um pouquinho. – Ela olhou para nossa filha com os olhos prateados exauridos. Doía em mim ver como ela estava sofrendo, e ainda mais saber que eu causara aquilo. Seus lábios já cansados de tanto gritar se abriram em um sorriso frágil. – Ela não é linda? Pense nela. Tem outra dela dentro de você, ou um menino talvez... Você se lembra daquelas almas brincando com seu filho humano no parquinho? Pense só em nós, depois da guerra, brincando com esses dois na balança... Esperando por eles no fim do escorregador... Equilibrando-os na gangorra... Ouvindo suas risadas quando corremos atrás delas... Faça um esforço Peg... Vamos brincar juntos...

Um dia, quando o céu estiver desabando

Eu estarei ao seu lado, ao seu lado

Saíram mais lágrimas de seus olhos. Meu coração há algum tempo feliz em revê-la, estava em pedaços novamente. Eu me sentia na areia de novo, com a arma apontada para ela... Sua agonia.

– Eu amo você...

Ela falou baixinho, em tom de despedida. Apertei-a mais contra mim. Seria esse nosso final? Não... Não podia ser... Não agora que tínhamos aquelas duas para criar. Ela não podia me deixar sozinho agora. E quando a próxima contração veio, Peg fez força. Ela estava fraca e com frequência ela tinha que parar e respirar ofegante. Sophia e eu gritávamos incentivando-a, então teve uma hora em que ela pareceu tomar uma decisão e fez força, empurrou com tanto empenho que pude ver todos os seus músculos se retraindo e veias do seu pescoço saltarem.

– Isso Peg! Empurra com força, empu...

E antes que Sophia terminasse a palavra, o segundo bebê praticamente saiu direto para o seu colo, invadindo a gruta com o som do seu choro, surpreendendo a todos, inclusive Peg. Assim que Sophia cortou o cordão umbilical, Peregrina recostou-se em mim com cuidado e fechou os olhos, exausta.

– Você foi muito bem Peg... – Sussurrei com orgulho em seu ouvido, acariciando seu cabelo com carinho. Estranhamente, não houve reação – Peg? Peg...

Balancei seu ombro aflito, mas nenhuma expressão esboçou-se em seu rosto cansado.

– Ela desmaiou Ian. Está exausta, coitadinha - Disse Sophia procurando algo na mochila.

Ela tirou uma camiseta e enrolou o bebê nela, aninhando-o contra o peito. Ela pegou outra camiseta e jogou a mochila ao meu lado. Rasgou a camiseta ao meio com o canivete com que cortara os cordões umbilicais e jogou metade para mim. Puxou a panela próxima do fogo para mais perto com cuidado, mergulhou o trapo na água e passou na cabeça do bebê.

Peguei um vestido de Peg – soube pelo tamanho – para enrolar nossa filha, que agora dormia com um ressonar suave. Quando levantei os olhos para minha irmã, ela olhava afetuosamente para o outro bebê.

– Outra menina... – Ela olhou para mim com os olhos transbordando de orgulho. – Quem diria que meu irmãozinho caçula teria duas filhas tão lindas um dia?

– Kyle, não. - Eu disse com humor renovado. – E nós dois não diríamos que você teria uma filha tão gentil como Allie.

Ela fez uma careta para mim. Com Peg, as palavras saiam de mim facilmente, mas com Sophia eu nunca soube o que dizer. Ela sorriu e olhou para a pequenina em seu colo.

– Ela tem nossos cabelos. – Sophia murmurou, acariciando os cabelos negros da minha outra filha.

Pousando Peg cuidadosamente no saco de dormir, peguei o outro trapo, fui até perto de Sophia e passei a limpar a cabeça da pequena e indefesa bebê em meus braços. Um sorriso abriu-se sorrateiro em meu rosto.

– E essa tem os cabelos de Peg. – Falei, acariciando a sua cabecinha minúscula. - Tão linda, seja bem vinda, minhas filhas.

Disse com a voz embargada.

– Parabéns, Ian. Você tem uma belíssima família.

E naquele instante, eu não soube o que responder. O orgulho explodia imensamente em meu peito. E só havia uma coisa a se fazer.

– Sophia?

– Hum?

– Obrigado, por tudo.

Ela apenas sorriu, e continuamos a admirar as duas mais nova razões da minha existência.

POV. Peg:

Abri os olhos e pisquei buscando algo nas trevas ao meu redor. Olhei ao redor com o olhar se acostumando. Onde estavam minhas filhas? E Ian? E Sophia?

– Viu Benji? São suas priminhas – Disse a voz de Mel no tom suave que ela usava só com Benjamim, ou com Jamie de vez em quando – Olhe como são lindas... São tão pequenininhas não são? Puxaram a mãe...

–Ei... - Reclamei. Ela virou-se de onde estava, sentada em um banco ao lado da cama, com os olhos castanhos brilhando de alegria. Benjamim brincava com os travesseiros do catre ao lado, que formavam uma pequena muralha na cama ao lado.

–Peg! Você acordou! – Ela colocou Ben no chão. Fiz que sim sorrindo. Aos poucos reconheci o hospital de Doc. Eu estava em casa. Depois de tanto tempo, finalmente em casa. Sem Buscadores, sem almas hostis, sem pessoas querendo me separar de Ian. Só minha família e eu. – Você nos deixou preocupados...

Ela disse com um sorriso. Benjamim levantou do chão e deu passos bamboleantes para frente, mas Mel não pareceu notar.

– Onde está Ian? - Perguntei franzindo o cenho e tentando sentar-me com cuidado. Mel levantou e me ajudou a sentar, colocando os travesseiros nas minhas costas para que eu me apoiasse.

–Ele não saia do seu lado há quase um dia. Pedi para ele ir comer alguma coisa.

– Estou dormindo há um dia? - Disse boquiaberta.

– Mais ou menos. Mas não se culpe, trazer essas duas ao mundo deve ter sido horrível... Um já foi o bastante para mim, obrigada. – Ela disse olhando em volta. Benjamim estava de pé ao lado da mesa de Doc, passando a mãozinha por cima da mesa, tentando achar algo com que pudesse brincar.

– Benji – Mel chamou. O bebê olhou para ela sorrindo com as gengivas rosadas – Na mesa do tio Doc não!

Ignorando a mãe, ele continuou a explorar a mesa com a mão. Ela levantou, andou até ele, pegando-o no colo. Sorrindo, olhei para o lado.

Dentro da barreira de travesseiros, duas recém-nascidas dormiam uma de frente para a outra, envoltas em cobertores. Ambas tinham feições leves, porém lindas. Uma tinha lisos cabelos negros, em abundância para um recém-nascido. A outra tinha escassos cachos dourados, quase invisíveis sobre a pele branca.

Mel voltou a sentar-se no banco com Benjamim em seu colo

– Desculpe, desde que aprendeu a andar, ele não para quieto. Esse moleque tem o gênio do pai... - Ela disse arrumando afetuosamente os cabelos dele. Sorri, observando como Ben estava crescendo com a graça da mãe e a força do pai. Seria um garoto magnífico, o principezinho, como dizia Mel. Olhei novamente para minhas filhas, imaginando-as andando, falando e rindo. Lembrei-me do que Ian havia dito. Eu havia conseguido. Eu ia brincar com elas.

– São lindas. - Mel disse vendo que eu olhava para elas. Sorri. Ian entrou no hospital assoviando baixinho e sorriu ao encontrar meus olhos despertos.

– Ei... Olha só quem acordou... - Ele disse em tom suave vindo até o meu lado e beijando meus lábios com força. Meu coração acelerou, explodindo em fagulhas de felicidade. Eu sentira tanto a falta dele... Não o via desde que tínhamos retirado Espectro de Fogo, e eu precisava vê-lo. Senti-lo perto de mim...

– Claro que acordei. – Disse em seus lábios. Eu queria brincar também. - Não vai se livrar de mim tão fácil O’Shea.

– Obrigada por trazer nossas filhas ao mundo, meu amor! - Ele sorriu e colocou um cacho louro atrás da minha orelha, acariciando meu rosto no carinho. Lembrei-me de Mel assistindo ali do lado. Desviei os olhos dos olhos de Ian e olhei para ela. Ela tampava com as mãos os olhos de Ben.

– Vocês podem, por favor, se comportar na frente das crianças? Meu filho não tem nem dois anos ainda! - Ela pediu de cara feia. Eu ri. Pela primeira vez em meses, eu gargalhei de verdade. Ian se sentou do meu lado, segurando minha mão. Encostei minha cabeça em seu peito.

Ficamos minutos a fio assim, apenas observando orgulhosos, as nossas duas pequenas dormirem profundamente. Aquela era nossa nova família.

E ela estava completa agora.

Nós fomos feitos um para o outro

Eu e você

E eu não tenho medo algum

Sei que vamos sobreviver

Next 2 You - (feat. Justin Bieber)


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Notas finais do capítulo

E ai, e ai, gostaram? Bom gente,esperamos que sim, esse foi um capítulo muito especial pra mim e pra Bella.
E que tal reviews bem caprichados? Recomendações? Ficaríamos muito felizes com um recomendação fresquinha!
E ai, gostaram da surpresa? Sim, são gêmeas! Queria ver a carinha de vocês quando descobriram. hahaha. Mas espero que tenham gostado! E no próximo capitulo vocês vão ficar sabendo o nome dessas lindas.
Aiii, lindo né! Agora o Ian e a Peg tem um família completa! * Suspirando*
Bom meninas, é isso, espero que tenham gostado e até o próximo post minha lindas, que não irá demorar!
Bjos e Até!



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