Narrado por Lílian Evans:

- Obrigado, Alvo. - repetia Tio Ralph, enquanto Tia Moggy soluçava abraçada na filha mais velha - Se você não estivesse lá... ele em pessoa...

- Está tudo bem, Ralph. - disse Dimbledore - Eu só gostaria de ter uma palavrinha com a Srta. Evans e o Sr. Potter.

Tanto eu quanto James esperávamos que ele fosse nos chamar para conversar. Levantei-me do sofá e James fez o mesmo, ele ainda estava muito atordoadopor ter visto o assassino do seu irmão e eu mais ainda.

Dumbledore nos guiou até o porão. Eu fiquei em conflito sobre dizer a ele que tinha uma fera perigosa ali, mas ele disse antes:

- Não se preocupem, a fera já foi removida daqui e Hagrid está tentando domesticá-la. - ele parou e nos olhou sério.

Um silêncio constrangedor pairou sobre a cena, em que eu encarei o teto, James encarou uma parede e Dumbledore nos encarou.

Por fim eu suspirei e disse baixinho:

- Desculpe-nos, professor, não vai acontecer de novo.

Dumbledore assentiu sério.

- Obrigado, Srta. Evans. Vocês lutaram bravamente contra o inimigo; a maioria dos bruxos adultos entraria em pânico e perderia a razão no momento em que avistassem Voldemort, mas vocês manteram a coragem e lutaram com bravura. - ele se permitiu um pequeno sorriso - Sei que estamos em férias de Hogwarts, mas me permitam acrescentar vinte pontos por cabeça nesta luta extraordinária.

Eu sorri radiante e James assentiu agradecendo formalmente.

- Há algo que o incomoda, Sr. Potter? - perguntou Dumbledore.

James ficou em silêncio por um momento, mas disse por fim.

- Não, senhor.

- Muito bem - ele disse sem se convencer -, escutem-me, não estou proibindo vocês de sair dessa casa e se divertir, mas gostaria que da próxima vez que forem sair mandem-me um coruja para que eu possa ficar alarmado.

- Sim, senhor. - disse James e eu juntos.

- Muito bem, estão liberados.

Saímos do porão e voltamos para a sala de estar, onde encontramos uma Marlene cuidando de um Sirius mais faceiro do que um cachorro na hora de passear e levemente ferido na testa, por conta da maldição que lhe fora lançada, Remo abraçava Dorcas protetoramente e acariciava seus cabelos.

Dumbledore foi de encontro com Tio Ralph e Tia Moggy na sala de jantar, enquanto eu e James fomos nos juntar aos nossos amigos.

Nos sentamos lado a lado e - pra ser sincera - eu tava esperando que ele viessa e me abraçasse pela cintura como ele sempre faz, mas dessa vez ele ficou ali no canto dele, sério e perdido em pensamentos.

- James - eu murmurei realmente preocupada - tudo bem?

Ele balançou a cabeça negativamente e fechou os olhos.

- Você está machucado? Foi atingido por alguma coisa? Estão te controlando com a maldição Imperius? James olha pra mim! - eu disse desesperada.

- Eu to bem, Lils. - ele disse sem nem sequer me olhar nos olhos.

- Não, não está! - eu disse exasperada - Você está agindo estranho e mal está falando! Pode desembu...

- Eu to legal, Lils, que coisa! - ele gritou se levantando e indo em direção à janela.

Todos os que estavam na sala o olharam assustados, exceto por mim que o olhei com censura.

- James Potter diga-me porque você está agindo assim! Estou preocupada com você, isso não é motivo de você soltar os cavalos em mim! - eu disse autoritária indo em sua direção.

Ele não se deu o trabalho de olhar para mim, simplesmente deu meia volta e saiu para os jardins, me deixando ali sem reação.

Eu bufei e fui atrás dele.

- Potter! - eu gritei chamando-o - Potter!

- To aqui. - disse uma voz sem emoção.

Eu fui em direção a sua voz, ele estava sentado embaixo de um grande carvalho contemplando o céu, pensativo...

Me sentei ao seu lado e fiquei olhando para ele até que ele cedesse e olhasse em meus olhos.

- Eu vi o desgrassado, ok. - ele disse cansado - Não é o bastante...

- Fui eu quem vi seu irmão ser assassinado, sou eu quem tem que aguentar pesadelos todas as noites com aquele rosto, sou eu quem tenho aquela cena guardada na minha mente como se fosse um filme de terror. Você não é o único que perdeu um irmão, James. Mas nem por isso estou sendo grosseira com as outras pessoas. - eu disse sem deixar minha voz tremer.

Ficamos nos encarando por um longo tempo até que ele se aproximou e me deu um leve beijo na testa e passou um braço pela minha cintura. Sorri.

- Não queria ter sido grosso com você, mas é que... eu fiquei muito perturbado com isso. - ele disse balançando a cabeça.

- Isso o quê? - perguntei.

- Voldemort está atrás de você, Lils. - eu tremi a menção daquele nome - Ah, vamos! É só um nome!

- Olha, James - eu comecei atordoada -, eu não quero que você se meta nisso, ok?

- Vai dizer que isso é entre você, Voldemort e todos os Comensais da Morte? - ele disse revirando os olhos - Não, eu vou estar com você, Lils.

- Mas...

- Sem "mas". - ele disse, eu ia contradizer, mas de repente meus lábios ficaram muito ocupados.

Esse beijo foi especial. Tinha um toque protetor nele, era quase como se estivéssemos nos casando agora. A não ser pelo fato de eu estar deitada na grama com ele me beijando e acariciando minha cintura.

Quando nos separamos ele se deitou ao meu lado e ficou brincando com a minha mão.

- Lils... eu tenho que te dizer uma coisa. - ele começou.

- Diga.

- Bom, quando estávamos lutando...

Ele foi interrompido com um grito de Lene vindo da sacada.

- JAY! LILS! VENHAM CÁ, AGORA!

Eu e James nos entreolhamos preocupados e corremos em direção a ela.

- Que aconteceu? - perguntou James preocupado.

- É o Petter... ele... ele sumiu! Achamos que foi sequestrado durante a luta.

Uma mão de ferro se fechou em volta do meu coração.