O que diabos acontecia entre ele e aquela mulher?

            Querer e ter.

Alguns têm e não querem, outros querem, mas não tem.

Isabella possuía tudo o que desejava, porém, sentia que tudo lhe faltava.

            Caminhava de cabeça erguida pela cidade e por onde passava recebia elogios e respeito da sociedade, mesmo sabendo que não era digna de nada daquelas formalidades. Descia de sua carruagem e seus criados a recebiam com cumprimentos, como se recebessem a própria Rainha.

            Ainda assim, nada disso lhe preenchia e a fazia feliz.

            O céu escuro iluminado apenas pelas estrelas e por uma grande Lua ainda estava firmado na cidade de Paris. Isabella respirou fundo e fechou as portas de vidro de seu aposento, mais uma noite e não conseguia pregar seus olhos.

            Como não conseguia dormir nem tomando chá de camomila, resolveu ir para sua Grande Casa, pelo menos passaria a noite resolvendo as pendências.

            Suspirou e vestiu suas roupas, maquiou-se levemente e mandou o cocheiro preparar sua carruagem.

            Enquanto o cocheiro a levava para o Moulin Rouge, recordou-se do jantar que acontecera horas antes, da conversa e da aproximação que tivera com o Conde.

            A ida não demorou muito e vestiu sua capa para ninguém reconhecê-la. Desceu da carruagem e correu pela passagem subterrânea para chegar ao seu aposento.

~

A bela noite na mansão dos Swan estava igualmente às outras, exceto pela presença dos senhores Edward e Emmett, que não haviam ido para a Grande Casa.

            Barão Swan recolheu-se logo após a chegada frustrada do jantar dos Windsor e resolvera aconchegar-se nos braços de sua esposa, que ficou imensamente feliz ao notar que seu marido estava cansado o suficiente para acompanhar Lorde Cullen para a noitada.

            No aposento de Lorde Cullen apenas uma lamparina iluminava o local. Também não conseguira pregar os olhos e por isso resolvera escrever algumas poesias.

            No entanto, tudo o que conseguia escrever era relacionado à Isabella, aquela Baronesa que estava lhe tirando o sono por várias noites desde que chegara a Paris.

“És linda ao ponto de fazer-me querer-te

És inteligente ao ponto de fazer-me sentir o pior dos burros

És astuta ao negar-me a doce melodia de sua voz

És misteriosa ao ponto de fazer-me querer descobrir-te.”

            Amassou a folha, jogou-a longe e respirou fundo. Pegou suas roupas e vestiu-as, esta noite precisava descobrir o que tanto lhe afligia.

            Precisava descobrir se Mademoiselle Sophie Lestrange e a Baronesa Isabella Windsor eram a mesma pessoa.

            Arrumou sua cartola em sua cabeça, vestiu um casaco negro, pegou sua bengala e se dirigiu ao quarto de Jasper.

            Jasper dormia tranquilamente, parecia uma criança tendo sonhos maravilhosos.

            O Conde girou a maçaneta e entrou lentamente, observou seu primo resmungando algumas palavras. Sorriu. Pegou o copo de água que estava na mesinha ao lado da cama do jovem e jogou toda a água sobre o rosto de Jasper, fazendo com que o menino desse um pulo da cama.

            — Maldito seja quem me acordas! – Jasper gritou furioso sem perceber que seu primo adorou aquilo.

            Edward riu e jogou as roupas do jovem em seu rosto.

            — Vista-se, vamos sair em alguns minutos.

            Jasper pegou as roupas e começou a vestir-se. — Desculpe primo, não sabia que traz maldição acordar alguém jogando água?

            Edward gargalhou.

            — Ande logo, estarei lhe esperando.

~

            Isabella vestia um corpete escuro enfeitado com alguns laços vermelhos, a saia de seu vestido era rodada e na cor vermelha, sua máscara era preta com algumas plumas vermelhas.

            Estava na parte superior do salão de shows do Moulin Rouge. Desta vez não colocara sua peruca, pois tinha certeza que o Conde não apareceria por lá esta noite.

            Observava o movimento da casa, algumas das moças de sua casa dançavam no palco agradando alguns homens, enquanto Lorde Denali lhes tocava algumas melodias animadas.

            Estava tão absorta em seus pensamentos que não notara alguém aproximando-se.

            — Não terias um jantar hoje, Milady?

            — Terminou o mais cedo que eu esperava – disse com o olhar ainda distante — Onde está Marcus?

            Alice sorriu.

            — Está com Jane – riu — Ela é a única que o agüenta.

            Isabella suspirou pesadamente.

            — Lorde Denali quer lhe fazer companhia, porque não o aceita esta noite? – Alice perguntou, enquanto observava sua senhora, que considerava como sua amiga.

            — Não sei.

            Alice sorriu de canto.

            — Ainda estás pensativa porque Lorde Cullen a deixou aquela noite? – perguntou.

            Isabella encarou Alice, não sabia nem o que lhe responder.

            — São os problemas Alice, a vida nem sempre é como queremos.

            — Mas podemos fazer alguns ajustes e talvez consigamos que ela seja como queremos. – Alice completou, arrancando um sorriso de Isabella.

            — Vou arrumar-lhe alguém esta noite – Isabella encarou sua dançarina que estava linda com um vestido azul turquesa e uma máscara prateada.

            Alice deu um meio sorriso.

            — O que foi? A idéia não lhe agrada? – Isabella perguntou.

            A jovem nada respondeu, porém, em sua cabeça a imagem de certo rapaz perdido em Paris não se apagava.

            Isabella alisou o rosto da jovem.

            — Tem algo que queres me contar?

            Alice não sabia se contava ou não que falara com o primo de Lorde Cullen e que o ajudara a encontrar a casa de seu irmão e ainda que depois deste dia, não conseguira esquecer a face e aquele lindo sorriso.

            — Conheci o primo de Lorde Cullen.

            No mesmo instante, Isabella calou-se e recordou-se do jovem Jasper.

            — Ele havia acabado de chegar a Paris e estava perdido – Alice riu — Nos esbarramos e caíram algumas de minhas sacolas, porém, ele me ajudou e eu o ajudei a encontrar a casa de seu irmão.

            — Ele parece ser um bom jovem – disse Isabella.

            Alice sorriu — Creio que ele não seja do tipo que visite Cabarés.

            — Não se iluda Alice, eles conseguem nos surpreender.

            Alice e Isabella riram e então desceram juntas para animar os palcos.

~

            *****Lorde Cullen empurrou seu primo para fora da carruagem e então desceu. Caminharam até a entrada da grande casa e lá entraram.

            — Não creio que me trouxe nesta perdição – Jasper disse um pouco decepcionado com Edward.

            O Conde sorriu.

            — Não precisa fazer o que os outros fazem, olhe e aprecie enquanto eu resolvo meus problemas.

            Jasper suspirou. Olhou em volta e viu as jovens mascaradas de um lado para o outro, também viu coisas que lhe deixaram mais vermelho que o tapete da Grande Casa.

            — Venha meu primo, deixe de bobagem – Edward bateu em seu ombro com a bengala — Vais me dizer que nunca se aventurou com alguma mocinha de Londres?

            Jasper não respondeu e fez uma careta para seu primo, não era obrigado a responder estas coisas.

            Lorde Cullen o encarou com os olhos arregalados, esperava tudo de Jasper, menos que ele ainda fosse casto.

— Oh meu Deus.

Foi a única coisa que o Conde conseguiu dizer antes de explodir em gargalhadas.

— Se o senhor não sabe, eu me dedico aos meus estudos e a minha música.

O Conde se recompôs e suspirou.

— Perdoe-me Jasper, eu deveria dizer que estás certo – suspirou e então viu uma jovem se aproximando. — Quem sabe alguma mascarada roube seu coração esta noite.

Jasper teve que rir do comentário de seu primo, aquilo seria impossível. Guardava seu coração para uma dama, alguém que lhe preenchesse de todas as formas possíveis e não para alguma mulher que se deitava todos os dias com senhores diferentes.

E neste momento não estava preocupado com mulheres, queria se dedicar aos estudos e a carreira de militar que seguiria logo após completar sua maioridade.

Alice caminhava de um lado para o outro no salão. Fora difícil convencer Isabella a fazer companhia à Lorde Denali, mas conseguira. Agora tomava conta das outras dançarinas e dos demais clientes que ainda chegavam.

E foi andando pelo salão que observou Lorde Cullen sentado em uma das mesas com algum acompanhante, com passos rápidos se dirigiu até ele.

            — Bonne nuit, Lorde Cullen. – disse com um lindo sotaque francês — C'est un plaisir de vous voir à notre Grande Maison

            Edward sorriu e cumprimentou a jovem beijando-lhe a mão direita.

            — O prazer é meu, Mademoiselle.

            Alice sorriu e direcionou seu olhar para o acompanhante de Lorde Cullen e foi quando seu coração parou.

            Meu Deus, é Jasper Cullen, pensou. E se me reconhecer? Oh meu Deus!

            Disfarçou sua perda de ar e controlou seus pensamentos. Sorriu para o jovem que parecia ter repugnância pelo lugar que se encontrava.

            — Boas noites – estendeu sua mão e Jasper a cumprimentou com um beijo rápido, diferente da maneira que Lorde Cullen a tratou.

            É, eles nos impressionam, pensou a respeito do que Isabella havia dito sobre o primo de Edward.

            — Senhorita, onde posso encontrar Mademoiselle Lestrange? – O Conde perguntou.

            — Em seu aposento, Monsieur.

            O Conde levantou-se e seguiu para o aposento de Sophie. Alice estava tão absorta com a presença de Jasper que não se recordara que Isabella estava acompanhada por Lorde Denali.

            — Oh meu Deus. – disse simplesmente e saiu rapidamente, temendo pelo que poderia acontecer.

~

            Isabella recebia a cada carícia que Lorde Denali lhe presenteava sem dizer palavra alguma. Ele espalhava beijos por toda a região de seu colo descoberto.

            E foi assim, sem perceber, que viu somente quando a porta do aposento se abrira e um Conde furioso puxava Lorde Denali de cima de seu corpo.

            Não houve tempo para dizer uma só palavra, pois só conseguia ver Lorde Cullen batendo com suas próprias mãos no rosto de Eleazar.

            — Parem! – gritou, porém foi em vão, pois quando viu, Eleazar deu outro soco no rosto de Edward.

            Alice entrou correndo no aposento de Isabella e viu os dois homens brigando feito gato e rato.

            — Parem! – gritou e então Isabella desceu da cama e entrou no meio da confusão.

            O Conde a encarou furioso.

            — Eu lhe disse que eras minha propriedade!

            — Eu não sou sua propriedade! Lorde Cullen – gritou exasperada — Não és ninguém para falar desta maneira comigo!

            Respirou fundo.

            — Lice, leve Lorde Denali daqui imediatamente!

            Alice segurou a mão de Lorde Denali que encarava Lorde Cullen furioso.

            — Ainda temos muitas contas a acertar, Cullen.

            Edward o olhou no fundo dos olhos.

            — Achou que eu nunca lhe encontraria Eleazar? – disse irônico — Pois bem, estamos aqui, face a face.

            Lorde Denali fez menção de avançar em Edward novamente, porém Alice entrou na frente.

            — Vamos!

            Isabella respirou fundo, pegou a cartola de Lorde Cullen e sua bengala e jogou em sua direção.

            — Eu quero que pegue suas tralhas e saia deste lugar agora! – gritou furiosa. — Não és ninguém para me exigir como sua! Pode mandar em toda a cidade, mas aqui quem manda sou eu!

            ****Lorde Cullen sentou-se na poltrona e riu demasiadamente.

            — Não ouviu o que eu disse? – Isabella o pegou pelo braço e o puxou — Saia daqui antes que eu mande tirá-lo a força!

            Edward puxou seu braço de volta e a segurou pela cintura, fazendo-a encarar seus olhos.

            — Eu não irei a lugar algum, Mademoiselle. – disse calmamente. — A senhorita me ouviu? Ou devo chamá-la de senhora?

            Isabella sentiu seu sangue fervendo e quis socar o homem a sua frente até a morte, porém as mãos de Lorde Cullen foram mais rápidas e a seguraram.

            — Quem é você? – perguntou — Quem está por trás desta máscara?

            Isabella tentou segurar sua respiração que estava mais forte, seus batimentos ficaram mais acelerados.

            — Não é de sua conta, Conde. – disse na mesma arrogância que dizia como Baronesa.

            O Conde a puxou e a colou em seu corpo, uma das regras de Sophie era nunca beijar-lhe, porém, com Lorde Cullen não existiam regras.

            Envolveu-a com seus braços fortes e levou seus lábios ao dela colando-os, e mesmo Isabella não querendo, não conseguia resistir aquele homem.

            Edward com agilidade desabotoou o vestido de Isabella e deslizou seus dedos pela pele que ficava descoberta.

            Isabella arfou ao sentir os toques descendo por suas costas desnudas. Aqueles toques estavam levando-a a sentir coisas que jamais sentira em sua vida.

            Lentamente Lorde Cullen desceu o vestido acetinado revelando a beleza do corpo daquela mulher.

            Sophie deslizou suas mãos por entre as vestes de Lorde Cullen, arrancando-as com uma necessidade inexplicável. Não estava fazendo aquilo por ser seu trabalho, mas sim porque desejava.

Desejava conhecer o corpo daquele homem, desejava senti-lo dentro dela, desejava-o das formas que nunca desejara nenhum homem antes.

            Edward desceu suas mãos e cobriu-lhe um dos seios, acariciando-o delicadamente. Isabella sentiu seus pêlos arrepiando-se, sua respiração ofegante denunciava o quanto estava apreciando ser tocada daquela maneira por aquele homem.

— Minhas regras... – disse em tom baixo enquanto sentia Lorde Cullen espalhando beijos em seus ombros.

            Ele a calou com mais um beijo devorador. Suas línguas se encontraram e então dançavam juntas.

            Sophie envolveu o pescoço de Edward com seus braços, ele a segurou pelas pernas, encostando suas intimidades.

            Ambos estavam ofegantes e necessitados. Edward nunca estivera tão necessitado de uma mulher como estava daquela que estava deixando-o louco.

            Enquanto a segurava, acariciava suas pernas e a direcionada para o leito. Um leito que a partir deste dia se tornaria exclusivo de ambos.

            Lentamente a colocou sobre a grande cama coberta por lençóis brancos. Isabella tentava não encarar seus olhos e fazer aquilo como se fosse mais um trabalho, porém, o que conseguia sentir era uma enorme necessidade de ser tocada por Edward.

            Ela levou suas mãos ao peito desnudo de Edward e acariciou, analisando cada respiração trepida que ele soltava. Desceu suas mãos e tocou a intimidade de Lorde Cullen, fazendo-o ofegar.

            Sem delongas retirou o resto das vestes que cobria a intimidade de Lorde Cullen, deixando a mostra seu grande e grosso membro, faminto por ela. Acariciou-o, fazendo-o gemer.

            Edward estava a cada minuto mais sedento e aquilo já estava lhe tirando a serenidade. Desceu sua face sobre a face mascarada de Sophie.

            E mesmo sem Isabella querer, seus olhos se encontraram e tudo parou. As mãos que acariciavam o membro de Lorde Cullen se estagnaram e apenas se olhavam como se estivessem se conhecendo.

            Foi então que Edward resolvera falar, falar o que estava preso em seu peito.

            —  Quero você, Isabella – sussurrou ao pé do ouvido de Sophie.

            Foi então que a consciência se reencontrou na mente de Isabella e aquelas palavras ecoaram a fazendo soltar um grito como se fosse pedido de ajuda.

            Não era possível, ele sabia quem ela era, mas como? Como sabia que Sophie e Isabella eram a mesma pessoa?

            Edward a beijava em toda a região de seu pescoço e sua mandíbula e ouvindo o grito que Sophie dera a prensou mais ainda sob seu corpo.

            — Você não sabes com quem estás falando! – Sophie disse puxando o rosto de Lorde Cullen para encontrar o dela, encarando-o com a raiva fervendo seu sangue.